OS IMPACTOS DA FISIOTERAPIA NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249301858


Sinara Maria Da Silva
Gisele Daniela Jovino
Orientadora Prof. Msc. Monique de Sousa Paixão
Co-orientadora Letícia Beatriz de carvalho Silva


RESUMO

Introdução: Espera-se que a população idosa do Brasil represente 13,44% até 2030. À medida que a expectativa de vida aumenta, surgem desafios como a manutenção da qualidade de vida dos idosos, principalmente devido à perda muscular, às doenças crônicas e ao uso de múltiplos medicamentos. Além disso, ambientes não adaptados às necessidades dos idosos podem aumentar o risco de quedas. As quedas podem ter consequências graves, como lesões e perda de independência. A fisioterapia é considerada uma importante ferramenta na prevenção, promovendo exercícios para melhorar o equilíbrio e a função, além de adaptar-se à família e envolver os familiares no processo de cuidado. Objetivos: O objetivo geral da pesquisa é analisar as principais causas das quedas em idosos, que frequentemente resultam do envelhecimento fisiológico e patológicos. Explorar a atuação do profissional da fisioterapia na prevenção de quedas em idosos e cuidados prestados pelos profissionais. Os objetivos específicos incluem entender o processo fisiológico do envelhecimento, avaliar a função da fisioterapia preventiva na prevenção de quedas e identificar as principais técnicas utilizadas pelo profissional da fisioterapia para a prevenção de quedas nessa parcela da população. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, como critérios de inclusão, foram selecionados artigos publicados entre 2015 e 2024. Foi feita pesquisa de artigos nas bases de dados eletrônicos: BVS (Virtual Health Library); PUBMED (U.S. NationalLibrary ofMedicine); LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SciELO (ScientificElectronicLibrary Online); filtrando artigos nas línguas portuguesa e inglesa. Resultados: Os achados indicam que protocolos de atividades físicas para idosos, incluindo aquecimento, equilíbrio, plataforma virtual, hidroginástica e relaxamento, impactam positivamente a qualidade de vida e a resposta fisiológica dos idosos, minimizando os efeitos do envelhecimento. É evidente a importância da regularidade nas práticas físicas para essa faixa etária. Conclusão: A fisioterapia gera resultados assertivos com seus métodos de intervenção com exercícios individualizados e em conjunto a outras técnicas, havendo a necessidade de maior discussão da temática para reforço e contribuição nas evidências.

Palavras-chave: Idoso; Acidentes por Quedas; Desempenho Físico Funcional; Exercício Físico.

1 – INTRODUÇÃO

Segundo a Secretaria de Atenção à Saúde (Brasil, 2018), nos últimos anos o Brasil tem experimentado um rápido crescimento na população idosa e estima-se que até 2030, os idosos representarão 13,44% da população total. Em 2010, o censo do IBGE registrou 20.438.561 idosos, correspondendo a 11,8% da população, com 45,12% desses indivíduos na faixa etária de 70 a 79 anos, evidenciando um aumento na expectativa de vida, atualmente de 74 anos. Em 2014, a razão de dependência dos idosos era de 11,1%, e a previsão para 2030 é que alcance 19,49%.

O prolongamento da vida, visto como uma das grandes conquistas da humanidade, trouxe à tona novos desafios para garantir a preservação da independência e qualidade de vida dos idosos nos anos adicionais conquistados. Com o crescimento acelerado da população idosa, temas antes menos discutidos na geriatria e gerontologia ganharam destaque, especialmente as quedas e suas repercussões. A elevada frequência de quedas entre os idosos pode ser atribuída a uma série de alterações fisiológicas que se acentuam com o envelhecimento, incluindo a perda gradual de massa muscular, redução da força e da função muscular, além de declínios nos sistemas sensorial, vestibular e nervoso. Tais alterações comprometem a capacidade de marcha e equilíbrio, aumentando assim o risco de quedas (Paiva; Lima; Barros, 2021).

As quedas na velhice constituem um desafio de saúde pública cada vez mais alarmante em escala global. Pesquisas indicam que aproximadamente 30% dos indivíduos com 65 anos ou mais experimentam quedas a cada ano, uma estatística que sublinha a gravidade da questão. Essas quedas frequentemente acarretam consequências sérias, como lesões significativas que podem comprometer a mobilidade e, em muitos casos, levar à perda de independência nas atividades cotidianas. A reincidência de tais incidentes não apenas ameaça à integridade física dos idosos, mas também impõe um impacto substancial em sua qualidade de vida, tornando urgente a implementação de estratégias eficazes de prevenção e intervenção (Junior et al.,2021)

O envelhecimento não apenas intensifica essas mudanças, mas também está associado ao surgimento de doenças crônicas, que são comuns nessa faixa etária. Essas condições crônicas frequentemente levam ao uso de múltiplos medicamentos, um fenômeno conhecido como polifarmácia, que, por sua vez, pode trazer efeitos colaterais indesejados e contribuir ainda mais para o risco de quedas. Além dos fatores intrínsecos ao envelhecimento, a ocorrência de quedas entre os idosos também depende das condições dos ambientes em que vivem, tanto dentro quanto fora de suas residências. A falta de adaptação desses espaços às necessidades especiais dos idosos pode aumentar significativamente o risco de quedas (Paiva; Lima; Barros, 2021).

As consequências das quedas podem variar em gravidade, desde lesões menores até casos que levam ao óbito. Mesmo quando as lesões não são fatais ou não deixam sequelas permanentes, as quedas podem ter um impacto profundo na qualidade de vida dos idosos. A experiência de uma queda pode gerar um medo persistente de cair novamente, o que pode limitar a mobilidade e a independência, além de contribuir para o isolamento social e o declínio funcional, criando um ciclo que pode comprometer ainda mais a saúde e o bem-estar dos idosos (Paiva; Lima; Barros, 2021).

Os incidentes domésticos envolvendo idosos devem ser vistos como acontecimentos de grande importância, já que podem levar à perda de funções, imobilização e, em situações mais severas, até à morte. Existem diversos fatores de risco que podem resultar em lesões, complicações psicológicas e diminuição das habilidades funcionais dessas pessoas (Fabiana, Rubia, Melissa, 2021).

Segundo Marcelly Rodrigues e Schayane Homem (2021) as alterações físicas associadas ao envelhecimento podem resultar em problemas de equilíbrio e alterações na marcha, facilitando a ocorrência de quedas e restrições funcionais. Essas alterações podem resultar em impactos negativos na saúde dos idosos, tais como fraturas, danos à pele e imobilidade, tornando mais difícil a execução das atividades cotidianas (AVDs).
           

A diminuição da capacidade funcional em pessoas idosas aumenta consideravelmente o perigo de quedas e de internação em instituições. Este enfraquecimento funcional, aliado aos fatores correlatos, intensifica a vulnerabilidade dos idosos, levando a índices reduzidos de bem-estar e qualidade de existência (Rebelo et al., 2020).

Conforme discutido por Antônia Ildenir Rego Soares e Leonardo Squinello Nogueira (2022), a fisioterapia pode ser eficaz na prevenção de quedas em idosos, especialmente através de atividades que melhoram a capacidade funcional e postural, como exercícios de hidroginástica e flexibilidade, que também contribuem para a melhoria da funcionalidade e da autoestima dessas pessoas.

A pesquisa em questão visa construir dados sobre a atuação do fisioterapeuta na prevenção de quedas em idosos. O papel do fisioterapeuta envolve avaliar o equilíbrio e a funcionalidade do idoso, possibilitando a implementação de exercícios voltados para o equilíbrio, fortalecimento e propriocepção, além de promover melhorias na acessibilidade do domicílio para prevenir quedas.

Esse processo envolve a implementação de orientações domiciliares apropriadas, bem como a interação contínua com familiares, cuidadores e pacientes, e a condução de avaliações detalhadas e personalizadas para cada indivíduo. Além disso, o estudo tem como objetivo aprimorar a competência técnica dos profissionais de fisioterapia na área da gerontologia, integrando conhecimentos fundamentais que são cruciais para a formação profissional e para a compreensão das necessidades específicas dessa população.

2 – METODOLOGIA

O presente artigo se trata de uma revisão bibliográfica integrativa. A escolha por esse tipo de abordagem está diretamente relacionada ao interesse de identificar a atuação do profissional da fisioterapia na prevenção de quedas em pessoa idosas, tendo como foco idosos acima de 65 anos de idade dos sexos masculino e feminino, e como a fisioterapia pode atuar e prevenir as quedas a partir de exercícios preventivos e repressivos.

A coleta das informações ocorreu entre os meses de agosto 2024 e setembro 2024 e foi obtida através da publicação de artigos, extraídos das seguintes bases de dados eletrônicos: BVS (Virtual Health Library); PUBMED (U.S. NationalLibrary ofMedicine); LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SciELO (ScientificElectronicLibrary Online), filtrando artigos nas línguas portuguesa e inglesa. Os descritores utilizados foram: “Idoso”;“Quedas”; “Idosos”; “Fisioterapia”, descritor em inglês: balance “and training andold”.

Como critério de inclusão, foram selecionados artigos dos últimos 10 anos, publicados entre os anos de 2015 a 2024, contendo informações sobre as seguintes perspectivas: a atuação do fisioterapeuta na prevenção de quedas em idoso, perdas funcionais e equilíbrio postural, qualidade de vida e os resultados alcançados através da fisioterapia. Foram excluídos aqueles que se desviavam do foco de pesquisa, que abordavam informações incompletas e que retratavam sobre profissões distintas, estudos de revisão, resenhas, resumos e artigos duplicados.

Observaram-se todos os artigos que estavam dentro dos critérios de seleção. Durante a seleção dos artigos, foram encontrados 467 registros através da pesquisa nas bases de dados: SCIELO (129); BVS (90); PUBMED (136); LILACS (112). Após aplicar os filtros, foram excluídos 212 artigos por fuga ao tema, sendo 35 estudos selecionados para leitura dos resumos e destes, 06 artigos foram lidos na íntegra para aplicação de critérios de elegibilidade na presente pesquisa. Após essa leitura, os dados coletados foram organizados em formato de fluxograma e tabela a fim de facilitar a análise do conteúdo e a comparação do ponto de vista de cada autor a respeito do assunto em questão.

FLUXOGRAMA

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

       A revisão de literatura contou com seis artigos que tiveram como finalidade avaliar ou comparar os efeitos do exercício físico juntamente à diferentes meios que podem intensificar ou não esses ganhos. Estes estudos contaram com avaliações antes e depois dos protocolos e utilizaram escalas como TUG (timed Up and Go), COP (Centro Operacional de Pressão) avaliando os riscos de quedas e os vetores que modificam o centro de massa, fidelizando os resultados. A tabela abaixo explica os objetivos, protocolos e metodologia de cada artigo, para uma melhor análise dos dados com o objetivo de facilitação de leitura.

Tabela 1. Tabulação dos artigos para a discussão 
Autores TítuloObjetivoMetodologiaProtocoloResultados
Morisson S. et al., (2017).Treinamento de equilíbrio supervisionado e exercícios baseados no Wii Fit reduzem o risco de quedas em adultos mais velhos com diabetes tipo 2.Melhorar o equilíbrio e o tempo de reação para reduzir o risco de quedas em idosos com diabetes mellitus tipo 2.Estudo de caso. Recrutados 65 adultos idosos com diabetes tipo 2, divididos em Grupo Equilíbrio Supervisionados GS (idade média 67,8 ± 5,2) e Grupo não Supervisionado usando a Prancha de Equilíbrio Nintendo Wii Fit GNSE (idade média 66,1 ± 5,6).  O GSE realizou sessões que duraram 40 minutos e iniciou com um aquecimento, seguido por exercícios de equilíbrio, e alongamentos básicos de ioga, (todos os exercícios foram inspirados do Wii Fit). Já os GNSE foram apresentados ao programa Wii Fit e praticaram com supervisão até estarem aptos para realizar os exercícios em casa. Os exercícios do Wii Fit incluíam aeróbica, ioga, treinamento de força e equilíbrio, frequência de 3 sessões por semana, com duração de 40 minutos cada.  Diminuição no risco de queda no fim dos dois treinamentos que foi atribuído a mudanças nos tempos de reação da mão, pé, propriocepção dos membros inferiores e oscilação postural.
Matheus Machado Rodrigues et al., 2023.Fortalecimento intrínseco do pé e eletroestimulação em idosos – Ensaio clínico randomizado. Avaliar e comparar os efeitos do fortalecimento da musculatura intrínseca do pé com eletroestimulação no risco de queda em idosos. Ensaio clínico randomizado. Foram 19 idosos alocados em três grupos: controle (GC; n = 7), exercício (GE; n = 6) e exercício+eletroestimulação (GEE; n = 6), sendo avaliados antes e após a intervenção através dos testes de Apoio Unipodal (AU), Teste de Alcance Funcional (TAF), Timed Up and Go (TUG) e Paper Grip Test (PGT).O GE iniciou o protocolo com um aquecimento, em seguida exercícios de fortalecimento muscular, e alongamento da fáscia plantar associado a uma breve massagem. Realizado em 45 minutos, com progressão. Já o GEE além do protocolo de exercícios utilizou a eletroestimulação de baixa frequência, E o GC recebeu orientações quanto à prevenção de quedas.Melhora do GE no teste TUG (9,64 ± 1,78 vs 8,20 ± 1,94). Em relação ao GEE, houve melhora tanto no TUG (12,68 ± 4,01 vs 10,61 ± 3,70) quanto no TAF (26,37 ± 7,66 vs 33,14 ± 9,73).  
Tanaka et al., (2016).O efeito do exercício físico supervisionado e domiciliar sobre o equilíbrio de indivíduos idosos: ensaio clínico randomizado para prevenção de quedas.Avaliar o efeito de um programa de treinamento sobre o equilíbrio semi-estático de idosos, e comparar a forma de aplicação supervisionada em grupo e individual domiciliar.Ensaio clínico cego randomizado controlado com múltiplos braços. Foram 56 idosos, divididos em Grupo Supervisionado (GS; n=18); Grupo Domiciliar (GD; n=20) e Grupo Controle (GC; n=18). A oscilação corporal foi avaliada por meio da plataforma de força (EMG System do Brasil(r)…O GS realizou 20 sessões supervisionadas, com aquecimento (5 min), depois equilíbrio semiestático e dinâmico (35 min). O treino foi dividido em exercícios com o indivíduo sentado e em pé durante 30 min, com progressão, por fim o relaxamento (5 min). Já O GD realizou duas sessões de intervenção supervisionada, em seguida começou a realizarem exercícios em seus domicílios as 18 sessões de atividade domiciliar individual. E o GC não recebeu nenhum tipo de intervenção nesse período.O GD apresentou melhora na oscilação corporal pós-treinamento nas posições Tandem Olhos Fechados e Unipodal, e o GS apresentou piora na posição Tandem Olhos Abertos em todas as variáveis. Já na análise intergrupo, o GD apresentou melhora na posição PFOA (Plataforma fixa olhos abertos), Tandem OF, e Unipodal, e o GS apresentou melhora na posição PFOA e Unipodal, contudo apresentou piora na posição PFOA e na Tandem OA.
Souza, R. O. et al., (2017).Efeitos da hidroginástica com exercícios dinâmicos em deslocamento sobre o equilíbrio corporal de idosos.Avaliar os efeitos de um programa composto pela maior parte das aulas de seus exercícios executados em deslocamento sobre o equilíbrio corporal de idosos. Estudo de delineamento quase-experimental. Foi composto por 37 idosos, divididos em dois grupos, o Grupo Experimental (GE), n=27, com média de idade de 67,33±5,53 anos, e outro, o Grupo Controle (GC), n=10, com média de idade de 67,74±7,24 anos, constituídos por idosos não praticantes de hidroginástica.O GE foi submetido, durante 16 semanas, a um programa de hidroginástica, com duas sessões semanais de 50 minutos, realizadas em dias alternados. Cada aula foi distribuída em três partes: dez minutos de aquecimento, trinta minutos para a parte principal e dez minutos de relaxamento e/ou alongamento.Obteve melhor desempenho no deslocamento total e na amplitude ântero-posterior do GE comparado ao GC. Também após o período de intervenção o GC apresentou significativo aumento da área do COP.
Boulares, A. et al (2023).Efeitos de um Programa de Atividade Física que Incorpora Exercícios Direcionados ao Equilíbrio, Força e Propriocepção nas Funções Cognitivas e no Desempenho Físico em Idosos com Comprometimento Cognitivo Leve.  Explorar soluções investigando os efeitos de um programa de atividade física multicomponente nas funções cognitivas e motoras em pacientes com CCL (Comprometimento Cognitivo Leve).Artigo científico. Vinte e três participantes foram incluídos no estudo e divididos em dois grupos: um grupo de intervenção GI (n = 13; idade = 85,7±5,5 anos) e um grupo controle GC (n = 9; idade = 85±6,7 anos).O estudo durou dois meses, com os participantes participando de três sessões semanais de exercícios físicos de 60 minutos. A intervenção se concentrou em melhorar a propriocepção, a força muscular e o equilíbrio.Demonstrou melhorias significativas no desempenho físico, redução do risco de quedas e equilíbrio. Vários testes, incluindo o teste cronometrado, teste de postura unipodal, teste de Tinetti, bateria de desempenho físico curto e teste de caminhada de 6 minutos, indicaram essas melhorias. A função cognitiva avaliada com o Mini-Exame do Estado Mental, revelou progresso não significativo.
Silva V. M. da, et al. (2019).Efetividade de uma intervenção múltipla para a prevenção de quedas em idosos participantes de uma Universidade Aberta à Terceira Idade.  Avaliar a efetividade de uma intervenção múltipla para a prevenção de quedas em idosos.Estudo quase experimental, não controlado, de caráter longitudinal e quantitativo. Foram alocados 51 idosos [67 (±6,2) anos; 76,3% mulheres em três grupos: Controle (GC) n= 15, Exercício Físico (GEF) n = 20 e Intervenção Múltipla (GIM) n = 16. Utilizando questionários e escalas.Os grupos GEF e GIM foram submetidos ao treinamento físico (caminhada, resistência muscular e equilíbrio) por 16 semanas (duas vezes por semana, 60 min/sessão). No mesmo período, o GIM participou também de sessões educativas (uma vez por semana, 60min/sessão). Na comparação dos grupos, utilizou-se a análise de covariância.Ambos os grupos intervenção reduziram o tempo do TUG, mas somente o GIM melhorou a pontuação da FRAQ. Ambas as intervenções tiveram efeito pequeno no tempo do TUG, enquanto a intervenção múltipla apresentou efeito grande na FRAQ.      

Fonte: De autoria própria

Legenda: GSE – Grupo Equilíbrio Supervisionado, GNSE – Grupo Não Supervisionado Equilíbrio, GC – Grupo Controle, GE – Grupo Exercício, GEE – Grupo Exercício + Eletroestimulação, AU – Apoio Unipodal, TAF – Teste de Alcance Funcional, TUG – Timed Up and GO, PGT – Paper Grip Test, GS – Grupo Supervisionado, GD – Grupo Domiciliar, PFOA – Plataforma Fixa Olhos Abertos, OF – Olhos Fechados, AO – Olhos Abertos, GE – Grupo Experimental, COP – Center of Pressure, CCL – Comprometimento Cognitivo Leve, GI – Grupo Intervenção, GEF – Grupo Exercício Físico, GIM – Grupo Intervenção Múltipla, FRAQ – Falls Efficacy Scale-International e Falls Risk Awareness Questionnaire

O estudo de caso de Morisson s. et al., (2017) obteve resultados positivos quanto a utilização de exercícios domiciliares. Seu objetivo era melhorar o equilíbrio e propriocepção através de uma plataforma virtual Nintendo Wii Fit, por meio de seus dados foi percebida a diminuição do risco de quedas e o aumento no tempo de reação, demonstrando que pode-se proporcionar a essa população um impacto deliberado em sua saúde no conforto de seus lares. Com o mesmo olhar, o ensaio clínico cego randomizado controlado com múltiplos braços de Tanaka et al., (2016), projetou um protocolo realizado em domicílio com os seguintes critérios: aquecimento, exercícios de equilíbrio (semi estático e dinâmico) e por fim relaxamento, alcançando o aumento do equilíbrio e oscilação corporal avaliada por meio da plataforma de força (EMG System do Brasil(r)).

Matheus Machado Rodrigues et al., (2023) em seu ensaio clínico randomizado trouxe a importância do uso e da efetividade da eletroestimulação de baixa frequência e exercícios, com o propósito de fortalecer a musculatura intrínseca do pé, com seguinte parâmetros: frequência de 20Hertz (Hz) largura de pulso de 300 microssegundos, tempo de subida de 1 segundo, tempo ON de 5 segundos, tempo de descida de 1 segundo, tempo OFF de 10 segundos, por 20 minutos e intensidade ajustada ao paciente, seu estudo revela que se tem melhores respostas quando otimizados exercícios com a eletroestimulação pelos testes TAF Teste de Alcance Funcional e Timed Up and Go – TUG (avalia o risco de queda).

Da mesma forma se observa na pesquisa de Silva V. M. da, et al. (2019) onde buscaram através de intervenções múltiplas e evidenciaram que a prática de atividade física associado a sessões educativas para prevenção de quedas, resultaram no ganho de equilíbrio e diminuição do risco de quedas com base no teste TUG e um maior conhecimento sobre os fatores que desencadeiam as quedas, facilitando a implementação de estratégias que diminuem comportamentos de possíveis riscos de quedas, como a utilização de corrimões nos banheiros, a retirada de tapetes e pisos antiderrapantes, que são métodos que possibilitam a redução de quedas e de suas consequências.

Boulares, A. et al (2023) integraram em seu estudo os efeitos de trabalhar a propriocepção, força e equilíbrio, e que a terceira idade se beneficiou com esse tipo de programa, pois além de terem uma redução significativa nos riscos de quedas, também foi percebida a melhora no desempenho físico dos pacientes através de uma condição cardiovascular melhor, bem como um aumento na qualidade de vida destes.

Como bem descreve Souza, R. O. de., et al. (2017) a hidroterapia também é um dos vetores que pode ser associado com exercícios dinâmicos e que otimizam o equilíbrio corporal, em seu estudo compara idosos praticante do protocolo com ênfase na hidroginástica e um grupo controle que praticava somente suas AVD’S, pelos dados coletados evidenciam que o meio aquático é uma ferramenta poderosa na redução de quedas, principalmente porque desenvolve uma maior amplitude em seus movimentos e condiciona a um equilíbrio corporal.

Os resultados mostram que protocolos com aquecimento, exercícios dinâmicos que tem como objetivo o equilíbrio, otimizado com uma plataforma virtual ou hidroginástica ou até mesmo aulas de educação em queda, finalizado com relaxamento ou alongamento, tem impacto positivo na vida dos idosos. Há evidências do quanto a terceira idade necessita de regularidade nas atividades físicas, pois assim terão uma melhor qualidade de vida, uma resposta fisiológica boa, minimizando efeitos negativos do envelhecimento.

4 – CONCLUSÃO

Diante da análise dos métodos e resultados do presente estudo, pode-se dizer que a fisioterapia dispõe de uma vasta probabilidade de intervenções que podem ser utilizadas na prevenção de quedas em pessoas idosas. Os artigos revisados demonstram impactos benéficos através de seus efeitos a curto, médio e longo prazo, indicando que um tratamento individualizado que busca atender a especificidade do paciente leva a um prognóstico satisfatório. Independentemente da idade, comorbidade ou causa adversa que leve um idoso a perca de equilíbrio, exercícios físicos associados ou não a outras técnicas desempenharam atribuições benéficas na prevenção e reabilitação desses indivíduos com resultados em seu cotidiano.

Com isso, pode-se concluir que a fisioterapia gera resultados assertivos com seus treinamentos e exercícios voltados ao fortalecimento de membros inferiores, desenvolvimento cognitivo, proprioceptivo e melhoria física, quando analisados de forma geral, podendo também ser observado que a união de recursos da eletroterapia e tecnologia interativa podem potencializar os resultados obtidos. Apesar das respostas obtidas através dessa revisão, pôde-se observar a necessidade de mais estudos científicos para uma melhor discussão da temática, pois reforça a importância de se estudar novas possibilidades que contribuirão para tratamentos com base em evidências.

REFERÊNCIAS

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