REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8051140
Renata Cristina Queiros de Vasconcelos1
Ronaldo Macena Cavalcante2
Cintia Nicacio Portela3
Ginarajadaça Ferreira dos Santos4
Mara Regina Kossoski Félix Rezende5
Ney Júnior Lima da Silva6
RESUMO
Os transtornos mentais podem ser compreendidos como uma síndrome caracterizada por distúrbios clinicamente significativos na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo. Refletindo assim, uma disfunção comum ou grave no processo psicológico, biológico ou de desenvolvimento subjacente ao funcionamento mental. Este trabalho teve como objetivo caracterizar a importância da assistência fisioterapêutica e os benefícios do pilates em pacientes com transtornos mentais. Optou-se em realizar uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, onde no levantamento bibliográfico pretendeu-se esclarecer sobre a assistência fisioterapêutica e os benefícios do pilates em pacientes com transtornos mentais. A partir do estudo, foi possível chegar ao resultado esperado, que coincide com o objetivo citado nesse trabalho, de que a fisioterapia como parte da equipe multidisciplinar poderá ajudar na recuperação das capacidades funcionais e na saúde mental de indivíduos com transtornos mentais. Como proposição de a solução de tais problemas observou-se que os profissionais de fisioterapia além de oferecerem intervenções na saúde física, também poderão exercer seus trabalhos focando nos cuidados à atenção da saúde mental, além de proporcionar uma variedade de intervenções que poderão auxiliar no tratamento e na prevenção de doenças mentais.
Palavras-Chave: Fisioterapia. Pilates. Transtornos Mentais.
ABSTRACT
Mental disorders can be understood as a syndrome characterized by clinically significant disturbances in an individual’s cognition, emotional regulation or behavior. Thus reflecting a common or severe dysfunction in the psychological, biological or developmental process underlying mental functioning. This work aimed to characterize the importance of physiotherapeutic assistance and the benefits of pilates in patients with mental disorders. It was decided to carry out a descriptive research, with a qualitative approach, where the bibliographical survey was intended to clarify about physiotherapeutic assistance and the benefits of pilates in patients with mental disorders. From the study, it was possible to arrive at the expected result, which coincides with the objective mentioned in this work, that physiotherapy as part of the multidisciplinary team can help in the recovery of functional capacities and in the mental health of individuals with mental disorders. As a proposal for the solution of such problems, it was observed that physiotherapy professionals, in addition to offering interventions in physical health, will also be able to exercise their work focusing on mental health care, in addition to providing a variety of interventions that may help in the treatment and in the prevention of mental illness.
Keywords: Physiotherapy. Pilates. Mental Disorders.
INTRODUÇÃO
A saúde mental, na obra “Saúde Mental: Um diálogo com o serviço social e a Psicologia” de Silva e Santos (2021) é descrita como um estado de bem-estar no qual cada indivíduo realiza seu próprio potencial, podendo lidar com o estresse normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e ser capaz de fazer contribuições para sua comunidade.
Ao contrário do entendimento proposto acima acerca da saúde mental, Fernandes et al. (2019) em seus estudos descreveram os transtornos mentais como síndromes caracterizadas por distúrbios clinicamente significativos na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo. Refletindo assim, os autores destacaram a depressão, o TOC, o estresse, a psicose, o autismo, a obsessão e outros tantos tormentos são considerados transtornos que podem atingir qualquer ser humano.
Conforme Martins et al. (2022) há evidências contundentes de que o exercício físico é benéfico para a saúde mental em adultos saudáveis, em pacientes com doenças crônicas e para aqueles que sofrem de sintomas depressivos ou ansiosos. Da mesma forma, os autores mencionam em seus estudos que há evidências contundentes de que o exercício físico convencional (como o exercício aeróbico) constitui como estratégia preventiva e uma abordagem adjuvante no tratamento de transtornos mentais. No entanto, ainda há pouca evidência para apoiar o benefício potencial de formas não convencionais de exercício.
No que diz respeito ao atendimento de pacientes com transtorno mental, algumas pesquisas mostram que a Fisioterapia trabalha em conjunto com outros profissionais, desempenhando um papel de extrema importância, haja vista, que este profissional é responsável pelo estudo do movimento do corpo humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades. É importante mencionar que o fisioterapeuta é um dos profissionais responsáveis pela avaliação e pelo tratamento de pessoas que sofrem de transtornos mentais ou quaisquer outros tipos de transtornos, tendo por finalidade contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, conforme afirmam os estudos de Zuntini et al. (2018).
No que concerne ao tratamento de pessoas com transtornos mentais, do ponto de vista de Paraná (2018) o pilates é utilizado pela Fisioterapia como uma das formas alternativas de baixa e moderada intensidade, predominantemente realizado no solo, buscando focar na estabilidade, força muscular, flexibilidade, respiração e postura do indivíduo. Na saúde física, conforme algumas pesquisas, o pilates tem demonstrado efeitos positivos na flexibilidade, equilíbrio dinâmico e resistência muscular em populações saudáveis, e no controle da dor (principalmente nas costas), prevenção de quedas e condicionamento físico geral em populações idosas.
Levando-se em consideração o crescente aumento no número de pessoas diagnosticadas com algum transtorno mental e diante da merecida atenção que deve ser demandada a estes pacientes, tanto no contexto físico, quanto mental e social, mostra-se pertinente a elaboração desse estudo. Para tanto, justifica-se este estudo em razão da baixa inclusão do fisioterapeuta na área da Saúde Mental e dos poucos estudos realizados nessa área.
O principal objetivo deste estudo consiste em apresentar aos leitores uma reflexão sobre os benefícios do método pilates pela atuação dos fisioterapêutas em pacientes com transtorno mentais, buscando-se mostrar as principais abordagens utilizadas, atividades e procedimentos que podem ser utilizados por esses profissionais nesses tipos de transtornos, haja vista, que os procedimentos para a realização do Pilates exigem do profissional um amplo conhecimento e habilidades necessárias para a condução da melhor prática terapêutica.
Para melhor compreensão sobre o assunto, propõe-se ainda, realizar uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa e levantamento bibliográfico. Tendo como fonte de pesquisa os dados indexados nos bancos de dados da SciELO (Scientific Eletronic Library OnLine), Revista Pesquisa em Fisioterapia (RPF), no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC) e no Research, Society and Development Journal (Res., Soc. Dev).
DESENVOLVIMENTO
Saúde mental e suas definições
A saúde mental é mais do que a mera ausência de transtornos mentais. A Organização Mundial da Saúde (OMS), define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como ausência de doença ou enfermidade (OMS, 2005).
Essa definição enfatiza a saúde como um estado positivo de bem-estar. Pessoas em condição de bem-estar emocional, físico e social cumprem suas responsabilidades, desempenham um papel eficaz na rotina diária e satisfazem-se com suas relações interpessoais e consigo mesmas (DIMENSTEIN et al. 2017).
Nas lições de Zanello (2018) a saúde mental possui vários componentes, e uma ampla variedade de fatores influencia. Esses fatores interagem assim, a saúde mental de uma pessoa é um estado dinâmico, sempre em mutação. Os fatores que a afetam podem ser categorizados em individuais, interpessoais e socioculturais.
Para os autores Gaino et al. (2018) não existe uma definição universal sobre a saúde mental. Contudo, os autores explicaram em seus estudos, que geralmente, o comportamento de uma pessoa, pode fornecer pistas de sua saúde mental. Uma vez, que, cada indivíduo, pode ter uma visão ou interpretação diferente de comportamento (dependendo de seus valores ou crenças), tornando-se assim, difícil determinar a saúde mental.
Conforme Steen e Francisco (2019) a saúde mental, na maioria das vezes está associada a uma condição de bem-estar emocional, psicológico e social, evidenciadas por relações interpessoais satisfatórias, comportamento e enfrentamento eficazes, autoconceito positivo e estabilidade emocional.
Perspectivas sobre os transtornos mentais
Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas décadas, houve um aumento dos transtornos mentais na população geral. Aspecto este que cursa com a necessidade do aperfeiçoamento dos processos diagnósticos e de tratamento. Ainda de acordo com a OMS, os transtornos mentais representam elevação de mortalidade e incapacidade, tendo participação em cerca de 16,6% do total da carga de doenças devido às condições de saúde em países de baixa e média renda (OMS, 2019).
Para Centenaro et al. (2022) a expressão “transtornos mentais” podem ser entendidos como um grupo de doenças que podem afetar os pensamentos, as percepções, os sentimentos, os comportamentos ou humor de uma pessoa, gerando determinado desconforto à pessoa de tal modo que vá interferir a vida diária.
A doença mental pode tornar difícil para alguém lidar com o trabalho, relacionamentos e outras demandas. Esses distúrbios podem ser duradouros ou temporários, com características que influenciam os aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e hereditários (PARANÁ, 2018).
Podemos considerar que as causas do transtorno mental estão relacionadas aos fatores biopsicossociais, contudo, seus efeitos são diretamente sociais, pois, interferem no comportamento e nos relacionamentos com familiares e amigos ou mesmo no rompimento destes, desencadeando uma série de fatores que estigmatizam e geram rupturas afetivas. Vários estudos demonstram que a pessoa que sofre de transtorno mental severo e persistente, quando inserida em redes fortes de troca e suporte apresentam maior probabilidade de êxito positivos no tratamento (VIAPIANA et al. 2018).
Estudos mostram que uma em cada quatro pessoas podem enfrentar um distúrbio de saúde mental em um determinado momento de sua vida (LIMA, FERREIRA, 2018). A depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e outros problemas podem ser desencadeados por pressões pessoais e de estilo de vida, como luto, rompimento de relacionamento ou perda de emprego. Além disso, a dependência de drogas ou álcool, doença ou incapacidade física de longo prazo podem causar depressão (LIMA, FERREIRA, 2018).
Os benefícios da assistência fisioterapêutica na melhoria da saúde mental de pacientes com transtornos mentais
Conforme apresentado neste estudo, os transtornos mentais englobam uma série de doenças e estão associados a redução ou perda da capacidade de tomar decisões, uma vez que a capacidade de autogoverno é enfraquecida em vários níveis, dependendo do diagnóstico (ALMEIDA, GABRIEL, AMORIM, 2021).
Nos últimos anos, alguns estudos mostraram que as pessoas diagnosticadas com quaisquer transtornos mentais necessitam de cuidados especiais. Tais indivíduos podem receber tratamento médico com psicofármacos ou seguir outros tipos de tratamentos, como terapia e sessões profissionais. Em alguns casos, o tratamento é baseado na combinação de ambas as coisas. Neste sentido, a atuação da Fisioterapia na saúde mental é um tratamento bastante eficaz que pode melhorar o estilo de vida dos pacientes. Por essa razão, a equipe multidisciplinar deverá estar preparada e orientada para realizar uma abordagem adequada e com segurança para o paciente (ALMEIDA, GABRIEL, AMORIM, 2021).
Como apontam Steen e Francisco (2019) a prática de atividades físicas e da hidroterapia poderá melhorar a qualidade de vida de pessoas com transtornos mentais, em especial aqueles que lutam contra a depressão. Durante a pesquisa, os autores mostraram os efeitos positivos das várias intervenções fisioterapêuticas aliadas à prática de exercícios físicos e da hidroterapia contra a depressão de determinado paciente. Os autores observaram que o tratamento fisioterapêutico libera endorfinas no paciente, substâncias essas que são produzidas ao sorrir e facilitam uma maior e melhor comunicação entre o corpo e a mente. Dessa forma, a pessoa aprende a reconhecer melhor os sintomas da depressão e, assim, remediá-los.
Tratando-se de transtornos mentais mais graves e debilitantes, a esquizofrenia é considerada uma das doenças mais complexas, caracterizada por uma ampla gama de sintomas positivos e negativos que afetam desfavoravelmente a totalidade dos domínios cognitivos do paciente, incluindo sua percepção, pensamento, atenção, memória e emoção (OLIVEIRA, 2016). Pessoas com diagnóstico com de esquizofrenia, têm uma expectativa de vida, duas vezes maior do que o resto da população e aumento do risco de doenças cardiovasculares, distúrbios psicológicos concomitantes, como ansiedade ou reações adversas derivados de medicamentos (VINHA, VINHA, 2018).
Perspectivas sobre o método Pilates e seus benefícios à saúde mental
De acordo com Kolyniak e Garcia (2012) Joseph Pilates desenvolveu seu sistema de exercícios durante a Primeira Guerra Mundial enquanto trabalhava com indivíduos acamados devido a várias lesões físicas e doenças.
Para Ribeiro (2017) o Pilates é um exercício que trabalha a mente e o corpo e que requer estabilidade central, força e flexibilidade, além de atenção ao controle muscular, postura e respiração. A autora explica ainda que os exercícios podem ser baseados em esteira ou envolver o uso de equipamentos especializados.
De acordo com a literatura, não há limite de idade para o Pilates. Na verdade, o Pilates foi considerado particularmente adequado e seguro para adultos mais velhos (RODRIGUES, CHAVES, 2018). O pilates está ganhando popularidade como uma intervenção valiosa para adultos mais velhos devido ao seu impacto positivo bem estabelecido nos parâmetros de saúde fisiológica e psicológica, especialmente nessa faixa etária.
Estudos recentes de Silva et al. (2022) indicam que o Pilates é uma ferramenta útil na reabilitação e que pode melhorar a saúde mental de pacientes com depressão e transtorno de ansiedade. Durante a pesquisa os autores constataram que houve uma redução significativa na ansiedade e nos sintomas psicológicos e da menopausa nas mulheres praticantes do método Pilates comparado as que não praticaram qualquer exercício. Para os autores, se porventura, o indivíduo tem uma condição de saúde mental diagnosticada ou não, a melhor maneira de maximizar os benefícios do Pilates é torná-lo um hábito.
Balk et al. (2018) também estudaram os efeitos do Pilates na saúde, qualidade de vida e estado de agentes comunitários de saúde com estresse. Os autores realizaram vinte e quatro sessões do método Pilates utilizando exercícios de solo ou Mat Pilates, durante duas sessões semanais, com duração aproximada de 50 minutos, totalizando doze semanas de intervenção.
METODOLOGIA
Optou-se em realizar uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, onde no levantamento bibliográfico pretendeu-se esclarecer sobre a assistência fisioterapêutica e os benefícios do pilates em pacientes com transtornos mentais.
Para produzir o desenvolvimento desse artigo, desenrolou-se um levantamento bibliográfico, em um recorte de tempo, mediante às leituras em publicações de artigos e revistas eletrônicas, indexadas nos seguintes bancos de dados: SciELO (Scientific Eletronic Library OnLine), Revista Pesquisa em Fisioterapia (RPF), no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC) e no Research, Society and Development Journal (Res., Soc. Dev).
Durante a revisão utilizou-se como palavras-chave: “fisioterapia”; “transtorno mental” e “pilates”. Os critérios para selecionar os artigos para revisão envolveram todos os estudos publicados em inglês e português em períodos de 2016 a 2023.
No que se refere aos materiais utilizados para a elaboração deste artigo foi realizado uma revisão de literatura tendo como base o total de 9 artigos selecionados, no qual se adequaram a temática.
Na base de dados da Revista Pesquisa em Fisioterapia (RPF), foram encontrados: 7 artigos, sendo excluídos: 5 artigos e selecionados: 2 artigos. Na base de dados SciELO, foram encontrados: 34 artigos, sendo excluídos: 29 e selecionados: 5 artigos. Na base de dados do PePSIC, foram encontrados: 16 artigos, sendo excluídos: 15 artigos e selecionado: 1 artigo. Na base de dados do Research, Society and Development Journal (Res., Soc. Dev), foram encontrados: 4 artigos, sendo excluído: 3 artigos e sendo selecionado: 1 artigo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Acerca dos artigos que atenderam aos critérios dos resultados, este estudo dividiu-se nos seguintes tópicos: a) apresentar algumas definições sobre os transtornos mentais; b) destacar alguns benefícios do método Pilates na promoção da saúde mental; c) discutir os benefícios da assistência Fisioterapêutica na melhoria da saúde mental de pacientes com transtornos mentais.
O quadro 01, abaixo descreveu as principais obras que foram pesquisadas, sendo organizadas por ano, título, autores e fonte.
QUADRO 1: Principais obras que foram organizadas por ano, títulos, autores e fonte.
ANO | TÍTULO | AUTORES | FONTE |
2022 | Percepção de pessoas com transtornos mentais acerca dos cuidados fisioterapêuticos: estudo qualitativo. | Carneiro Junior et al. | Rev Pesqui Fisioter |
2021 | Influência do método Pilates na qualidade de vida e dor de indivíduos com fibromialgia: revisão integrativa. | CORDEIRO et al. | Brasil BrJP (SciElo) |
2021 | Fisioterapia na melhora da depressão e ansiedade: revisão de literatura. | NOIMANN Et al. | Res., Soc. Dev. |
2020 | Transtornos mentais comuns e fatores associados entre pessoas com hanseníase: análise transversal em Cuiabá, 2018. | FINOTTI, ANDRADE, SOUZA. | Epidemiol. Serv. Saúde (SciElo) |
2020 | Sintomas de ansiedade e indicativos de depressão em idosas praticantes do método pilates no solo. | OLIVEIRA et al. | Rev. Psicol. Saúde (PePSIC) |
2020 | Efeito do Treinamento Resistido e do Pilates na Qualidade de vida de Idosas: um ensaio clínico randomizado. | PUCCI et al. | Rev. bras. geriatr. Gerontol (Scielo) |
2019 | Transtornos mentais comuns e fatores associados em trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19. | CENTENARO et al. | Rev Esc Enferm USP (SciELO) |
2019 | Perspectivas sobre a atuação da Fisioterapia na Saúde Mental. | GOULARDINS, CANALES, ODA. | Rev. Pesqui. Fisioter |
2017 | Transtornos mentais e inserção no mercado de trabalho no Brasil: um estudo multicêntrico nacional. | ASSUNÇÃO, LIMA, GUIMARÃES. | Cad. Saúde Pública (SciElo) |
Finotti, Andrade, Souza (2020) apresentam a conceituação de doença ou transtorno mental como uma alteração sustentada de tipo emocional, cognitivo e/ou comportamental, na qual ocorrem alterações nos processos psicológicos básicos como emoção, motivação, cognição, consciência, comportamento, percepção, sensação, aprendizagem, linguagem.
Sobre as definições relacionadas aos transtornos mentais, Assunção, Lima, Guimarães (2017) em seus estudos esclarecem que os problemas/distúrbios de saúde mental geralmente começam com os pensamentos e crenças relacionados a um problema (físico ou mental). Ainda conforme os autores, esses pensamentos e crenças são a fonte de emoções e sentimentos que atuam como um condutor de ações/comportamentos.
Considerando os estudos de Centenaro et al. (2019) a incompreensão e o estigma em torno dos problemas de saúde mental são generalizados. Apesar da existência de tratamento eficaz para os transtornos mentais, existe a crença de que eles são intratáveis ou que as pessoas com transtornos mentais são difíceis, não inteligentes ou incapazes de tomar decisões. Este estigma pode levar ao abuso, rejeitar e isolar e excluir as pessoas dos cuidados de saúde ou apoio.
Sobre os benefícios do método Pilates na promoção da saúde mental, Oliveira et al. (2020) ao realizarem um estudo sobre a ansiedade, osteoartrite e indicativos de depressão em pessoas idosas, constataram que os exercícios prescritos juntamente com o treinamento relativamente leve do método Pilates pode ser utilizado como uma alternativa eficaz para melhorar o estado emocional e motivacional de pessoas com essa condição. Ademais, os autores observaram que em alguns idosos, a prática de exercícios aeróbicos de baixo impacto para as articulações também melhora o equilíbrio, a resistência muscular, a força e a flexibilidade pode ser ativada fisicamente por meio do Pilates.
Nos achados de Pucci et al. (2020) os autores explicam que o método Pilates pode ser adaptado às necessidades físicas particulares de cada idoso investigado e sua execução e progressão são baseadas na capacidade individual do mesmo, podendo trazer melhoras na qualidade de vida. Os autores ressaltam a necessidade de serem realizadas novas pesquisas com maiores, estratificadas por gênero e idade para avaliar como método pilates relacionam-se com os diversos domínios da qualidade de vida.
Cordeiro et al. (2020) o Pilates pode ajudar a tratar a depressão e a ansiedade, oferecendo uma oportunidade de socialização, alterando os níveis de substâncias químicas cerebrais (serotonina, cortisol e endorfinas), proporcionando uma distração de pensamentos negativos, liberando o estresse, melhoram o mindfulness e ajudam a criar uma rotina de autocuidado.
No que concerne aos benefícios da assistência Fisioterapêutica na melhoria da saúde mental de pacientes com transtornos mentais, Goulardins, Canales, Oda (2019) em seus estudos descrevem que o Fisioterapeuta atua na qualidade de vida e bem estar emocional de pessoas com transtornos mentais. Para os autores, a prescrição de exercícios físicos, por exemplo, pode ser indicada como uma medida complementar ao tratamento de patologias associados à idade, demonstrando assim a importância de incluí-lo em doenças como demência senil, doença de Alzheimer e doença de Parkinson.
Carneiro Júnior et al. (2022) explicam que o papel do Fisioterapeuta como integrante da equipe multidisciplinar é fundamental, haja vista, que pode contribuir para a melhoria da dimensão física (melhora ou mantém a funcionalidade), cognitiva e emocional, para através de estratégias como: exercícios físicos, técnicas de conscientização, exercícios respiratórios, Método Pilates, ioga, dança, terapia e outros, trazendo grandes contribuições para uma melhor percepção da qualidade de vida de pessoas com transtornos mentais.
Assemelhando-se ao entendimento descrito acima, Noimann et al. (2021) esclarecem que a fisioterapia contribui para a recuperação das capacidades funcionais das pessoas com doença mental. As técnicas utilizadas pelos fisioterapeutas especializados em saúde mental são principalmente: terapia psicomotora, massoterapia adaptada, estimulação multissensorial, atividade física adaptada, reeducação postural global, biofeedback, manejo da dor aguda e crônica, técnicas de relaxamento, hidroterapia, terapia manual, ergonomia, terapia de consciência corporal, terapia psicomotora, estimulação basal, estimulação multissensorial e outras terapias. Além disso, a intervenção do fisioterapeuta neste campo inclui incontinência, problemas musculoesqueléticos, ortopédicos e déficits neurológicos que possam estar presentes.
CONCLUSÃO
Ao concluir este artigo, chegou-se ao entendimento de que existem diversas definições acerca dos transtornos mentais. Contudo, a mais utilizada refere-se a uma alteração sustentada de tipo emocional, cognitivo e/ou comportamental, na qual ocorrem alterações nos processos psicológicos básicos como emoção, motivação, cognição, consciência, comportamento, percepção, sensação, aprendizagem, linguagem.
No que concerne a destacar alguns benefícios do método Pilates na promoção da saúde mental, constatou-se que o Pilates é uma forma alternativa de fisioterapia de baixa a moderada intensidade, predominantemente realizada no solo, que se concentra na estabilidade, força muscular, flexibilidade, respiração e postura. Podendo ajudar a melhorar a saúde mental e as variáveis psicológicas das pessoas, independentemente do seu estado de saúde, com potencial significativo para reduzir os sintomas de depressão e ansiedade.
E por fim, referente a discutir os benefícios da assistência Fisioterapêutica na melhoria da saúde mental de pacientes com transtornos mentais constatou-se que a prescrição de exercícios físicos, por exemplo, pode ser indicada como uma medida complementar ao tratamento de patologias associados à idade, demonstrando assim a importância de incluí-lo em doenças como demência senil, doença de Alzheimer e doença de Parkinson.
Para o artigo proposto, compreendeu-se que o fisioterapeuta é um dos profissionais que além de oferecerem intervenções na saúde física, também podem exercer o seu trabalho focado nos cuidados à atenção da saúde mental, oferecendo uma grande variedade de intervenções que podem auxiliar no tratamento e na prevenção de doenças mentais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M.T; GABRIEL, L.B; AMORIM, P.B. O papel do fisioterapeuta no tratamento de pacientes com transtornos mentais. RECIMA21 – Ciências Exatas e da Terra, Sociais da Saúde, Humanas e Engenharia/Tecnologia. v.2, n. 8, mai. 2021. Disponível em: https://recima21.com.br/index.php/recima21/article/view/604/533. Acesso em: 23 de jan. 2023.
ASSUNÇÃO A.A; LIMA, E.P. GUIMARÃES, M.D.R. Transtornos mentais e inserção no mercado de trabalho no Brasil: um estudo multicêntrico nacional. Cad. Saúde Pública., v. 3, n. 2, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/GkKcDNKW7nk4NPQYjgSjF4G/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 de jan. 2023.
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CENTENARO, A.F. C., et al. Transtornos mentais comuns e fatores associados em trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19. Rev Esc Enferm USP. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2022-0059en. Acesso em: 12 de jan. 2023.
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1Acadêmica do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão. Graduação em Fisioterapia pela Faculdade Martha Falcão. Contatos: (92) 98838-7574. E-mail: renatarenataqueiros@gmail.com
2Acadêmico do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão. Graduação em Fisioterapia pela Faculdade Martha Falcão. Contatos: (92) 99123-1144. E-mail: ronaldomacena1@gmail.com
3Orientadora Profa. do Curso de Bioquímica do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão. Contatos: (92) 98450-2474. E-mail: cintianportela@gmail.com
4Coorientadora Profa. do Curso da Graduação de Enfermagem pelo Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão. Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas, UFAM. Contatos: (92) 98409-0655/ (92) 99273-0792. E-mail: ginarajadaca@yahoo.com.br
5Coorientadora Profa. do Curso de Ciências Biológicas do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão. Contatos: (92) 99176-3103. E-mail: mara.rezende@fmf.edu.com
6Coorientador Prof. do Curso de Fisioterapia do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão. Contatos: (92) 98128-2147. E-mail: ney_junior_ls@hotmail.com