THE MAIN RISK FACTORS FOR THE EMERGENCE OF CRANIAL ASYMMETRIES IN INFANTS AGED 0 TO 12 MONTHS IN WESTERN PARANÁ
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505311547
Lucas Andre Mesquita Ferreira Solcia1
Ticiane Aparecida Peccher Da Silva2
Fernanda Teixeira Furlan Chico3
Rafaella Ferreira Mendes4
RESUMO
As assimetrias cranianas em lactentes, como a braquicefalia e a plagiocefalia, tornaram-se mais frequentes após a recomendação do decúbito dorsal para prevenir a Síndrome da Morte Súbita Infantil. Embora eficaz, essa orientação contribuiu para o aumento de deformidades posicionais. Este estudo teve como objetivo identificar os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento dessas alterações em bebês de 0 a 12 meses. A pesquisa, de caráter transversal e abordagem quanti-qualitativa, foi realizada com 28 lactentes e suas mães na região oeste do Paraná, utilizando avaliação cefalométrica e questionário materno. Os resultados mostraram que 67,9% dos bebês apresentaram deformidades cranianas, com predominância de braquicefalia (44,8%), seguida por plagiocefalia (13,8%) e casos associados (7,1%). Observou-se maior incidência em meninos e relação com parto normal, complicações gestacionais, consumo de cafeína, lateralidade na amamentação e posição de dormir, além da ausência de atividades físicas na gestação. Conclui-se que a identificação precoce desses fatores pode prevenir impactos no desenvolvimento motor e cognitivo, sendo fundamental o acompanhamento profissional e a orientação parental nos primeiros meses de vida.
Palavras-chave: Assimetria craniana. Braquicefalia. Plagiocefalia. Lactentes. Desenvolvimento motor.
1 INTRODUÇÃO
As deformidades cranianas em lactantes começaram a se tornar mais prevalentes nas décadas de 1980 e 1990, especialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, como resultado da campanha “Back to Sleep”, que visava reduzir a ocorrência da Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI). Essa iniciativa recomendou que os bebês fossem colocados para dormir em decúbito dorsal (DD) (TURK et al., 1996:ARGENTA et al., 1996). Embora essa abordagem tenha sido eficaz na diminuição das taxas de morte súbita, observou-se também um aumento significativo nas assimetrias cranianas (ACs), que passaram de 0,3% para 8,2% em um período de apenas dois anos (CHIARA, 2019: LAM et al., 2017)
Diante desse cenário, os principais fatores que a literatura aponta como fatores predisponentes para o surgimento das ACs estão relacionadas as forças mecânicas que atuam sobre o crânio, muitas vezes associadas ao mau posicionamento. Além disso, fatores como gestação múltipla, nascimento prematuro, preferência por um lado ao apoiar a cabeça, pressão intrauterina, sexo masculino, torcicolo congênito, inclinação da cabeça, desequilíbrio cervical e maior assimetria na rotação da cabeça também estão fortemente ligados às deformidades (ROGERS, 2009).
O crânio do lactente é suscetível a deformidades devido à sua estrutura ainda em desenvolvimento. A partir da sétima semana gestacional, os ossos cranianos se formam por ossificação intramembranosa e permanecem separados por suturas e fontanelas, que permitem o crescimento do cérebro e a passagem pelo canal de parto (MOORE, 2016).
Nesse contexto, as fontanelas assumem um papel crucial. Essas estruturas fibrosas, localizadas entre os ossos do crânio, permitem o crescimento contínuo do cérebro após o nascimento e facilitam a passagem do bebê pelo canal de parto. Formadas durante o desenvolvimento fetal, normalmente são planas e flexíveis, embora possam variar entre os bebês e ser afetadas por fatores como desidratação, infecções, posicionamento inadequado ou fechamento prematuro (LIPSETT; REDDY; STEANSON, 2023).
O aumento dos casos de ACs, motivou estudos que buscaram compreender suas diferentes manifestações e frequências. Essas deformidades podem ser classificadas em dois tipos principais: sinostótica, que envolve o fechamento precoce das suturas cranianas, e não sinostótica, causada por fatores externos como o posicionamento do bebê, passível de correção por reposicionamento, fisioterapia ou osteopatia (Jung, 2020). Em relação à forma do crânio, as ACs mais comuns incluem a plagiocefalia, caracterizada pelo achatamento assimétrico na região posterior do crânio; a braquicefalia, que apresenta achatamento simétrico na parte posterior, conferindo uma cabeça mais larga e curta; e a dolicocefalia, caracterizada pelo alongamento anteroposterior, resultando em uma cabeça mais estreita e comprida (IÑAKI PASTORPONS et al., 2021).
As deformidades cranianas podem afetar o desenvolvimento neuropsicomotor, que segue os princípios céfalo-caudal e próximo-distal, iniciando na formação fetal e avançando até o controle postural completo. O desenvolvimento postural começa pela cabeça, seguido pelo tronco, braços e pernas, progredindo da sustentação do pescoço até a marcha (HUANG, TIANQI et al., 2023
Nesse sentido, as assimetrias cranianas têm se tornado cada vez mais frequentes, podendo estar associadas a um possível atraso no desenvolvimento motor ou, inversamente, o próprio atraso pode contribuir para o surgimento das ACs, sendo perceptível já nos primeiros meses de vida. Esse atraso pode acarretar repercussões na fala e na escrita, dificultando a adaptação da criança à fase escolar ao longo do tempo (ROHDE et al., 2020).
A formação irregular do crânio pode afetar a organização neural, levando a alterações cognitivas e sensoriais, pois movimentos complexos dependem do planejamento motor de diversas áreas do sistema nervoso central, como regiões motoras, córtex pré-frontal e sistema límbico. Além disso, atrasos no desenvolvimento não resultam apenas de lesões neurais, mas também de alterações cognitivas e psíquicas que impactam o neurodesenvolvimento. Por isso, a detecção precoce de assimetrias cranianas, entre o 3º e 4º mês de vida, é fundamental para implementar intervenções que minimizam possíveis consequências futuras. (LINZ et al., 2017: COLLETT et al., 2019).
Considerando o crescente aumento da prevalência das ACs e seus impactos no desenvolvimento infantil, este estudo tem como objetivo principal identificar os fatores de risco associados ao surgimento das ACs em lactentes. A compreensão desses fatores busca fundamentar o conhecimento científico e apoiar a formulação de estratégias eficazes de prevenção e intervenção, visando melhorar a qualidade de vida dessas crianças.
2 METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo transversal analítico, com abordagem quantitativa e qualitativa, de natureza exploratório-descritiva, utilizando-se de dados de fonte secundária. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Univel, sob parecer número 7.423.004 em conformidade com os princípios éticos estabelecidos pela Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. Todos os responsáveis legais pelos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando com a participação voluntária na pesquisa.
O objetivo do estudo foi investigar os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de assimetrias cranianas em lactentes com idade entre 0 e 12 meses. A amostra foi composta por 32 lactentes, de ambos os sexos, acompanhados por suas respectivas mães, selecionados por conveniência e de forma intencional, de acordo com a aceitação da participação.
A coleta foi desenvolvida no período de 14/03/2025 a 30/04/2025, na cidade de Cascavel, no estado do Paraná, e também em domicílios localizados na cidade de Catanduvas, no mesmo estado, sendo as avaliações realizadas na clínica-escola da Univel e nas residências dos participantes.
Os critérios de inclusão estabelecidos foram: bebês com idade entre 0 e 12 meses, em estado de saúde estável, sem condições médicas graves que pudessem interferir na avaliação craniana, e que não estivessem em uso de oxigênio, sondas ou traqueostomias. Foram excluídos do estudo os bebês com malformações congênitas graves, os que interromperam a participação durante a avaliação, aqueles não cuidados diretamente pela mãe e os casos em que houve preenchimento incompleto do formulário.
A coleta de dados foi iniciada com a divulgação da pesquisa por meio das redes sociais, com o intuito de informar a população sobre a importância da avaliação craniana em bebês. Um link contendo um formulário eletrônico foi disponibilizado entre os meses de março e abril de 2025 para que as mães interessadas pudessem manifestar sua intenção de participar. A partir do aceite, foram agendadas as avaliações presenciais.
Para avaliar o crânio dos bebês, nós avaliadores recebemos um treinamento específico para usar um craniômetro e uma fita elástica da marca Mimos® na hora de fazer as medições. Inicialmente, a fita foi posicionada de modo que a seta vermelha estivesse alinhada com o osso nasal da criança. Em seguida, a faixa foi ajustada com os dedos indicador e polegar, mantendoa esticada e corretamente posicionada na região mais proeminente da cabeça, a qual foi utilizada como ponto de referência para a medição da circunferência craniana. Foram realizadas medições em milímetros nas direções anteroposterior (AP), biparietal (BP), diagonal direita (DD) e diagonal esquerda (DE). Cada medição foi repetida três vezes, e utilizou-se a média simples para aumentar a precisão dos dados.
Posteriormente, foi enviado um formulário via WhatsApp do Google Forms para as mães, contendo questões relacionadas ao período gestacional, desenvolvido com base na literatura científica e validado previamente por estudos anteriores. O formulário incluía informações sobre o recém-nascido, como nome, sexo, idade gestacional, idade cronológica (ou ajustada para prematuros), bem como dados socioeconômicos e clínicos, incluindo idade dos pais, faixa salarial, tipo de parto, planejamento da gestação, número de gestações anteriores, complicações durante a gravidez, suplementação alimentar e necessidade de internação, após os resultados posteriormente foi dado um feedback para a mãe, com orientações.
Os dados obtidos foram organizados em planilhas do Microsoft Excel e analisados manualmente, por meio de estatística descritiva simples, com o cálculo de frequências e médias, de acordo com os objetivos do estudo.
3 RESULTADOS
A presente pesquisa revelou dados relevantes sobre as características cefalométricas dos bebês, bem como sobre fatores gestacionais, comportamentais e cuidados maternos relacionados ao desenvolvimento craniano infantil. A amostra inicial foi composta por 32 bebês. No entanto, quatro participantes foram excluídos da análise por não atenderem aos critérios de inclusão, sendo três do sexo masculino e um do sexo feminino. Com isso, a amostra final foi composta por 28 bebês com idades entre 0 e 12 meses.
A idade das mães variou entre 15 e 37 anos, com média de 28 anos, indicando predominância de mães jovens. Entre os bebês avaliados, 15 (51,7%) eram do sexo masculino e 13 (48,3%) do sexo feminino. Quanto às condições gestacionais, 15 (55,6%) mães relataram complicações como diabetes gestacional, hipertensão e pré-eclâmpsia, enquanto 12 (44,4%) não enfrentaram problemas durante a gestação.
Em relação ao tipo de parto, 15 (53,6%) mães tiveram parto normal, e 13 (46,6%) foram submetidas a cesáreas de emergência ou cesáreas programadas. Esses dados estão organizados na Tabela 1, a seguir:

Em relação ao consumo de cafeína durante a gestação (incluindo café, chimarrão, tereré, chás, refrigerantes à base de cola e energéticos), 21 (75%) gestantes relataram ingestão em algum momento da gravidez, geralmente de forma moderada em contrapartida, 7 (25%) afirmaram que não consumiram tais substâncias.
No que diz respeito aos cuidados durante a gestação, 28 (100%) participantes realizaram acompanhamento pré-natal. Além disso, 16 (57,1%) mantiveram uma alimentação balanceada, e 15 (53,6%) utilizaram outras suplementações além do ácido fólico. A prática de atividade física orientada foi relatada por 8 (28,6%) gestantes. Apenas 1 (3,4%) participante relatou o consumo de álcool ou outras substâncias prejudiciais.

Fonte: Própria, 2025.
Quanto aos hábitos dos bebês, 9 (32,1%) apresentaram preferência por um lado ao mamar, já 19 (75,9%) não apresentaram preferência. Esses comportamentos podem estar relacionados ao desenvolvimento de assimetrias posturais.
O gráfico a seguir ilustra a distribuição das alterações cranianas identificadas na amostra de 28 lactentes. Observa-se a predominância de casos de braquicefalia, presente em 13 bebês (44,8%). A plagiocefalia isolada foi identificada em 4 lactentes (13,8%) e outros 2 (7,1%) apresentaram braquicefalia associada à plagiocefalia. Apenas 9 lactentes (32,1%) apresentaram condições cranianas normais, evidenciando a relevância do monitoramento precoce dessas alterações para prevenir o agravamento das deformidades.
Gráfico 1 – Distribuição das alterações cranianas nos lactentes avaliados (n = 28)

Fonte: Própria, 2025.
Além disso, verificou-se que 15 (53,6%) dos recém-nascidos foram provenientes de parto normal (vaginal), enquanto 13 (46,4%) nasceram por cesariana. Dentre os 19 bebês que apresentaram alguma assimetria craniana (braquicefalia e/ou plagiocefalia), 8 (61,5%) nasceram por parto vaginal e 7 (46,7%) por cesárea. Embora os números estejam próximos, observou-se maior proporção de alterações cranianas entre os nascidos por parto vaginal.
4 DISCUSSÕES
No presente estudo, observou-se que a prevalência de assimetria craniana foi maior entre os meninos, quando comparados às meninas. Esse achado está em consonância com a literatura, que sugere uma possível relação com a posição intrauterina. Tal fator tende a ocorrer com maior frequência em recém-nascidos do sexo masculino, os quais, em geral, apresentam maior tamanho ao nascimento, estando, portanto, mais suscetíveis ao achatamento craniano durante a gestação (JUNG, 2020).
Adicionalmente, a permanência prolongada na posição de decúbito dorsal (DD), assim como a manutenção de uma única postura durante o sono, configuram fatores de risco relevantes para o desenvolvimento de deformidades cranianas.
Corroborando esse achado e conforme demonstrado no gráfico anteriormente apresentado, verificou-se maior incidência de braquicefalia na amostra. Essa condição é caracterizada pelo encurtamento do comprimento ântero-posterior do crânio em comparação à sua largura, podendo acarretar não apenas comprometimentos estéticos, mas também diversos efeitos deletérios à saúde. Estudos apontam que a braquicefalia pode provocar alterações na orientação angular da articulação temporomandibular, resultando em má oclusão dentária e deslocamento anterior da mandíbula, o que, por sua vez, pode desencadear apneia obstrutiva do sono (CHOI et al., 2020).
Além disso, a deformidade pode interferir na estabilidade postural do lactente, visto que modifica o centro de massa da cabeça, gerando desequilíbrio entre os músculos flexores e extensores cervicais, comprometendo o controle postural e o desenvolvimento motor adequado (BASSI et al., 2019).
Esse achado também corrobora com a literatura que identifica o posicionamento supino como fator de risco para o desenvolvimento da braquicefalia, sobretudo na ausência de tempo suficiente em posição prona durante o dia. O apoio constante da região occipital dificulta o crescimento adequado da abóbada craniana, favorecendo o achatamento posterior do crânio (COLLETT et al., 2012).
Na amostra analisada, a maioria das mães relataram que seus filhos não apresentavam preferência significativa por um dos lados durante a amamentação. Tal dado pode estar associado à baixa incidência de plagiocefalia observada na amostra. Embora a preferência unilateral na amamentação seja um dos fatores correlacionados ao desenvolvimento de assimetrias cranianas, como a plagiocefalia posicional, é importante ressaltar que essa condição não possui uma etiologia única.
Ademais, apesar da amamentação poder influenciar a posição do lactente, a preferência por um dos lados ao mamar, isoladamente, não constitui o principal fator etiológico da plagiocefalia, (BENEDETTI; DE ALBUQUERQUE, 2021). No presente estudo, essa variável não apresentou relevância significativa, o que pode justificar o número reduzido de casos de plagiocefalia identificados
E ainda, foi possível observar a presença de deformidades cranianas entre os recém nascidos, o que pode estar relacionado a fatores perinatais e gestacionais. Complicações como hipertensão arterial e diabetes mellitus gestacional podem comprometer o crescimento fetal, inclusive o desenvolvimento adequado do tecido ósseo. A hipertensão gestacional, por exemplo, está associada a riscos maternos e fetais importantes, como o crescimento intrauterino restrito e o parto prematuro, fatores que podem impactar diretamente a conformação craniana ao nascimento (SANTOS et al., 2024).
De forma semelhante, a diabetes gestacional está vinculada a desfechos de hipoglicemia neonatal e alterações no desenvolvimento motor e neurocomportamental, que podem influenciar negativamente a simetria e o formato do crânio (RIBEIRO et al., 2024; NEW et al., 2024).
Além disso, a restrição uterina e a redução da mobilidade fetal intrauterina podem predispor o recém-nascido ao desenvolvimento de deformidades cranianas, como plagiocefalia e braquicefalia, já no período intrauterino, corroborando os resultados observados nesta amostra. Verificou-se, ainda, uma maior incidência de assimetrias cranianas entre recémnascidos que nasceram por parto vaginal 8 (61,5%) em comparação aos nascidos por cesariana, alinhando-se aos achados da literatura. Tal diferença pode ser atribuída à pressão exercida sobre o crânio durante a passagem pelo canal de parto, capaz de provocar modificações temporárias na conformação cefálica do neonato (FERREIRA et al., 2018).
Além dos fatores perinatais já discutidos, o consumo materno de cafeína durante a gestação pode exercer impacto no desenvolvimento fetal, inclusive no crescimento ósseo e na conformação craniana. A cafeína atravessa a placenta e pode afetar o metabolismo fetal, estando associada a condições como restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer e parto prematuro (SANTOS; LIMA, 2022).
Essas condições, por sua vez, são fatores de risco conhecidos para o surgimento de deformidades cranianas, como braquicefalia e plagiocefalia, uma vez que comprometem a mobilidade e o posicionamento fetal intrauterino (MARTINS et al., 2023).
Estudos indicam que a restrição de crescimento fetal, potencialmente agravada pela ingestão excessiva de cafeína, pode resultar em menor espaço intrauterino e menor movimentação fetal, favorecendo a aplicação prolongada de pressão em determinadas regiões do crânio e, consequentemente, deformações assimétricas (FERREIRA et al., 2021).
Ainda que a literatura sobre a relação direta entre o consumo de cafeína e as deformidades cranianas seja limitada, a associação indireta por meio dos efeitos adversos no desenvolvimento fetal torna esse um importante aspecto a ser considerado nas análises clínicas e pesquisas futuras.
É importante destacar que este estudo apresenta limitações, como o tamanho da amostra e a dependência de relatos maternos para a coleta de dados, o que pode influenciar a precisão e a generalização dos resultados. Além disso, o desenho transversal impede a avaliação de desfechos a longo prazo. Assim, estudos longitudinais com acompanhamento clínico detalhado são recomendados para aprofundar o entendimento dos fatores envolvidos e validar as associações observadas.
Os resultados obtidos reforçam a importância do aconselhamento precoce às mães e cuidadores sobre a necessidade da alternância de posições durante o sono e da estimulação do tempo em decúbito ventral para prevenir deformidades cranianas. Ademais, o acompanhamento fisioterapêutico pode ser fundamental para a detecção precoce e tratamento dessas alterações, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos lactentes.
Futuros estudos poderiam investigar mais detalhadamente o papel dos fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento das deformidades cranianas, bem como avaliar a eficácia de intervenções fisioterapêuticas específicas para prevenção e correção dessas condições. Em síntese, o presente estudo contribui para o entendimento dos fatores associados à assimetria craniana, destacando a relevância de aspectos gestacionais, perinatais e comportamentais na etiologia das deformidades, e ressalta a importância da abordagem multidisciplinar para a prevenção e manejo dessas condições.
5 CONCLUSÃO
Este estudo evidenciou uma correlação significativa entre as ACs, em especial a braquicefalia, nos lactentes avaliados. Fatores como via de parto, complicações gestacionais, posição ao dormir, preferência de amamentação, prolongados períodos em decúbito dorsal e consumo materno de cafeína, demostram potencial significativo para influenciar o desenvolvimento de assimetrias cranianas.
A análise realizada favorece significativamente o aprofundamento do conhecimento acerca dos fatores de risco associados às deformidades cranianas. No entanto, entre as limitações do presente estudo, destacam-se o tamanho reduzido da amostra, o que reforça a necessidade de novas pesquisas.
REFERÊNCIAS
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1Discente Lucas Andre Mesquita Ferreira Solcia do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, e-mail: solcialucas@gmail.com
2Discente Ticiane Aparecida Peccher Da Silva do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, e-mail: ticianepeccher@gmail.com
3Docente Fernanda Teixeira Furlan Chico do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, email: fernanda.chico@univel .br
4Discente Rafaella Ferreira Mendes do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, e-mail: rafaferreiramendes14@gmail.com