REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7311460
Maria Luiza Almeida Leite1
Maria Rita Belizário de Souza2
Orientador: Evertton Aurélio Dias Campos
Resumo:
Objetivo: Descobrir quais fatores que mais geram impactos na qualidade de vida dos profissionais no atendimento pré-hospitalar. Métodos: Revisão integrativa da literatura do período de 2017 a 2022. Utilizou-se como questão norteadora da pesquisa: Quais fatores interferem na qualidade de vida dos profissionais e na assistência ao paciente no atendimento pré-hospitalar? O levantamento bibliográfico ocorreu no período de setembro e outubro de 2022, sendo realizadas buscas nas bases de dados da SCIELO, PUBMED e LILACS, por meio de termos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Qualidade de vida, atendimento pré-hospitalar, saúde, pessoal de saúde e serviços médicos de emergência. Resultados: Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram localizados 586 artigos. Destes, foram excluídos 1 artigos em duplicação e 230 que não atendiam aos critérios de elegibilidade. Foram selecionados 21 artigos para leitura na íntegra, com amostra final de 14 artigos. Considerações finais: Concluindo-se que é necessário a implementação de ações e recursos, com o intuito de melhorar a qualidade de vida e diminuir gradativamente os fatores estressores, contribuindo para uma assistência de qualidade.
Palavras-chave: 1° Qualidade de vida; 2° atendimento pré-hospitalar; 3° saúde, 4° serviços médicos de emergência
Abstract: Objective: To discover which factors most impact the quality of life of professionals in pre-hospital care.
Methods: Integrative review of the literature from 2017 to 2022. It was used as a guiding question for the research: What factors interfere in the quality of life of professionals and patient care in pre-hospital care? The bibliographic survey took place between September and October 2022, with searches being carried out in the SCIELO, PUBMED and LILACS databases, using the terms of the Health Sciences Descriptors (DeCS): Quality of life, pre-hospital care, health, health personnel and emergency medical services. Results: After applying the inclusion and exclusion criteria, 586 articles were found. Of these, 1 duplicate article and 230 that did not meet the eligibility criteria were excluded. Twenty-one articles were selected for full reading, with a final sample of 14 articles. Final considerations: Concluding that it is necessary to implement actions and resources, in order to improve the quality of life and gradually reduce stressors, contributing to quality care.
Keywords: 1° Quality of life; 2° pre-hospital care; 3° health; 4° emergency medical services.
1. INTRODUÇÃO
O atendimento pré-hospitalar refere-se a um serviço de saúde prestado fora do ambiente hospitalar, onde normalmente é necessário realizar intervenções a usuários com um grande risco de vida. No contexto internacional, a agilidade do atendimento e a destreza dos profissionais são fatores primordiais para assegurar um atendimento de qualidade, entretanto, por conta da discrepância entre os recursos em diversas regiões, os modelos de atendimentos são adaptados levando em consideração a disponibilidade de recursos, infraestrutura e necessidade de cada país. Os principais modelos de APH são o Norte Americano e o Francês, sendo que, o modelo norte americano possui como objetivo a remoção rápida do usuário e intervenção inicial no local de tratamento definitivo e o modelo francês tem como objetivo a estabilização do usuário antes da remoção do local do acidente (Dal Pai D, et al., 2016).
No Brasil, devido ao aumento no número de casos de intercorrências em ambiente pré-hospitalar, houve a necessidade de implementar um modelo de APH que se adequasse à realidade do país. O atendimento de urgência e emergência se ramifica em: SAMU, bombeiro e instituições privadas. (Batista, 2014)
O SAMU é um serviço de atendimento móvel de Urgência que tem como finalidade prestar assistência pré-hospitalar seja em domicílio ou em vias públicas. O governo brasileiro utilizou como base os modelos Francês e Norte Americano como base para formular seu modelo, levando em consideração a falta de recursos financeiros e humanos que existiam no contexto nacional. Até a formulação do modelo nacional, o atendimento era realizado exclusivamente pelo Corpo de Bombeiros, a partir de 2003 houve a implantação do Serviço de Urgência Móvel (SAMU) que se tornou a porta de entrada para o serviço de saúde, visando proteger a vida humana e garantir a qualidade do atendimento do local da ocorrência do acidente até a unidade de tratamento definitiva. (O’DWYER, D.2017; CAMILO, N.R.S. 2016)
O atendimento de urgência é um tipo de serviço que está relacionado a ocorrência de eventos estressores que despertam sensações de medo, frustração, insegurança e morte. É um serviço que exige habilidade e destreza dos profissionais, pois requer raciocínio rápido para a resolução de problemas, determinação de procedimentos e avaliação de cena. Devido aos procedimentos rigorosos e a imprevisibilidade são os principais fatores que provocam estresse nos profissionais durante e após os atendimentos. (CAMILO, N.R.S. 2016)
A ausência de saúde e qualidade de vida causa o adoecimento dos profissionais. Este estudo se justifica pela necessidade de se avaliar a forma com que os eventos estressores impactam na qualidade de vida dos profissionais do atendimento pré-hospitalar de urgência. Pois por se tratar de um atendimento onde os usuários possuem um alto risco de morte, com um curto período para avaliar a cena e determinar os procedimentos, os profissionais são afetados diretamente, o que torna primordial determinar a forma com ele é impactado e assim desenvolver medidas para minimizar os danos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 APH no mundo
No contexto internacional o APH tem como objetivo principal o atendimento ágil e de qualidade, levando em consideração as particularidades de cada país onde será implementado. Os principais modelos de atendimento são o Norte Americano e o Francês. (Dal Pai D, et al., 2016)
O Norte Americano tem como base a experiência adquirida com a segunda guerra mundial, que tinha como objetivo principal a remoção imediata do local de ocorrência e realização de intervenções invasivas no local de tratamento definitivo. Inicialmente os médicos ficavam responsáveis pela elaboração dos protocolos e os técnicos de emergencias médicas (paramédicos) os responsáveis pelas intervenções em campo. Os paramédicos realizam procedimentos simples, como a desfibrilação, intubação, descompressão torácica com agulha, seguindo os protocolos elaborados pela equipe médica a fim de obter a estabilização do paciente. (Dal Pai D, et al., 2016)
Já o modelo francês visa o início precoce da terapêutica para estabilização do paciente antes de realizar a remoção para o local de tratamento definitivo. Este modelo é centralizado em uma rede de comunicações, onde todas as chamadas passam pelo Centro de Controle de Operações. As chamadas passam pela avaliação de um médico, que visa filtrar as informações e definir o atendimento mais eficiente, de acordo com a necessidade do usuário e maximizando os recursos. (Dal Pai D, et al., 2016)
2.2 APH Brasil
O atendimento pré-hospitalar no Brasil surgiu no século 19, a partir de uma lei aprovada no Senado da República que visava o socorro médico nas vias públicas do Rio de Janeiro. No início o APH era realizado pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar, que realizavam um curso de Técnico em Emergências Médicas, mas com o aumento da violência urbana e dos acidentes de trânsito, houve a necessidade de modernizar o sistema de atendimento e torná-lo qualificado e ágil. (CAMELO, S. H. H.)
O APH móvel de urgência é composto por duas modalidades: o suporte básico à vida (USB) e o suporte avançado à vida (USA). O suporte básico à vida é responsável pelo atendimento de baixa complexidade, que tem como objetivo compreender a situação clínica do usuário, avaliando condições que ofereçam risco de vida; a equipe é composta pelo condutor-socorrista, técnico de enfermagem ou enfermeiro. A unidade de suporte avançado à vida é responsável pelos atendimentos de alta complexidade, possibilitando a realização de procedimentos invasivos de caráter ventilatório e circulatório, sendo que, devido a sua complexidade, a equipe é composta pelo condutor-socorrista, enfermeiro, técnico de enfermagem e médico. Sendo considerado o último passo de sobrevivência, nele busca analisar os 5H (hipovolemia, hipóxia, hidrogênio, hipo/hipercalemia e hipotermia) e os 5T (trombose coronária, tromboembolia pulmonar, tensão no tórax por pneumotórax, tóxicos e tamponamento cardíaco). (LEITE. H. D. C. S. 2017)
2.3 Serviço de atendimento móvel de urgência – SAMU
Conforme Brasil (2022), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) tem como objetivo chegar precocemente à vítima após ter ocorrido alguma situação de urgência ou emergência que possa levar a sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte. São urgências de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras. Trata-se de um serviço que tem como objetivo principal conectar as vítimas aos recursos necessários para sua sobrevivência e recuperação com a maior brevidade possível. (BRASIL, Consuge.2022)
2.4 Os profissionais e os desafios do trabalho no SAMU/APH
O serviço de urgência móvel é composto por uma equipe multiprofissional e com funções distintas, tornando necessário que o processo de trabalho seja realizado de forma coletiva. Por se tratar de um atendimento onde o tempo de avaliar a cena e de definir as condutas é escasso, o bom entrosamento da equipe é fundamental para que a troca de informações seja fluida e que não ocorra a fragmentação dos processos durante as ocorrências. (CAMELO, S. H. H. 2012)
O estresse no ambiente de trabalho pode ser desencadeado por diversos fatores, como a falta de valorização profissional, a falta de infraestrutura, falta de insumos, péssimas condições de trabalho, entre outros. O surgimento do estresse tem impacto tanto na vida profissional do profissional quanto em sua vida pessoal, interferindo diretamente na qualidade de vida. (SILVA, G.P. 2014)
2.5 Qualidade de vida
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Para a avaliação da qualidade de vida é necessário estudar fatores que influenciam diretamente na qualidade de vida dos profissionais, sendo que os principais fatores determinantes são os socioeconômicos e de saúde. (AFONSO, F.F. 2021)
Um dos fatores estressores que mais causam impactos na equipe é a desmotivação, pois a partir do momento em que o profissional não se importa com a forma com que conduz suas atividades, seu desempenho diminui causando malefícios em todo o atendimento. (SILVA, G.P. 2014)
2.6 Qualidade de vida no trabalho
A qualidade de vida dos profissionais do APH é constantemente impactada por eventos estressores e pelos riscos ocupacionais em que estão constantemente expostos devido ao tipo de atendimento prestado. A atuação desses profissionais envolve atendimentos onde normalmente a sobrevivência ou sequelas dos usuários dependem exclusivamente de suas decisões, o que demanda muito de seu lado psicoemocional. Os profissionais se sentem sobrecarregados ao fim de seus plantões, descontando suas frustrações tanto em seu turno de trabalho quanto fora dele. (LEITE. H. D. C. S. 2016)
Os riscos ocupacionais podem ser classificados em: riscos físicos, biológicos e químicos. Os riscos físicos podem estar relacionados aos acidentes de trânsito e ergonômicos, os biológicos a contaminação por sangue e fluidos corporais e os químicos podem estar relacionados a produtos químicos (como materiais de limpeza, aerossóis, entre outros), vapores, gases e poeiras. (LEITE. H. D. C. S. 2016)
2.7 A qualidade de vida no trabalho X desafios do trabalho no SAMU
A qualidade de vida dos profissionais e o trabalho no SAMU estão diretamente ligados, pois quando falam de vida automaticamente incluímos todos os aspectos relacionados aos profissionais. (ADÃO, R.S; SANTOS, M.R. 2012)
O estresse impacta diretamente no profissional causando impactos no entrosamento da equipe, podendo causar prejuízo na forma com que o atendimento ao usuário é prestado. Por se tratar de um atendimento de urgência, onde a equipe necessita ter raciocínio ágil e integrado, se faz necessário que exista uma boa relação entre os membros, com comunicação fluida, tornando assim relações unitárias em coletivas. (ADÃO, R.S; SANTOS, M.R. 2012)
O risco físico é um fator estressor que está envolvido em todas as ocorrências, sendo que o mesmo muitas vezes pode ser prevenido com o uso de EPI’s e condições mínimas para o atendimento. Entre os relatos mais comuns dos profissionais de APH está a ocorrência de lesões em decorrência do mau uso de equipamentos de segurança ou a ausência de equipamentos básicos para assegurar a integridade física dos profissionais. (SILVA, G.P 2014)
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Trata-se de uma pesquisa de Revisão Integrativa. Método que nos últimos anos tem sido utilizado na área da saúde e permite contribuir para a melhoria da prestação de cuidados, com o objetivo de resumir os resultados obtidos, definir conceitos, rever teorias ou realizar uma análise metodológica de pesquisas sobre determinados assuntos. É definido como integrador pois proporciona informações mais amplificadas sobre questões/problemas (SOUZA LMM, et al., 2017).
Para a realização desta pesquisa ocorreu o levantamento bibliográfico no período de setembro e outubro de 2022, sendo realizadas buscas nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online(SCIELO), PUBMED, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Acervo+ Index base, por meio de termos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Qualidade de vida, atendimento pré-hospitalar, saúde, pessoal de saúde e serviços médicos de emergência, realizando-se o uso do operador booleano “AND” e “OR”.
Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos inseridos nas bases de dados nacionais, textos completos sobre o tema, no idioma português e publicados entre os anos de 2017-2022. Como critérios de exclusão aplicou-se: outros idiomas, documentos repetidos em base de dados, fora do período de interesse e que não atendessem a temática.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Foram localizados 586 artigos a partir da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Desses, foi excluído 1 artigo em duplicação e 230 que não atendiam aos critérios de elegibilidade. E por fim, foram selecionados 21 artigos para leitura na íntegra, com amostra final de 14 artigos, esquematizados no fluxograma da Figura 1.
N | Autor / ano | Título | Principais achados |
1 | COSTA MEM (2022) | Trabalho e riscos de adoecimento no Serviço de Atendimento Móvel. | Estudo do tipo revisão da literatura com o objetivo de avaliar a produção científica relacionada ao trabalho do SAMU. Conclui-se que é de extrema importância desenvolver estratégias e novos protocolos que sejam compatíveis com a realidade do trabalho. |
2 | LUZ LM, et al. (2017) | Síndrome de Burnout em profissionais do serviço de atendimento móvel de urgência. | Estudo descritivo, transversal e quantitativo com o objetivo avaliar a predominância da Síndrome de Burnout em profissionais do SAMU. Conclui-se que a maior produção de conhecimento pode auxiliar no dia a dia desses profissionais, visto que a síndrome se manifestou entre os participantes do estudo. |
3 | TAVARES TY, et al. (2017) | O cotidiano dos enfermeiros que atuam no serviço de atendimento móvel de urgência. | Estudo do tipo qualitativo com objetivo de avaliar a rotina de trabalho dos enfermeiros que atuam no Serviço Móvel de Urgência. Concluindo-se que para melhorar a qualidade de vida do enfermeiro , é necessário trabalhar o desenvolvimento de problemas psicológicos, servindo como um catalisador para a superação de desafios a fim de salvar vidas. |
4 | COSTA MAR, et al. (2017) | Concepção dos profissionais de serviço de emergência sobre qualidade de vida. | Estudo qualitativo e descritivo com o objetivo de descrever a percepção de qualidade de vida dos enfermeiros entre aqueles que trabalham no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Concluindo-se que “qualidade de vida” segundo os profissionais é o bem-estar em diversas áreas da vida, como: trabalho , moradia, educação, saúde, família e lazer. |
5 | LAVRATTI AF e WATANABE EAMT (2021) | Qualidade do sono e qualidade de vida de profissionais que atuam no samu. | Estudo de corte transversal e descritivo com o objetivo de avaliar o padrão de sono e de vida dos profissionais do SAMU no município de Dourados/MS. Concluindo-se que uma parcela significativa da população do estudo tem uma boa qualidade de vida, mas apresenta-se com um padrão de sono ruim. |
6 | LAURENTINO AKO, et al. (2022) | Qualidade de vida dos profissionais do serviço de atendimento móvel de urgência. | Estudo do tipo exploratório,descritivo, transversal, com uma abordagem quantitativa com o objetivo de analisar o padrão de vida da equipe do SAMU em duas cidades do interior do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil. Conclui-se que a qualidade de vida dos profissionais obtiveram impactos significativos. |
7 | FURTADO FMSF, et al. (2017) | Avaliação da qualidade de vida e satisfação com a saúde de profissionais do samu envolvidos em ocorrências de rua. | Estudo do tipo descritivo quantitativo com o objetivo de melhorar o padrão de atendimento e serviços prestados à população. Conclui-se que os gestores responsáveis por esses serviços devem proporcionar boas condições de trabalho a esses profissionais , bem como oportunidades de descanso e lazer para que possam melhorar sua qualidade de vida. |
8 | CABRAL RO, et al. (2020) | Associação entre qualidade de vida e nível de stress em profissionais do serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU). | Estudo do tipo descritivo com o objetivo de definir o caráter sociodemográfico, analisar a qualidade de vida e caracterizar a Síndrome de Burnout na equipe do SAMU. Conclui-se que a rotina dos profissionais é marcada pela presença de tensão e desgaste físico e mental. Isso leva a níveis elevados de estresse, que impactam negativamente sua vida pessoal e profissional . |
9 | CABRAL CCO (2017) | Qualidade de vida dos enfermeiros do serviço de atendimento móvel de urgência do Distrito Federal (SAMU DF): um estudo com WHOQOL-BREF. | Estudo do tipo observacional, descritivo, transversal e quantitativo com o objetivo de avaliar a qualidade de vida dos enfermeiros do SAMU DF e identificar os fatores que impactaram positiva e negativamente. Conclui-se a necessidade de planejamento e estruturação para melhorar a qualidade de vida. |
10 | MARTINS DG e GONÇALVES J (2018) | Estresse Ocupacional em Profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). | Estudo do tipo qualitativo com o objetivo de identificar o estresse vivenciado pela equipe do SAMU, pesquisar conhecimentos sobre o assunto e conhecer seus ambientes de trabalho. Concluindo-se que o bom atendimento prestado pela equipe está diretamente ligado à integridade física e mental de cada trabalhador. |
11 | MÜNCHEN MAB, et al. (2022) | Estratégias de Enfrentamento Utilizadas por Profissionais do SAMU Frente à Iminência de Morte de Pacientes. | Estudo quantitativo com o intuito de sugerir as estratégias de enfrentamento mais utilizadas pelos profissionais perante as situações de iminência de morte, sendo: resolução de problemas, autocontrole e reavaliação positiva. Aos índices de estresse, ansiedade e depressão foram baixos, o que sugere que as medidas de enfrentamento contribuíram para a diminuição dos impactos negativos. |
12 | TONEZER MOM e CORDENUZZI OCP (2021) | Riscos ocupacionais entre profissionais de saúde do serviço de atendimento móvel de urgência – SAMU: Revisão Integrativa. | Estudo de revisão integrativa com o objetivo de analisar a exposição da equipe do Serviço Móvel quanto aos riscos ocupacionais. Constatou-se que os profissionais do SAMU encontram-se expostos a diversos tipos de riscos ocupacionais, sendo que, os biológicos, psicossociais e ergonômicos com maior predominância. |
13 | CARMO MVP (2019) | O estresse ocupacional nos(as) enfermeiros(as) do serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU). | Estudo de revisão narrativa com o objetivo de identificar o estresse ocupacional no serviço de emergência móvel e avaliar o impacto dessa questão no serviço. Constatou-se que o estresse ocupacional está diretamente relacionado à rotina e atividade exercida pela equipe do SAMU , o que é considerado prejudicial à integridade pessoal , podendo impactar negativamente na vida pessoal e profissional do trabalhador. |
14 | ARAÚJO FDP, et al. (2018) | Avaliação da qualidade de vida dos profissionais de enfermagem do atendimento pré-hospitalar. | Estudo descritivo e transversal com o objetivo de avaliar a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem do SAMU. Concluindo-se que é necessária a implantação de novas ações com o intuito de melhorar a qualidade de vida destes profissionais. |
5 DISCUSSÃO
A presença de tensão e situações de desgastes físico e mental impactam diretamente na rotina dos profissionais do SAMU, afirmam Cabral RO, et al. (2020). Logo, (Sehn AC, Cordenuzzi OCP, 2022) apontam características pertinentes que foram evidenciadas pela constante exposição à dor, sofrimento e morte, quantidade incerta de serviços, trabalhar sob pressão, manter um constante estado de alerta e, por último, condições relacionadas ao transporte para prestação de serviços. No que se refere aos mecanismos de enfrentamento que têm sido utilizados e orientados para amenizar situações estressantes estão: realizar exercícios físicos, meditação, redução da jornada de trabalho, melhoria dos recursos humanos e materiais, aperfeiçoamento profissional contínuo e remuneração apropriada para o trabalho.
Apesar dos enfermeiros estarem expostos a situações que podem ser estressantes, sejam relacionadas ao seu trabalho ou a fatores socioeconômicos e ocupacionais, como salário inadequado e acúmulo de relações comerciais, o nível geral de estresse foi baixo, o que pode apontar ao uso de mecanismos de enfrentamento eficazes para gerenciar o estresse. Tendo em vista que o ritmo acelerado de trabalho e a necessidade de agir e tomar decisões de forma rápida e eficaz podem resultar em desgaste físico e emocional , o que pode afetar a saúde e a produtividade no trabalho, é especialmente crucial que essa população escolha estratégias eficazes para lidar com essas questões (Meireles AR, et al., 2018). O atendimento realizado pelos trabalhadores está correlacionado à sua integridade física e mental e sua rotina influencia diretamente na presença ou ausência de fatores estressores, impactando tanto a vida profissional quanto pessoal, afirmam Carmo MVP (2019) e Martins DG e Gonçalves J (2018).
Oliveira LT, et al. (2021) analisaram vários fatores que favorecem o sofrimento psíquico dos enfermeiros do SAMU, bem como métodos para melhorar sua qualidade de vida. Portanto, para ter um bom desempenho e qualidade em saúde mental é fundamental compreender e manter a saúde do profissional e o que nela interfere, diante disso, determinou-se que o reconhecimento dos fatores que influenciam o desenvolvimento de enfermidades nos profissionais e a busca de estratégias para redução de danos podem resultar em benefícios significativos tanto para os trabalhadores quanto para a organização. Assim, Laurentino AKO, et al. (2022) observaram que devido às características dos serviços prestados pelos profissionais, ocorre impactos significativos na qualidade de vida dos indivíduos, afetando trabalho; moradia; educação; saúde; família e lazer; segundo Costa MAR, et al. (2017).
Para Gonçalves AKO, Azevedo AL (2022) fatores como a falta de autonomia, relações hostis com os colegas, falta de reconhecimento e realização no trabalho, sentimentos de sobrecarga e insegurança, fatores relacionados ao setor de saúde, liderança deficiente, comunicação deficiente e ambiente inadequado desempenham um papel significativo no nível de estresse dos profissionais emergenciais. Além disso, é necessário reconhecer esses profissionais por meio da redução da carga horária, auxílio financeiro e suporte técnico de qualidade, pois seu envolvimento na assistência e entrosamento com outras equipes que atuam no ambiente hospitalar é fundamental para a organização e bom funcionamento do hospital como um todo. Neste modo, uma boa gestão e planejamento estrutural faz-se necessário para adquirir uma boa qualidade de vida. Cabral CCO (2017).
Ao apontar os sintomas associados a situações de estresse ou traumas, nota-se a ocorrência mais frequente dos seguintes fatores: ansiedade, irritabilidade aumentada, pesadelos relacionados aos acontecimentos, indiferença, agressividade aumentada, dificuldade na realização de novas atividades e lazer, isolamento, melancolia, diminuição da libido e falta de apetite. Vale ressaltar também, fatores que dificultam o desempenho profissional perante suas atribuições como relacionamento interpessoal, falta de financiamento e apoio institucional, hierarquias rígidas, pressão para cumprir metas e demandas e falta de proteção legal para os profissionais. Como forma de estratégias adotadas para lidar com essas situações, predominam a prática de esportes, apoio religioso, avaliação situacional, enfrentamento da situação, distanciamento e apoio psicológico. (Nascimento JCP, 2020). Vale ressaltar que os gestores responsáveis pelas unidades devem oferecer boas condições de trabalho, oportunidades de descanso e lazer, visando assegurar melhores condições de qualidade de vida, conforme afirma Furtado FMSF, et al. (2017).
Para Ramos AKS, Santos AC (2022) a Síndrome de Burnout é resultado direto do estresse crônico no trabalho, sugere-se que sejam tomadas medidas preventivas e de promoção da saúde, levando em consideração seus efeitos na saúde do trabalhador a partir do desgaste e adoecimento. A aplicação de tais medidas têm o potencial de maximizar a qualidade do serviço e minimizar fatores como absenteísmo e queda da produtividade, bem como (Silva CEA, et al. 2018 e Luz LM, et al. 2017) afirmam a necessidade da produção de atividades psicológicas e comportamentais com o intuito de ampliar o conhecimento dos profissionais.
Oliveira LB (2021) observou-se a predominância de poucos sinais de depressão entre os funcionários do SAMU e uma porcentagem muito pequena de funcionários que apresentavam níveis significativos de sintomas de ansiedade. Ressalta-se que a associação daqueles que apresentavam sintomatologia de ansiedade moderada ou grave não revelou significância estatística com nenhuma variável sociodemográfica, demonstrando que não há relação entre características pessoais e o surgimento de sintomas de AT e /ou DT. Assim como München MAB, et al. (2022) afirmam que medidas de enfrentamento contribuíram para a redução dos índices de estresse, ansiedade e depressão, Tavares TY, et al. (2017) concluem que é necessário desenvolver os problemas psicológicos a fim de melhorar a qualidade de vida dos profissionais.
Enfermeiros que atuam na assistência pré-hospitalar apontam níveis de estresse essencialmente baixo ou moderado, porém, apresentam sintomas e sinais físicos em resposta aos estressores, predominando a astenia e a insônia. (Pinto CA, 2018), fatores observados pela pesquisa de Lavratti AF e Watanabe EAMT (2021), que constataram que os profissionais possuem uma boa qualidade de vida, entretanto possuem distúrbios relacionados ao sono.
(Oliveira MEF, 2019), assim como Tonezer MOM e Cordenuzzi (2021), afirmam que os profissionais do APH estão rotineiramente expostos a diversos riscos ocupacionais, sejam eles causados por fatores biológicos, físicos, acidentais, ou mesmo pela cronificação e perda de produtividade no trabalho por um distúrbio físico ou psicológico, levando malefícios a sua realidade laboral. Portanto, aconselha-se a utilização de estratégias de educação permanente com esses trabalhadores, a fim de atualizar seus conhecimentos, fortalecer o apego aos equipamentos de segurança no atendimento e reforçar mais cautela no manuseio de materiais potencialmente contaminados, como informa (César MP, 2021) em sua pesquisa.
Teixeira ARL, et al. (2020) verificou-se a elevada predominância de riscos ocupacionais entre os profissionais que atuam no serviço móvel de emergência, destacando os riscos de colisão automobilística e agressão física, contaminação biológica, ruído de sirene, fumaça de veículos, excesso de peso, estresse e situações de agressão verbal. Portanto, a fim de melhorar a qualidade de vida dos profissionais, é de extrema importância implantar novas ações e recursos, como relatam Araújo FDP, et al. (2018).
De acordo com Araújo VSC, et al,. (2020) foi possível concluir com este estudo que os serviços de saúde nos setores de urgência e emergência produziram uma somatória de estressores, fatores que contribuem significativamente para o surgimento de transtornos psicológicos na equipe. Os principais precursores identificados neste estudo foram fatores ambientais e organizacionais, a alta demanda por atendimento, longas jornadas de trabalho e falta de recursos e materiais. Nesse sentido, é fundamental ressaltar a necessidade da implantação de um programa de prevenção ao estresse, visando a adoção de ações que reduzam os efeitos na saúde dos profissionais, bem como a implantação de medidas que proporcionem uma maior qualidade de vida, como afirma Costa MEM (2022).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dessa pesquisa, pode-se concluir que os profissionais que trabalham no atendimento pré-hospitalar estão diariamente expostos a eventos estressores que impactam diretamente na qualidade de vida e como consequência afeta a qualidade da assistência aos pacientes. Concluindo-se que é necessário a implementação de ações e recursos como: a redução da carga horária, melhoria na infraestrutura, fornecimento adequado de insumos de segurança e assistência, incentivar terapias e etc, com o intuito de melhorar a qualidade de vida e diminuir gradativamente os fatores estressores, contribuindo para uma assistência de qualidade.
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1Graduanda do Curso Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: maria.luiza.almeida.leitte@gmail.com.
2Graduanda do Curso Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: m-rita-s@hotmail.com.