OS PROPÓSITOS COMUNICATIVOS NO GÊNERO CARTA: UMA ANÁLISE SOCIORETÓRICA NA CARTA ABERTA SECOVID/MS N°1 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2021

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10895373


Francisca Aline Albuquerque pereira1
Ronaldo Sousa Paiva2


RESUMO: Os gêneros textuais são as categorizações usadas para determinar os textos de acordo com suas características em relação a um contexto são identificados com base no objetivo, na função e no contexto do texto. De acordo com Piancó (2022) o conhecimento de gêneros textuais corresponde à apreciação dos elementos históricos, sociais e contextuais que permeiam o funcionamento comunicativo e regem uma comunidade discursiva, os gêneros são estudados por meio da esfera de produção, que compreende as evoluções e o surgimento de novos gêneros a partir do contexto social e das transformações na forma de comunicação. Bawarshi (2013) ao desenvolver a ideia de gênero como ação social, Carolyn R. Miller baseouse nos trabalhos de crítica retórica de Burke, Bizet, Campbell e Jamieson e os conectou com a obra de Schutz em fenomenologia social para chegar a uma compreensão dos gêneros como tipificações socialmente derivadas, intersubjetivas e retóricas que nos ajudam a reconhecer e a agir em derivadas situações recorrentes. Fuzer (2016)afirma que  para compreendermos a carta aberta é preciso fazer um levantamento do propósito comunicativo e de características básicas da carta aberta na perspectiva sociorretórica de gênero, sendo assim foi realizada uma busca a partir da expressão “carta aberta” no Google, seguindo de   blogs  sobre assuntos escolares, a carta aberta possui a seguinte configuração estrutural: 1- título, 2- introdução, 3desenvolvimento e 4-conclusão, o que não contribui muito para a leitura e, principalmente, produção de um texto com o propósito sócio-comunicativo e organização. 

Palavras-chave: Gêneros Textuais, Propósitos Comunicativos, Carta Aberta, Secovid/MS.  

ABSTRACT: Textual genres are the categorizations used to determine texts according to their characteristics in relation to a context are identified based on the purpose, function, and context of the text. According to Piancó (2022) the knowledge of textual genres corresponds to the appreciation of the historical, social and contextual elements that permeate the communicative functioning and govern a discourse community, genres are studied through the sphere of production, which comprises the evolutions and the emergence of new genres from the social context and transformations in the form of communication. Bawarshi (2013) in developing the idea of genre as social action, Carolyn R. Miller drew on the works of rhetorical criticism by Burke, Bizet, Campbell, and Jamieson and connected them with Schutz’s work in social phenomenology to arrive at an understanding of genres as socially derived, intersubjective, and rhetorical typifications that help us recognize and act in derivative recurring situations. Fuzer (2016)states that to understand the open letter we must make a survey of the communicative purpose and basic characteristics of the open letter in the sociorhetorical perspective of genre, thus a search was conducted from the expression “open letter” in Google, following blogs on school issues, the open letter has the following structural configuration: 1- title, 2- introduction, 3-development and 4-conclusion, which does not contribute much to the reading and especially the production of a text with the sociocommunicative purpose and organization.  

Keywords: Textual Genres, Communicative Purposes, Open Letter, Secovid/MS. 

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 

Os gêneros textuais são as categorizações usadas para determinar os textos de acordo com suas características em relação a um contexto são identificados com base no objetivo, na função e no contexto do texto. São as características do texto que determinam a qual gênero ele pertence. Logo, variam de acordo com a intenção comunicativa e com as particularidades em relação à linguagem, à estrutura e ao conteúdo. Assim, os gêneros textuais exercem uma função social dentro de um processo de comunicação. O processo de comunicação se dá através dos gêneros textuais, pois eles estão intimamente ligados à história da comunicação e da linguagem.  

Cada gênero textual apresenta especificidades que permitem identificar a sua classificação. Os gêneros possuem estruturas e características próprias, no entanto, vale ressaltar que eles são flexíveis e não possuem estrutura fixa. São estudados por meio da esfera de produção, que compreende as evoluções e o surgimento de novos gêneros a partir do contexto social e das transformações na forma de comunicação. Neste trabalho, objetiva-se analisar o propósito comunicativo na carta aberta Secovid/MS n°1 de 22 de dezembro de 2021. 

Nesta pesquisa utiliza-se de uma abordagem qualitativa, interpretativa e descritiva foi desenvolvida a partir da seleção e observação da carta aberta, a busca por informações e a maneira da abordagem feita foi realizada em livros, artigos e blogs de assuntos escolares. A razão pela qual esta carta foi escolhida deve-se ao prenúncio de acontecimentos voltados a pandemia ocasionada pela covid-19, vírus esse que ceifou a vida de mais de 671 mil brasileiros.  

A relevância deste artigo ocorre como meio de averiguar a preocupação do Ministério da Saúde em buscar maneiras efetivas para o combate a pandemia, os propósitos comunicativos encontrados na carta selecionada, indicam a preocupação para vacinar as crianças de 5 a 11 anos. Este artigo foi subdividido em duas seções: na primeira, discorre-se acerca dos estudos dos gêneros quanto pesquisa cientifica, destaca-se um breve percurso histórico para destaque e elucidação da importância dessa teoria.  Em seguida temos a segunda sessão que se apresentam breves considerações sobre os Estudos Retóricos de Gêneros (ERG) evidenciado nesta pesquisa junto a relevância do gênero carta aberta. Na terceira, propõe-se a análise da carta aberta selecionada a partir da situação social e retórica, discute-se a respeito do propósito comunicativo. 

2 GÊNERO QUANTO PESQUISA CIENTÍFICA  

 De acordo com Piancó (2022) o conhecimento de gêneros textuais corresponde à apreciação dos elementos históricos, sociais e contextuais que permeiam o funcionamento comunicativo e regem uma comunidade discursiva, os gêneros são estudados por meio da esfera de produção, que compreende as evoluções e o surgimento de novos gêneros a partir do contexto social e das transformações na forma de comunicação. Na concepção de Bezerra (2017) um gênero textual nasce mediante a coletividade, por meio da qual não apenas são determinadas as formas de comunicação das pessoas, como também orienta a composição enunciativa adequada para cada âmbito social, garantindo a negociação entre os interlocutores. 

Para Piancó (2022) os gêneros se se caracterizam por meio dos textos que fazem parte do nosso habitual, além disso também exercem dimensões sociocomunicativas, são deliberados pela sua funcionalidade, pelos objetivos e pelos estilos concretamente realizados. Segundo  Marcuschi (2008, p. 149 apud Piancó, 2022, p.3), “a análise de gêneros engloba uma análise do texto e do discurso a uma descrição da língua e visão da sociedade, e ainda tenta responder a questões de natureza sociocultural no uso da língua de maneira geral”. 

Assim, compreende-se que os gêneros são frutos da linguagem em uso e o seu crescente estudo, a partir do século XX, mesmo que, tenha sobrevindo diferentes abordagens nas tradições linguísticas sendo elas, a Linguística Sistêmico-Funcional (ESF), os Estudos de gênero para Fins Específicos (ESP) e os Estudos Retóricos de Gênero (ERG), todas têm em comum a análise do gênero a partir da noção de contexto. 

Piancó (2022) pontua o surgimento da Nova Retórica antes denominada de estudos Retóricos de Gêneros (ERG) que se caracteriza por observar o texto enquanto produção, analisando os gêneros no contexto progressivo e intersubjetivo. Essa corrente surgiu em oposição aos ideais aristotélicos (Retórica Antiga), diante da preocupação em reconhecer a diversidade dos gêneros contemporâneos, bem como suas funções e dinâmicas. Esses estudos surgem a partir das pesquisas retóricas nos estados unidos sob a ótica de pesquisadores como Carolyn Miller que se dedicou aos estudos de gênero considerando a forma, função, a reprodução e a estabilidade e a modificação atualizando os pressupostos de Aristóteles a partir de:   

[…] tipificações sociais, padrões de interação social-simbólica recorrente e socialmente reconhecíveis. Assim, os padrões aos quais damos nomes e sobre quais atores sociais comentam são culturalmente significativos. Em outras palavras, é instrutivo ver os gêneros como categorias de construtos vernaculares, em vez de teóricas, que têm significado para quem cria e se envolve, em vez de observadores externos que procuram explicá-los. (MILLER, 2012, p. 129-130 apud Piancó, 2022, p.97).  

Em suma, a pesquisa retórica de gênero não se concentra em identificar a forma de comunicação, mas em analisar o propósito e compreender uma situação regida pela “ação ligada”. Assim, entende-se que o gênero se constitui na e pela ação social, já que os elementos estruturais não são privilegiados, pois, embora constituam a ação, não são significativos, visto que a ação possibilita a essência interacional. Dessa forma, os interlocutores, por possuírem uma infindável coleção de gêneros, consoante às necessidades, são estimulados a ativá-los coerentemente no processo comunicativo 

Os propósitos comunicativos compreendem o elemento que garante ao texto a ideia de que gênero este pertence. Bezerra et al (2012) elucida que a noção de propósitos comunicativos para diversos pesquisadores apresenta-se como um dos conceitos centrais para a compreensão da construção, interpretação e uso dos gêneros, mesmo quando nem todos os estudiosos se utilizam dessa terminologia. Sendo assim, destaca-se o conceito de propósitos de Swales que o coloca como “O critério que é privilegiado e que faz com que o escopo do gênero se mantenha estreitamente ligado a uma determinada ação retórica compatível com o gênero. Além do propósito, os exemplares do gênero demonstram padrões semelhantes, mas com variações em termos de estrutura, estilo, conteúdo e público-alvo” (SWALES, 1990, p. 58). 

Desse modo, as atividades discursivas que se desenvolvem no meio social são guiadas pelo propósito comunicativo, sugerindo a função e a finalidade de um gênero. Além do mais, Swales (1990) cita como essenciais para a construção do propósito comunicativo de um gênero. As transformações dos gêneros a partir dos avanços sociais que decorrem do surgimento de novos propósitos comunicativos, que, eficazmente, surgem para atender às evoluções sociais e interacionais ficam esclarecidas quando:   

Concebe um evento como uma situação em que a linguagem verbal, constituída do discurso, dos participantes, da função do discurso e do ambiente onde o discurso é produzido e recebido, tem um papel significativo e indispensável. A característica mais importante, nessa concepção, é a de que os eventos comunicativos partilham um ou mais propósitos comunicativos, embora estes possam não estar manifestos explicitamente ou possam não ser facilmente identificados. Como há gêneros que atendem a conjuntos de propósitos comunicativos, como, por exemplo, um programa de notícias, que pode tanto informar e orientar como formar a opinião pública, a identificação do propósito do gênero torna- se um ponto conceitual problemático (Bezerra et al,2012, p.4).  

Portanto, o propósito comunicativo está relacionado exatamente com aquilo que os gêneros realizam na sociedade, admitindo-se, porém, que o propósito de um gênero não é necessariamente único e predeterminado. 

Para Bezerra et al (2012) o propósito comunicativo não é algo tão facilmente imanente no texto como tal, visto que se trata sempre de um processo de construção social desse propósito ou propósitos, não será uma realidade meramente psicológica, eficaz como “intenção do autor”, pois seria imprescindível questionar essa onipotência do autor sobre o texto e sua recepção na sociedade. De outro modo, reconhecendo-se que os gêneros, inseridos como são em complexas práticas sociais, não são produzidos de forma neutra e desinteressada, é bem possível falar de intenções públicas e intenções escamoteadas. 

3 GÊNEROS TEXTUAIS: POR UM ESTUDO RETÓRICO DO GÊNERO          

De acordo com Bawarshi (2013) ao desenvolver a ideia de gênero como ação social, Carolyn R. Miller baseou-se nos trabalhos de crítica retórica de Burke, Bitzer, Campbell e Jamieson e os conectou com a obra de Schutz em fenomenologia social para chegar a uma compreensão dos gêneros como tipificações socialmente derivadas, intersubjetivas e retóricas que nos ajudam a reconhecer e a agir em derivadas situações recorrentes.   

Ainda na perspectiva de Bawarshi (2013) a contribuição decisiva de Miller para os ERG foi sua afirmação de que os gêneros precisam ser definidos não só em termos de fusão de formas em relações a situações recorrentes (descritas pela crítica retórica), mas também em termos de ações tipificadas produzidas por essa função (descritas pela fenomenologia social). A ênfase de Miller na ação social e na ideia de que as ações estão” “baseadas em situações recorrentes” teve

importantes implicações para a ERG, particularmente sobre o modo como os estudiosos compreendem a relação dinâmica entre os gêneros e as exigências, situações e motivos sociais, em suma a relação entre os gêneros e a maneira como construímos, interpretamos e agimos nas situações. 

Para Bawarshi (2013) uma abordagem etnometodológica também permite que os pesquisadores examinem outra importante contribuição de Miller: como os gêneros participam da construção das situações ás quais respondem. Ao definir seu estágio ontológico status ontológico, a situação retórica existe a priori em relação ao discurso retórico e materialista e a priori por natureza, definindo-se como “ uma imperfeição marcada pela urgência “um defeito, um obstáculo, alguma coisa à espera de ser feita, algo que não é o que devia ser” Bitzer (1968:304 apud Bawarshi, 2013, p. 93). 

Bawarshi (2013) baseando-se na obra de Alfred Schutz diz que Miller reconhece a relação mediada entre situações e respostas, e consequentemente, a reconstrução social da recorrência, é a nossa interpretação compartilhada de uma situação, através de tipificações disponíveis, como os gêneros, que a toma reconhecível como recorrente e lhe confere sentido e valor. As ações de sua compreensão da situação retórica como construto social, pela perspectiva do autor referindo-se a Miller reconceitua a noção de exigência de modo igualmente importante, a exigência não exigência não existe como fato ontológico, como algo perceptivelmente por suas características inerentes. 

Precisamente, Bawarshi (2013) elucida que pelo contrário, a construção social da situação está ligada á construção social da exigência. O modo como definimos e agimos em determinada situação depende de como reconhecemos a exigência que ela oferece, e esse processo de reconhecimento é socialmente aprendido e mantido. “ A exigência é uma forma de conhecimento social, uma interpretação mútua de objetos, eventos, interesses e propósitos que não somente os liga, mas também os fazem ser o que são: uma necessidade social objetivada” Miller (p.31 apud Bawarshi, 2013.p.94) O que percebemos como uma exigência que requer certa reposta se baseia na forma como aprendemos a interpretá-la como tal. 

De acordo com Fuzer (2016) para compreendermos a carta aberta é preciso fazer um levantamento do propósito comunicativo e de características básicas da carta aberta na perspectiva sociorretórica de gênero, sendo assim foi realizada uma busca a partir da expressão “carta aberta” no Google, seguindo de   blogs  sobre assuntos escolares, a carta aberta possui a seguinte configuração estrutural: 1- título, 2- introdução, 3-desenvolvimento e 4-conclusão, o que não contribui muito para a leitura e, principalmente, produção de um texto com o propósito sócio-comunicativo e organização específicos, já que essa estrutura geral se aplica a textos de uma série de outros gêneros. Uma particularidade, contudo, é indicada para o título, que é caracterizado pela seguinte estrutura: expressão “Carta Aberta” seguida da indicação do destinatário e/ou do remetente, podendo conter indicação do assunto ou ponto de vista. Na introdução se situa  o problema a ser resolvido. No desenvolvimento apresenta-se uma análise do problema, com apresentação dos argumentos para a sustentação da opinião, com o objetivo de persuadir seu interlocutor. Na conclusão, geralmente, solicita-se uma resolução para o assunto em pauta.  

4 ANÁLISE SOCIORETÓRICA NA CARTA ABERTA SECOVID/MS N°1 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2021 

Fonte: blogs.unicamp.br  

Para iniciarmos essa análise é importante lembrarmos de que quando se trata da diferenças e semelhanças no estudo do gênero carta é essencial esclarecermos que: a carta aberta é muito semelhante a uma carta comum, possui remetente e destinatário, data, local e assinatura, bem como uma mensagem direta, direcionada objetivamente do autor para o leitor. Entretanto, esse gênero é produzido em contextos e com funções diferentes, voltando-se primordialmente para uma função social. O adjetivo “aberta” serve para marcar seu caráter público, pois ela é utilizada para se posicionar, questionar ou solicitar algo a alguma pessoa ou instituição que possua visibilidade e reconhecimento social. Assim, com esse gênero, pode-se exercer funções cidadãs, por meio da publicização do seu posicionamento crítico, solicitação e sugestão de medidas políticas. 

Diferente da carta pessoal, a carta aberta é necessariamente pública, ou seja, é divulgada em meios de comunicação, no intuito de compartilhar a mensagem e posicionamento exposto no texto. Desse modo, além do destinatário específico, a carta aberta também se dirige a um grande público, pretendendo, com isso, participar discursivamente de questões sociais. Além dessas características, também é marcada pelo seu caráter argumentativo, pois, diante da discussão de temáticas sociais e apresentação de solicitações, é necessário fundamentar seu pedido e fortalecer seu ponto de vista e sugestões apresentadas, baseando-se em argumentos sólido. 

De acordo com a carta selecionada para esta análise percebemos o contexto da situação em cada linha desse corpus, foi feito pelo levantamento dos participantes da interação, do tema e objetivos apresentados e do modo como as informações se apresentam nos textos. No que se refere à variável relações, os participantes da interação são referidos em diferentes partes, nesse caso o destinatário aparece indicado logo no título “Exmo. Sr. Ministro da Saúde”. Os destinatários das cartas abertas em análise são representados por indivíduos ou grupos. Na categoria indivíduos, aparecem como destinatários o Ministro da Saúde cabendo também aos demais políticos, já na categoria grupos de pessoas, predomina a população brasileira em especial aos pais de crianças de 05 a 11 anos.  

 As transformações dos gêneros a partir dos avanços sociais que decorrem do surgimento de novos propósitos comunicativos, que, eficazmente, surgem para atender às evoluções sociais e interacionais. No que se refere aos dados e os gráficos a cima, chegamos a posição em que a carta aberta analisada foi utilizada por meio escrito e canal gráfico e a internet é o veículo, por meio de sites, blogs. Quanto a aspectos de organização da mensagem, destacamse modos de composição dos títulos, que, como apresentado na descrição da variável relações, seguindo do número de casos destacados que comprovam a vulnerabilidade infantil ao vírus e a eficácia da vacina, de referência a destinatário, remetente e/ou assunto. Essas informações são arranjadas em diferentes sequências na estrutura do grupo nominal, apresentando-se com mais frequência, no corpus analisado, a estrutura. 

Sobre a vacinação em crianças os dados apresentados apontam que os cientistas usam as cartas abertas para realizar, de maneira geral, diferentes tipos de atividades. Uma delas é ressaltar através da declaração uma atitude que deve ser tomada pelos destinatários, a carta enviada ao Ministro da Saúde não só o alcança, mas também atinge centenas de milhares de pais que ainda possuem receio de vacinarem seus filhos, demonstrar por meio de dados científicos a relevância da vacina para diminuir casos de hospitalização e morte  sinalizada por marcas linguísticas que constroem avaliações negativas, como as palavras e expressões destacadas no excerto, logo o destinatário se depara com a reivindicação de direitos, solicitação, sugestão e  providências por parte do destinatário que teria poder para atender e modificar a realidade exposta Para concluirmos esta análise é importante nos apegarmos a Bezerra et al (2012) que afirma que o propósito comunicativo não é algo tão facilmente imanente no texto como tal, visto que se trata sempre de um processo de construção social desse propósito ou propósitos, não será uma realidade meramente psicológica, eficaz como “intenção do autor”, pois seria imprescindível questionar essa onipotência do autor sobre o texto e sua recepção na sociedade. De outro modo, reconhecendo-se que os gêneros, inseridos como são em complexas práticas sociais, não são produzidos de forma neutra e desinteressada, é bem possível falar de intenções públicas e intenções escamoteadas, como vimos nesta carta aberta direcionada ao Ministro da Saúde e aos pais de crianças de 5 a 11 anos, os fatores apresentados pelos dados científicos reforçam a necessidade de os pais decidirem vacinar seus filhos para evitar o número de hospitalização e mortes, sabemos que uma vacina desenvolvida em pouco tempo de estudo gera muito medo a população, assim, torna-se importante a utilização desses propósitos para avaliarmos o apoio da ciência e do governo para a população brasileira. 

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS  

  O que podemos concluir, depois de refletirmos ao longo das seções deste artigo é que os propósitos comunicativos e a concepção retórica a partir do estudo do gênero, em especial o gênero carta aberta tem ocasionado mudanças que refletem e impactam na comunicação dos sujeitos, além  de serem utilizados com diferentes propósitos, demonstrando que a situação retórica exerce influências significativas na construção dos gêneros, produzidos e organizados a partir do contexto, com a finalidade de atingir o público ao qual se direciona.  Assim, percebeuse que o propósito comunicativo funciona como guia para que se alcance os objetivos de uma dada comunicação, por isso, são essenciais para a análise de gêneros. A análise realizada também demonstra que o propósito pode ser considerado responsável por expor as finalidades comunicativas do autor, que se adaptam às circunstâncias. Por causa disso, considera-se o propósito comunicativo como um traço relevante para o reconhecimento de um dado gênero, que atende às especificidades de uma comunidade, as quais são reconhecidas pelos membros que dela fazem parte. 

REFERÊNCIAS  

ARAÚJO, Leydiane Costa Amado; FLORIPI, Simone Azevedo; VIEIRA, Romilda Ferreira Santos. Gênero carta argumentativa em sala de aula: uma proposta para o desenvolvimento da leitura e da Escrita. Revista (Con) Textos Linguísticos, Uberlândia, MG, v. 10, n. 17, p. 254 – 273, dez. 2016. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/contextoslinguisticos/article/view/14803. Acesso em: 30 jun. 2022.  

BAWAESHI, Anis S.; REIFF, Mary To. Gênero: história, teoria, pesquisa, ensino. São Paulo: Parábola, 2013. 

BEZERRA, Benedito Gomes; RODRIGUES, Bernadete Biasi. Propósito comunicativo em anásile de gênero. Scielo Brasil, abr. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ld/a/Z8X5dZZgcTMCmTs5H3LnDXb/?lang=pt. Acesso em: 30 jun. 2022. 

FUZER, Cristiane; GONÇALVES, Andriele Bairros. Recusos interpessoais da linguagem em carta aberta na perspectiva sistêmico-funcional. Revista (Con) Textos Linguísticos, Santa Maria, RS, v10, n. 17, p. 27-47, dez. 2016. Disponível em: 

https://periodicos.ufes.br/contextoslinguisticos/article/view/14784. Acesso em: 30 jun. 2022. 

PIANCÓ, Emanuelle Maria da Silva. Postagens políticas no Instagram: um estudo a partir da noção de propósito comunicativo. Leitura, [S. l.], n. 72, p. 95–105, 2022. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/view/13398. Acesso em: 1 jul. 2022. 


1 PPGL-UESPI, TERESINA, PIAUÍ, BRASIL
faalbuquerquepereira@aluno.uespi.br 

2 PPGL-UESPI, TERESINA, PIAUÍ, BRASIL
ronaldo.sousa.paiva@aluno.uespi.br