OS EFEITOS DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE DOR LOMBAR CRÔNICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Autores:
Deborah Josylane Silva dos Santos1;
Adeliane Ferreira da Costa2;
Ana Rúbia Teixeira Mendonça3;
Wenderson Pinto Neves4;
Denilson da Silva Veras5.

1, 2, 3, 4, Graduandos do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário FAMETRO
5, Mestre em ciências da saúde- UFAM; Especialista em fisioterapia em terapia intensiva neonatal; Docente no Centro Universitário FAMETRO


RESUMO

A dor lombar é um problema musculoesquelético com alta prevalência na população, é definida como uma condição dolorosa, localizada entre as margens inferiores das costelas e as pregas glúteas, que quando persiste por mais de doze semanas é considerada crônica. Sua etiologia é multifatorial, porém cada vez mais aponte-se como causa a fraqueza dos músculos estabilizadores da coluna lombar. Um dos exercícios de estabilização segmentar mais comumente usado na prática clínica para o tratamento da dor lombar crônica é o método Pilates, que tem como principal objetivo fortalecer uniformemente os músculos centrais, promovendo uma boa postura e equilíbrio muscular, que proporciona uma melhora na estabilidade da coluna, assim amenizando os sintomas da dor lombar. Objetivo: Analisar os efeitos do método Pilates no tratamento de pacientes com diagnóstico de dor lombar crônica. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, utilizando o método dedutivo, de natureza qualitativa, e caráter não experimental, fundamentada em pesquisas eletrônicas, configurando as bases de dados SciELO, Pubmed e PEDro, com o tema de interesse e publicação entre 2011 e 2021. Após a aplicação dos descritores foram encontrados 107 artigos, porém, somente 10 foram incluídos nesta análise. Resultados: O estudo mostrou que o método Pilates obteve diversos efeitos positivos em diferentes desfechos nos pacientes com diagnóstico de dor lombar. Conclusão: O Pilates se mostrou uma intervenção eficaz, apresentando melhora em relação aspectos clínicos e funcionais.

Palavras-chave: Dor Crônica; Método Pilates; Dor Lombar.

ABSTRACT

Low back pain is a musculoskeletal problem with high prevalence in the population, it is defined as a painful condition, located between the lower margins of the ribs and the gluteal folds, which when persists for more than twelve weeks is considered chronic. Its etiology is multifactorial, but it is increasingly pointed out as the cause of the weakness of the stabilizing muscles of the lumbar spine. One of the segmental stabilization exercises most commonly used in clinical practice for the treatment of chronic low back pain is the Pilates method, whose main objective is to uniformly strengthen the central muscles, promoting good posture and muscle balance, which provides an improvement in the stability of the spine, thus alleviating the symptoms of low back pain. Objective: To analyze the effects of the Pilates method in the treatment of patients diagnosed with chronic low back pain. Methodology: This is a literature review, using the deductive method, qualitative in nature, and nonexperimental, based on electronic research, configuring the SciELO, Pubmed and PEDro databases, with the theme of interest and publication between 2011 and 2021. After applying the descriptors, 107 articles were found, however, only 10 were included in this analysis. Results: The study showed that the Pilates method had several positive effects at different outcomes in patients diagnosed with low back pain. Conclusion: Pilates proved to be an effective intervention, with improvement in clinical and functional aspects.

Keywords: Chronic Pain; Pilates Method; Low back pain.

1.INTRODUÇÃO

dos Santos, Tiburciom e Kremer (2021) definem a dor lombar como uma condição dolorosa, localizada entre as margens inferiores das costelas e as pregas glúteas. Por ser tratar de um distúrbio encontrado com frequência na população, a dor lombar pode afetar até 65% das pessoas a cada ano e estima-se que até 84% das pessoas sofrerão com algum episódio ao longo da vida. Além disso, tem uma prevalência maior nas mulheres e em pessoas na faixa etária de 40 a 80 anos.

Segundo Albino et al., (2011) a etiologia da dor lombar é considerada multifatorial, podendo estar relacionada a faixa etária, sexo, obesidade, sedentarismo, ocupação profissional, entre outros fatores, porém, os mais recentes estudos apontam como causa, a fraqueza dos músculos estabilizadores da coluna lombar.

De acordo com Silveira et al., (2016) classificamos a dor lombar de acordo com a sua causa, que pode ser específica ou inespecífica, e pela duração da dor, podendo ser aguda, subaguda, crônica ou recorrente.

Ribeiro, Oliveira e Blois (2015) afirmam que a dor lombar crônica é definida como uma condição clinica de dor que persiste por mais de doze semanas. O seu inicio é indeterminado e apresenta oscilações entre melhora e o inicio de novas dores. Embora a prevalência da dor lombar aumente com a idade, os indivíduos em idade produtiva também apresentam um taxa elevada, fator que implica na economia, pois, é considerada uma das principais causas de incapacidade temporária ou permanente, auxílio-doença e absenteísmo. Tendo em vista a magnitude do impacto da dor lombar na saúde, alternativas terapêuticas para o tratamento dessa afecção têm sido amplamente investigadas.

Segundo Filho, Eduardo e Moser (2014) uma opção terapêutica eficaz são os exercícios de estabilização segmentar, pois, proporcionam recuperação total do funcionamento dos músculos profundos, e estabilizam as estruturas dos pacientes com disfunções lombares e pélvicas. Um dos exercícios de estabilização segmentar mais comumente usado na prática clínica é o método Pilates.

Houglum (2015) afirma que o criador do método Pilates, nasceu na Alemanha e chama-se Joseph H. Pilates (1880-1968). Pilates sofria de asma, raquitismo e febre reumática, em uma tentativa de combater suas enfermidades, se dedicou ao estudo e a prática do yoga, meditação Zen e regime de condicionamentos gregos e romanos antigos. Durante a 1ª Guerra Mundial foi alocado junto aos outros alemães em um campo, e lá começou a instruir os demais em suas rotinas de exercícios. Depois fundou um estúdio, onde começou a usar suas técnicas com os dançarinos.

Seus exercícios eram denominados como exercícios de “Contrologia” que se define como a arte do controle. Segundo ele os movimentos corporais partiam do centro, ou seja, dos músculos abdominais, parte inferior da coluna, das nádegas e dos músculos do quadril. Esse grupo muscular era denominado de “cabine de força” e a partir deles se dava origem ao equilíbrio e a estabilidade do corpo.

De acordo com Bauléo et al., (2012) o principal objetivo do método Pilates é fortalecer uniformemente os músculos centrais, promovendo uma boa postura e equilíbrio muscular, que proporciona uma melhora na estabilidade da coluna, assim amenizando os sintomas da dor lombar.

O método Pilates possui seis princípios fundamentais, que são imprescindíveis durante a realização dos exercícios. Esses princípios são: concentração, controle, centrando, fluidez, precisão e respiração. Além disso, a realização dos exercícios do método Pilates visa à solicitação voluntária do recrutamento dos músculos estabilizadores do tronco, com o intuito de promover uma reprogramação neuromuscular para que esse padrão de recrutamento seja transferido e automatizado para atividades funcionais diárias (SILVEIRA et al., 2016).

Dessa maneira Albino et al., (2011) afirmam que o Pilates pode ser uma alternativa eficaz, uma vez que a dor lombar crônica pode afetar a vida do individuo acometendo sua funcionalidade, e por muitas vezes não sendo possível executar suas funções no âmbito profissional e social.

Contudo, este estudo se torna relevante, pois, a dor lombar crônica se trata de afecção comumente encontrada e que pode gerar incapacidade, assim se tornando um problema de saúde pública, que gera altos custos para o sistema de saúde e para a economia. O Pilates é um método conservador, dessa maneira pode reduzir os custos relacionados à cirurgia e medicação. Portanto esta pesquisa tem como objetivo analisar os efeitos do método Pilates no tratamento de pacientes com diagnóstico de dor lombar crônica.

2.METODOLOGIA

Para a obtenção dos resultados acerca da problematização apresentada, foi realizado um levantamento bibliográfico fundamentado em pesquisas eletrônicas, as quais foram realizadas nas seguintes bases de dados: SciELO, Pubmed e PEDro. O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura bibliográfica, que utilizou o método dedutivo, de natureza qualitativa e de caráter não experimental.

O desenvolvimento deste estudo sucedeu-se entre março e junho de 2021. Os critérios de elegibilidade empregados foram: artigos publicados entre os anos de

2011 e 2021, os quais demonstravam protocolos e tratamentos baseados no método Pilates em indivíduos com dor lombar crônica, e publicados na língua portuguesa ou inglesa. Os artigos que não seguiram esses critérios foram excluídos, assim como os que não se encontravam disponíveis de forma completa na íntegra.

A elaboração da pesquisa foi desempenhada através dos seguintes descritores em Ciência e Saúde (DeCS): “Dor Crônica” “Dor Lombar” “Método Pilates”. Para a pesquisa nas bases de dados SciELO, Pubmed e PEDro, fez-se necessário utilizar os descritores na língua inglesa “Chronic Pain” “Low Back Pain” “Pilates Method”.

Após a aplicação dos descritores nas bases de dados correspondentes, 107 artigos foram encontrados, procedeu-se então uma análise, a princípio a partir dos títulos e resumos apresentados, considerando as duplicidades entre as plataformas, se os artigos estavam fora do período estipulado e se estavam em um idioma que não foi pré-estabelecido. Em seguida os artigos selecionados foram separados e posteriormente foi realizada a sua leitura completa, e após uma análise crítica e minuciosa foi possível averiguar a sua relevância, levando-se em consideração a coerência e concordância com o tema proposto. Após a seleção dos artigos apenas 10 foram incluídos nesta pesquisa (Figura 1).

Figura 1: Diagrama de fluxo da revisão

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3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a seleção dos artigos, os achados foram analisados, e a tabela 1 foi desenvolvida, visando demonstrar os principais resultados acerca dos efeitos do método Pilates no tratamento de pacientes com diagnóstico de dor lombar. Os estudos foram organizados na tabela por ordem cronológica.

Tabela 1. Resultados do levantamento bibliográficos

ANOAUTORTIPO DE ESTUDORESULTADOS
2012Miyamoto et al.,Ensaio clínico randomizadoForam observadas melhorias na intensidade da dor (diferença média = 2,2 pontos, IC 95% = 1,1 a 3,2 pontos), deficiência (diferença média = 2,7 pontos, IC 95% = 1,0 a 4,4 pontos) e impressão global de recuperação (diferença média = −1,5 pontos; IC 95% = −2,6 a −0,4 pontos).
2012Wajswelner, Metcalf e BennellEnsaio clínico randomizadoOs resultados não mostraram diferença entre os grupos para muda para dor/incapacidade (3,5, intervalo de confiança de 95% = -7,3 a 0,3, P = 0,07), e ambos os grupos mostraram melhora significativa para função e qualidade de vida.
2014Mostagi et al.,Ensaio Clínico RandomizadoOs resultados foram semelhantes para ambos os grupos, porém, no Grupo Exercícios Gerais, houve melhora na funcionalidade e flexibilidade, já o Grupo Pilates não apresentou diferenças.
2014Notarnicola et al.,Estudo clínico prospectivo não randomizado controlado observacionalNo Grupo Pilates os resultados demonstraram aumento no funcionamento físico e social, saúde geral e vitalidade (P <0,05) e diminuições na incapacidade e dor (P <0,05).
2014Natour et al.,Ensaio clínico randomizadoHouve melhora da capacidade funcional (P <0,046), dor (P <0,010), vitalidade (P <0,029) e houve queda em relação ao uso de AINEs (P <0,010) em favor do Grupo Experimental.
2016Valenza et al.,Ensaio clínico randomizadoOs resultados mostraram diferenças significativas no GE em comparação com o GC para deficiência (mudança média ± desvio padrão de 5,31 ± 3,37 e 2,40 ± 6,78 respectivamente e diferença média entre os grupos de 3,2 ± 4,12, p = 0,003), incapacidade (p <0,001), dor atual (p = 0,002) e pelo menos dor (p = 0,033), flexibilidade (0,032) e equilíbrio (0,043).
2016Patti et al.,Ensaio clínico randomizadoO GE mostrou resultados superiores em relação à dor (P  <0,001) e posturografia (P <0,05).
2017Machado et al.,Estudo prospectivoHouve melhora da dor, incapacidade, flexibilidade, resistência muscular dos estabilizadores de tronco, menor ativação da ML (p = 0,025), maior força de extensão de tronco (p = 0,005) e aumento do tempo do início ao pico da ativação muscular (p = 0,02).
2018Cruz-Díaz et al.,Ensaio clínico randomizadoO Grupo Pilates apresentou melhora em comparação com o Grupo Controle, na incapacidade 4,00 (0,45), cinesiofobia 5,50 (0,67), dor 2,40 (0,26)



(P <0,001) e melhora da espessura dos músculos do tronco profundo.
2018Silva et al.,Estudo clínico, controlado e randomizadoOs resultados demonstraram que somente o GE apresentou diminuição da dor (0,0031) e da incapacidade (p de 0,0021).

3.1DISCUSSÃO

Miyamoto et al., (2012) realizaram um ensaio clínico randomizado, com 86 participantes com lombar crônica inespecífica, os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos, um grupo recebeu apenas uma cartilha de orientação, e o outro grupo recebeu a cartilha e participou de um programa de Pilates, durante 6 semanas. Os resultados foram obtidos no início do estudo, na 6ª semana e 6 meses após a randomização. Na 6ª semana, o grupo que recebeu o método Pilates apresentou maiores melhorias na intensidade da dor (diferença média = 2,2 pontos, IC 95% = 1,1 a 3,2 pontos), deficiência (diferença média = 2,7 pontos, IC 95% = 1,0 a 4,4 pontos) e impressão global de recuperação (diferença média = −1,5 pontos; IC 95% = −2,6 a −0,4 pontos), para deficiência específica e cinesiofobia não foram encontradas diferenças após a intervenção. Não se observou diferenças entre os grupos em longo prazo.

Cruz-Díaz et al., (2018) discordam com o estudo acima em relação à cinesiofobia, baseado no seu ensaio clínico randomizado, que contou com 64 participantes com dor lombar, alocados no Grupo Pilates (n = 32) e no Grupo Controle (n = 32), comprovou que 12 semanas de intervenção Pilates são eficazes na diminuição da cinesiofobia em curto prazo, pois, o Grupo Pilates apresentou melhores resultados nas 6 primeiras semanas de intervenção 5,50 (0,67) na Escala de Cinesiofobia de Tampa, porém, não se observou diferença significativa após 12 semanas. Da mesma forma o Pilates demonstrou melhora na intensidade da dor, incapacidade, e na espessura dos músculos do tronco profundo.

de Freitas et al., (2020) concordam com o estudo acima, segundo a sua revisão sistemática e metanálise que incluiu cinco estudos na revisão e quatro na metanálise, afirmam que o Pilates em comparação a nenhuma ou mínima intervenção é eficaz na redução da cinesiofobia. Os estudos analisados avaliaram a cinesiofobia por meio da escala de Tampa, e dos cinco artigos, quatro relataram resultados clínicos moderados e apenas um não obteve melhora significativa.

Wajswelner, Metcalf e Bennell (2012) realizaram um ensaio clínico randomizado com 87 participantes com dor lombar, comparando o método Pilates (n = 44) com exercícios gerais (bicicleta ergométrica, alongamentos e exercícios resistidos) (n = 43). Foram realizadas duas sessões semanais, com duração de 1 hora, durante 6 semanas. O grupo Pilates recebeu um programa específico, os participantes executaram doze exercícios baseados no Reformer e Cadilac, e de um a quatro exercícios no solo. O grupo de exercícios gerais realizou uma variedade de exercícios inespecíficos e multidirecionais. As avaliações foram realizadas na 6ª, 12ª e 24ª semana, os resultados foram semelhantes durante todo o acompanhamento, para dor, incapacidade, função e qualidade de vida, ambos os grupos mostraram melhorias significativas, os resultados finais demonstraram que não houve diferenças entre os grupos.

Mostagi et al., (2014) também comparou o método Pilates com exercícios gerais, através de um ensaio clínico randomizado com 22 indivíduos com dor lombar, os quais foram alocados em dois grupos: Grupo Pilates (n=11) e Grupo Exercícios Gerais (n=11), foram realizadas duas sessões semanais de 1 hora, durante 8 semanas. Após as avaliações, os resultados se mostraram semelhantes para todas as características, em ambos os grupos, indicando que não há diferença entre o método Pilates e exercícios gerais. Porém no Grupo Exercícios Gerais, houve melhora estatística para funcionalidade, a escala Quebec apresentou uma diferença média de 17 pontos durante o acompanhamento e após 8 semanas, houve melhora também na flexibilidade dos isquiotibiais, apresentando diferença média de 32 cm durante o acompanhamento. Em contrapartida o Grupo Pilates não apresentou diferenças.

Para Silva et al., (2018) o Pilates é um método eficaz no tratamento da dor lombar, porém não é superior em relação a fisioterapia convencional, pois, no seu ensaio clínico randomizado, composto por um Grupo Experimental (Pilates) e um Grupo Controle (Fisioterapia Convencional), somente o GE apresentou melhora dos escores da EVA para dor, e no Oswestry para incapacidade, comparando os resultados antes e após intervenção. Na comparação dos resultados entre os grupos, não houve diferença entre os momentos antes e após aplicação das intervenções. Os resultados do GE podem estar relacionados com o fato de o método Pilates ter enfoque na estabilização da coluna lombar, fortalecimento e alongamento, equilibrando as tensões no complexo lombo-pélvico, uma vez que a dor e a incapacidade podem estar relacionadas com a fraqueza muscular, principalmente da região abdominal, e a menor flexibilidade no dorso e nos membros inferiores.

Wells et al., (2014) concorda em partes, na sua revisão sistemática afirma que os exercícios de Pilates provavelmente não são superiores a outras formas de exercícios a longo prazo. Entretanto, quando se leva em consideração, os resultados em curto prazo, admite-se que possa existir diferenças entre o Pilates e outras formas de exercícios, pois, um dos dois estudos analisados nesta revisão, que não relatou diferenças nos seus resultados a curto prazo, era de qualidade metodológica razoável, e outro fator relevante é que os exercícios de comparação foram variados, quando o Pilates foi comparado com o ciclismo houve diferenças nos resultados, porém quando comparado aos exercícios de estabilização lombar, nenhuma diferença foi encontrada, ou seja, o Pilates pode ser superior dependendo do exercício comparado.

Natour et al., (2014) no seu ensaio clínico randomizado dividiu aleatoriamente 60 indivíduos com dor lombar em dois grupos: Grupo Experimental (GE), o qual deu continuidade ao uso de AINE e realizou um tratamento com método Pilates, e Grupo Controle (GC) que deu continuidade apenas ao tratamento com AINE. O GE realizou duas sessões semanais de Pilates por 50 minutos, durante 90 dias. Os resultados apresentaram diferença significativa para o GE, sobre dor (P < 0,001), função (P < 0,001), e qualidade de vida (capacidade funcional – P < 0,046; dor – P < 0,010 e vitalidade – P < 0,029), enquanto ao AINE o GE fez menor uso do que o GC (P < 0,010), e em relação à flexibilidade não se observou diferenças entre os grupos ao longo do tempo.

Valenza et al., (2016) discordam do estudo acima, no que se refere aos resultados da flexibilidade, visto que, no seu estudo clínico randomizado, composto por um Grupo Experimental (n=27) e um Grupo Controle (n=27), os resultados apresentaram uma melhora na flexibilidade (0,032) para o Grupo Experimental que realizou um programa de Pilates, durante 8 semanas, com duas sessões semanais de 45 minutos, esse resultado pode ser explicado pelo princípio do método Pilates, que combina exercícios de alongamento estático e dinâmico, proporcionando uma flexibilidade crescente, baseada nas propriedades neurofisiológicas dos tecidos contráteis. Foram encontradas também melhoras significativas na deficiência, dor e equilíbrio.

Machado et al., (2017) concordam a partir do seu estudo prospectivo com um grupo de indivíduos com dor lombar, que realizaram um programa Pilates de 2 meses, duas vezes por semana, durante 50 minutos, os resultados apresentaram diferença significativa com relação aos testes de flexibilidade e resistência, nos movimentos de flexão e flexão lateral direita, teste de Sorensen e ponte lateral direita e esquerda. Além disso, houve melhora da dor, deficiência, menor ativação muscular de multífidos e maior força de extensão de tronco, melhorando assim o controle motor e diminuindo a fadiga, devido ao recrutamento de menos unidades motoras para alcançar maior força.

Santos, Moser e Bernardelli (2015) embasados na sua revisão sistemática concordam com a afirmação acima, pois, ao analisar quatro artigos, levando em consideração sua qualidade metodológica, foi possível observar melhorias na flexibilidade, na estabilidade por meio do fortalecimento do músculo transverso do abdômen, na qualidade de vida e na redução da dor, porém, para o desfecho da dor apenas duas amostras apresentaram níveis significativos.

Patti et al., (2016) por meio de um ensaio clínico randomizado, selecionou 38 participantes com dor lombar crônica, eles foram alocados em dois grupos: Grupo Experimental que participou de um programa de Pilates de 14 semanas, realizado três vezes por semana, com duração de 50 minutos, e Grupo Controle que deu continuidade as suas próprias atividades de vida e uso de AINEs. O estudo mostrou que o programa de Pilates produziu melhorias nos resultados de dor e posturografia, acredita-se que as melhorias no controle postural contribuíram para a redução da dor no Grupo Experimental.

Notarnicola et al., (2014) concordam com o estudo acima com relação à dor, baseado no seu estudo clínico prospectivo não randomizado controlado observacional, demonstrou melhorias no Grupo Pilates, com diminuição da dor e incapacidade, aumento da função física e social, saúde geral e vitalidade. O estudo foi composto por 60 voluntários afetados com dor lombar, eles foram alocados no Grupo Pilates (n=30) que realizou as aulas de Pilates cinco vezes por semana, durante 1 hora, por 6 meses seguintes, e no Grupo Controle Inatividade (n=30) que continuou suas atividades diárias normais.

Miyamoto, Costa e Cabral (2013) concordam em partes, através da sua revisão sistemática com metanálise, analisaram a eficácia do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica não específica, elegeram oito artigos, e incluíram sete na metánalise. Nesta revisão foi sugerido que o método Pilates é mais eficaz que uma intervenção mínima para desfechos de dor e incapacidade, porém, apenas em curto prazo.

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo se propôs a investigar os efeitos do método Pilates no tratamento de pacientes com diagnóstico de dor lombar. A partir dos estudos analisados foi possível averiguar os efeitos mais recorrentes em curto prazo e em longo prazo. Mediante a isto, concluir-se que o método Pilates se mostrou uma intervenção eficiente em diferentes desfechos, apresentando resultados satisfatórios em relação a aspectos clínicos e funcionais. Por se tratar de um método conservador, nos últimos anos o Pilates passou a ser mais comumente utilizado por profissionais da área da saúde, visto que a dor lombar tem uma alta prevalência e altos custos para o sistema de saúde e para a economia.

Foram identificadas controvérsias enquanto ao tipo de exercício, frequência semanal e tempo necessário para que um programa de Pilates seja efetivo, porém, em todos os estudos, independente das características, os resultados apresentados foram positivos. Portanto há uma necessidade de se desenvolver mais estudos de melhor qualidade metodológica, visto que há poucas pesquisas de alta evidência, sendo fundamental que haja investigações futuras acerca de um protocolo de tratamento sem variações.

5.REFERÊNCIAS

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