OS BENEFÍCIOS DO USO DO PRP EM CONJUNTO COM O MICROAGULHAMENTO PARA REJUVENESCIMENTO FACIAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7274955


Bruna Sindici Beniti1
Caroline Ramos de Oliveira1
Gabrielle Dmytrak1
Mayara da Silva Grava1
Priscila Ferreira Silva2


RESUMO  

O PRP (Plasma Rico em Plaquetas) é uma técnica não muito conhecida que vem sendo utilizada na medicina e em tratamentos estéticos. Estudos já realizados apontam que o uso no tratamento preventivo contra o envelhecimento da pele, associado a outra técnica que ajude o plasma permear a pele, é mais eficaz. O objetivo deste estudo será entender como a ação mecânica do uso de microagulhamento age sobre a pele, estimulando a produção de colágeno e elastina, associada ao PRP, se beneficiando dos fatores de crescimento e nutrientes autólogos presentes nele. A proposta é realizar uma revisão bibliográfica para tentar demonstrar seus benefícios, apresentando os fatores de crescimento presentes no PRP e quais vantagens esse tratamento oferece. Este processo é feito através da coleta do sangue do paciente, que será centrifugado e, então, retirado o plasma para uso no tratamento estético. Contudo, a apresentação das técnicas será com base em revisão de artigos científicos, buscando resultados que auxiliam no retardo do envelhecimento. Após analisar os artigos científicos presentes na literatura sobre o assunto, podemos chegar à conclusão de que o uso do PRP na estética vem apresentando resultados positivos no rejuvenescimento da pele e pode ser considerada uma técnica segura, eficaz e confiável, que possui contraindicações quase nulas, por ser um componente autólogo. 

Palavras chaves: 1.PRP; 2. Rejuvenescimento; 3. Plaquetas; 4. Microagulhamento. 

ABSTRACT  

PRP (Platelet Rich Plasma) is not a well-known technique, but it has been widely used in medicine and esthetic treatments. Previously conducted studies point out that its use in preventive treatment against skin aging, associated with another technique that helps the plasma to permeate the skin, is the most efficient treatment. This study aims to understand how the microneedling procedure acts on the skin to stimulate the collagen and elastin’s production, associated with PRP, benefiting from its growth factors and autologous nutrients. The proposal is to conduct a literature review to try to demonstrate its benefits, presenting the PRP’s growth factors and which advantages this procedure offers. The process starts by withdrawing the patient’s blood and then using a centrifuge to separate the plasma from the blood cells and use it in the esthetic treatment. The technique’s presentation will be based on a review of scientific articles, seeking for results that would help delaying the aging process. After analyzing the scientific articles present in the literature on the subject, we can reach to the conclusion that the use of PRP in aesthetics has been showing positive results in skin rejuvenation and can be considered a safe, effective, and reliable technique, which has almost no contraindications, because it is an autologous component. 

Keywords: 1. PRP; 2. Rejuvenation; 3. Platelets; 4. Microneedling. 

INTRODUÇÃO 

O PRP (Plasma Rico em Plaquetas) é uma técnica não muito conhecida que está sendo explorada em diversos procedimentos com objetivo do tratamento preventivo e funcional contra o envelhecimento da pele, é um produto orgânico, autólogo e hipoalergênico, já que é utilizado o plasma sanguíneo do próprio paciente1.  

Os fatores de crescimento (FC) presentes no PRP estimulam a regeneração, a angiogênese, a mitose celular, a síntese de fibras de colágeno, a quimiotaxia dos neutrófilos, macrófagos e fibroblastos e a produção de linfócitos através da produção de interleucinas. Os principais tipos de FCs liberados pelas plaquetas são: PDGF (Platelet Derivated Growth Factors); TGF-β (Transforming Growth Factors); IGF (Insulin Like Growth Factor)2.  

A pele é o maior órgão do corpo humano e, naturalmente, com o passar dos anos vamos perdendo fibras de colágeno e de elastina que ajudam na sustentação e elasticidade da pele, o que causa uma perda de adesão entre as camadas da epiderme, criando rugas e dobras. O envelhecimento da pele pode ser causado de duas maneiras, a intrínseca e a extrínseca. O envelhecimento intrínseco é quando ocorre de maneira natural por conta de fatores genéticos e da ação da gravidade e é inevitável, já o extrínseco é o que ocorre por conta de fatores externos como sol, poluição e tabagismo. A exposição a estes fatores origina os chamados radicais livres, os quais aceleram o processo de envelhecimento3.  

Os radicais livres são moléculas produzidas o tempo todo em nosso organismo, resultante da conversão dos nutrientes dos alimentos em energia, porém nosso organismo possui enzimas que controlam o nível destes. O organismo, em situação de produção exacerbada de radicais livres, desenvolve um mecanismo de defesa contra essas substâncias, que são os chamados antioxidantes. Os antioxidantes são vitaminas e minerais que doam elétrons aos radicais livres para que continuem estáveis e não causem estresse oxidativo, assim, evitando a perda de fibras de colágeno4.  

A síntese do colágeno é realizada pelos fibroblastos, dos quais 90% das fibras dérmicas são constituídas de colágeno tipo I e II intersticial. Estas fibras proporcionam resistência a tração mecânica e são responsáveis pela elasticidade da pele2.  

No decorrer desta revisão será apresentada a técnica de utilização do PRP como bioestimulador em conjunto com o microagulhamento, esta técnica consiste em retirar o sangue do paciente, submetê-lo a centrifugação a fim de separar o plasma das células sanguíneas, e, então, utilizá-lo no tratamento estético. 

A proposta é realizar uma revisão bibliográfica com as vantagens do PRP no tratamento estético a curto e longo prazo, de forma simples, apresentando os benefícios que contribuem na redução do envelhecimento da pele e a diminuição dos riscos a reações de produtos industrializados. Esse estudo justifica-se pela crescente procura ao método, devido aos seus benefícios de cosmético natural e por ser um produto autólogo, assim, os riscos à aplicação são menores em relação às técnicas que utilizam produtos químicos5

OBJETIVOS 

Geral: 

O estudo terá como objetivo realizar uma revisão bibliográfica para entender como a ação mecânica do uso do microagulhamento age sobre a pele, estimulando a produção de colágeno e elastina associada ao PRP sobre a prevenção e preenchimento de rugas finas, se beneficiando dos fatores de crescimento e nutrientes autólogos. 

Específicos: 

  • Explicar a técnica quando utilizado somente o microagulhamento e em conjunto do PRP; 
  • Demonstrar os benefícios e possíveis contraindicações do uso do PRP; 
  • Apresentar as vantagens dos fatores de crescimento presentes no PRP. 

METODOLOGIA 

Neste estudo será realizado um levantamento bibliográfico das referências publicadas sobre o assunto em plataformas como SciElo (Scientific Eletronic Library Online), PubMed, Google Acadêmico, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), entre outras. Os descritivos utilizados foram: PRP; plaquetas; microagulhamento; rejuvenescimento facial; estética; fatores de crescimento; envelhecimento cutâneo. Foram selecionados artigos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola sem restrição temporal, por se tratar de um assunto relativamente recente. O número total de artigos utilizados nesta revisão está demonstrado na figura 1. 

Figura 1: fluxograma demonstrando a metodologia 

DESENVOLVIMENTO 

O Processo do Envelhecimento Cutâneo 

Existem duas teorias sobre o envelhecimento cutâneo, a primeira afirma que existe um conjunto de genes formando uma programação genética e cronológica para a gradual mudança no fenótipo, chamado de via intrínseca, e a segunda explica que a exposição frequente a influências danosas, levam ao envelhecimento, conhecida como via extrínseca6.  

Na via intrínseca, ocorre a modificação do material genético por meio de enzimas, proliferação celular decrescente e alteração nas proteínas do tecido, o qual perde alguns componentes importantes para a sustentação, como a elastina e o colágeno, resultando em perda na capacidade de regular as trocas aquosas, ou seja, na desidratação do tecido. A replicação das células se torna menos eficiente por conta da diminuição gradual do comprimento dos telômeros presentes na mitose celular, assim, fazendo com que haja uma perca de elasticidade da pele. Em suma, as mudanças mais significativas da pele vêm de alterações da matriz celular e das mudanças de padrão da expressão dos fibroblastos, que, na derme, ficam em fase estacionária por um longo período, apenas se proliferando caso haja um estímulo, como, por exemplo, um microagulhamento6

A via extrínseca, está associada a danos ambientais, como a indução constante de raios ultravioletas no tecido, chamado de fotoenvelhecimento, que é responsável por 90% das mudanças na pele. Outros fatores que podem causar o envelhecimento cutâneo são o tabagismo, o alcoolismo, a poluição do ar e maus hábitos alimentares. A exposição a esses fatores gera os chamados radicais livres, que são espécies químicas que possuem um número ímpar de elétrons, o que faz com que sejam extremamente instáveis. Para que esta molécula seja estabilizada é necessário fazer com que seu número de elétrons seja par6.  

Como a formação dos radicais livres é um processo constante no corpo humano, este desenvolveu um mecanismo de defesa contra os mesmos, os chamados antioxidantes, que são substâncias químicas que são capazes de “doar” um elétron para os radicais livres sem se desestabilizarem. Caso o nível de antioxidante não seja suficiente para compensar os efeitos dos radicais livres, ocorrerá o estresse oxidativo, que é extremamente nocivo para a saúde e pode causar diversas doenças6

A teoria que o envelhecimento cutâneo é resultado de danos causados por radicais livres é do médico Denham Harman, que, em 1956, baseou-se na observação de irradiação em animais, que resultou em uma formação de radicais livres, os quais diminuíram o tempo de vida dos seres vivos estudados e demostrou mudanças similares ao envelhecimento6. Plasma Rico em Plaquetas 

De acordo com Alexandre Peres Seferian (2017), a primeira aparição do PRP ocorreu por volta de 1970 como um subproduto sanguíneo das técnicas de aféreses, mas sua utilização e aplicação em procedimentos cirúrgicos aconteceram apenas após 1989. A aplicação do PRP iniciou-se na odontologia para reparação óssea, e a partir dos resultados observados, começaram a surgir diversas pesquisas para comprovação dos efeitos dos fatores de crescimento na geração de um novo tecido, também foram surgindo pesquisas em diversas áreas da medicina, como na área ortopédica e medicina esportiva, auxiliando na reparação óssea e no reparo de lesões musculares, de ligamentos e tendões, uma vez que, o PRP está envolvido na diferenciação e proliferação celular7.  O plasma rico em plaquetas é um hemoderivado autólogo, ou seja, preparado com o sangue do próprio paciente através do processo de centrifugação, logo, é um produto atóxico, orgânico e não imunorreativo. É uma técnica inovadora que vem apresentando resultados significantemente positivos. O interesse por este produto vem da grande quantidade de proteínas ativas contidas nele, como, os fatores de crescimento, citocinas, quimiocinas e proteínas adesivas que tem propriedades miogênicas e sinalizadoras2.  

O PRP está sendo utilizado em diversas áreas da saúde, apresentando resultados satisfatórios e inovadores nos tratamentos ortopédicos, com a aceleração no processo de cicatrização das lesões. Nos tratamentos estéticos, também, vem apresentando resultados satisfatórios no rejuvenescimento facial e na alopecia. Isso acontece devido a sua alta concentração de fatores de crescimento, que são osteoindutores e agem nas células ósteoprogenitoras, tendo assim um papel diferencial de auxiliar na osteogênese, promovendo também uma melhora no fluxo vascular, na proliferação de células fibroblásticas e no aumento da síntese de colágeno. Além disso, também atuam como agentes estimuladores e reguladores de processos celulares de mitose, quimiotaxia, diferenciação e metabolismo2.  

Fatores de Crescimento e suas funções biológicas 

As citocinas são proteínas essenciais para os fatores de crescimento, que regulam as respostas imunológicas e inflamatórias do organismo, de modo que são obtidas pela homeostase — quando o organismo mantém o equilíbrio mesmo quando o ambiente externo muda drasticamente — a partir da aplicação das plaquetas no local de interesse, possibilitando a cicatrização e regeneração tecidual por diferentes tipos celulares8

Os fatores de crescimento são liberados após o uso do microagulhamento ou inseridos na pele humana, colaboram com a formação celular, produção de colágeno e elastina, além de participarem na formação e divisão celular8

Desta maneira, temos os fatores de crescimento liberados pelas plaquetas, os três mais importantes são: PDGF (fator de crescimento derivado das 

plaquetas); TGF-β (fator transformador de crescimento beta); IGF-1 (Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1), os quais serão explicados em seguida. Também são encontrados outros fatores de crescimento e proteínas envolvidos nesse processo, como demonstra a tabela 18

SIGLA NOME AÇÃO/FUNÇÃO
PDGF Fator de crescimento derivado de plaquetasEstimula a ação dos fatores de crescimento, regula a produção de colágeno e divisão celular.
TGF-β Fator de crescimento transformadorDivide-se em 3 grupos: TGF-β1, TGF-β2, TGF-β3, cuja função é regular a proliferação celular, participam da angiogênese e regula, também, a atividade das células existentes na regeneração tecidual, são ativos em diferentes níveis da cicatrização. 
IGFFator de crescimento insulínicoFator semelhante à insulina. Em conjunto com os fatores PDGF e TFG- β estimula o processo de formação dos vasos sanguíneos. 
VEGFFator de crescimento do endotélio vascularDesencadeiam a mitose de células endoteliais, ajudando com a neovascularização. 
FGF Fator de crescimento fibroblásticoParticipa da cicatrização do tecido conjuntivo, associado à elastina e o colágeno, com a proliferação dos fibroblastos.
EGFFator de crescimento epitelialRegula a síntese de colágeno, participam do crescimento epitelial e auxilia no tratamento final da pele. 
Fonte: Sundaraham et al., 2019; Costa e Santos, 
2001; Macedo, 2004; Pontual et al., 2004 apud,  MEIRA, Valquíria Santos et al.

 Tabela 1: Principais fatores de crescimento. 

SIGLA NOMEAÇÃO/FUNÇÃO
PDGF Fator de crescimento derivado de plaquetasEstimula a ação dos fatores de crescimento, regula a produção de colágeno e divisão celular.
TGF-β Fator de crescimento transformadorDivide-se em 3 grupos: TGF-β1, TGF-β2, TGF-β3, cuja função é regular a proliferação celular, participam da angiogênese e regula, também, a atividade das células existentes na regeneração tecidual, são ativos em diferentes níveis da cicatrização. 
IGFFator de crescimento insulínicoFator semelhante à insulina. Em conjunto com os fatores PDGF e TFG- β estimula o processo de formação dos vasos sanguíneos. 
VEGFFator de crescimento do endotélio vascularDesencadeiam a mitose de células endoteliais, ajudando com a neovascularização. 
FGF Fator de crescimento fibroblásticoParticipa da cicatrização do tecido conjuntivo, associado à elastina e o colágeno, com a proliferação dos fibroblastos.
EGFFator de crescimento epitelialRegula a síntese de colágeno, participam do crescimento epitelial e auxilia no tratamento final da pele. 
Fonte: Sundaraham et al., 2019; Costa e Santos, 
2001; Macedo, 2004; Pontual et al., 2004 apud,  MEIRA, Valquíria Santos et al.

PDGF : É o fator que inicia sua atividade de regeneração tecidual através da sua liberação das plaquetas, que são ativadas pelo colágeno e trombina, se ligando em células-alvo, aderindo aos receptores de membrana celular, sua síntese pode ser realizada por diversas células, incluindo macrófagos, monócitos e fibroblastos. Tem como funções principais: proliferação de músculo liso, tecido conjuntivo, células gliais e remodelação de feridas8

IGF: O fator de crescimento semelhante à insulina é secretado pelos osteoblastos, que quando encontra outros fatores ajuda no processo de cicatrização, contribuindo na síntese da matriz extracelular, que é equivalente a um complexo de macromoléculas atuantes na união e adesão das células, para formar o tecido. Suas funções principais são: proliferação celular, síntese de proteínas e transporte de glicose8

TGF-β: O fator de crescimento transformador beta está relacionado com o reparo dos tecidos e regeneração óssea, é dividido em três grupos: TGF-β1, que tem função estimuladora de angiogênese, fibroplasia e inibe a produção de matriz metaloproteinase, são secretados por macrófagos, plaquetas, células endoteliais, queratinócitos, fibroblastos, células T, células do músculo liso e hepatócitos; TGF-β2, que tem as mesmas funções e mesmas células sintetizadoras do fator TGF-β1, com inclusão dos monócitos; TGF-β3, que são secretados apenas por fibroblastos, sua função é a cicatrização de feridas por meio epidérmico e endérmico na pele lesionada8

Protocolos de Obtenção do PRP O plasma rico em plaquetas pode ser obtido, tanto através da simples centrifugação do sangue, quanto através do uso de kits comerciais especializados para o preparo do PRP, como, por exemplo, o kit SW-PRP, o RegenKit® BCT, o Kit Cânula PRP Practical STD, entre outros. O sangue, que dará origem ao PRP, deve ser sempre autólogo, ou seja, retirado do próprio paciente para evitar possíveis rejeições ou contaminações do organismo. Ele deve ser coletado, preferencialmente, em tubo contendo anticoagulante citrato de sódio, por meio de punção venosa única e ininterrupta para evitar maiores danos ao tecido do paciente, geralmente, é coletado de uma das veias da fossa cubital, localizada nos membros superiores9. O volume de amostra necessário varia de acordo com a finalidade de uso do PRP, que rende aproximadamente 10% do sangue total extraído. Quando o sangue é centrifugado, são formadas 3 camadas conforme a densidade dos componentes: a mais inferior, composta pelos eritrócitos, a média, composta pelos leucócitos e plaquetas e a superior, composta pelo plasma sanguíneo, essa podendo ser subdividida em 3 frações com base na quantidade de plaquetas presentes, a mais abaixo pobre em plaquetas, a intermediária com concentração média de plaquetas e a mais acima rica em plaquetas (figura 2)10.  

Figura 2: tubo de sangue centrifugado

Fonte : FLORES et al, 2012 

Na literatura, ainda não existe um consenso sobre o protocolo exato para obtenção do PRP, alguns autores indicam a centrifugação da amostra a 1.800 rpm (rotações por minuto) por, aproximadamente, 9 minutos, outros indicam 1.400 rpm por 7 minutos, ou até mesmo protocolos de centrifugação dupla10,11. 

Vantagens e Desvantagens do PRP 

Por ser um hemocomponente autólogo, o PRP possui diversas vantagens, das quais podemos citar, as chances quase nulas de rejeições, doenças ou reações imunológicas, pois é um produto isento de quaisquer substâncias sintéticas, além de ser de fácil aquisição, baixo custo e proporcionar boa cicatrização e recuperação pós-tratamento12. Os fatores de crescimento presentes no PRP são os responsáveis pela grande maioria dos benefícios provenientes dele, como, por exemplo, o aumento da síntese de colágeno e elastina, o que produz um aumento da espessura da epiderme e aumento da quantidade de fibroblastos presentes na derme superficial, além da restauração da vitalidade cutânea e melhora na suavidade da pele e no fluxo vascular. Atualmente, não existem referências que indiquem complicações ou efeitos colaterais derivados do tratamento com PRP, porém podemos citar como desvantagem o curto tempo de vida das plaquetas, que começam a desgranulação com 3 a 5 dias e seus fatores de crescimento perdem função por volta de 7 a 10 dias após o início do procedimento. Outra desvantagem seria a interferência dos efeitos de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), pois interferem no processo de agregação plaquetária10

Técnica do Microagulhamento 

O microagulhamento, também conhecido como indução percutânea de colágeno (IPC), é uma técnica que consiste na utilização de microagulhas para causar microlesões na pele, estimulando um processo inflamatório, que resultará na produção de colágeno. Estas microlesões que são formadas podem ser utilizadas como meio de permear um fármaco ou qualquer outra substância na pele, como por exemplo, o PRP13

Esta técnica pode ser realizada utilizando um dermaroller ou uma dermapen. O dermaroller é um rolete, de uso manual, repleto de microagulhas estéreis feitas de aço cirúrgico postas perpendicular e proporcionalmente, que podem variar de tamanho (de 0,5mm a 3,0mm) conforme a necessidade e finalidade do tratamento. Já a dermapen é uma “caneta” elétrica que possui uma ponta descartável com agulhas, que variam de tamanho entre 0,25mm e 3,0mm, o profissional que estiver a utilizando pode controlar a velocidade com que a agulha perfura a pele, assim, adequando o equipamento para todos os tipos de pele e tratamentos13

Assim que as agulhas geram as microlesões na pele inicia-se o processo de cicatrização, que pode ser dividido em 3 fases. A primeira é a fase inflamatória, na qual as plaquetas, logo após a lesão, liberam fatores quimiotáticos, atraindo plaquetas, neutrófilos e fibroblastos para a área lesionada. Então, as plaquetas liberam fatores de crescimento, principalmente, os TGF-β (Fator de Crescimento Transformador Beta) e os PDGF (Fatores de Crescimento Derivados de Plaquetas), que irão auxiliar neste processo estimulando a regeneração tecidual. A segunda é a fase de cicatrização, ou proliferação, na qual ocorre a quimiotaxia dos monócitos, que se tornam macrófagos e, então, liberam os fatores de crescimento FGF (Fatores de Crescimento dos Fibroblastos), PDGF e TGF-β, os quais irão estimular a migração e proliferação dos fibroblastos na área afetada, sucessivamente, haverá a produção de colágeno tipo III, glicosaminoglicanos, elastina, entre outros. Além disso, há angiogênese e reepitelização, através da estimulação dos queratinócitos, que reestabelecem as lacunas da membrana basal. A terceira, e última, é a fase de maturação, que é realizada, principalmente, pelos fibroblastos, na qual o colágeno tipo III é, lentamente, substituído por colágeno tipo I, que pode persistir na pele de cinco a sete anos. Esta substituição de colágeno é realizada pela colagenase, que são enzimas metaloproteinases de matriz (MMPs), o que causa uma contração da rede de colágeno, assim, diminuindo a frouxidão da pele, diminuindo rugas e cicatrizes de acne14

O microagulhamento por si só já é uma técnica extremamente eficiente e que gera ótimos resultados, porém, quando utilizada para auxiliar a permeação do PRP na pele, possui muito mais potencial e apresenta melhores resultados, tanto a curto, quanto a longo prazo, pois além das plaquetas já presentes no local, serão adicionadas ainda mais plaquetas, o que facilitará no processo inflamatório e terá resultados mais rápidos e satisfatórios15

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

De acordo com as pesquisas realizadas em artigos científicos sobre os benefícios do PRP, concluímos que os componentes derivados das plaquetas são responsáveis pelos efeitos benéficos, que são os fatores de crescimento e contribui no processo de regeneração celular, cicatrização e auxilia no aumento da camada superficial da derme, melhorando o aspecto e diminuindo as rugas finas.  

Por ser um componente autólogo, a utilização desta técnica, na estética, é considerada segura, eficaz e confiável, trazendo muitos benefícios para regeneração tecidual, não havendo contraindicação, devendo apenas haver cuidado na obtenção e manuseio do material. Já a técnica de microagulhamento tem a função de permear ativos e romper as fibras, causando uma reação inflamatória para que no processo de regeneração celular e produção de novas fibras de colágeno e elastina as camadas se formem de forma estruturada, assim, diminuindo as rugas finas.  

Podemos concluir que a técnica de microagulhamento junto ao PRP trazem inúmeros benefícios que contribuem para o rejuvenescimento facial aproveitando os principais fatores de crescimento para acelerar o processo da formação das novas células e reestruturação tecidual. 

Mesmo sabendo que é uma técnica promissora para o uso no rejuvenescimento facial, ainda são necessários mais estudos relacionados ao assunto para definir o melhor protocolo de aplicação. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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1Discente da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo/ SP, Brasil. 

2Docente da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo/ SP, Brasil