OS CUIDADOS ODONTOLÓGICOS À PACIENTES PORTADORES DE HANSENÍASE EM TRATAMENTO: REVISÃO INTEGRATIVA

DENTAL CARE FOR LEPROSY PATIENTS UNDERGOING TREATMENT: INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10079763


Laura Brenda Leite Costa1
Anni Pereira Souza Lima2
Amujacy Tavares Vilhena3


RESUMO

Objetivo: Identificar as principais produções científicas que referem os cuidados odontológicos para pacientes em tratamento de hanseníase e analisar descritivamente os resultados para a construção do conhecimento na área. Método: Revisão Integrativa de literatura (RIL) através da identificação dos artigos publicados no período de 2000 a 2020. Utilizou-se a PICO como estratégia de identificação, seleção dos artigos e levantamento de estudos indexados disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde – BVS, SciELO e Pubmed. A análise dos estudos foi realizada de forma descritiva com objetivo de responder a pergunta de pesquisa, através do fluxograma PRISMA de 2015. Foram identificados 243 artigos, dos quais foram excluídos 227 artigos, seguindo os critérios de elegibilidade. Resultados:Os dados evidenciam que os cuidados odontológicos aos pacientes em tratamento de hanseníase são essenciais devido a ocorrência de doenças periodontais, lesões de cáries e inflamações da mucosa associado a carga bacilar e sua terapêutica. Nesses cuidados são essenciais o atendimento multiprofissional, humanizado e singular. Conclusão: Conclui-se que a participação do cirurgião dentista na linha de cuidado aos pacientes hansenianos em tratamento é de suma importância, devido aos efeitos adversos da medicação, agravos e prevenção de sequelas durante o tratamento que impactam diretamente na cavidade oral.

Palavra-chave: Odontologia, Saúde Bucal, Hanseníase

ABSTRACT

Objective: Identify the main scientific productions that refer to dental care for patients undergoing leprosy treatment and descriptively analyze the results to build knowledge in the area. Method: Integrative Literature Review (Ril) through the identification of articles published from 2000 to 2020. Pico was used as an identifi- cation strategy, selection of articles and survey of indexed studies available at the Virtual Health Li- brary-BVS, Scielo and Pubmed. The analysis of the studies was performed descriptively with the objective of answering the research question, through the 2015 Prism Flowchart. 243 articles were identi- fied, from which 227 articles were excluded, following the eligibility criteria. Results:Data show that dental care to leprosy patients are essential due to the occurrence of periodontal diseases, caries lesions and mucosal inflammation associated with bacillary load and its therapy. In these precautions, multiprofessional, humanized and singular care is essential. Conclusion: It is concluded that the participation of the dental surgeon in the care line of Hansenian patients in treatment is of paramount importance due to the adverse effects of medication, grievances and prevention of sequelae during treatment that directly impact the oral cavity.

Keyword: dentistry, oral health, leprosy

1. INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta principalmente pele, nervos periféricos e mucosas (MARTINS et. al., 2005). Embora a forma de transmissão exata não seja conhecida, o alto número de microrganismos nas secreções nasais sugere que, em alguns casos, o sítio inicial de infecção possa ser a mucosa nasal ou orofaringeana (NEVILLE, 2009).

Baseando-se na predileção do bacilo de Hansen pelos nervos periféricos, na hipótese da cavidade oral ser rota de entrada e saída do bacilo no organismo, e pelo resultado de estudos utilizando a PCR que confirmaram a presença do bacilo na cavidade oral (Santos et al., 2007), percebe-se a necessidade de avaliar a sensibilidade intra-oral dos sujeitos com hanseníase para identificar a presença ou não de comprometimento dos nervos periféricos.

A hanseníase ainda representa um grave problema de saúde pública, considerada uma doença de notificação compulsória. Constata-se que houve uma diminuição da prevalência da doença nos últimos 20 anos, isto se deve a contribuição das ações de descentralização das campanhas de controle e em grande parte pela introdução da poliquimioterapia (PQT). Porém, no Brasil e em diversos outros países essa queda substancial não ocasionou alterações quanto aos aspectos de transmissibilidade (OMS, 2014).

No contexto da Hanseníase, o cirurgião dentista atua em ações de promoção e prevenção de saúde bucal. Tem como competência prestar assistência odontológica realizando a avaliação diagnóstica, tratamento, reabilitação e prevenção. Além dessas ele desenvolve ações educativas, ações integradas com outros profissionais, apoia a pesquisa em odontologia o que é essencial para gerar a base de conhecimento que fundamenta a prática clínica, além de poder identificar o impacto da hanseníase e do tratamento na vida destes pacientes.

A escassez de estudos nesta área específica resulta em dificuldades em elaborar e implementar programas com protocolos direcionados a estas situações de forma eficaz. Mais que uma doença negligenciada se reconhece nos indivíduos portadores desta enfermidade, pessoas negligenciadas que requerem uma atenção integral e intersetorial onde a saúde bucal é parte importante.

Diante desse cenário, este estudo tem o objetivo conhecer as evidências sobre os cuidados recomendados para os serviços odontológicos durante as consultas aos pacientes em tratamento de hanseníase. E como objetivos específicos: Caracterizar e mapear as produções científicas quanto a base de dados, periódico, autores, objetivos, resultados e ano de publicação; evidenciar as categorias de cuidados publicadas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1. HANSENÍASE NO BRASIL

Dados vem demonstrando um aumento de novos casos de hanseníase no Brasil, principalmente em áreas periféricas que o saneamento básico é ausente. Muitos pacientes e também profissionais de saúde desconhecem os sinais e sintomas da doença no estágio inicial o que acarreta muitas vezes a um diagnóstico tardio e como consequência a estágios avançados da doença. O profissional da odontologia recebe esses pacientes nas ESF e consultórios particulares, mas por falta de conhecimento e capacitação deixam de encaminhar esses pacientes para realização de exames específicos na rede de atenção para realizar um diagnóstico preciso e a realização dos primeiros cuidados.

O conhecimento das condições de saúde bucal torna-se, portanto, importante do ponto de vista científico e do ponto de vista de saúde pública, pois pacientes portadores de hanseníase fazem parte de uma população de alto risco. Isto faz do cirurgião-dentista mais um profissional da saúde a compor a equipe multiprofissional na identificação e controle da hanseníase.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a hanseníase ainda constitui um problema de saúde pública, sendo registrados 228.474 novos casos em 15 países que atingiram 1000 ou mais casos novos no mundo durante o ano de 2010. Atualmente, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência da hanseníase, e ainda registra cerca de 30 mil novos casos por ano, sendo o segundo em número absoluto de casos no mundo perdendo apenas para a Índia (OMS, 1992).

A doença apresenta tendência de estabilização dos coeficientes de detecção, mas ainda em patamares muito altos nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, onde se concentra a maioria dos casos detectados.

O Programa Nacional de Controle da Hanseníase, do Ministério da Saúde, criou, em 2012, o plano integrado que inclui ações estratégicas de eliminação da doença. As metas para 2011-2015 eram alcançar prevalência < 1 caso/10.000 habitantes, alcançar e manter 90% de cura nas coortes de casos novos, aumentar a cobertura de exame de contatos intradomiciliares para 80% dos casos novos e reduzir o coeficiente de detecção de casos novos em < 15 anos em 26,9%. Adicionalmente, a “Estratégia global para a redução de morbidade por hanseníase” (2011-2015), pela OMS, prioriza a detecção precoce da hanseníase antes da instalação de danos neurais e pretende reduzir o coeficiente de casos novos diagnosticados com incapacidades grau II para cada 100.000 habitantes em pelo menos 35% (OMS, 2010).

Em 2014 foram registrados 33.303 novos casos, possuindo uma prevalência de 1,24 p/10.000 hab. A região Norte apresenta uma prevalência de 3,24 p/10.000 hab., já seu coeficiente de detecção está em torno de 42,64 casos novos por 100 mil habitantes. Em 2012 foram registrados no Estado do Pará 3970 casos novos de hanseníase, dados do IDEB-2012 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013). Em contrapartida, o Estado do Rio Grande do Sul apresentou apenas 146 casos novos no mesmo período.

2.2. A HANSENÍASE NO ESTADO DO PARÁ

O Estado do Pará por meio da secretaria de estado de saúde pública promove ações de enfretamento por todas as regiões de saúde do território paraense. Observou-se nos últimos levantamentos aproximadamente 30 doentes para cada 100 mil habitantes por isso o Estado é considerado de alto risco para a doença. Em 2017 foram registrados 2.351 casos, número pouco menor que os 2.489 casos de 2016 (SESPA, 2019). Embora todos os municípios tenham um programa implantado, há uma cobertura de apenas 55% na atenção básica. Com a municipalização dos serviços de saúde cabe a cada município ampliar a sua cobertura para realizar o diagnóstico precoce evitando os agravos e sequelas da hanseníase.

Neste contexto as ações e campanhas de promoção e prevenção estão sendo intensificadas por causa dos números que todos os anos vem aumentando, haja vista que a meta de erradicação da hanseníase prevista pelo Ministério de Saúde não foi almejada face a vários determinantes em saúde nas cinco regiões do Brasil.

2.3. HANSENÍASE E SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A hanseníase é uma doença crônica infecciosa granulomatosa causada por um bacilo álcool-ácido resistente, Mycobacterium leprae, de evolução lenta que apresenta um tropismo peculiar para pele, nervos periféricos e mucosas, em especial ao trato respiratório, podendo afetar outros órgãos como o fígado, os testículos, os olhos e a cavidade bucal (ALFIERI et al. 1983).

A doença apresenta tendência de estabilização dos coeficientes de detecção, mas ainda em patamares muito altos nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, onde se concentra a maioria dos casos detectados.

Esse tema desperta interesse pelo fato de ser o trato respiratório superior a principal porta de entrada e via de eliminação bacilar. A mucosa nasal é comprometida nas fases iniciais da doença, freqüentemente precedendo o aparecimento das manifestações cutâneas. A mucosa oral pode ser contaminada por bacilos presentes na secreção que desce pela rinofaringe, mas, apesar dessa contaminação, verifica-se uma resistência da mucosa oral ao surgimento de lesões. Essas praticamente se restringem a pacientes multibacilares em estágios avançados da doença, o que sugere que a invasão da mucosa oral é decorrência da bacilemia pela disseminação e multiplicação bacteriana (ABREU et al., 2006).

Além das lesões na pele que são patognomônicas, os casos de hanseníase com diagnóstico tardio podem se manifestar com alterações faciais, como paralisia, madarose e infiltrações na testa, nariz e orelhas, comprometendo muitas vezes as expressões faciais. Opromolla et al em 2003, ao discutirem fatores relacionados ao diagnóstico tardio da hanseníase, fazem referência ao desconhecimento de muitos profissionais de saúde sobre as manifestações da hanseníase e acrescentam também a pouca importância que os profissionais de saúde dão as alterações faciais, passando desapercebidas, quer estando acentuada ou não, e que podem expressar algum sinal patológico. Ainda que tais sinais se manifestem em casos avançados, estes refletem a manutenção da endemia.

As lesões incapacitantes em áreas visíveis ao Cirurgião dentista, como mãos, braços e face, inclusive olhos, podem passar despercebida, por isso é necessária uma boa capacitação em relação as manifestações clínicas. No entanto, quando os indivíduos com hanseníase apresentam incapacidades físicas nestas áreas do corpo aumenta a possibilidade de o CD suspeitar da presença de hanseníase (CORTELA et al., 2008).

Muitas são as ações e pesquisas para o controle da hanseníase, mas são escassos os trabalhos sobre o comprometimento da mucosa bucal nos hansenianos, mesmo considerando o trato respiratório superior como sendo a via mais importante de eliminação e transmissão do M.l eprae. Este fato acontece provavelmente em virtude de a cavidade oral raramente ser examinada e na maioria dos casos não causar nenhum incômodo (OPROMOLLA et al., 2003).

2.4. A ODONTOLOGIA, OS PROBLEMAS ODONTOLÓGICOS E AS POSSIBILIDADES DE CUIDADOS

A rede de assistencia a saúde no Estado do Pará oferece o tratamento para hanseníase em todos as estratégias de Saúde da Família. Além disso possui um Centro de Referência Estadual para Hanseníase – Dr. Marcelo Cândia com Ambulatório de hansenologia, que acompanham os casos considerados mais graves. É observada uma melhoria das atividades de notificação de casos novos de hanseníase nas unidades de saúde municipais, entretanto a maioria dos eventos ainda é diagnosticada no Centro de Referência Marcelo Cândia no município de Marituba que serve de acolhimento, diagnósitco e tratamento. Esta unidade de saúde possui uma equipe de saude bucal que participa dos cuidados compartilhados junto a equipe multiprofissional.

Avaliando a relação da saúde bucal com a hanseníase, verifica-se que as infecções odontológicas podem ser fatores desencadeantes de episódios de reações hansênicas, reações estas que são períodos de inflamação aguda no curso de uma doença crônica que podem afetar os nervos. Esta inflamação aguda é causada pela atuação do sistema imunológico do hospedeiro que ataca o Mycobacteriumleprae.Uma vez que os bacilos da hanseníase afetam a pele e os nervos, as reações hansênicas causam inflamação nestes lugares, podendo também afetar outros órgãos, tais como gânglios, causando aumento dos mesmos. A inflamação em um nervo pode causar graves danos como a perda da função(sensitiva e motora) devido ao edema e à pressão exercida no nervo. As reações podem ser classificadas como do tipo 1 e tipo 2, de acordo com suas características, implicando na patogênese dos danos neurais com potencial incapacitante e de deformidades físicas e constituem um dos principais complicadores no manejo clínico do paciente (MARTELLI et al., 2002).

O tratamento específico da hanseníase indicado pelo Ministério da Saúde é a poliquimioterapia, um conjunto de medicamentos associados e padronizados pela Organização Mundial de Saúde – OMS (BRASIL, 2008) e foi introduzida no Brasil em 1986. O referido tratamento deve ser realizado no Centro de Saúde da Família mais próximo da casa do paciente e no qual ele esteja cadastrado, sendo de enorme importância no controle da doença, interrompendo a sua cadeia de transmissão (BRASIL, 2008).

O esquema de poliquimioterapia incorpora a combinação de drogas bactericidas e bacteriostáticas: rifampicina e dapsona nos casos paucibacilares com duração mínima de seis meses; e rifampicina, dapsona e clofazimina nos casos multibacilares, com duração mínima de 12 meses (WHO, 1998).

De acordo com AARESTRUP etal.,1995, do ponto de vista clínico, as principais manifestações bucais associadas à hanseníase referem-se a alterações gengivais na porção anterior da maxila, palato duro e mole, úvula e língua. Não existem, entretanto, lesões patognomônicas na cavidade oral ( MOTTA etal., 2008). Podem ser observados nódulos que em algumas situações evoluem para necrose e ulceração, sem haver sintomas. O grau de envolvimento do palato está muito relacionado com a duração da doença, representando um importante marcador clínico aninhado a outras manifestações sistêmicas (DIALLO, 1992). Além disso, lesões bucais secundárias são observadas com o tratamento ou com reações secundárias. Ante a possibilidade de ocorrência destas lesões, a avaliação sistemática do padrão das condições bucais é recomendada na rotina dos serviços (ABREU etal., 2006).

De acordo com o Ministério da Saúde (2008), dentre as atribuições dos profissionais da atenção básica/Saúde da Família no controle da hanseníase, tem-se queo cirurgião-dentista deve: identificar sinais e sintomas da hanseníase e encaminhar os casos suspeitos para o médico e enfermeiro; desenvolver ações educativas e de mobilização, envolvendo a comunidade e equipamentos sociais, relativas à importância do autoexame, ao controle da hanseníase e combate ao estigma; contribuir e participar das atividades de educação permanente dos membros da equipe quanto a prevenção, manejo do tratamento, ações de vigilância epidemiológica, efeitos adversos dos medicamentos e prevenção de incapacidades; realizar avaliação programática de portadores de hanseníase, com o objetivo de estar atento para as infecções da boca, que são importantes causas de predisposição para complicações e estados reacionais (BRASIL, 2008).

A questão da saúde bucal insere-se na perspectiva da integralidade do cuidado a essas pessoas, sejam elas casos novos em tratamento ou não com a poliquimioterapia, sejam elas casos antigos, no momento do pós-alta da poliquimioterapia. Aliados à ação direta da bactéria, os processos imunológicos reacionais em qualquer momento da doença podem amplificar as necessidades de atenção dessas pessoas, inclusive em termos odontológicos (ALMEIDA. 2011).

A atuação do cirurgião dentista é de extrema relevancia pois ele participa do diagnóstico precoce, mas para isso, o cirurgião deve estar capacitado e treinado para identificar os sinais e sintomas da doença e uma vez diagnosticado, quando o paciente inicia o tratamento , as consultas odontológicas frenquentes ajudarão a prevençao de agravos em decorrencia da poliquimioterapia e os efeitos colaterais do terapia na cavidade oral.

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura (RIL). A RIL determina o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto, contribuindo, pois, para uma possível repercussão benéfica na qualidade dos cuidados prestados ao paciente (SILVEIRA, 2005).

Stetler et al (1998) afirma que o impacto da utilização da revisão integrativa se dá não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos e procedimentos, mas também no pensamento crítico que a prática diária necessita.

Utilizou-se as seis fases do processo de elaboração desta revisão: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa (SOUZA et al., 2010).

A elaboração da questão de pesquisa foi fundamentada na estratégia PICo (NOBRE; BERNARDO, 2006), classificando-se como: P – Pacientes com hanseníase em tratamento; I – consultas odontológicas; Co – cuidados ou protocolos de atendimentos durante a consulta. Neste sentido, a questão norteadora para conduzir a revisão integrativa foi: Quais os cuidados recomendados na literatura, para os serviços de odontologia durante as consultas aos pacientes portadores de hanseníase em tratamento?

Na operacionalização dessa revisão, utilizamos como estratégia de identificação e seleção dos artigos o levantamento de estudos indexados nos bancos de dados disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências de Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e PUBMED.

Esta revisão integrativa foi conduzida segundo as recomendações PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses) (MOHER et al. 2009). Os termos utilizados na seleção foram delimitados, a partir das palavras-chave presentes em artigos adequados ao tema, lidos previamente de forma não sistemática e por meio de consulta às coleções de termos cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Foram utilizados os seguintes descritores: “odontologia”, “hanseníase”, “saúde bucal”, ¨cuidados odontológicos¨, ¨protocolos¨ e ¨tratamento¨.

Em todas as bases de dados empregamos estes descritores controlados como palavras- chave, isso justifica-se uma vez que buscamos selecionar o maior número de artigos referente ao tema proposto. As palavras-chave foram empregadas nos idiomas português, juntamente com os conectores booleanos AND e OR durante a busca. A estratégia de busca utilizada foi estruturada da seguinte forma, (hanseníase) AND ((saúde bucal) OR (odontologia) OR (tratamento) OR (cuidados odontológicos) OR (protocolos)), realizando as adaptações necessárias de cada base de dados.

Os critérios de inclusão utilizados para a seleção da amostra foram: todos os artigos baseados em pesquisas da área de interesse que foram publicados na íntegra e que se propuseram a identificar os cuidados que os cirurgiões dentistas devem ter com os pacientes de hanseníase em tratamento. Artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais; periódicos indexados nos bancos de dados BVS, SCIELO e PUBMED e artigos publicados de 2001 até o ano de 2020. O ano de 2001 faz referência ao ano de introdução da Equipe de Saúde Bucal ao programa Saúde da Família como critério de exclusão os relatórios de dissertações e teses, manuais de saúde e os artigos cujo resumo não contemplaram o objeto em estudo.

Após a busca nas bases de dados e estabelecidos artigos selecionados, chegou-se ao total de 16 estudos. Foi realizada leitura de todos os títulos e resumos, respeitando-se os critérios de inclusão e exclusão, selecionando os estudos para análise detalhada. A síntese dos resultados obtidas nas etapas de triagem dos artigos são apresentados na Figura 1. Na busca inicial, foram identificadas 243 publicações. Após exclusão de duplicatas e avaliação de títulos (n-180) e artigos na integra (n-47), permaneceram 16 publicações.

A análise dos estudos foi realizada de forma descritiva com objetivo de responder a nossa pergunta de pesquisa, através do fluxograma PRISMA de 2015.

Figura 1 – Fluxograma da identificação, seleção e inclusão dos estudos para composição da amostra da RIL.


4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os dados incluídos neste estudo revelam que há uma distribuição não homogenia em relação ao ano que ocorreram as publicações. Nos anos de 2008, 2014 e 2020 foram publicados dois artigos e estão apresentados do Quadro 1. Nos vintes anos de introdução da Equipe de Saúde Bucal ao programa Saúde da Família, apenas 16 artigos foram encontrados com a temática da odontologia e os cuidados com pacientes em tratamento de hanseníase. Os estudos foram publicados em periódicos diferentes e a maioria em periódicos brasileiros, foto que pode estar associado a alta prevalência de casos de hanseníase no Brasil.

Quadro 01 – Distribuição dos estudos analisados quanto ao autor/ano, periódico, título e objetivo

AUTOR
ANO
PERIÓDICOTÍTULOOBJETIVO
01Martins et al.
2016
Revista do Institutode MedicinaTropical do estadode São PauloDentists’ knowledge and experience regard- ing leprosy in an en- demic area in BrazilAnalisar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre a hanseníase, suas formas de transmissão, características clínicas, tratamento e cuidados prestados aos pacientes, bem como suas experiências com suspeita diagnóstica e encaminhamento.
02Dave et al.
2013
InternationalDentalJournalLeprosy and its dental management guidelinesAvaliar as manifestações orofaciais da doença em pacientes atendidos nas clínicas do Projeto de Hanseníase em Bombaim e desenvolver diretrizes clínicas para dentistas.
03Almeida et al. 2011Cadernos SaúdeColetivaContribuição do cirurgião-dentista no controle da hanseníaseAvaliar o conhecimento, atitudes e práticas do cirurgião- dentista (CD) no controle da hanseníase na Secretaria Executiva Regional III (SER III), município de Fortaleza (CE), Brasil, sensibilizando para o diagnóstico precoce de infecções da boca, que são importantes eventos predisponentes de complicações e estados reacionais.
04Cortela et al.
2008
Revista BrasileiradeEpidemiologiaLesões visíveis na hanseníase: o papel do cirurgião-dentista na suspeita de casos novosAnalisar as principais características epidemiológicas dos portadores de hanseníase com ênfase na área de localização das lesões.
05Cortela et al.

2008
Revista. OdontociênciasConhecimento e experiências do cirurgião-dentista sobre hanseníase em Cáceres, MT, BrasilAnalisar o conhecimento e as experiências dos CDs relativos à suspeita diagnóstica e ao encaminhamento de casos de hanseníase.
06Almeida et al.

2017
Revista do Institutode MedicinaTropical do estadode São PauloOral health conditions in leprosy cases in hyperendemic area of the Brazilian AmazonAnalisar o perfil clínico- odontológico, a autopercepção do acesso aos serviços de saúde bucal e saúde bucal dos casos de hanseníase no município de Cacoal, Rondônia, no período de 2001 a 2012.
07Filgueiras et al.

2014
Epidemiologia eServiçosdeSaúdeSaúde bucal em indivíduos com hanseníase no município de Sobral, CearáAvaliar a condição de saúde bucal de pacientes com hanseníase no município de Sobral, estado do Ceará, Brasil.
08Feng et al.

2014
Leprosy ReviewDental health and treatment needs in people with leprosy in ChinaAvaliar o estado de saúde bucal e as necessidades de tratamento das pessoas afetadas pela hanseníase na China e fornecer uma base para o desenvolvimento de programas nacionais ou regionais de saúde bucal para cobrir as necessidades de tratamento dessa população.
09Almeida et al. 2013Ciências&SaúdeColetivaAutopercepção de pessoas acometidas pela hanseníase sobre sua saúde bucal e necessidade de tratamento.Avaliar a autopercepção sobre a saúde bucal e a necessidade de tratamento em pacientes com hanseníase na cidade de Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil
10Russo et al. 2005Revista OdontociênciasAspectos da doença de Hansen relevantes para o cirurgião-dentista: revisão da literaturaRealizar uma revisão bibliográfica visando informar o cirurgião-dentista sobre a situação atual da DH no Brasil, suas manifestações bucais, sequelas que repercutem na saúde bucal e dar subsídios para que o profissional participe do diagnóstico desta doença
11Santos et al.
2007
Anais Brasileiro deDermatologiaPesquisa de Mycobacterium leprae em biópsias de mucosa oral por meio da reação em cadeia da polimeraseDeterminar se o genoma do Mycobacterium leprae pode ser encontrado pelo teste da PCR em biópsias com punch da mucosa oral de pacientes com hanseníase
12Tehari et al.

2012
Medicina Oral,Patologia Oral yCirugiaBucalOro-facial manifestations of 100 leprosy patientsVerificar a frequência de acometimento oral e facial em pacientes com diagnóstico de hanseníase
13Tavares et al.
2019
Revista Acervo eSaúdeAtenção odontológica aos pacientes portadores de hanseníase: uma revisão integrativa.Avaliar quais os conhecimentos e cuidados da odontologia na literatura voltados aos pacientes que estão em tratamento de Hanseníase.
14Martinez et al.,

2012
Anais eletrônicosda I conferênciainternacional degestão emsistemas dainformaçãoAtendimento odontológico no centro de referência nacional em dermatologia sanitária e hanseníase de uberlândia/mgRelatar a rotina de atendimento do odontólogo no Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária e Hanseníase de Uberlândia, ressaltando a importância do tratamento odontológico na qualidade de vida do paciente com hanseníase
15Wiwanitkit et al., 2013Indian JournalLeprosy
1
2 Oral health status
in leprosy
Avaliar os aspectos da hanseniase na cavidade oral e o cuidado muitiprofissional durante o tratamento por poliquimioterapia.
16FILGUEIRA, 2020Cadernos desaúdecoletivaRelação da saúde bucal com reações hansênicas em município hiperendêmico para hanseníaseavaliar as condições de saúde bucal de indivíduos acometidos por sequelas de hanseníase e reações hansênicas atendidos no Ambulatório de Hanseníase de Sobral, no Ceará, comparando os dois grupos quanto às doenças bucais e ao uso dos serviços odontológicos

Fonte: dados coletados de estudos publicados no período de 1990 a 2021

Em relação aos objetivos dos estudos incluídos a maioria relaciona-se a questões epidemiológicas da hanseníase e às condições da saúde bucal desse grupo de usuários como a avaliação da cavidade bucal, avaliação da rotina e protocolos para o cuidado com as sequelas. Em três estudos a avaliação da autopercepção dos usuários em relação aos serviços odontológicos. Nesse sentido, observa-se que as diretrizes clínicas para o tratamento de pessoas portadoras e em tratamento de hanseníase é lacuna nas produções científicas brasileiras.

Na busca por responder ao objetivo do estudo, a coleta foi guiada para identificação nos artigos pesquisados das evidencias apresentadas sobre os cuidados e recomendações no atendimento a este grupo de usuários (Quadro 2). Identificou-se que seis artigos apresentam de forma mais clara sobre os cuidados e as recomendações para os serviços odontológicos durante as consultas aos pacientes em tratamento de hanseníase.

QUADRO 02 – Distribuição dos estudos analisados quanto ao autor/ano, periódico, cuidados e recomendações

AUTOR ANO PERIÓDICO CUIDADOSRECOMENDAÇÕES
01Martins et al.
2016
Revista doInstituto deMedicina Tropicaldo estado de SãoPaulo Educação em saúde para explicar a relação han- seníase e envolvimento da cavidade oral para maior adesão aos cuidados odontológicos; acompan- har a alta prevalência de doença periodontal crôni- ca inflamatória (DCPI) em doentes de hanseníase pode estar relacionada às alterações da resposta imunológica desses indi- víduos, assim como às reações hansênicas.Devido à alta prevalência de Doença Periodontal Crônica Inflamatória em pacientes com hanseníase, devido à presença do Mycobacterium leprae na mucosa gengival, fortalecendo a relevância e a necessidade de consultas periódicas ao Cirurgião Dentista nas ações de controle da hanseníase com envolvimento da cavidade oral.
05Cortela et al.

2008
Revista. OdontociênciasAvaliação dos sinais e sintomas na cavidade oral que podem aparecer durante o tratamento.Consultas periódicas com um olhar de clínica ampliada, holística e singular.
09Almeida et al. 2013Ciências&SaúdeColetivaPrevenção de doenças gengivais e periodontais que se apresentam entre os fatores bucais mais prováveis na ocorrência dos episódios reacionais.Necessidade desses pacientes de realizar tratamento odontológico a fim de reduzir os focos de infecção em cavidade oral, diminuindo o aparecimento dos episódios reacionais e, consequentemente, melhorando as condições de vida desses indivíduos.
13Tavares et al.
2019
Revista Acervoe SaúdeAssistência odontológica realizando a avaliação diagnóstica, tratamento, reabilitação e prevenção.Ações educativas, ações integradas com outros profissionais além de poder identificar o impacto da hanseníase e do tratamento na vida destes pacientes.
14Martinez et al.,

2012
Anais eletrônicosda I conferênciainternacional degestão emsistemas dainformaçãoAvaliar alguma possível lesão de mucosa relacionada com a doença e a presença de focos infecciosos que podem prejudicar o tratamento e reações da poliquimioterapia.
Adaptar e usar meios para melhorar o uso de escovas dentais aos pacientes que não possuem um agarre das mãos.
Em caso de lesões suspeitas fazer PCR para identificação permitiram a identificação do bacilo em paciente com forma paucibacilar da doença e promovendo cuidados precoces. Além de, eliminação de focos infecciosos bucais, a fim de evitar o desencadeamento ou diminuir a intensidade de possíveis estados reacionais, auxiliando na qualidade de vida do doente.
16FILGUEIRA, 2020Cadernos de saúdecoletivaConsultas periódicas para melhorar as condições de saúde bucal dos pacientes em tratamento avaliando índice CPO-D ( cariado/perdido/obturado), e as condicões de saúde periodontal.Diminuir as a ocorrências de reações hansênicas quando há presença de infecções dentoalveolares devido à queda de imunidade e fatores externos por meio das ações clínicas para evitar o agravamento do quadro.


O estudo N05 ressalta a importância do cuidado na rede privada e pública em relação aos cuidados odontológicos aos pacientes em tratamento de hanseníase. Deve-se ter um olhar ampliado, holístico e considerando a singularidade dos pacientes. (CORTELA, 2008).

O estudo N09 refere que o fato de infecções odontológicas causarem reações hansênicas, e com isso agravar os sintomas da doença, deve ser destacado, visto que 58% dos portadores de hanseníase apresentaram episódios de reações. Com isso, uma atenção maior deve ser dada a infecções orais, visto que a detecção e o tratamento destas podem impedir a exacerbação da doença.

Nos atendimentos odontológicos aos pacientes portadores do Bacilo de Hansen, o cirurgião-dentista deve ficar atento a possibilidade de alguns sintomas iniciais tais como, algias, comprometimento neural periférico da região de face durante o tratamento. (ALMEIDA, 2017).

O estudo N16 demonstra a importância do acompanhamento do cirurgião dentista para diminuir as a ocorrências de reações hansênicas quando há presença de infecções dentoalveolares devido à queda de imunidade e fatores externos por meio das ações clínicas para evitar o agravamento do quadro.

A questão da saúde bucal insere-se na perspectiva da integralidade do cuidado a essas pessoas, tanto nos casos novos como nos antigos, e inclusive nos casos pós-alta do tratamento PQT. Os estados reacionais, que podem ocorrer inclusive em pacientes já tratados, aliados à ação direta da bactéria, podem amplificar as necessidades de atenção dessas pessoas, inclusive em termos odontológicos, podendo elevar o custo, o tempo de tratamento e o risco de dano neural levando a incapacidades permanentes ( MARTINEZ, 2012), ressalta o estudo N 14.

Pelo fato da hanseníase ser um importante problema de Saúde Pública no Brasil, o estudo N 03 considera que é de grande relevância a integração do cirurgião-dentista (CD) em todas as atividades de controle à doença. Além disso, o CD deve ter conhecimento sobre a hanseníase, pois, alguns pacientes, podem apresentar lesões bucais, mais raras, ou alterações faciais, e o profissional pode participar do diagnóstico e a atenção integral, baseada no cuidado de cada indivíduo como um todo não fragmentado abrange ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, e requer a articulação entre diversas políticas públicas (MARTINEZ et al, 2012).

Sendo assim, para uma atenção integral ao portador de hanseníase, torna-se importante avaliar a situação da cavidade oral desses indivíduos pela equipe de saúde estabelecendo relações com as formas clínicas, bem como evidenciar a importância da inclusão da atenção à saúde bucal no programa de controle da hanseníase proposto pelo Ministério da Saúde (MARTINEZ et al., 2012).

A atuação do odontólogo no tratamento dos pacientes com hanseníase, seja este preventivo, curativo ou reabilitador, visa especialmente a eliminação de focos infecciosos bucais, a fim de evitar o desencadeamento ou diminuir a intensidade de possíveis estados reacionais, auxiliando na qualidade de vida do doente (Martinez et al., 2012).

Embora trabalhos científicos ainda não apresentem os resultados da atuação do profissional de odontologia no paciente com hanseníase, a prática clínica, ainda que recente, mostra resultados positivos e promissores no que se refere à diminuição de intensidade de estados reacionais, melhora qualidade de vida e auto-estima desta estigmatizada classe de pacientes (MARTINEZ, 2012).

Percebe-se um esforço dos pesquisadores da odontologia em compreender o Mycobacterium leprae e seu envolvimento com a cavidade oral refere o estudo n 13 , e acredita-se que essa nova temática de importância à saúde pública será construída com artigos mais específicos e completos referente aos protocolos de atuação, assim, os profissionais da odontologia compreenderão melhor a patogênese da hanseníase e suas implicações aos pacientes portadores e poderão atuar como mais segurança e protocolos estabelecidos para o cuidado (TAVARES, 2020).

De acordo ao estudo N16 o objetivo de superar o modelo biomédico de atenção às doenças, a Política Nacional de Saúde Bucal propõe a inserção transversal da saúde bucal nos diferentes programas integrais de saúde sendo a implementação da linha de cuidado uma das formas mais eficazes no atendimento aos pacientes em tratamento de hanseníase (FILGUEIRA, 2020). O mesmo estudo relata que as reações e as sequelas podem ser detectadas antes, no decorrer ou depois do tratamento poliquimioterápico da doença. Como a medicação para o tratamento da hanseníase tem início logo após o diagnóstico por um profissional habilitado é importante o acompanhamento de toda a terapêutica.

A hanseníase, sendo uma doença negligenciada e em eliminação, é considerada como uma das prioridades pelo Ministério da Saúde e deve ser, portanto, um dos focos de atenção à saúde bucal por condição de vida, visto que precárias condições bucais vêm sendo apontadas como uma das causas para a piora da qualidade de vida dos pacientes acometidos pela hanseníase (FILGUEIRA, 2020).

Portanto, entende-se que a participação do cirurgião dentista na linha do cuidado, acompanhando o prognóstico e evolução do tratamento para hanseníase se faz necessário devido as diversas reações pós poliquimioterapia. A atuação de forma preventiva para o cuidado ao paciente que está submetido ao esquema medicamentoso da hanseníase e os possíveis desfechos relacionados com cavidade oral evitarão intervenções clínicas desnecessárias e promoverá maior segurança durante o tratamento.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as publicações analisadas nesta revisão com o objetivo de conhecer os cuidados e recomendações é crucial a participação do cirurgião dentista no plano de cuidado dos pacientes que estão em tratamento, devido a efeitos adversos da terapêutica e resposta exacerbadas da imunidade que produzem doenças periodontais, xerostomia (boca seca) e desenvolvimento de leões de cárie.

Foi constatado que há poucos artigos de pesquisas odontológicas referente aos cuidados odontológicos voltados a pacientes em tratamento de hanseníase e protocolos adequados à atenção odontológica. Pelo fato de a Hanseníase ser um problema de saúde pública em nosso país é importante que o cirurgião dentista tenha uma visão integral do atendimento odontológico. Este atendimento inclui o diagnóstico precoce, o encaminhamento do paciente ao tratamento, a identificação e conhecimento de lesões orofaciais características da doença como consequência da terapêutica medicamentosa. Assim, os artigos derivados das pesquisas e analisados nessa revisão, focalizando as diferentes dimensões da atuação do cirurgião dentista, apresentam vários cenários, mesmo que de forma tímida, estão contribuindo para os cuidados odontológicos, atenção integral e humanizada aos pacientes que são ou foram portadores de Hanseníase.

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1 Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade de Teologia, filosofia e ciências humanas gamaliel-FATEFIG Campus Tucuruí-Pae-mail: lala_leitee@hotmal.com

2 Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade de Teologia, filosofia e ciências humanas gamaliel-FATEFIG Campus Tucuruí-Pa e-mail: anni.lima@faculdadegamaliel.com.br

3 Docente do Curso Superior de Odontologia do Faculdade de Teologia, filosofia e ciências humanas gamaliel-FATEFIG Campus Tucuruí-Pa. Cirurgião Dentista Mestre em Saúde, Ambiente e sociedade da Amazônia. e- mail: amujacy@hotmail.com