REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10358256
Ângelo Rodrigues Dos Santos1
Daniele Dos Santos Sequeira2
Erik Mendes Miranda3
José Gabriel Neves De Sousa4
Orientador: Prof.ª Anne Cristine Gomes De Almeida5
Coorientador: Prof.º Thiago Coelho Cardoso6
RESUMO
INTRODUÇÃO: A automedicação, representa um problema significativo de saúde pública, com riscos potencialmente graves para a saúde, especialmente em crianças. Os perigos aumentam em casos pediátricos devido a potenciais interações entre medicamentos e outras substâncias, resultando em efeitos colaterais graves ou toxicidade. Assim como aumenta o risco de diagnósticos incorretos ou atrasos no tratamento de doenças graves.
OBJETIVO: Descrever as principais consequências da automedicação em crianças.
METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura voltada para pesquisas e artigos que abordem sobre as consequências da automedicação em crianças. Sendo assim, serão realizados estudos utilizando-se como principais plataformas de consulta de dados a Medical Literatura Analysis and Retrieval System online (MEDLINE), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS), resultando em estudos tanto brasileiros quanto internacionais.
RESULTADOS: Sintomas comuns que motivam a automedicação são febre, tosse, dor de garganta, vômito e cólica. Pesquisas indicam predominância de automedicação em problemas respiratórios, febre e sintomas gastrointestinais. Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios são mais usados, especialmente o paracetamol, seguido por dipirona e antigripais. Abordagem responsável e informada é vital para a segurança das crianças.
CONCLUSÃO: A automedicação infantil é comum no Brasil, mas os riscos de intoxicação e eventos adversos preocupam, dada a sensibilidade das crianças aos medicamentos. Pais lideram isso devido a familiaridade, reutilização de prescrições, conselhos de farmacêuticos e mídia. Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios são comuns, especialmente o paracetamol, seguido por dipirona e antigripais.
PALAVRAS CHAVE: Fármacos; Intoxicação; Pediátricos.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Self-medication represents a significant public health problem, with potentially serious health risks, especially in children. The dangers increase in pediatric cases due to potential interactions between medications and other substances, resulting in serious side effects or toxicity. It also increases the risk of incorrect diagnoses or delays in the treatment of serious illnesses.
OBJECTIVE: To describe the main consequences of self-medication in children.
METHODOLOGY: This is an integrative literature review focused on research and articles that address the consequences of self-medication in children. Therefore, studies will be carried out using the Medical Literature Analysis and Retrieval System online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) as the main platforms for data consultation, resulting in both Brazilian and international studies.
RESULTS: This is an integrative literature review focused on research and articles that address the consequences of self-medication in children. Therefore, studies will be carried out using the Medical Literature Analysis and Retrieval System online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) as the main platforms for data consultation, resulting in both Brazilian and international studies.
CONCLUSION: Child self-medication is common in Brazil, but the risks of intoxication and adverse events are cause for concern, given the sensitivity of children to medications. Parents lead this due to familiarity, prescription reuse, advice from pharmacists and media. Analgesics, antipyretics and anti-inflammatories are common, especially paracetamol, followed by dipyrone and anti-flu. Paracetamol is used, for example, in pneumonia, but its misuse brings hepatotoxicity and blood risks. A responsible and informed approach is crucial to ensuring children’s safety.
KEYWORDS: Drugs; Intoxication; Pediatrics.
INTRODUÇÃO
Os estudos voltados para o uso de medicamentos estão relativamente direcionados à preocupação com a saúde pública. Esse enfoque esteve presente desde o século XX, quando os primeiros medicamentos começaram a ser produzidos, levando em consideração leis e normas voltadas para o seu uso.
No entanto, no seu surgimento, tratava-se de medicamentos de origem natural e artesanal, para depois ser fabricado em grandes indústrias, passando a ser considerado como um bem de consumo. Dessa maneira, se tornou mais intensificado a cultura da automedicação, que é a prática do indivíduo em obter uma iniciativa própria ou de seu responsável em usar um fármaco que pode trazer tanto benefícios quanto malefícios para um determinado tratamento de doença ou ainda, para um alívio imediato (SBVM, 2020).
Geralmente a automedicação acontece quando um indivíduo recebe de terceiros recomendações ou indicações para o uso de um determinado fármaco, sem prescrição e sem consulta prévia à um médico. Com base nesse fenômeno, cerca de 76,4% das pessoas no Brasil fazem uso da automedicação para combater um determinado sintoma ou tratar uma determinada doença (COSTA et al.,2023).
Além disso, a escolha pela automedicação muitas vezes pode complementar o sistema de saúde do SUS, pois colabora evitando o congestionamento aos atendimentos médicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). No entanto, a falta de conhecimento pelo próprio paciente pode colocar sua saúde em risco, trazendo alergias, intoxicações e mascaramento de doenças, como usar medicamentos para reduzir a dor que está atuando como alerta para uma doença mais grave (LIMA et al., 2019).
Assim, as intoxicações que são ocasionadas pela automedicação já se apresentaram como problema de saúde pública. Dessa maneira, se apresenta necessária a intervenção através da prevenção, com o intuito de reduzir os casos de mortalidade infantil por causa das consequências do uso irracional de fármacos (BOMFIM et al., 2023).
Justifica-se assim o presente estudo na medida que as crianças possuem organismos em desenvolvimento e suas reações aos medicamentos podem variar significativamente em relação aos adultos. Além disso, a automedicação pode mascarar sintomas de doenças subjacentes, dificultando diagnósticos precisos. Medicamentos inadequados ou doses incorretas podem levar a efeitos colaterais severos e até intoxicações.
A relevância do estudo se dá uma vez que o papel do farmacêutico e de outros profissionais de saúde é fundamental para orientar pais e cuidadores sobre os tratamentos apropriados para crianças. A automedicação pode comprometer a eficácia dos medicamentos e, em casos extremos, resultar em resistência a antibióticos.
Com isso, o objetivo geral do estudo é descrever as principais consequências da automedicação em crianças. E como objetivos específicos, tem-se: analisar as principais causas da automedicação em crianças; verificar quais são os principais fármacos que são comercializados para a automedicação para pacientes pediátricos; apontar as principais consequências da automedicação em crianças.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura voltada para pesquisas e artigos que abordem sobre as consequências da automedicação em crianças. Levando-se em consideração as recomendações descritas no formulário “Prefered Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses” (PRISMA).
Foram realizados estudos utilizando-se como principais plataformas de consulta de dados a Medical Literatura Analysis and Retrieval System online (MEDLINE), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS), resultando em estudos tanto brasileiros quanto internacionais.
Para a realização da busca dentro dessas plataformas, foram utilizados os seguintes descritores: crianças, fármacos, drugs, children, self-medication, Children ADN Self-medication, Children AND drugs.
A seleção dos artigos para a realização da revisão integrativa é resultado da aplicação de critérios que auxiliarão na filtragem dos estudos, trazendo para a pesquisa os que são mais relevantes para o assunto e que esteja de acordo com os objetivos da pesquisa. Preferencialmente, serão analisados artigos que foram publicados entre os anos de 2016 a 2022.
Como critério de inclusão, foram selecionados os artigos que estiverem de acordo com os principais pontos a seguir:
a) Estudos que tenham resultados significativos, conclusivos e reflexivos;
b) Estudos com crianças de até 12 anos de idade e qualquer classe social;
c) Artigos de estudos clínicos; de coorte, revisão sistemática e integrativa
e) Artigos que estejam apresentando as consequências da automedicação em crianças;
f) Artigos em português e em inglês.
No entanto, serão descartados os artigos que apresentaram os itens abaixo, pertencentes aos critérios de exclusão:
a) Não apresentam conclusão ou ainda estão em andamento;
b) Possuem estudos com mais de 10 anos;
c) Estudos que sejam de outros idiomas, além do inglês e português;
d) Resumos de estudos;
e) Trabalhos de conclusão de curso.
A análise de dados foi realizada a partir da leitura dos resumos e dos resultados de cada estudo, evidenciando-se as consequências potenciais para a automedicação de crianças, analisando-se com isso os principais fatores que ocasionam a automedicação e o uso deste pelos responsáveis com suas crianças. Os resultados foram evidenciados no quadro analítico, no qual são descritas principais fatores motivadores e ocasionadores da automedicação e as principais consequências desse fenômeno.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na metodologia PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) retornaram 391 estudos na plataforma Medline, 426 da Scielo e 73 da LILACS totalizando 890 estudos, que após separar-se os duplicados (554) restaram 336 estudos utilizados para rastrear. Em uma segunda etapa 274 estudos foram descartados por estarem fora da temática desse estudo, onde ficaram nessa etapa 62 estudos.
Em seguida 47 estudos foram excluídos por estarem fora dos idiomas inglês e português de interesse da pesquisa no qual ao final foram selecionados 15 estudos base que são confrontados por outros como forma de discorrer sobre o tema do presente artigo. A estruturação dessa seleção está delineada na figura 1.
Figura 1 Estudos selecionados para a discussão pelo método PRISMA
Fonte: elaborado pelos autores.
Diante dessas primícias relacionou-se no quadro 1 os principais achados da pesquisa nos bancos de dados supra citados.
Quadro 1 Trabalhos selecionados para o estudo
AUTORES | TÍTULO | OBJETIVOS | MÉTODO | CONCLUSÃO |
Alves, Magalhães, Júnior (2021) | A automedicação infantil ocasionada pelos pais no Brasil | Entender os fatores relacionados às práticas de automedicação por pais em suas crianças. | Artigo de Revisão | Praticam a automedicação para alivio imediato de dores, cefaleias, resfriados, buscando em farmácias domiciliares medicamentos que representam riscos para as crianças. Dentre os principais casos de intoxicação por medicamentos, crianças menores de cinco anos representam cerca de 35% desses casos. Os medicamentos mais frequentes usados são os analgésicos, antitérmicos, xaropes expectorantes, antigripais, antibióticos e anti-inflamatórios não-hormonais como Paracetamol, Ibuprofeno e Dipirona. |
Farías-Antúnez et al., (2022) | Medication use in children from the 2015 Pelotas (Brazil) birth cohort aged between three months and four years | Descrever o uso de medicamentos em crianças de 3, 12, 24 e 48 meses | Estudo de corte | Evidenciou os cuidados com a prescrição, levando-se em consideração os riscos pelo uso de medicamentos por crianças sem a respectiva administração. Os medicamentos mais administrados para as crianças foram Paracetamol, Ibuprofeno, Dipirona e Amoxicilina. |
Bomfim et al., (2023) | Automedicação Em Crianças De 0 A 14 Anos | Explorar os desafios e as consequências da automedicação em crianças, enfatizando a necessidade de um cuidado responsável e baseado em evidências. | Estudo clínico | A automedicação em crianças é impulsionada por uma variedade de elementos, incluindo a busca por alívio imediato dos sintomas, a ausência de acesso prático aos serviços de saúde, a influência de terceiros e a falta de compreensão dos perigos associados a essa prática. Os medicamentos mais utilizados foram Paracetamol e Ibuprofeno. É de extrema importância fomentar a educação e conscientização acerca dos riscos envolvidos na automedicação infantil. . Destacam que a automedicação apresenta riscos como efeitos colaterais, medicamentos prejudiciais e atraso no diagnóstico e tratamento das crianças. Medicamentos usados de forma inadequada podem mascarar quadros graves, dificultando o diagnóstico oportuno. Além disso, os antibióticos tóxicos contribuem para a resistência bacteriana, comprometendo a eficácia futura. Procurar aconselhamento médico é crucial para garantir a segurança das crianças e evitar potenciais consequências a longo prazo |
Higa et al., (2022) | Automedicação em crianças e adolescentes | Identificar os motivos da automedicação em crianças e adolescentes e estabelecer ações da equipe de enfermagem para redução dessas taxas. | Revisão Bibliográfica | Foi observada a prática da automedicação, principalmente em relação a doenças agudas, motivada por informações empíricas, reutilização de prescrições médicas anteriores, presença do medicamento em casa e influência da mídia. Os medicamentos mais utilizados foram Paracetamol, Ibuprofeno e Dipirona e anti-histamínicos. Nesse contexto, os enfermeiros desempenham um papel crucial ao disseminar conhecimentos sobre os riscos e ações dos ingredientes ativos para a população e sua equipe. Além disso, eles desempenham um papel na formulação de políticas públicas de conscientização. |
Tiburcio; Da Luz; De Andrade (2023) | Automedicação Em Crianças | Relatar os malefícios de automedicar crianças e quais medicamentos mais utilizados pelos responsáveis. | Revisão de Literatura | Atualmente, muitos responsáveis pelas crianças recorrem à automedicação para aliviar sintomas como dor de cabeça, resfriados e dores menores, utilizando seus estoques caseiros de analgésicos, medicamentos antigripais e anti-inflamatórios. Com isso, os medicamentos mais utilizados foram Paracetamol, Ibuprofeno e Dipirona. No entanto, esse hábito pode representar sérios riscos para as crianças. Entre os perigos da automedicação, destacam-se as possíveis intoxicações e a dificuldade de diagnosticar certas doenças, uma vez que alguns medicamentos podem mascarar sintomas cruciais. |
Renz, Da Silva, Suwa (2021) | Riscos associados à automedicação de anti-inflamatórios não esteroides em pacientes pediátricos: uma revisão sistemática | Apresentar os riscos que são oferecidos pela automedicação de anti-inflamatórios em pacientes pediátricos. | Revisão Sistemática | O uso irracional na administração e consumo de medicamentos pode afetar a saúde de crianças. Os medicamentos mais utilizados foram a Dipirona, Paracetamol e xaropes expectorantes. Os autores destacam que a automedicação apresenta sérios riscos aos pacientes pediátricos, principalmente com o uso irracional de medicamentos antiinflamatórios, conforme apontam estudos significativos. Ressaltam que essa prática não apenas agrava os sintomas de comorbidade, mas também leva a eventos adversos, complicando a condição clínica geral e os resultados do tratamento, inclusive para condições como hipersensibilidade e reações alérgicas. Enfatizam a necessidade crítica de Atenção Farmacêutica e acompanhamento médico especializado em casos pediátricos para garantir a eficácia do tratamento. Ressalta a importância de evitar práticas irracionais na administração e consumo de medicamentos, destacando o papel essencial dos profissionais de saúde na orientação e fiscalização do uso adequado de medicamentos para salvaguardar a saúde dos pacientes pediátricos em tratamento. |
Vieira, Lahoud e Fatorri (2020) | Atenção farmacêutica na prevenção da automedicação infantil | Identificar os riscos da automedicação e descrever as maneiras pelas quais a atenção farmacêutica pode agir na prevenção da automedicação | Artigo de revisão | O texto destaca os riscos e eventos adversos associados à automedicação, revelando resultados de pesquisas consultadas onde 63% dos entrevistados estavam cientes dos perigos potenciais, 33% tinham conhecimento limitado e apenas 4% alegaram desconhecimento. Enfatizam a natureza perigosa da automedicação, particularmente na faixa etária pediátrica, onde o fascínio pelos comprimidos coloridos e pelos líquidos atraentes representa um risco aumentado de intoxicação grave. O texto destaca uma prática preocupante onde os responsáveis muitas vezes se referem aos medicamentos como doces para incentivar a administração, aumentando inadvertidamente a probabilidade de envenenamento acidental. Esta tendência alarmante sublinha a necessidade de uma maior sensibilização e educação relativamente aos perigos da automedicação, especialmente quando envolve crianças.A educação em saúde é a melhor maneira de combater a automedicação e seus resultados na saúde de pacientes pediátricos. Sendo o farmacêutico o profissional mais adequado para repassar orientações corretas sobre o uso de cada um. Os grupos de medicamentos mais utilizados foram os analgésicos (35%), relaxantes musculares (13,8%) e os anti-inflamatórios e antirreumáticos (11,7%). |
Klein et al., (2020) | Automedicação em crianças de zero a cinco anos: práticas de seus cuidadores/familiares | Conhecer quais as práticas de automedicação dos cuidadores/familiares de crianças de 0 a 5 anos. | Estudo de Coorte Transversal | Os resultados indicaram que a maioria dos cuidadores e familiares já havia recorrido à automedicação, sendo o paracetamol o medicamento mais comumente usado seguido de paracetamol, ibuprofeno, dipirona, amoxicilina, diclofenaco, cefalexina e nimesulida. A principal razão para a automedicação foi o tratamento de sintomas de gripe ou resfriado. Observou-se que a mãe é a principal responsável pela prática da automedicação. Além disso, os cuidadores utilizam métodos para tornar mais fácil a administração dos medicamentos. |
De Souza et al., (2020) | Uso de medicamentos em crianças menores de um ano | Analisar o uso de medicamentos em crianças do nascimento ao primeiro ano de vida. | Ensaio Clínico | A incidência do uso de medicamentos tem aumentado consideravelmente, mesmo quando alguns dos sintomas relatados pelas mães poderiam ser controlados por meio de abordagens não farmacológicas. A incidência do uso de medicamentos tem aumentado consideravelmente, mesmo quando alguns dos sintomas relatados pelas mães poderiam ser controlados por meio de abordagens não farmacológicas. O texto destaca os riscos e eventos adversos associados à automedicação, revelando resultados de pesquisas onde 63% dos entrevistados estavam cientes dos perigos potenciais, 33% tinham conhecimento limitado e apenas 4% alegaram desconhecimento. Enfatiza a natureza perigosa da automedicação, particularmente na faixa etária pediátrica, onde o fascínio pelos comprimidos coloridos e pelos líquidos atraentes representa um risco aumentado de intoxicação grave. O texto destaca uma prática preocupante em que os responsáveis muitas vezes se referem aos medicamentos como doces para incentivar a administração, aumentando inadvertidamente a probabilidade de envenenamento acidental. Esta tendência alarmante sublinha a necessidade de uma maior sensibilização e educação relativamente aos perigos da automedicação, especialmente quando envolve crianças. As conclusões iluminam uma lacuna significativa no conhecimento e na sensibilização que necessita de atenção urgente para mitigar os potenciais danos causados por tais práticas. Os autores defendem a educação integral sobre os riscos da automedicação, enfatizando o papel crítico dos cuidadores e responsáveis na garantia da segurança dos pacientes pediátricos na administração de medicamentos.As classes mais utilizadas foram os analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios, os antifiséticos e antiespasmódicos, e os antianêmicos. Torna-se evidente a urgência de implementar medidas para combater o uso indiscriminado de medicamentos em crianças e promover alternativas terapêuticas não medicamentosas. |
Lima et al., (2019) | A prática da automedicação em criança por pais e responsáveis | Analisar a prática da automedicação em crianças menores de dois anos por pais ou responsáveis na atenção primária. | Estudo descritivo | Os autoresrevelam tendências preocupantes nas práticas de automedicação com base nos dados coletados. Aproximadamente 37,2% dos entrevistados praticaram automedicação na semana anterior à entrevista. Os métodos mais comuns incluíram o uso de medicamentos sem prescrição médica (93%), a reutilização de sobras de medicamentos (65,1%), a reutilização de receitas anteriores (30,2%) e a alteração de receitas médicas (16,3%). Os fatores que influenciaram a automedicação incluíram conhecimento pessoal (72,1%) e orientação de profissionais de saúde (69,8%). A febre foi o principal motivo citado (93%), seguida de dor (44,2%) e gripe (37,2%) para automedicação, muitas vezes envolvendo até duas situações clínicas em crianças (53,5%). As descobertas indicam uma prática predominante de armazenamento de reservas de medicamentos em casa, normalmente em áreas de armazenamento com tampa em cima dos armários da cozinha. Parte superior do formulário |
Maniero et al., (2018) | Uso de medicamentos em crianças de zero a cinco anos de idade residentes no município de Tubarão, Santa Catarina | Analisar o perfil de utilização de medicamentos em crianças de zero a cinco anos de idade. | Estudo de Coorte Transversal | Foram entrevistados 350 cuidadores cujas crianças, em média, tinham 2,6 anos de idade. Dentre esses cuidadores, 56,9% relataram o uso de pelo menos um medicamento nos 15 dias que antecederam a entrevista. Destes, 31,1% admitiram ter recorrido à automedicação, enquanto 35,7% utilizaram pelo menos um medicamento prescrito por um profissional de saúde. E a classe de medicamentos mais utilizadas foram os analgésicos e antitérmicos. |
Melo; De Souza; Sá (2023) | Automedicação na pediatria: uma revisão de literatura | Realizar uma revisão da literatura para avaliar a prática de automedicação pediátrica por pais ou responsáveis. | Revisão de Literatura | Foi notado que a automedicação em crianças é uma prática frequente entre pais e cuidadores, com as mães sendo as principais responsáveis por essa conduta. Os medicamentos mais comuns nesse contexto são antitérmicos, analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. Existe uma clara necessidade de intervenções de saúde voltadas para promover o uso sensato de medicamentos por parte dos pais e cuidadores. |
Nunes, Vilela, Siqueira (2022) | A automedicação em crianças e adolescentes através da influência parental: uma revisão integrativa | Evidenciar os aspectos que caracterizam a automedicação pediátrica no seio familiar, através da análise de artigos selecionados. | Revisão integrativa | . Os autores destacam a prevalência de padrões de automedicação entre crianças de 0 a 15 anos, sendo os medicamentos que atuam no sistema nervoso (24,8%) e no sistema respiratório (20,5%) os mais utilizados. Notavelmente, as crianças com menos de 24 meses apresentam taxas de medicação mais elevadas, possivelmente devido ao desenvolvimento de sistemas imunitários incapazes de combater eficazmente as infecções. A pesquisa revela um padrão distinto: taxas de automedicação de 29%, 17%, 15,7% e 20,2%, e uso de medicamentos de 64,7%, 52%, 35% e 30,9%, em 1 mês, 1 ano, 4 anos e 15 anos, respectivamente. . |
Pons et al., (2023) | Automedicação em crianças de 0–12 anos no Brasil: um estudo de base populacional | Estimar e caracterizar a prevalência de uso de medicamentos por automedicação na população brasileira de crianças de zero a 12 anos de idade. | Estudo de Coorte Transversal | A taxa de automedicação para o tratamento de condições agudas foi significativamente alta entre as crianças brasileiras avaliadas na pesquisa PNAUM. O texto que mais de um quinto das crianças utilizavam medicamentos para quadros agudos sem indicação médica ou odontológica (22,2%). Estudos existentes no Brasil, muitas vezes limitados a municípios ou regiões específicas, mostram uma prevalência de automedicação variando de 11 a 56,6%, mas variações nos desenhos dos estudos e nas faixas etárias tornam as comparações diretas um desafio. Internacionalmente, uma pesquisa alemã com 17.450 crianças de 0 a 17 anos constatou que 25,2% praticaram automedicação na semana anterior à entrevista. Notavelmente, taxas mais baixas de automedicação entre crianças brasileiras menores de 2 anos podem decorrer da percepção dos cuidadores de sua maior vulnerabilidade, levando ao uso predominante de medicamentos baseados em prescrição. No entanto, a automedicação em adolescentes levanta preocupações sobre o potencial uso ou abuso inapropriado de drogas, com implicações para futuros comportamentos adultos. As conclusões sublinham a necessidade de intervenções específicas para abordar os comportamentos de automedicação em diferentes grupos etários, enfatizando a importância do uso de medicamentos |
Marim, Paschoa, Frias (2021) | Automedicação em crianças em idade pré-escolar no município de aparecida d’oeste, São Paulo | Avaliar a automedicação de crianças em idade pré-escolar no município de Aparecida d’Oeste – SP | Pesquisa exploratória | Diversos fatores colaboram para que as pessoas busquem a automedicação, um deles é a ideia de que o medicamento não traz risco para a saúde. A classe de medicamentos mais utilizadas foram os analgésicos e antitérmicos. A atenção farmacêutica se apresenta importante para conservar a saúde das pessoas. |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Automedicação em crianças: causas
Estudo de Alves, Magalhães e Júnior (2021) e de Nunes, Vilela e Siqueira (2022) demostram que a automedicação é uma prática comum no Brasil, especialmente entre pais e cuidadores de crianças. Os autores identificaram que os principais motivos para a automedicação são o alívio imediato de dores, cefaleias e resfriados. Os medicamentos mais utilizados para a automedicação são analgésicos, anti-histamínicos e anti-inflamatórios. O estudo também ressalta que esses medicamentos utilizados sem prescrição em crianças menores de cinco anos representam cerca de 35% dos casos de intoxicação por medicamentos no Brasil.
Farías-Antúnez et al. (2022) em estudo de coorte com crianças nas idades de 3, 12, 24 e 48 meses constataram que o número de crianças que receberam pelo menos um medicamento 15 dias antes de cada entrevista diminuiu à medida que as crianças envelheciam. A frequência de indicação pelos pais (automedicação) foi de 4,1% aos três meses e 14,8% aos 48 meses. O uso crônico de medicamentos atingiu o pico aos 12 meses, com 42,3% dos medicamentos sendo usados por mais de um mês, em comparação com 38,9% aos três meses. Nos primeiros três meses, os medicamentos mais frequentemente utilizados foram os “Drogas para distúrbios gastrointestinais funcionais”, representando 26% de todos os medicamentos tomados. Outro grupo frequentemente administrado foi o das vitaminas, compreendendo 14,2% de todos os medicamentos utilizados aos três meses e atingindo o pico aos 12 meses. No entanto, a proporção de vitaminas diminuiu consideravelmente para 5,5% e 2,9% aos 24 e 48 meses, respectivamente. Formulações nasais representaram cerca de 10% de todos os medicamentos usados ao longo do período (11,2%, 6,2%, 8% e 9,3%, respectivamente). Medicamentos anti-inflamatórios aumentaram de 3,6% para 8,8% no intervalo de três a 12 meses, permanecendo acima de 15% aos 24 (14,1%) e 48 meses (14,5%).
Lima et al. (2019) afirmam que a automedicação é frequentemente praticada pelas mães, que muitas vezes citam a disponibilidade do medicamento em casa como o principal motivo. Dados recentes atribuem os percentis mais elevados de automedicação pediátrica às mães entre os 350 cuidadores inquiridos. Essa tendência está associada às mães que possuem conhecimento de diagnóstico crônico e hábito de consultas médicas regulares.
O envolvimento materno na automedicação pediátrica pode estar ligado a uma tendência mais ampla de automedicação entre as mulheres da população brasileira, particularmente na faixa etária de 20 a 39 anos como destacado pelos autores. Isto é especialmente evidente quando se trata de condições agudas conhecidas que podem ser tratadas com medicamentos vendidos sem receita médica (HIGA et al., 2022).
Fatorri (2020) e Tiburcio; Da Luz; De Andrade (2023) ressaltam que os sintomas comuns que levam à automedicação domiciliar incluem febre, seguida de tosse, dor de garganta e dor generalizada. Vômitos e cólicas também contribuem notavelmente. Destacam a prevalência da automedicação para problemas respiratórios, febre, sintomas gastrointestinais e dores generalizadas. As justificativas para a automedicação também incluem cólicas abdominais, dores de cabeça e sintomas semelhantes aos da gripe.
A pesquisa de Nunes, Vilela e Siqueira (2022) esclarece o alarmante desconhecimento das famílias sobre os medicamentos administrados aos filhos. O estudo aponta respostas como “não sei nada sobre dipirona”, “o paracetamol corta os vermes” e “a amoxicilina tira as dores do corpo do meu filho”. O mesmo estudo destaca que 62% dos filhos de pais ou responsáveis entrevistados já se automedicaram em algum momento. Além disso, 53% dos pais ou responsáveis recorreram ao uso de receitas antigas ou sobras de medicamentos para tratar os sintomas de seus filhos, enquanto 65% administraram medicamentos sem prescrição de um profissional de saúde qualificado. Perturbadoramente, 14% dos pais ou responsáveis alteraram eles próprios as prescrições médicas.
Fármacos e automedicação em crianças
No Brasil, segundo Klein et al. (2020) e Higa et al. (2022) a automedicação tende a tratar doenças agudas, muitas vezes utilizando medicamentos isentos de prescrição. Esta prática é parcialmente motivada pela fácil disponibilidade de tais medicamentos na indústria farmacêutica e pelos esforços de marketing a eles associados, que podem influenciar os consumidores. Entre os medicamentos de automedicação mais utilizados estão analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios.
Figura 2 Classes de Medicamentos utilizados para automedicação mais encontrados nos estudos do quadro analítico
Fonte: Elaborado pelos Autores.
O paracetamol se destaca como medicamento de referência mais utilizado, seguido da dipirona e dos remédios para resfriado. Notavelmente, o paracetamol foi identificado como um medicamento frequentemente tomado por crianças diagnosticadas com pneumonia antes da hospitalização. Tanto o paracetamol quanto a dipirona são utilizados com destaque na automedicação pediátrica antes de procurar atendimento de emergência, ressaltando os riscos associados. O uso inadequado desses medicamentos (MANIERO et al., 2018).
Estudos revelam os principais motivos da automedicação infantil, que incluem dor e febre. Analgésicos e antipiréticos são as classes de medicamentos mais utilizadas para esses fins. Destaca-se o paracetamol, responsável por 45% dos casos, seguido pela dipirona (15%), ibuprofeno (6%) e ácido acetilsalicílico (3%). Esse padrão de automedicação ressalta a necessidade de melhor educação e conscientização sobre o uso de medicamentos, principalmente no contexto dos cuidados pediátricos. Outros estudos citam a dipirona (54%) e o paracetamol (36%) estão no topo da lista de automedicação em crianças, seguidos de perto pelos xaropes expectorantes (22%), amoxicilina (10%), simeticona ( 4%) e metoclopramida (2%) (NUNES; VILELA; SIQUEIRA, 2022).
Alves, Magalhães e Júnior (2021) enfatizam que os medicamentos mais utilizados na automedicação pediátrica incluem analgésicos, antipiréticos, xaropes expectorantes, remédios antigripais, antibióticos e anti-inflamatórios não hormonais. inflamatórios. Vale ressaltar que a maior parte desses medicamentos se enquadra na categoria de MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição Médica). As três escolhas mais prevalentes entre esses medicamentos são Paracetamol, Ibuprofeno e Dipirona.
Nessa mesma linha de pensamento, segundo Pons et al. (2023) destacam que a partir de estudo realizado pela Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM) mostrou que 22,2% das crianças de zero a 12 anos usam medicamentos sem indicação médica. A automedicação é mais frequente nas crianças mais velhas e pertencentes a famílias mais pobres e sem plano de saúde. As condições agudas para as quais há maior frequência de automedicação são dor, febre, resfriado e rinite alérgica (DE SOUZA et al., 2020).
Alves, Magalhães e Júnior (2021) destacam as complexidades que cercam a dosagem de medicamentos pediátricos, que depende de variáveis como peso, idade e condição clínica. Dado o risco inerente à automedicação incorreta, torna-se imperativo que os profissionais de saúde desempenhem um papel fundamental na transmissão de orientações precisas sobre medicação como medida preventiva.
Consequências da automedicação infantil
Os medicamentos são vistos pelos pacientes e consumidores como inofensivos, visto que por vezes não se relatam objeção por parte do atendente ou balconista na hora de adquirir um determinado medicamento, colocando em risco a sua saúde e de crianças por causa da posologia e uso irracional por falta de conhecimento sobre a dosagem sem riscos. Nesse tocante a atuação do farmacêutico se apresenta como crucial para orientar e nortear adequadamente quanto a quantidade de gotas, comprimidos e quantidade de vezes por dia para evitar intoxicações, evitando problemas no uso de medicamentos (NUNES; VILELA; SIQUEIRA, 2022).
Outros problemas que estão relacionados a fatores socioeconômicos estão relacionados a automedicação, pois a falta de recursos contribui para que a pessoa não consiga ter acesso a uma consulta médica de qualidade, visto que pelo sistema de saúde pública, devido a grande demanda, há vagas limitadas, fazendo com que a pessoa passe meses para obter um atendimento. Nas unidades de urgência, a quantidade de pessoas a espera de um atendimento desencoraja as pessoas a ficarem esperando sentindo os sintomas que estão buscando assim de forma independente as farmácias para que possam aliviar aquele sofrimento (MARIM; PASCHOA; FRIAS, 2021).
Segundo Alves, Magalhães e Júnior (2021), a prática da automedicação, embora percebida como uma solução imediata para aliviar os sintomas, acarreta graves consequências para a saúde, levando a danos significativos e ao aumento dos custos de saúde devido a reações adversas. Destacam que o Sistema Nacional de Informação Toxico-Farmacológica (SINTOX) revela que mais de 20 crianças sofrem diariamente intoxicações devido ao uso inadequado de medicamentos, refletindo a falta de conhecimento dos pais sobre a dosagem e armazenamento adequado. Os autores atribuem o aumento da automedicação ao aumento da informação baseada na Internet, contribuindo para incidentes de envenenamento intencional ou acidental em crianças.
De Souza et al. (2021) destacam que as restrições éticas, legais e económicas contribuem para a falta de conhecimento abrangente sobre os efeitos dos medicamentos nas populações pediátricas, levando à dependência de extrapolações e adaptações do uso em adultos. O texto ressalta os riscos consideráveis da automedicação para a saúde das crianças, mesmo quando prescrita, pois as doses podem exceder as recomendações. Os comprimidos, comumente usados para adultos, representam um perigo particular devido ao seu tamanho e potencial para divisão imprecisa. Salientam, que a ausência de padrões regulatórios no Brasil para particionamento de comprimidos aumenta o risco, com potencial desintegração durante o processo, levando a alterações de dosagem.
A automedicação em crianças traz repercussões potenciais a longo prazo, com o uso indevido de medicamentos capazes de ocultar sintomas de condições subjacentes mais graves. O atraso no diagnóstico e no tratamento adequado representam riscos ao bem-estar da criança. Além disso, o uso de antibióticos tóxicos pode promover o desenvolvimento de resistência bacteriana, comprometendo a eficácia desses medicamentos no futuro. Os pais ou responsáveis, por não terem conhecimento dos riscos associados, podem perceber a automedicação em crianças como inócua. Desconhecendo os potenciais efeitos secundários, complicações respiratórias ou riscos associados à automedicação respiratória, podem inadvertidamente colocar a saúde da criança em risco. A pressão social e a influência da mídia contribuem para esse fenômeno, pois a publicidade, as recomendações de pares ou as informações online podem induzir os pais ou responsáveis a acreditar que a automedicação é uma escolha segura e eficaz (BOMFIM et al., 2023). Sublinham a importância da tomada de decisões informadas e da sensibilização para salvaguardar a saúde das crianças.
Costa et al. (2023) destacam que a automedicação envolve predominantemente medicamentos de venda livre (MIPs) ou a reutilização de receitas antigas e sobras de medicamentos em casa. Esse padrão pode resultar do acompanhamento médico regular, onde os medicamentos são prescritos conforme necessário. Quando surgem sintomas, os pais ou responsáveis recorrem ao uso de sobras de medicamentos de tratamentos anteriores ou à sua recompra com prescrições obtidas anteriormente, refletindo uma prática comum no manejo de problemas de saúde sem procurar orientação profissional.
Farías-Antúnez et al. (2022) enfatizam a escassez de informações sobre pacientes pediátricos, estendendo-se às preocupações sobre interações medicamentosas, particularmente no contexto da polifarmácia – definida como o uso diário de cinco ou mais medicamentos. Embora a incidência de polifarmácia diminua após 24 meses, os autores observam que aproximadamente 4% da amostra usavam frequentemente cinco ou mais medicamentos. Eles destacam o número limitado de estudos que caracterizam a farmacocinética entre medicamentos em pacientes pediátricos, muitas vezes baseando-se em extrapolações de recomendações para adultos. Esta abordagem pode resultar em previsões imprecisas dos efeitos da interação medicamentosa, tornando a polifarmácia um fenómeno particularmente preocupante em crianças. Os autores sublinham que compreender o uso de medicamentos pelas crianças é fundamental na definição de políticas de saúde destinadas a reduzir o uso de medicamentos desnecessários ou inadequados nesta faixa etária. Ao abordar estas preocupações, os decisores políticos podem implementar estratégias informadas para garantir a prescrição segura e criteriosa de medicamentos para pacientes pediátricos.
Cerca de 35% do consumo de medicamentos é advindo de prática de automedicação. Esse percentual é independente de classe social e se apresenta como uma facilidade que a sociedade obtém em adquirir medicamentos. Dentre os motivos que ocorre a automedicação pode-se citar: venda sem prescrição médica, compartilhamento de medicamentos entre pessoas da mesma família, reutilização de medicamentos de tratamentos anteriores, utilização de antigas prescrições (MELO; DE SOUZA; SÁ, 2023).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A automedicação infantil permanece uma prática frequente no cenário brasileiro, porém, seus riscos potenciais de intoxicação e os potenciais eventos adversos tornam essa ação preocupante, especialmente considerando a maior vulnerabilidade das crianças aos efeitos dos medicamentos devido a seus processos de absorção diferenciados. A predominância das pais como impulsionadores dessa prática está relacionada à disponibilidade de medicamentos em casa, conhecimentos empíricos, reutilização de prescrições passadas, conselhos de farmacêuticos ou conhecidos, influência da mídia e dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios lideram o uso na automedicação, com o paracetamol se destacando como o mais usado, seguido por dipirona e antigripais. Entretanto, esses medicamentos carregam perigos potenciais, incluindo hepatotoxicidade e redução de células sanguíneas, quando usados de forma inadequada. Portanto, uma abordagem responsável e informada para a automedicação infantil é essencial para garantir a segurança e bem-estar das crianças.
REFERÊNCIAS
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1Graduando em Farmácia. Centro universitário FAMETRO – Avenida Constantino Nery 3204, Manaus – Amazonas.
2Graduanda em Farmácia. Centro universitário FAMETRO – Avenida Constantino Nery 3204, Manaus – Amazonas.
3Graduando em Farmácia. Centro universitário FAMETRO – Avenida Constantino Nery 3204, Manaus – Amazonas.
4Graduando em Farmácia. Centro universitário FAMETRO – Avenida Constantino Nery 3204, Manaus – Amazonas.
5Professora Orientadora do Curso de Farmácia do Centro Universitário FAMETRO.
6Professor Coorientador do Curso de Farmácia do Centro Universitário
Projeto apresentado ao CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO para obtenção do título de Bacharel em FARMÁCIA