OS BENEFÍCIOS DO MÉTODO CANGURU PARA RECÉM-NASCIDOS NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVAS NEONATAL 

THE BENEFITS OF THE KANGAROO METHOD FOR NEWBORNS IN NEONATAL INTENSIVE CARE UNITS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202504252227


Ana Patrícia Carvalho da Silva1
Pâmela Andressa Freitas Franco2


RESUMO

O Método Canguru configura-se como prática de cuidado humanizado voltada  principalmente para recém-nascidos prematuros ou de baixo peso, que promove o contato pele  a pele entre o bebê e seus cuidadores. Essa abordagem tem se mostrado eficaz na melhora de  diversos desfechos neonatais, além de fortalecer o vínculo afetivo entre pais e filhos. Portanto,  o presente trabalho teve como objetivo descrever os principais benefícios do Método Canguru  para recém-nascidos em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Trata-se de um estudo de  revisão integrativa, com abordagem descritiva. A pesquisa teve a seguinte questão norteadora:  Quais os benefícios do método canguru para recém-nascidos internados em Unidades de  Terapia Intensiva neonatal? Os estudos foram selecionados no período de 2019 a 2024, com a  utilização dos descritores: “Método Canguru”; “UTI neonatal”; “Enfermagem”, as bases de  dados selecionadas foram Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)  e PubMed. Após análise foram selecionados sete artigos para compor a revisão, que abordaram  principalmente os benefícios relacionados a termorregulação, devido a promoção do contato  pele a pele; os estudos também mostraram que o Método Canguru favorece a estabilização dos  sinais vitais, estimula a amamentação e reduz a dor e estresse durante os procedimentos  dolorosos. Os estudos também mostraram os benefícios para a mãe e o pai, desenvolvendo o  vínculo de ambos progenitores. Diante disso, os achados reafirmam a importância do Método  Canguru quanto uma prática humanizada voltada à saúde neonatal e ressaltam a necessidade de  capacitação contínua dos profissionais de saúde. 

Palavras–Chave: Recém-nascido. Método Canguru. Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. 

ABSTRACT

The Kangaroo Method is a humanized care practice aimed primarily at  premature or low-weight newborns, which promotes skin-to-skin contact between the baby and  their caregivers. This approach has proven effective in improving several neonatal outcomes,  in addition to strengthening the emotional bond between parents and children. Therefore, this  study aimed to describe the main benefits of the Kangaroo Method for newborns in Neonatal  Intensive Care Units. This is an integrative review study with a descriptive approach. The  research had the following guiding question: What are the benefits of the Kangaroo Method for  newborns admitted to Neonatal Intensive Care Units? The studies were selected from 2019 to  2024, using the descriptors: “Kangaroo Method”; “Neonatal ICU”; “Nursing”, the selected  databases were Scientific Electronic Library Online (SciELO), Latin American and Caribbean  Literature in Health Sciences (LILACS), Virtual Health Library (BVS) and PubMed. After analysis, seven studies were selected to compose the review, which mainly addressed the  benefits related to thermoregulation, due to the promotion of skin-to-skin contact; the studies  also showed that the Kangaroo Method favors the stabilization of vital signs, stimulates  breastfeeding and reduces pain and stress during painful procedures. The studies also showed  the benefits for the mother and father, developing the bond between both parents. In view of  this, the studies reaffirm the importance of the Kangaroo Method as a humanized practice  focused on neonatal health, however, the need for continuous training of health professionals  is highlighted.

Keywords: Newborn. Kangaroo-Mother Care Method. Neonatal Intensive Care

 1. INTRODUÇÃO 

Dados mostram que, anualmente, cerca de 30 milhões de bebês nascem prematuros, o  que frequentemente está associado ao baixo peso e maior suscetibilidade a doenças neonatais.  Em 2017, aproximadamente 2,5 milhões de recém-nascidos morreram em seus primeiros 28  dias de vida. Desses, cerca de 80% apresentavam baixo peso ao nascer e dois terços eram  prematuros (Carvalho et al., 2021). 

A literatura define como baixo peso ao nascer o recém-nascido com peso inferior a 2.500  gramas (5,5 libras) (Organização Mundial da Saúde, 2014). Também considera prematuro o  nascimento ocorrido antes da 37ª semana de gestação. Ademais, fatores como idade gestacional  e peso ao nascer estão diretamente relacionados à prematuridade (Sousa et al., 2019). 

As causas do parto prematuro são variadas, podendo induzir o início das contrações  uterinas antes do período gestacional ideal. Entre os fatores associados, destacam-se comorbidades como hipertensão arterial sistêmica, histórico de aborto, gestações múltiplas, uso  abusivo de álcool e outras drogas, bem como gravidez na adolescência (Santos & Sapucaia,  2021). 

Nesse contexto, a internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é  essencial para aumentar a sobrevida desses recém-nascidos. Contudo, apesar de necessária, a  UTIN impõe diversos estímulos estressantes tanto para o bebê quanto para a mãe, que pode  sentir-se insegura diante do desconhecido, tanto em relação ao ambiente quanto à condição  clínica do seu filho (Alves et al., 2023). 

Além disso, a UTIN pode ser estressante para o bebê prematuro devido às condições  artificiais de iluminação e temperatura, ao ruído constante e à manipulação frequente, muitas  vezes dolorosa e desconfortável. Esses fatores podem comprometer a qualidade de vida e o  desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido (Casimiro, 2019).

Diante das limitações decorrentes da prematuridade e hospitalização, o Método Canguru  (MC) surge como uma importante estratégia de cuidado e auxilia a mãe no processo de  adaptação a essa nova realidade. Acredita-se que o MC fortalece a confiança materna, promove o vínculo afetivo e contribua para o desenvolvimento psíquico e cognitivo saudável do bebê. (De Salles Abreu et al., 2020). 

O MC oferece diversos benefícios para recém-nascidos, especialmente aqueles de baixo  peso ou prematuros. O método é dividido em três etapas: a primeira inicia-se no pré-natal, com gestantes de alto risco, estendendo-se até a internação do recém-nascido (RN) em uma UTIN,  quando a mãe recebe informações sobre a condição do bebê, as rotinas e o funcionamento da  unidade. A segunda etapa ocorre quando o bebê apresenta estabilidade clínica e ganho de peso,  sendo transferido para o alojamento conjunto. Nesse período, conhecido como “pré-alta  hospitalar”, o recém-nascido permanece a maior parte do tempo em posição canguru. A terceira  etapa consiste no acompanhamento ambulatorial e/ou domiciliar da criança e de sua família até  que o bebê atinja um peso de 2.500 gramas (Brasil, 2019). 

Portanto, o método baseia-se no contato pele a pele entre o bebê e os pais,  proporcionando vantagens significativas à saúde e o desenvolvimento do recém-nascido, como menor incidência de doenças graves, a exemplo de infecções respiratórias e septicemia, em  comparação com cuidados tradicionais em incubadoras (Alves et al., 2023).  

Estudos também demonstram que o contato pele a pele auxilia na regulação da temperatura corporal, da frequência cardíaca e respiratória, além de aumentar a saturação  de oxigênio e fortalecer o vínculo emocional entre o bebê e os pais, o que é crucial para o  desenvolvimento emocional e psicológico do recém-nascido (Rocha; Chow-Castillo, 2020;  Alves et al., 2020). 

Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo descrever os principais  benefícios do Método Canguru para recém-nascidos em Unidades de Terapia Intensiva  Neonatal. 

2. MATERIAIS E MÉTODOS 

A presente pesquisa trata-se de uma revisão de literatura integrativa, com abordagem  descritiva. A revisão de literatura é um método fundamental para a Prática Baseada em  Evidências (PBE). Trata-se de uma metodologia rigorosa com os seguintes objetivos:  identificar estudos relevantes sobre um tema específico, utilizando estratégias de busca  explícitas e sistematizadas; avaliar a qualidade, validade e aplicabilidade desses estudos no contexto de implementação das mudanças propostas; selecionar os estudos que fornecerão as  evidências científicas; e sintetizar essas evidências, facilitando sua aplicação na PBE (Higgins;  Green, 2001). 

De acordo com Prodonav e Freitas (2013), o estudo descritivo tem como objetivo  descrever as características do objeto de estudo, que no caso pode ser um fenômeno ou uma  população, este tipo de estudo busca estabelecer relações entre as variáveis que o compõe. Essa  relação é estabelecida por meio de técnicas padronizadas para o levantamento de dados, que  pode ser por meio de uma observação e/ou questionário.  

Para a seleção dos estudos, foram aplicados os seguintes critérios de elegibilidade:  artigos completos que abordassem a temática proposta, publicados no período de 2019 a 2024,  nos idiomas português e inglês, disponíveis na íntegra e de modo gratuito. Foram excluídos da  pesquisa os estudos que não responderam à questão norteadora, publicados em anos não  correspondentes aos pesquisados, teses, dissertações, ensaios teóricos e relatos de experiência. 

A questão norteadora da pesquisa seguiu a estratégia PICO que representa um acrônimo  para Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes” (desfecho) que são os elementos  fundamentais para a construção da pergunta para a busca bibliográfica de evidências (Santos;  Pimenta; Nobre, 2007). Sendo assim, optou-se pela seguinte questão norteadora: Quais os  benefícios do método canguru para recém-nascidos internados em Unidades de Terapia  Intensiva neonatal? 

Para a busca das publicações, utilizou-se os descritores do DeCS (Descritores em  Ciências da Saúde): “Método Canguru”; “UTI neonatal”; “Enfermagem” e o operador booleano  AND, a fim de encontrar estudos que contenham os descritores escolhidos e respondam a  questão norteadora.  

Foi realizado um levantamento dos estudos nas seguintes bases de dados: Scientific  Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da  Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Em seguida, aplicou-se os  critérios de inclusão e exclusão. 

A análise de dados foi feita através da categorização de todos os assuntos envolvendo a  temática, que estão apresentados em tópicos para a discussão. Sendo assim, para fins de  organização, os dados selecionados foram dispostos em um quadro contendo os seguintes itens:  título, autor, ano do artigo, objetivos, métodos e principais resultados (Quadro 2).

3. RESULTADOS 

Os estudos foram selecionados seguindo as recomendações do fluxograma PRISMA (Quadro 1).

Quadro 1. Identificação de estudos por meio das bases de dados.

A síntese dos 07 estudos incluídos artigos foi organizada de acordo com: título, autor,  ano, objetivo, método, resultados principais relatados/observados (Quadro 2).

Titulo Autor Ano Objetivo Métodos Principais 
resultados
Construção do apego  entre o  binômio mãe e  bebê pré-termo mediado pelo  posicionamento CanguruAbreu et al. 2020Compreender  como as mães  vivenciam o  
posicionamento canguru, na  Unidade de  Terapia 
Intensiva 
Neonatal e apreender a  percepção 
sobre as  relações de  apego com seus bebês  
mediadas pelo  posicionamento canguru
Descritivo,  qualitativo e  exploratórioA posição canguru  cumpre sua função  conforme norma do  Ministério da Saúde,  tanto para  benefícios clínicos  para o bebê como  para humanização e  aumento do apego  mãe-bebê
Aprendizados  e cuidados de  mães no  método 
canguru
Silva et al. 2020analisar o  significado da  vivência de  mães no  Método 
Canguru
Exploratório,  
descritivo,  
qualitativo
A vivência de mães na enfermaria do  Método Canguru  favoreceu  
aprendizado 
significativo para  elas cuidarem com  mais segurança de  seus filhos no  domicílio, após a  alta hospitalar.
Vivências 
paternas na  realização da posição 
canguru com  recém nascidos de baixo peso
Lopes et al. 2020Descrever a  vivência paterna durante a  realização da  posição canguru com  o seu recém nascido de  baixo peso.Descritivo,  exploratório e qualitativoOs resultados deste  estudo permitem 
indicar o potencial da posição canguru como uma  estratégia eficaz  para promover a  interação e o fortalecimento do vínculo entre pai e  filho, podendo atuar  como um elemento  catalisador no  processo de  construção da  paternidade.
Vivência 
materna com  o método 
canguru no  domicílio
Reichert et  al.2020Analisar a  vivência  
materna com o Método Canguru no domicílio.
Descritiva,  com abordagem qualitativaAs mães 
vivenciaram  sentimentos como medo e insegurança  durante a etapa  domiciliar do  Método Canguru e  afirmaram que são  escassas as  orientações   fornecidas pelos  profissionais de  saúde e o apoio  para o seguimento  do método no  domicílio.
A presença do  pai no método  canguruLopes et al. 2019Refletir sobre  a vivência do  pai junto ao  filho  prematuro no  Método Canguru sob  o referencial  de Merleau Ponty.Teórico reflexivoVivenciar a prematuridade junto  ao filho no Método  Canguru propicia  ao pai se reconhecer  como ser-no-mundo.  Suas intenções acerca do cuidado  são demonstradas  pelo contato pele a pele e do cuidado  inerente ao recém nascido prematuro.  A partir das experiências vividas, possibilita  ao pai exercer sua  paternidade de  forma plena e  significativa.
Fortalecimento do vínculo  entre a família e o neonato  
prematuro
Sousa et al. 2019Identificar quais são as  intervenções  de Enfermagem realizadas em  uma Unidade  de Terapia Intensiva Neonatal que  promovem o  fortalecimento  do vínculo entre a família e o recém nascido  prematuro.Descritivo,  qualitativoObservou-se que as  intervenções mais utilizadas para o fortalecimento do  vínculo dos recém nascidos prematuros e a família são: a  entrada livre dos  pais na Unidade de  Terapia Intensiva  Neonatal; trocas de  fraldas; 
administração de  dieta; uso de músicas e livros  para acalmar os bebês;  além do método 
canguru
Percepção das mães  sobre a aplicabilidade  do método 
canguru
Dantas et al. 2019Averiguar a  percepção das mães usuárias  do Método Canguru sobre a sua 
aplicabilidade  em uma 
Unidade  
Neonatal.
Qualitativo,  descritivoMostrou-se que as  mães compreendem  o valor do método  para a recuperação  de seus filhos e que os dilemas e as  dificuldades  particulares podem  comprometer e até impedir a sua participação no programa. 
Considera-se assim, o apoio da equipe  de saúde é  
fundamental para  que a mãe consiga  atuar no Método 
Canguru.

4. DISCUSSÃO 

O Método Canguru (MC), criado na Colômbia em 1979 no Instituto Materno Infantil de  Bogotá, configura-se como estratégia eficaz no cuidado a recém-nascidos prematuros ou com  baixo peso ao nascer (Dantas et al., 2018). No contexto das Unidades de Terapia Intensiva  Neonatal (UTIN), onde o ambiente pode ser hostil ao desenvolvimento dos bebês, o MC destaca-se como uma abordagem centrada no vínculo familiar e na humanização do cuidado,  ao promover benefícios físicos, emocionais e psicossociais, por meio da técnica do contato pele  a pele (Sousa et al., 2019). 

Um dos principais benefícios atribuídos ao Método Canguru é a melhoria na  termorregulação do recém-nascido. O contato pele a pele entre o bebê e o peito da mãe (ou do  pai) auxilia na manutenção da temperatura corporal de forma mais estável do que o uso  exclusivo da incubadora (Lopes et al., 2020; Silva et al., 2021). A estabilidade térmica, por sua vez, é essencial para o equilíbrio cardiorrespiratório do recém-nascido (Araújo França et al.,  2021). 

Além do controle térmico, o MC favorece a estabilização dos sinais vitais. Estudos  demonstram que bebês submetidos ao Método Canguru apresentam frequência cardíaca,  respiratória e saturação de oxigênio mais estáveis (Velasco; Silva, 2022). Essa estabilidade reduz a necessidade de suporte intensivo, como oxigenoterapia contínua ou monitoramento  invasivo, o que contribui para recuperação mais rápida, diminuição do tempo de internação e  menor risco de infecções (Silva et al., 2021; Santos; Sapucaia, 2021). 

Outro aspecto importante refere-se à promoção e ao estímulo da amamentação. O  contato pele a pele estimula o reflexo de sucção do recém-nascido e aumenta a produção de  ocitocina na mãe, o que facilita a ejeção do leite. O leite materno, por sua vez, é essencial para  a nutrição e imunidade dos recém-nascidos, especialmente os prematuros, que possuem um  sistema imunológico imaturo e vulnerável (Sousa et al., 2019). 

Destaca-se ainda, como benefícios do MC a redução da dor e do estresse durante  procedimentos dolorosos, a diminuição do tempo de internação e dos custos relacionados a  recursos humanos e materiais. Além disso, o método contribui para o aumento da prevalência  do aleitamento materno exclusivo, melhora a atividade motora, regula os parâmetros  fisiológicos. O MC também facilita a organização comportamental precoce, favorece o  desenvolvimento global e o ganho de peso do RN, sendo ainda um importante instrumento para  o estímulo à amamentação direta no seio materno (Zirpoli et al., 2019). 

A presença constante da mãe, ou do cuidador principal, no cuidado diário do bebê cria  um ambiente mais acolhedor e afetivo dentro da UTIN. Essa proximidade reduz o estresse tanto  do bebê quanto dos pais, o que é crucial para o desenvolvimento emocional e social da criança.  Para os pais, participar ativamente do cuidado contribui para o fortalecimento do vínculo afetivo  e para a construção de uma parentalidade mais segura e consciente. O posicionamento do MC  é uma ferramenta que pode auxiliar no processo de adaptação tanto da mãe ou cuidador e  também do recém-nascido, ao estimular a confiança mútua e a criação de laços de apego,  contribuindo para o desenvolvimento psíquico e cognitivo (Abreu; Duarte; Dittez, 2020; Silva  et al., 2020). 

Além dos benefícios para o recém-nascido, é importante frisar a importância para a mãe  ou cuidador, principalmente sobre a ótica da saúde mental, uma vez que estes podem vivenciar sentimentos de culpa, ansiedade e impotência diante da condição do bebê. Assim, o contato  direto com o RN gera segurança nos pais e contribui para a redução desses sentimentos, ao  promover suporte emocional e autoconfiança (Lopes et al., 2020).

Diante disso, enfatiza-se que a participação dos pais no cuidado direto, além de  humanizar o ambiente hospitalar, estimula o desenvolvimento de competências e habilidades  importantes para a continuidade do cuidado após a alta hospitalar. Isso favorece a transição do  bebê para o ambiente domiciliar e reduz o risco de reinternações, uma vez que os pais se sentem  mais capacitados para lidar com as necessidades do bebê (Reichert et al., 2020). 

Outro ponto de destaque é o envolvimento paterno. Apesar de o MC está  tradicionalmente associado à figura materna, o envolvimento paterno também traz benefícios  significativos para o bebê e o fortalecimento do vínculo familiar. Portanto, a experiência do pai  ao realizar o Método Canguru permite vivenciar a paternidade de forma plena, significativa e  consciente das suas atitudes acerca do cuidado (Lopes; Santos; Carvalho, 2019). 

Todavia, elenca-se que, mesmo com os benefícios já reconhecidos, a implementação do  Método Canguru ainda enfrenta desafios em muitas unidades neonatais. Barreiras como a falta  de infraestrutura adequada, resistência de profissionais a mudanças nas rotinas e escassez de  treinamento dificultam a adoção plena da prática. Por isso, é fundamental investir em políticas  públicas que incentivem e sustentem essa estratégia em todo o território nacional (Luz et al.,  2022; Silva et al., 2018). 

5. CONCLUSÃO 

Este estudo teve como objetivo descrever os principais benefícios do Método Canguru  para recém-nascidos em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. A revisão de literatura  permitiu constatar que o MC se configura uma estratégia de cuidado que vai além do âmbito  clínico, pois alcança dimensões emocionais, sociais e humanas no atendimento do neonato prematuro ou de baixo peso ao nascer.  

Entre as contribuições destacadas, a literatura científica evidencia a eficácia do método  na promoção da estabilidade fisiológica, no estímulo ao aleitamento materno, na prevenção de  infecções e na redução do tempo de internação. Além disso, contribui significativamente para  o fortalecimento do vínculo afetivo entre o recém-nascido e sua família, especialmente com a  mãe, ao proporcionar um ambiente mais acolhedor e seguro durante o período crítico da  hospitalização. 

Dessa forma, os estudos acerca da utilização do Método Canguru reafirmam a  importância de práticas humanizadas na atenção à saúde neonatal, particularmente em cenários  marcados por vulnerabilidade social e limitações estruturais. Ressalta-se, ainda, a necessidade  de capacitação contínua das equipes de saúde, pois o conhecimento técnico-científico sobre os fundamentos e benefícios do Método Canguru favorece a sua aceitação e aplicação sistemática,  além de estimular a participação ativa dos pais no processo de cuidado. Assim, a implementação  de programas de formação, oficinas educativas e protocolos institucionais consistentes é  essencial para consolidar o MC como parte integrante da assistência neonatal qualificada e  centrada na família. 

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1Acadêmico do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: carvalhopatricia340@gmail.com 

2Enfermeira. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva. Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: pamela.franco@unisulma.edu.br