OS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA NA POPULAÇÃO IDOSA ASSOCIADOS COM A SUA QUALIDADE DE VIDA

THE EFFECTS OF CREATINE SUPPLEMENTATION IN THE ELDERLY POPULATION ASSOCIATED WITH THEIR QUALITY OF LIFE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10250131471


Gabriel de Arruda Xavier1
Jaonayly Farias da Silva2


RESUMO

Introdução: O processo de envelhecimento engloba uma série de alterações biológicas e funcionais inerentes à idade. Ao longo do tempo, o organismo experimenta transformações que incluem a perda gradual de massa muscular, resultando na diminuição da força e no comprometimento da mobilidade, afetando as funções cotidianas essenciais. Objetivo: Analisar os efeitos da suplementação de creatina na qualidade de vida da população idosa. Método: A pesquisa será conduzida por meio de revisão sistemática da literatura, com a seleção de estudos que investigam os efeitos da suplementação de creatina em idosos. A busca será realizada em bases de dados científicas, como PubMed e Scopus, utilizando termos específicos relacionados à creatina, idosos e qualidade de vida. Foram incluídos artigos escritos nas línguas portuguesa e inglesa, publicados nos últimos 10 anos, sem restrição de sexo dos participantes, e com o filtro de idade para estudos realizados com pessoas com idade superior a 50 anos Resultados: Depois da avaliação crítica dos títulos e resumos com base nos critérios de exclusão, foram selecionados 05 artigos. Todos esses estudos convergem para a ideia de que a suplementação de creatina, quando combinada com treinamento resistido, pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a massa muscular, força e funcionalidade em adultos mais velhos. No entanto, apesar dos resultados promissores, ainda há lacunas a serem preenchidas quanto aos mecanismos precisos pelos quais a creatina exerce seus efeitos benéficos, assim como a variação nas respostas entre gêneros e faixas etárias específicas. Conclusão: Apesar desses resultados promissores, há necessidade de estudos mais aprofundados para compreender os mecanismos exatos pelos quais a creatina exerce esses efeitos benéficos. A variação nas respostas entre gêneros e faixas etárias específicas também precisa ser mais investigada para entender plenamente os benefícios e as adaptações fisiológicas resultantes dessa combinação.

Palavras-chave: Creatina; Funcionalidade do Idoso Senescência.

ABSTRACT

Introduction: The aging process encompasses a series of biological and functional changes inherent to age. Over time, the body experiences transformations that include the gradual loss of muscle mass, resulting in decreased strength and compromised mobility, affecting essential daily functions. Objective: To analyze the effects of creatine supplementation on the quality of life of the elderly population. Method: The research will be conducted through a systematic review of the literature, with the selection of studies that investigate the effects of creatine supplementation in the elderly. The search will be carried out in scientific databases, such as PubMed and Scopus, using specific terms related to creatine, elderly people and quality of life. Articles written in Portuguese and English, published in the last 10 years, without restriction on the gender of participants, and with an age filter for studies carried out with people over 50 years old were included. Results: After critical evaluation of titles and abstracts based on the exclusion criteria, 05 articles were selected. All of these studies converge on the idea that creatine supplementation, when combined with resistance training, can be an effective strategy for improving muscle mass, strength, and functionality in older adults. However, despite promising results, there are still gaps to be filled regarding the precise mechanisms by which creatine exerts its beneficial effects, as well as the variation in responses between genders and specific age groups. Conclusion: Despite these promising results, there is a need for more in-depth studies to understand the exact mechanisms by which creatine exerts these beneficial effects. Variation in responses between genders and specific age groups also needs to be further investigated to fully understand the benefits and physiological adaptations resulting from this combination.

Keywords: Creatine; Functionality of Elderly Senescence.

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento engloba uma série de alterações biológicas e funcionais inerentes à idade. Ao longo do tempo, o organismo experimenta transformações que incluem a perda gradual de massa muscular, resultando na diminuição da força e no comprometimento da mobilidade, afetando as funções cotidianas essenciais (DEAN et al,2017). Esses aspectos aumentam as probabilidades de desenvolvimento de doenças, necessidade de institucionalização e risco de mortalidade (PERUCHI et al., 2017).

Conforme estudos e projeções demográficas conduzidos pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Desa), em 2020, a população com idade superior a 60 anos totalizava 1.049.748.000 pessoas. De acordo com as estimativas, esse número poderá exceder a marca de 2 bilhões de pessoas até o ano de 2050. Diante deste fato é crucial abordar aspectos relacionados à qualidade de vida nos idosos, visando promover o envelhecimento saudável.

À medida que o tempo avança, a busca por soluções que enfrentem as mudanças decorrentes do envelhecimento torna-se cada vez mais relevante (DEMINICE et al,2016). Nesse contexto, o uso de creatina emerge como uma alternativa capaz de proporcionar benefícios em diversos aspectos para essa população. Quando combinada com a prática de exercícios físicos, a creatina demonstra potencial para aprimorar a capacidade funcional e promover a saúde geral (MELO; ARAÚJO; REIS, 2016).

A resposta à suplementação de creatina é influenciada pelo consumo alimentar desse composto. Indivíduos com uma dieta carente em alimentos ricos em creatina, como aves, carnes e frutos do mar, geralmente apresentam níveis reduzidos desse composto nos músculos, o que os torna mais propensos a responder positivamente à suplementação. Considerando que os idosos tendem a reduzir a ingestão de carne, isso pode ser vantajoso para otimizar os benefícios da suplementação com creatina (CANDOW et al., 2019).

Objetivo Geral:

Analisar os efeitos da suplementação de creatina na qualidade de vida da população idosa.

Objetivos Específicos:

Investigar os benefícios fisiológicos da suplementação de creatina em idosos. Avaliar o impacto da creatina na função muscular e força em idosos.

Verificar se a suplementação de creatina contribui para a melhoria da composição corporal em idosos.

METODOLOGIA

A pesquisa será conduzida por meio de revisão sistemática da literatura, com a seleção de estudos que investigam os efeitos da suplementação de creatina em idosos. A busca será realizada em bases de dados científicas, são elas: PubMed e Scopus, utilizando termos específicos relacionados à creatina, idosos e qualidade de vida.

Foram incluídos artigos escritos nas línguas portuguesa e inglesa, publicados nos últimos 10 anos, sem restrição de sexo dos participantes, e com o filtro de idade para estudos realizados com pessoas com idade superior a 50 anos.

Com a aplicação dos métodos de busca descritos, foram encontrados 260 artigos. Em seguida, foram aplicados os critérios de inclusão, na seguinte ordem: a partir da seleção de artigos com texto completo disponível, foram encontrados 190 artigos; ao serem selecionados ensaios clínicos e tratamento, encontraram-se como resultado 160 artigos. Por fim, ao buscar-se por artigos publicados nos últimos 10 anos (2015-2025), foram encontrados 55 artigos (Figura 1).

Depois da avaliação crítica dos títulos e resumos com base nos critérios de exclusão, foram selecionados 05 artigos.

Figura 1. Seleção de artigos

RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Segue abaixo a lista de autores encontradas na busca bibliográfica (Tabela 1).

Tabela 1. Artigos usados neste estudo.

Chilibec et al (2017) realizou uma revisão sistemática e uma metanálise de ensaios clínicos randomizados para entender os efeitos da suplementação de creatina combinada com treinamento resistido em idosos. Foram analisados 22 estudos, incluindo 721 participantes com idades entre 57 e 70 anos. A suplementação de creatina, quando combinada com o treinamento resistido realizado de 2 a 3 vezes por semana durante 7 a 52 semanas, resultou em aumentos significativos na massa magra, na força do chest press e na força do leg press em comparação com o grupo placebo. Os resultados destacam que a suplementação de creatina tem um impacto positivo na massa muscular e na força corporal superior e inferior em idosos submetidos a treinamento resistido. No entanto, apesar desses efeitos observados, os mecanismos exatos pelos quais a creatina exerce esses benefícios ainda precisam ser mais detalhadamente investigados e explicados. A revisão aponta para diversos mecanismos potenciais pelos quais a creatina pode influenciar o aumento da massa magra e da força muscular, mas sua completa compreensão requer uma avaliação mais abrangente.

Melo et al (2016) sugere que a suplementação de creatina pode potencializar esses benefícios. O seu estudo procurou investigar as mudanças na composição corporal de jovens e idosos submetidos a um programa de treinamento neuromuscular, comparando aqueles que receberam suplementação de creatina com os que não receberam. Participaram do estudo 22 jovens (Grupo A), com idade entre 18 e 25 anos, e 20 idosos (Grupo B), entre 60 e 70 anos, ambos saudáveis e de ambos os sexos, sob orientação de um nutricionista. O percentual de gordura não teve diferença significativa, enquanto a massa corporal mostrou diferença apenas no grupo que recebeu suplementação. Esse uso combinado pode ser particularmente benéfico para os idosos, pois favoreceu o desempenho em séries múltiplas de poucas repetições de musculação, indicando potenciais vantagens para enfrentar os efeitos do envelhecimento. O estudo se concentra na eficácia da suplementação de creatina em doses reduzidas, combinada com treinamento de resistência, para a massa magra, força e massa óssea em idosos. Realizado ao longo de 12 semanas, foi um estudo de grupos paralelos, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo.

Em um estudo feito por Pinto et al (2016) analisou participantes e distribuiu aleatoriamente em dois grupos: um que recebeu placebo mais treinamento resistido (PL + RT) e outro que recebeu suplementação de creatina junto ao treinamento resistido (CR + RT). As avaliações foram realizadas no início e ao final das 12 semanas. Os principais resultados foram a massa magra e a força, medidos por absorciometria radiológica de dupla energia (DXA) e testes máximos de dez repetições (10 RM), respectivamente. Resultados secundários incluíram a densidade mineral óssea (DMO) e o conteúdo mineral ósseo (CMO) em diferentes áreas do corpo, também avaliados por DXA. Os resultados indicaram que o grupo que recebeu suplementação de creatina junto ao treinamento resistido apresentou ganhos superiores de massa magra em comparação ao grupo que recebeu apenas placebo mais treinamento resistido (PL + RT). Conclui-se que doze semanas de suplementação de creatina em doses reduzidas, combinadas com treinamento de resistência, resultaram em aumentos na massa magra em idosos, evidenciando a possível eficácia dessa intervenção para preservar ou melhorar a massa muscular. Este estudo investigou os efeitos da suplementação de creatina e do treinamento resistido drop-set em adultos idosos não treinados. Os participantes foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu creatina enquanto o outro recebeu placebo durante 12 semanas de treino resistido drop-set.

Johanns et al (2016) investigou o efeito da suplementação de creatina e do treinamento resistido drop-set em adultos idosos não treinados. Os resultados mostraram que o treinamento resistido drop-set melhorou a massa muscular, força, resistência e funcionalidade. Homens que utilizaram creatina aumentaram a força muscular em maior extensão do que mulheres sob o mesmo suplemento. Além disso, os homens que tomaram creatina conseguiram treinar com maior resistência ao longo do tempo do que os homens que receberam placebo, e as mulheres que tomaram creatina apresentaram uma redução na substância associada ao catabolismo muscular em comparação com as que tomaram placebo. Conclui-se que a adição de creatina ao treinamento resistido drop-set contribui para aumentos na massa muscular, especialmente quando combinada com o treinamento. Além disso, a creatina parece ter efeitos mais marcantes em homens idosos não treinados em comparação com mulheres na mesma faixa etária e condição.

Os estudos de Chilibec et al. (2017), Melo et al. (2016), Pinto et al. (2016), e Johanns et al. (2016) convergem em destacar os benefícios da suplementação de creatina combinada com treinamento resistido, especialmente em adultos mais velhos. Chilibec et al. observaram que a suplementação de creatina, aliada ao treinamento resistido, resultou em aumentos significativos na massa magra e na força muscular superior e inferior em idosos. No entanto, ressaltaram a necessidade de investigações mais detalhadas sobre os mecanismos exatos pelos quais a creatina exerce esses benefícios.

Melo et al. (2016) enfatizaram que a suplementação de creatina durante um programa de treinamento neuromuscular mostrou diferenças na massa corporal, sugerindo que essa combinação pode ser particularmente benéfica para enfrentar os efeitos do envelhecimento, favorecendo o desempenho em musculação.

Pinto et al., (2016) em um estudo similar, observaram que a adição de creatina ao treinamento resistido resultou em ganhos superiores de massa magra em comparação com o grupo que recebeu apenas o treinamento, destacando a eficácia dessa intervenção para preservar ou melhorar a massa muscular em idosos.

Johanns et al. (2016) corroboraram essas descobertas, apontando que a creatina, quando combinada com o treinamento resistido drop-set, contribuiu para aumentos na massa muscular, força, resistência e funcionalidade, sendo mais pronunciada nos homens idosos não treinados.

Todos esses estudos convergem para a ideia de que a suplementação de creatina, quando combinada com treinamento resistido, pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a massa muscular, força e funcionalidade em adultos mais velhos. No entanto, apesar dos resultados promissores, ainda há lacunas a serem preenchidas quanto aos mecanismos precisos pelos quais a creatina exerce seus efeitos benéficos, assim como a variação nas respostas entre gêneros e faixas etárias específicas.

CONCLUSÃO

Apesar desses resultados promissores, há necessidade de estudos mais aprofundados para compreender os mecanismos exatos pelos quais a creatina exerce esses efeitos benéficos. A variação nas respostas entre gêneros e faixas etárias específicas também precisa ser mais investigada para entender plenamente os benefícios e as adaptações fisiológicas resultantes dessa combinação.

Os estudos revisados apontam para a possibilidade da suplementação de creatina, em conjunto com o treinamento resistido, ser uma estratégia promissora para melhorar a massa muscular, a força e a funcionalidade em idosos. No entanto, para uma compreensão mais completa e uma aplicação mais precisa desses resultados, são necessárias pesquisas adicionais que explorem detalhadamente os mecanismos e a variabilidade nas respostas a essa intervenção.

REFERÊNCIAS

CHILIBECK,    P.D.;    KAVIANI,    M.;    CANDOW,    D.G.;    ZELLO,  G.A. Effec  of creatinesupplementation during resistance training on lean tissue mass and muscularstrength in older adults: a meta-analysis. Open Access Journal of Sports Medicine. v 8. n. 1. p. 213- 223,2017.

JOHANNSMEYER, S.; CANDOW, D.G.; BRAHMS, C.M.; MICHEL, D.; ZELLO, G.A. Effect of creatine supplementation and drop-set resistance training in untrained aging adults. Experimental Gerontology. v. 83. n.1p. 113-119, 2016.

MELO, A. L.; ARAÚJO, V. C.; REIS, W. Efeito da suplementação de creatina no treinamento neuromusculare composição corporal em jovens e idosos. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 10, n. 55, p.79-86, . 2016.

PINTO,C.L.;BOTELHO,P.B.;CARNEIRO,J.A.;MOTA,J.F.    Impact  of   creatine supplementation in combination with resistance training on lean mass in the elderly. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle. v. 7. n. 4. 2016. p. 414-419, 2016.

RODRIGUES, T.A.; MONTEIRO, V.C.O.; BARBOSA, L.S.T. Benefícios da suplementação de creatina em idosos. In: Congresso Internacional de Envelhecimento humano. Campina Grande-PB, 2020.


1 Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil

2 Orientador e Docente do Centro Universitário UNINORTE, Rio Branco, AC, Brasil.

*Autor correspondente: gabrielarruda800@gmail.com