OS POSSÍVEIS IMPACTOS ERGONÔMICOS AOS TRABALHADORES DURANTE O HOME OFFICE NO CONTEXTO PANDÊMICO DA COVID-19 NO BRASIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10668552


Vitor Rocha Silveira;
Luisa Nery Freire;
Maria Terezinha Silva Neta (Orientadora).


Resumo

A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção do trabalho remoto no Brasil, mas essa tendência não se consolidou após o fim da pandemia. O objetivo deste estudo é analisar os possíveis impactos ergonômicos do trabalho remoto na saúde física e mental dos trabalhadores durante o contexto pandêmico da COVID-19 no Brasil. A metodologia adotada consistirá em uma revisão sistemática da literatura científica sobre ergonomia no contexto do trabalho remoto, com foco nos impactos à saúde física e mental dos trabalhadores. O trabalho remoto pode ter impactos positivos e negativos na saúde física e mental dos trabalhadores. Os impactos positivos incluem a flexibilidade de horários, a redução do estresse relacionado ao trânsito e a possibilidade de conciliar melhor a vida profissional e a vida pessoal. Os impactos negativos incluem a falta de interação social, a dificuldade de separar o tempo de trabalho do tempo de descanso e o aumento da carga de trabalho. A legislação brasileira prevê que o empregador deve instruir os empregados sobre como evitar doenças e acidentes de trabalho no teletrabalho. Ressalta-se que, diante do tempo entre a ocorrência da pandemia não possibilita a análise a respeito de suas consequências à saúde dos trabalhadores. Todavia, os resultados sugerem que as perspectivas não são positivas, considerando a inadequação das estações de trabalho às exigências de cada atividade.

Palavras-chave: Ergonomia. Home Office. Pandemia.

Abstract

The COVID-19 pandemic accelerated the adoption of remote work in Brazil, but this trend did not consolidate after the end of the pandemic. The aim of this study is to analyze the possible ergonomic impacts of remote work on the physical and mental health of workers during the COVID-19 pandemic context in Brazil. The methodology adopted will consist of a systematic review of the scientific literature on ergonomics in the context of remote work, focusing on the impacts on the physical and mental health of workers. Remote work can have both positive and negative impacts on the physical and mental health of workers. Positive impacts include flexibility of schedules, reduction of stress related to commuting, and the possibility of better reconciling professional and personal life. Negative impacts include lack of social interaction, difficulty separating work time from rest time, and increased workload. Brazilian legislation requires employers to instruct employees on how to prevent diseases and accidents in telecommuting. It is worth noting that, due to the time between the occurrence of the pandemic, it is not possible to analyze its consequences on the health of workers. However, the results suggest that the prospects are not positive, considering the inadequacy of workstations to the requirements of each activity.

Keywords: Ergonomics. Home Office. Pandemic.

1 INTRODUÇÃO

A pandemia do COVID 19 desencadeou vários efeitos significativos, em todos os aspectos, no Brasil e no mundo. Em apenas três meses, de dezembro de 2019 a março deste 2020, a nova variedade de coronavírus surgida na China infectou 185 mil pessoas em 159 países, disseminando uma doença respiratória semelhante à gripe, porém mais grave e letal (UNESPE, 2020).

Devido aos altos índices de infecção, medidas urgentes e imediatas tiveram que ser implementadas para evitar que mais pessoas sejam infectadas. Uma dessas ações foi o isolamento social, um dos meios mais eficazes indicado pelas autoridades ligadas à saúde. Por meio dessa ação, escolas, empresas, comércios tiveram que fechar suas portas, impactando na economia do país.

Para que os impactos não sejam tão prejudiciais ao setor econômico, grande parte dos trabalhadores tiveram que se ajustar a uma nova forma de trabalhar pela necessidade de manter as demandas do trabalho, e tiveram que exercer suas atividades de forma remota, modalidade conhecida como home-office. Porém, com o imediatismo na implementação dessa nova modalidade de trabalho, muitos pontos não foram avaliados, e um deles foi a ergonomia. Com a facilidade de poder trabalhar de casa, alguns empresários viram como oportunidade essa nova modalidade e não avaliaram os impactos que poderiam surgir. Executar suas atividades sem equipamentos e mobiliários adequados, podendo exceder as jornadas de trabalho, consequências psicológicas de trabalhar no mesmo local onde se descansa, podem gerar problemas futuros à saúde dos trabalhadores.

Alguns ajustes deveriam ter sidos feitos ou mapeados para minimizar e/ou eliminar os impactos dessa modalidade na saúde dos trabalhadores, como evitar uma altura desconfortável da tela do monitor do computador, sendo alto o suficiente para evitar pressionar o pescoço e a cadeira em uma altura adequada, de modo a evitar problemas de postura.

O fator mais preocupante é que, infelizmente, os riscos ergonômicos estão presentes dentro das empresas, mesmo com o local possuindo mobiliários adequados, iluminação e ventilação correta, pela falta de ajustes e conhecimento do tema. Diante disso, trabalhar de casa sem esses benefícios pode trazer ainda mais riscos que só podem ser contabilizados a longo prazo.

Em contrapartida, algumas empresas, com o intuito de proporcionar ao colaborador uma estrutura suficiente durante a jornada em casa, dispuseram aos seus colaboradores mesas, cadeiras, materiais de escritório, para que o trabalhador tenha um conforto e até mesmo evitando alguns problemas de saúde durante o tempo que estiver home office. Mas, além do conforto, as organizações também tiveram que pensar na saúde emocional do trabalhador, o que minimiza as possíveis consequências que poderiam ocorrer.

O objetivo do trabalho foi identificar as possíveis consequências do home office para os trabalhadores, considerando os danos psicológicos e físicos passíveis da ocorrência diante da ausência de estrutura para a realização dessa modalidade de trabalho.

2 METODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho optou-se pela abordagem do tema através da revisão de literatura por meio de estudos em livros, apostilas e outros documentos tais como textos e artigos da Internet que datam dos últimos 7 anos, e que retratam o assunto de maneira aprofundada, construindo toda base histórica e teórica, proporcionando uma compreensão satisfatória e atualizada do assunto. E para este trabalho, o interesse se concentrou no estudo das atividades laborais de trabalhadores em home office e das suas condições de trabalho.

Quanto à estratégia de pesquisa adotou-se a exploratório-descritiva. Para Gil (2008), a pesquisa exploratória objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito.

Em relação à abordagem, a pesquisa é qualitativa. Segundo Yin (2006), a pesquisa qualitativa envolve, primeiramente, estudar o significado das vidas das pessoas nas condições em que realmente vivem além capacidade de representar as visões e perspectivas dos participantes de um estudo.

3 A PANDEMIA NO BRASIL E SUAS IMPLICAÇÕES NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

3.1 Aspectos Gerais

Os direitos sociais, mesmo em tempos de pandemia, mantêm sua natureza de fundamentais e essenciais. No entanto, o grau de exigibilidade imediato de cada direito social depende da análise das circunstâncias específicas de cada caso. A pandemia, por exemplo, evidenciou a necessidade de priorizar a saúde da população, o que levou a um aumento da exigibilidade de direitos sociais ligados à saúde (Martins, 2022).

Seguindo o mesmo pensamento, de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os empregadores devem controlar a jornada de trabalho de seus empregados, mesmo em condições de força maior. Essa regra, no entanto, só não se aplica aos trabalhadores que exercem atividades externas incompatíveis com a fixação do horário de trabalho ou que ocupam cargos de confiança ou de gestão. Para tais empregados, a lei exclui expressamente a necessidade de controle das jornadas e, consequentemente, o direito ao recebimento de horas extras.

No entanto, a reforma trabalhista também excluiu do controle de jornada os empregados que exercem o regime de teletrabalho. Sendo assim, até a data da reforma o trabalho remoto não era regulamentado pela CLT, mas a reforma trabalhista o incluiu no regime geral de contratação (Pipek; Dutra; Magano, 2017).

Faz-se essencial, conforme Santos (2020), que as normas de proteção aos teletrabalhadores sejam cumpridas, principalmente no que se refere à saúde, segurança, higiene e medicina do trabalho. Isso é importante para garantir a integridade física e psíquica desses profissionais, especialmente no contexto de dificuldades imposto pela pandemia da COVID-19.

Conforme Bonnet, Soares e Berg (2020), o teletrabalho, ou home office ou o trabalho a distância são formas de trabalhar em que o funcionário não precisa se deslocar até um local físico de trabalho.

Considerando que a pandemia de COVID-19 trouxe como precaução o distanciamento social, os empregadores aceleram a adoção do teletrabalho em todo o mundo, sem contar com os impactos que poderiam causar futuramente.

3.2 Crescimento do Home Office no Brasil durante o período de Pandemia

Se faz necessário a discussão a respeito do teletrabalho e o seu crescimento durante os últimos 5 anos. No entanto, é importante ressaltar que o teletrabalho não se caracteriza apenas pelo fato de o trabalho ser realizado à distância. O teletrabalhador é, antes de tudo, um trabalhador externo, que utiliza as novas tecnologias relacionadas com a informática e telemática para realizar suas atividades. Desse modo, tem-se a constatação de que o teletrabalho não é simplesmente uma questão de localização física. É uma modalidade de trabalho que exige o uso de tecnologias para a realização das tarefas.

Regimes de trabalho como o teletrabalho e o home office atingiram seu ápice no Brasil na segunda quinzena de julho de 2020, acumulando 8,7 milhões de trabalhadores na modalidade. No entanto, esse número começou a cair a partir de agosto, com uma redução de 16,8% no número de empresas que adotam o teletrabalho. Em novembro de 2020, o número de trabalhadores em home office havia caído para 7,3 milhões (IBGE, 2020). Essa redução pode ser observada na Figura 1:

Figura 1 – Pessoas ocupadas em trabalho remoto

Fonte: Aguiar (2021)

Após a pandemia, o teletrabalho não se consolidou como uma tendência no Brasil. Pelo contrário, houve uma redução gradual de sua adoção. Em maio de 2023, apenas 13,3% da população ocupada trabalhava remotamente. Em novembro do mesmo ano, esse percentual caiu para 9,1% (Antunes et al., 2023).

Em um cenário em que há conflito entre trabalho e vida familiar, baixo desenvolvimento profissional, pouca motivação, isolamento social e aumento na carga de trabalho, é improvável que possa trazer benefícios a respeito da condição social. Além disso, em muitos casos, esse cenário é agravado pela pressão por resultados, pela precarização do trabalho e pelo descontrole sobre a carga de trabalho (Filardi; Castro; Zanini, 2020).

Ressalta-se que home office, devido às suas características, não deveria ser adotado por boa parte dos segmentos profissionais, diante da necessidade de que a estrutura existente na residência do trabalhador seja compatível com as demandas do trabalho exercido. No entanto, em todos os setores que, em maior ou menor escala, devido às medidas de prevenção da COVID-19, adotaram o modelo de trabalho remoto ou home office.

Porém, observou-se posteriormente que após a redução dos casos de COVID19, houve uma redução drástica de utilização da modalidade, devido também aos fatores externos relacionados à saúde física e psicológica. Na Figura 2 pode ser observada a dinâmica dessa redução, a partir dos percentuais de empresas que adotaram tais modalidades, nos anos de 2021 e 2022:

Figura 2 – Proporção de empresas que adotaram o trabalho remoto

Fonte: Pacini; Tobler; Bittencourt (2023)

3.3 TRABALHO SENTADO VERSUS HOME OFFICE

Na vida cotidiana e durante a jornada de trabalho as pessoas adotam posturas para desenvolver as atividades, bem como para o descanso. Essas posturas podem produzir cargas adequadas para a manutenção da saúde do sistema musculoesquelético, ou podem ser excessivas ou mesmo insuficientes, levando a distúrbios nesse sistema. Segundo Do Rio e Pires (2001), existem posturas básicas: em pé, parado e andando; sentado; de cócoras; e deitado.

Durante a pandemia, devido a necessidade de cumprir o distanciamento social, vários trabalhadores tiveram suas atividades laborais impactadas e precisaram se adaptar a uma nova forma de trabalhar, a de exercer suas funções profissionais de forma remota. Sendo assim o home office cresceu e se tornou muito comum, onde foi optado como um regime alternativo para dar continuidade aos trabalhos mantendo o distanciamento social.

Considerando que na nova modalidade de trabalho o trabalhador ficava exposto na posição sentada por longos períodos de tempo e isso pode acarretar na sobrecarga dos tecidos osteoarticulares da coluna e com isso necessita de um apoio correto para diminuir a pressão intradiscal. Então a má postura pode causar o surgimento de dores Posturais, como dor nas costas, na coluna cervical, dores de cabeça, artralgias, tendinites, alterações posturais como escoliose, hipercifose torácica e hiperlordose cervical, e hérnia de disco (FERREIRA, et al. 2015; FERREIRA, et al. 2021).

3.4 POSSÍVEIS IMPACTOS ERGONÔMICOS DURANTE A PANDEMIA

3.3.1 Impactos físicos

De acordo com Araújo e Júnior (2022) grande parte dos desconfortos físicos que aparecem durante o home office está totalmente relacionado com o arranjo inadequado do local de trabalho e permanecer sentado por um longo período de tempo vai fadigar e sobrecarregar os ossos, músculos e articulações da coluna e dos membros.

A observação a respeito dos possíveis prejuízos à saúde física do trabalhador, a partir da inadequação dos locais de trabalho em casa, tem como componente relevante a afirmação de que os escritórios domésticos geralmente incluem estações de trabalho mal projetadas. Em alguns casos, essas condições podem ser melhoradas com a colocação de um travesseiro para apoio lombar, de um suporte, levantando a tela ou monitor para melhor postura e garantindo janelas localizadas atrás do monitor para evitar reflexos (Almeida Filho; Oliveira; Vasconcelos, 2022).

A região mais acometida pelas dores osteomusculares relacionadas ao trabalho é a região lombar, devido à natureza das estações de trabalho. Nesse contexto, continua desconsiderando a realidade desta modalidade de trabalho pode acarretar danos irreversíveis à saúde do trabalhador, sendo necessário o desenvolvimento de pesquisas na área, o que comprova que a criatividade e a colaboração são as melhores ferramentas, podendo, potencialmente, ser o novo foco de atuação de diversos profissionais de Segurança do Trabalho (Almeida Filho; Oliveira; Vasconcelos, 2022).

Batista, Melcher e Carvalho (2022) pesquisaram sobre o impacto que a pandemia da COVID-19 para a saúde osteomuscular dos trabalhadores em home office. A análise foi realizada exclusivamente com relação aos trabalhadores formais. Os resultados indicaram que alguns fatores tiveram significativa associação entre o home office e os prejuízos à saúde e qualidade de vida do trabalhador. A pesquisa mostrou que pessoas que trabalham em casa e se sentam por mais tempo, caminham menos e se sentem mais tensas têm mais dores.

No contexto da pandemia, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa, compartilhando móveis e equipamentos que não foram projetados para suas medidas antropométricas. Isso pode causar problemas musculoesqueléticos, como dor nas costas, pescoço e ombros (Suardi, 2021).

Segundo Araújo e Lua (2020), o trabalho remoto pode contribuir para a precariedade do trabalho de várias formas. Uma delas é o aumento dos custos para os trabalhadores. Para trabalhar em casa, é necessário ter equipamentos adequados, como computadores, monitores e internet de qualidade. Esses equipamentos podem ter um custo elevado, e muitos trabalhadores não têm condições de arcar com esse custo.

Batista, Melcher e Carvalho (2022) mostraram que trabalhadores que permaneceram sentados por mais tempo, caminharam menos e se sentiram mais tensos, sendo pelo menos um destes fatores durante o home office, tiveram mais dores. O estudo também examinou a relação entre ergonomia e dores durante o isolamento. Os participantes foram questionados se usavam mouse pad com apoio para o punho, apoio de punho para teclado, suporte regulável para notebook, apoio para pés, cadeira de escritório ergonômica ou cadeira de escritório sem critérios ergonômicos. No entanto, não foi encontrada associação significativa entre o uso de itens ergonômicos e a presença de dores.

3.3.2 Impactos Psicológicos

O teletrabalho, assim como outras formas de trabalho remoto, que incluem o home office, pode levar ao isolamento do trabalhador. Isso porque, ao não trabalhar no mesmo ambiente que outros trabalhadores, o indivíduo perde a oportunidade de se relacionar com eles e trocar experiências. Esse isolamento pode levar o trabalhador a se afastar do associativismo, o que pode enfraquecer a luta de classes e o trabalho das instituições de defesa dos interesses das categorias profissionais (Martinez, 2022).

O teletrabalho dificulta a separação entre o tempo de trabalho e o tempo de descanso do trabalhador. Isso pode levar a um desgaste físico e mental, além de prejudicar a vida social e familiar. Em casos extremos, pode até mesmo causar danos à saúde e à dignidade da pessoa humana (Scalzilli, 2020).

Aguiar et al. (2022) afirma que, no teletrabalho, o indivíduo é pressionado por conflitos entre as expectativas de seu papel como trabalhador e como familiar. No trabalho, o indivíduo é pressionado a atender às expectativas de seu empregador, mesmo que isso interfira em suas responsabilidades familiares. Fora do trabalho, o indivíduo é pressionado a atender às expectativas de seus familiares, mesmo que isso interfira em seu desempenho profissional. Essa pressão constante pode levar à disponibilidade excessiva, que pode prejudicar a saúde física e mental do trabalhador.

Conforme Aderaldo, Aderaldo e Lima (2017), o isolamento no ambiente de trabalho pode gerar consequências negativas, como a desmotivação, a diminuição das oportunidades de aprendizado e da qualidade de vida, e a redução da produtividade. Além disso, pode levar à alienação do trabalhador em relação à cultura organizacional. A sensação de solidão e os meios de controle utilizados pela empresa podem contribuir para o estresse excessivo, a sensação de exploração e a insegurança do trabalhador.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção do trabalho remoto no Brasil, mas essa tendência não se consolidou após o fim da pandemia. A redução gradual da adoção do trabalho remoto pode ser explicada por diversos fatores, como a necessidade de interação social e de desenvolvimento profissional, a dificuldade de separar o tempo de trabalho do tempo de descanso e o aumento da carga de trabalho.

O trabalho remoto pode ter impactos negativos na saúde física e mental dos trabalhadores, como dores musculoesqueléticas, estresse, isolamento social e redução da produtividade. Esses impactos podem ser agravados pela falta de ergonomia no ambiente de trabalho doméstico.

A legislação brasileira prevê que o empregador deve instruir os empregados sobre como evitar doenças e acidentes de trabalho no teletrabalho. No entanto, é preciso esclarecer quais são os riscos específicos do teletrabalho e quem é responsável por avaliar e julgar esses riscos. Ainda é cedo para dizer qual será o futuro do trabalho remoto no Brasil. No entanto, é importante que as empresas e os trabalhadores estejam cientes dos riscos e benefícios dessa modalidade de trabalho.

Destaca-se que o pouco tempo entre o fim da crise sanitária dificulta a certeza de que o home office possa trazer danos à saúde e à qualidade de vida dos trabalhadores. No entanto, existe a possibilidade de que esses prejuízos sejam significativos, como observado a partir da literatura pesquisada.

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