OS IMPACTOS GERADOS PELA HEMODIÁLISE NA QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE E SEUS FAMILIARES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8040053


Nicholson de Oliveira Mathias
Jessica Lopes dos Santos


RESUMO

Introdução: Em meio as doenças de percurso crônico, a doença renal crônica, sendo delimitada a partir das lesões estruturais e funcionais dos rins. Ocorrentes por um determinado estágio igual ou superior a três meses, encontra-se dentre as doenças que causam maior impacto na qualidade de vida do paciente e seus familiares.  O tratamento mais utilizado em todo o mundo para prolongar o tempo de vida do paciente com essa doença é a terapia hemodialítica ainda que diminua os sintomas da doença e prolongue a vida do indivíduo geram impactos que podem resultar em malefícios que comprometem a qualidade de vida do paciente e seus familiares.: Objetivo: Descrever os impactos causados pela hemodiálise na qualidade de vida do paciente e seus familiares. Metodologia: Trata-se de uma narrativa da literatura, da vivência do paciente e seus familiares na íntegra e de dados virtuais coletados por meio de plataformas de pesquisa Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e google acadêmico, no período de fevereiro de 2023. Resultados e Conclusão: O termo IRC é usado para descrever o estágio da anomalia renal, o qual é classificado em cinco estágios diversificando de leve a grave. Apesar do tratamento dialítico ter melhorado, ainda assim, causa significativo comprometimento funcional e físico no indivíduo. A qualidade dos nefropatas relaciona-se ao apoio da família e à sensação de bem-estar posterior à realização das sessões de hemodiálise. O suporte familiar é decisivo na percepção dos pacientes frente à doença crônica e no prosseguimento do tratamento. Conclusão: É essencial o desempenho da equipe multiprofissional, edificação de ações em saúde direcionadas ao atendimento das necessidades individuais do paciente e não exclusivamente da doença e tratamento. É indispensável a elaboração de medidas e protocolos que apoiem e envolvam os familiares dos pacientes que também vivenciam as mudanças impostas pelo IRC.

PALAVRA-CHAVE: Hemodiálise; Insuficiência Renal Crônica; Qualidade de Vida.

ABSTRACT

Introduction: In the midst of chronic diseases, chronic kidney disease, being delimited from the structural and functional lesions of the kidneys. Occurring for a certain stage equal to or greater than three months, it is among the diseases that have the greatest impact on the quality of life of patients and their families. The most used treatment in the world to prolong the life of the patient with this disease is hemodialysis therapy, although it reduces the symptoms of the disease and prolongs the individual’s life, it generates impacts that can result in harm that compromises the quality of life of the individual. patient and their family members.: Objective: To describe the impacts caused by hemodialysis on the quality of life of patients and their families. Methodology: this is a narrative of the literature, the experience of the patient and their families in full and virtual data collected through the Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and academic google research platforms, in the period of February 2023. Results and Conclusion: The term CRF is used to describe the stage of renal anomaly, which is classified into five stages ranging from mild to severe. Although dialysis treatment has improved, it still causes significant functional and physical impairment in the individual. The quality of nephropathies is related to family support and the feeling of well-being after undergoing hemodialysis sessions. Family support is decisive in the patients’ perception of the chronic disease and in the continuation of treatment. Conclusion: The performance of the multidisciplinary team is essential, building health actions aimed at meeting the individual needs of the patient and not exclusively the disease and treatment. It is essential to develop measures and protocols that support and involve the family members of patients who also experience the changes imposed by CRF. It is essential to develop measures and protocols that support and involve family members of patients who also experience the changes imposed by CRF.

KEYWORDS: Hemodialysis; Chronic Renal Failure; Quality of life.

INTRODUÇÃO

A insuficiência renal crônica (IRC) é caracterizada pela anulação das funções dos rins, habitualmente relacionada a diabetes mellitus e hipertensão. Nos estágios peremptórios, as funções renais são suspensas de maneira que se faz necessário o tratamento de hemodiálise com o intuito de suprir as funções renais (AIRES, 2012).

Os rins são os órgãos executores essenciais para a normalização da homeostase, conservando continuamente o volume hídrico, responsável pela composição química e o PH sanguíneo, assim também como é dirigente da manutenção da pressão arterial. (COSTA, 2015).

Calcula-se que existem no mundo cerca de 850 milhões de pessoas com Doença Renal Crônica (DRC) gerando um crescimento de 2,4 milhões de óbitos por ano, aumentando assim o percentual de mortalidade. Estima-se que no Brasil mais de dez milhões de pessoas são acometidas pela doença o que desperta a preocupação dos órgãos governamentais, devido ao valor exorbitante gasto no tratamento. Tornando o DRC um infortúnio para saúde pública (SBN, 2020).

A hemodiálise é um processo em que o sangue passa por uma máquina, a qual limpa, filtra abstraindo todas as toxinas, isto é, realizando as funções que os rins não conseguem executar. O período para realização da hemodiálise se dá conforme o estado clínico do paciente, normalmente de quatro horas, regularmente de três a quatro vezes por semana. (CABRAL, 2015).

O paciente submetido a Terapia Renal Substitutiva (TRS), tem sua vida profissional, social, econômica e pessoal totalmente modificada, pois passa por várias alterações no seu cotidiano, bem como, na alimentação, vida sexual, aparência física. isso se dá, devido a utilização de cateteres ou da fístula arteriovenosa usada no processo da diálise, como também na cor da pele e cabelo. Essas transformações fazem com que o ser humano adquira um sentimento de inferioridade, causando isolamento social e familiar. Essas alterações afetam também os familiares do paciente em seu cotidiano, devido a sua dependência física, emocional e econômica. A perspectiva de melhoria da qualidade de vida se dá através do reconhecimento que o tratamento lhe possibilita a espera do transplante. (MOREIRA et al, 2014).

A qualidade de vida tem sido objeto de análise, referente a efetividade do tratamento e interferências da área da saúde. Auxiliando os 40 estudos dos impactos da patologia na qualidade de vida no cotidiano do paciente e seus familiares, por meio de indicativos físicos, sociais e mentais. (MIYAHIRA et al,2016).

O paciente renal crônico perpassa por inúmeras hostilidades que ocasionam mudanças no seu cotidiano com limitações e implicações na sua qualidade de vida. Perante a problemática exposta, apresenta-se a questão norteadora: Qual o impacto da Patologia Renal Crônica na qualidade de vida do paciente em hemodiálise e como esses impactos afetam também a qualidade de vida de seus familiares? Para tal intuito, o artigo tem por objetivo descrever por meio da literatura os impactos provocados pelo tratamento hemodialítico no paciente com IRC, e a relação da terapia com a qualidade de vida dos nefropatas.

2 METODOLOGIA

Este trabalho tratou de uma narrativa da literatura, da vivência do paciente e seus familiares na íntegra e de dados virtuais coletados por meio de plataformas de pesquisa Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e google acadêmico, no período de fevereiro de 2023. 

Deliberou-se pelos consecutivos relatores: Hemodiálise; Doença Renal Crônica; impactos terapêuticos; qualidade de vida do paciente e seus familiares; metodologias inovadoras.  Determinou-se para a realização da pesquisa os critérios de inclusão: textos na íntegra, nos idiomas português, inglês e espanhol com abordagem da temática estabelecida que obedecessem ao recorte de temporal de 2012 a 2023 e como critérios de exclusão, os textos e que não abordassem a temática estabelecida e com recorte temporal inferior a 2012.

Após a junção de todos os descritores foram encontrados 27, foi feita a leitura minuciosa dos resumos com a finalidade de selecionar somente os que estivessem exatamente relacionados aos impactos do tratamento hemodialítico nos portadores de insuficiência renal crônica, assim como aqueles relacionados a terapia hemodialítica e qualidade de vida do paciente e seus familiares, adotados os critérios de exclusão e selecionados 6 artigos que atenderam aos critérios para compor a presente revisão.

Após a seleção dos artigos foi feita uma leitura minuciosa deles, onde retrata-se os resultados encontrados nessa leitura é uma discussão precisa sobre os achados.  Decorrente da leitura reflexiva dos ensaios supracitados e a junção dos resultados encontrados surgiram quatro categorias: Insuficiência Renal Crônica; A Hemodiálise; Qualidade de vida dos pacientes com Doença Renal Crônica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Insuficiência Renal Crônica

A função dos rins é a manutenção da estabilidade da homeostasia correlacionados aos eletrólitos, líquidos e solutos orgânicos, em decorrência a variação na eliminação urinária de água e íons, como sódio, cloreto, potássio, fosfato, cálcio e magnésio. Os rins também eliminam produtos metabólicos finais, assim como ureia, fosfato, ácido úrico, sulfatos e substâncias como drogas e medicamentos, além disso são encarregados pelo fluxo e produção hormonal e enzimática, como a eritropoetina a renina e o calcitriol (RIBEIRO et al, 2020).

Como decorrência a diminuição da função renal, o rim apresenta problema na normalização e eliminação dos produtos finais do metabolismo, causando acumulação dos mesmos na corrente sanguínea, transportando ao quadro clínico conhecido como uremia, que sucessivamente contamina todos os sistemas do organismo, assim, quanto menor a proporção de filtração glomerular das toxinas, maior é percepção dos sintomas. (RIBEIRO et al, 2020).

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma patologia com taxa alta de mortalidade, estabelecida pela perda do parênquima renal por um período igual ou superior a três meses, é designada por anomalias estruturais ou funcionais do rim, tendo ou não a diminuição do desempenho da função glomerular, marcada por irregularidade histopatológicas ou de marcadores da lesão renal,  apresentando mudanças sanguíneas e urinárias que podem ser identificadas facilmente por  intermédio de imagens e exames laboratoriais.

O termo IRC é usado para descrever o estágio da anomalia renal, o qual é classificado em cinco estágios diversificando de leve a grave avaliado pelo nível de filtrado glomerular, medida através da depuração da creatinina endógena ou da depuração creatinina, que se diversifica de leve a grave. O nível de filtração glomerular (TFG) é a medida geral da função renal mais precisa e facilmente assimilada pelos médicos e pacientes. É determinada como a capacidade dos rins expelir uma substância do sangue e é proferida como o volume de sangue que é totalmente expelido em um período. Geralmente, o rim filtra o sangue e expele os produtos finais do metabolismo proteico e mantém liquefação específicas, proteínas (particularmente albumina) e componentes celulares. (TERRA et al, 2010; LOPES et al, 2014).

Nos estágios iniciais, a IRC é uma doença silenciosa, onde os pacientes que apresentam algum grau de anormalidade renal podem não apresentar sinais ou sintomas que alertam a doença, retardando o diagnóstico, não tendo assim, um tratamento e um prognóstico eficaz o (RIBEIRO et al, 2020).

3.2 A qualidade de vida do

 3.3 paciente nefropata.

Nesta contextura do conceito de qualidade de vida e também com os avanços tecnológicos nos métodos dialíticos, os estudos começaram a voltar-se para o bem estar emocional dos pacientes submetidos aos diferentes métodos dialíticos, seja a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante renal.

No século XXI, ocorreram os primeiros trabalhos voltados a qualidade de vida emocional dos pacientes, nos quais constataram que apesar do tratamento dialítico ter melhorado, ainda assim, causa significativo comprometimento funcional e físico no indivíduo, sendo constante os problemas como sedentarismo, diminuição da interação social, perda da autonomia e dependência, pois os pacientes acometidos pela doença renal crônica (DRC) passam a necessitar de ajuda de terceiros para realizar várias atividades rotineiras no seu  cotidiano. O paciente com DRC se depara com a grande dificuldade em estabelecer um vínculo de trabalho devido ao tempo do tratamento, além da diminuição do desempenho físico e o surgimento de sintomas como fraqueza e mal-estar, os quais interferem nas atividades diárias e nos aspectos psicoemocionais.

3.4 Percepções dos familiares frente ao cuidado com o paciente nefropata.

Diante ao diagnóstico de IRC e à necessidade de tratamento contínuo e prolongado, o paciente fica comprometido geralmente em três turnos por semana, após o término da hemodiálise, em sua residência, apresentam sinais e sintomas que precisam de auxílio do seu cuidador familiar para reverter o quadro clínico que se apresentam, como dor na cabeça, náusea, fraqueza, sonolência.

Os familiares cuidadores são de suma importância para a eficácia do tratamento dos pacientes acometidos pela IRC, pois muitas são as limitações pós diálise. Tendo em vista que os familiares devem estar bem seguros diante de todos os impactos sofridos pelo paciente, o que também implica na vida do familiar cuidador. Por tanto, faz-se necessário que ambos tenham acompanhamento psicológico. Visto que, devido às mudanças decorrentes do tratamento, esses familiares necessitam ajustar sua rotina diária às necessidades de apoio ao familiar que apresenta insuficiência renal crônica.

A qualidade de vida dos nefropatas relaciona-se ao apoio da família e à sensação de bem-estar posterior à realização das sessões de hemodiálise. O suporte familiar é decisivo na percepção dos pacientes frente à doença crônica e no prosseguimento do tratamento. A vista disso, apesar do diagnóstico de uma doença crônica e do tratamento dialítico afetar e causar impactos em familiares e pacientes, o empenho da família é essencial, contribuindo para que o paciente se sinta protegido, amado e significativo, sentimentos que atuam como estímulos positivos para o enfrentamento da doença e do seu tratamento. Assim, a importância do apoio familiar parece decisiva para a qualidade de vida do nefropata.

4 CONCLUSÃO

Perante o exposto, verificou-se que as mudanças que acontecem na vida dos pacientes em tratamento hemodialítico excedem as deformações físicas, os pacientes com doença renal crônica apresentam bloqueios emocionais e psicossociais que influenciam diretamente na sua qualidade de vida, essa realidade pode implicar na continuação do tratamento. Todavia, também foram identificados impactos positivos que assistem estes pacientes no estágio de aceitação e confronto da terapêutica. Já que esse é um período de grandes mudanças que podem instigar esses indivíduos ao distanciamento de seus grupos sociais, comprometendo a relação familiar como um todo. 

É essencial que a qualidade de vida seja identificada como um importantíssimo mecanismo de avaliação ao que diz respeito à realidade da terapêutica, nos intermédios da saúde, na análise dos conflitos das doenças crônicas e como estas implicam no cotidiano das pessoas. As explorações deste estudo têm relevante contribuição para o exercício clínico e no incentivo à prática de pesquisas em doenças renais, com a percepção de orientação para a humanização e aperfeiçoamento do acolhimento e abordagem do paciente no tratamento de hemodiálise. Aconselha-se desempenho de equipe multiprofissional, edificação de ações em saúde direcionadas ao atendimento das necessidades individuais do paciente e não exclusivamente da doença e tratamento. É indispensável a elaboração de medidas e protocolos que apoiem e envolvam os familiares dos pacientes que também vivenciam as mudanças impostas pelo IRC.

REFERÊNCIAS

LOPES, J.M. et al. Qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes renais crônicos em diálise. Acta Paul Enferm. V. 27, n. 3, p. 230-236, 2014.

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SBN, Sociedade Brasileira de Nefrologia. Publicado: Quarta, 11 de Março de 2020. Disponível em: 12/3: Dia Mundial do Rim (saude.gov.br).

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