THE BENEFITS OF RIDING THERAPY FOR CHILDREN WITH CEREBRAL PALSY: ALITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10151121
Bruna Gabriel Pimenta Rivera1,
Orientadora: Profa Fisioterapeuta Esp. Adriana Nastaro Cinelli2
RESUMO
Introdução: Encefalopatia crônica não progressiva da infância ou Paralisia Cerebral (PC) é a deficiência mais comum na infância, existe as classificações: espástica, discinética, atáxica ou mista. A fisioterapia há diversos tratamentos para a paralisia cerebral, mas é comum que neuropediatras indiquem terapias para complementar, uma delas é equoterapia. Essa terapia utiliza o cavalo e busca o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais. Objetivo: Identificar por meio da literatura, os benefícios do método terapêutico da equoterapia nas crianças com paralisia cerebral. Método: Pesquisa de revisão de literatura, utilizando as plataformas: SciElo, Google acadêmico e BVS. No período de maio a outubro de 2023, obedecendo os critérios de inclusão e exclusão. Resultado: Para a revisão de literatura foram utilizados 10 artigos dos benefícios da equoterapia para crianças com paralisia cerebral. Conclusão: A equoterapia tem um impacto positivo para crianças com diagnóstico de paralisia cerebral, auxiliando em sua reabilitação trazendo benefícios.
Palavras-chave: Equoterapia assistida, fisioterapia e paralisia cerebral.
ABSTRACT
Introduction: Chronic non-progressive childhood encephalopathy or Cerebral Palsy (CP) is the most common disability in childhood, there are classifications: spastic, dyskinetic, ataxic or mixed. There are several treatments for physiotherapy for cerebral palsy, but it is common for neuropediatricians to recommend complementary therapies, one of which is equine therapy. This therapy uses horses and seeks the biopsychosocial development of people with disabilities and/or special needs. Objective: To identify, through literature, the benefits of the therapeutic method of hippotherapy in children with cerebral palsy. Method: Literature review research, using the platforms: SciElo, Google Scholar and VHL. From May to October 2023, following the inclusion and exclusion criteria. Result: For the literature review, 10 articles on the benefits of hippotherapy for children with cerebral palsy were used. Conclusion: Hippotherapy has a positive impacto n children diagnosed with cerebral palsy. Helping in your rehabilitation bringing benefits.
INTRODUÇÃO
A Encefalopatia crônica não progressiva da infância ou paralisia cerebral (PC) é definida pelo autor Rosenbaum et al. (2006) por uma lesão no cérebro imaturo permanente, que ocorre alterações no tônus muscular, postura e/ou movimento, múltiplas alterações motoras, sensoriais, cognitiva e psicossociais, interferindo o desempenho funcional das atividades diárias. Mas o sistema nervoso central (SNC) segue desenvolvendo mesmo na existência da lesão, seja ela ocorrida no pré, peri ou pós-natais.
Conforme Rotta (2002), a asfixia pré e perinatal e a maior responsável pelo comprometimento do recém-nascido, classificado como a primeira causa dos fatores exógenos onde ocorre a morbidade neurológica, e também o que gera muitas mortes neste período da vida. O que leva uma criança do perinatal e pós-natal ter PC ocorre por causa da diminuição do Oxigênio (O2), sendo a diminuição de O2 no sangue, hipoxemia ou a diminuição de perfusão de sangue no cérebro, isquemia.
PC é a deficiência mais comum na infância. Bax et al. (2005) descreve que o diagnóstico clínico varia de acordo com a área afetada, o mais comum é o córtex motor, porém, quanto mais extensa for a lesão, mais grave é o quadro. Dessa maneira as manifestações dependem, do local, tipo, a extensão e da disposição do SNC a se adaptar em se organizar após a lesão, assim constituindo um grupo heterogêneo, sendo a alteração motora predominante, juntamente com outros sinais e sintomas.
O diagnóstico ocorre de forma clínica, por meio de exames do pré-natal e em alguns dos casos após do nascimento. Os recém-nascidos tem as capacidades motoras em desenvolvimento, mas neste caso observa-se distúrbio motor muito diferente do que se espera ser normal. Rebel et al. (2010) observa um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, tanto em maior grau quanto em menor grau.
Segundo Wimalasundera e Stevenson (2017) existe as classificações do PC que é defina como: espástica, discinética, atáxica ou mista. Espástica: fraqueza muscular, hipertonia e diminuição dos reflexos de estiramento; Discinética: ocorre movimentos involuntários, déficit no tônus muscular; Atáxica: assimetria na postura, déficit motor, fraqueza muscular e hipotonia.
Rebel et al. (2010, p. 345) apresenta 3 (três) definições, classifica pelo Comitê Nomenclatura e Classificação da Academia Americana de PC, realizada em 1956. São elas:
(1)Piramidal (caracterizado pela espasticidade). Caracteriza-se pelo aumento da resistência dos membros aos movimentos passivos e com rápida velocidade. (2) Extra-piramidal (coreoatetose, atetose, distonia e ataxia).
Esse grupo é caracterizado pela variação de tônus durante o repouso e em situações de estresse. (3)Topográfico: diplegia (comprometimento dos membros inferiores), hemiplegia (comprometimento de membro superior e inferior do mesmo dimídio), triplegia (comprometimentos dos membros inferiores e um dos membros superiores), dupla-hemiplegia (comprometimento dos 4 membros, porém com maior espasticidade em membros superiores) e quadriplegia (comprometimento grave nos 4 membros).
No Brasil há uma escassez de estudos que explora a incidência da PC, no entanto, há dados de países em desenvolvimento que seja de 7/1.000 nascidos vivo. Segundo o Ministério da Saúde (2022).
Na fisioterapia a diversos tratamentos para PC, as abordagens são utilizadas para o desenvolvimento do paciente, para o aprendizado motor além do processo neurofisiológica. Dentre eles está, método Bobath, estimulação sensorial para a ativação e inibição e estimulação elétrica funcional. É comum alguns neuropediatras indicarem também a realização de terapias complementares, como, hidroterapia e terapia com o uso do cavalo (equoterapia) (Levitt, V.5 p.40-45).
Equoterapia é um método terapêutico e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais, segundo a ANDE-BRASIL.
O cavalo é considerado cinesioterapêutico, pois a sua andadura faz o movimento tridimensional: para cima e para baixo, para um lado e outro, para frente e atrás, fazendo com que o cavaleiro associe este movimento com o da cintura pélvica. O movimento também compõe estimulações sensório-motora com facilitação proprioceptiva e neuromuscular. (Janura et al. 2012) Portanto, o paciente pratica o processo de reabilitação ativamente, desta forma dentro da equoterapia ele é chamado de praticante. (ANDE-BRASIL, 2020)
A todo momento o praticante recebe este estímulo, visto que, o cavalo nunca está parado totalmente, trocando de apoio nas patas, movimentando a cabeça para olhar ao redor, alongando seu pescoço, provocando o desequilíbrio no cavaleiro, forçando o mesmo a reparar o tempo todo o seu comportamento muscular, auxiliando na ativação muscular, controle da cabeça e tronco, normalização do tônus muscular, melhora da auto-confiança, integração sensorial, flexibilidade, conscientização corporal e coordenação motora. (Nascimento, et al. 2010)
Segundo os autores Freire et al. (2019) a equoterapia é vista como mecanismo de auxílio para o desenvolvimento motor e biopsicossocial de pacientes com necessidades especiais ou portadoras de algum tipo de deficiência e descreve como característica a utilização de cavalos por meio de uma abordagem multidisciplinar.
Para Corrêa et al. (2012) em seu estudo descreve a equoterapia como característica essencial é o passo que o cavalo produz e os movimentos que transmite para o que está conduzindo. Analisando o movimento tridimensional sendo eles movimentos sequenciados e simultâneos, trabalhando a postura e o equilíbrio. E ainda descreve o movimento, no plano vertical e horizontal, sendo: vertical, movimentos para cima e para baixo; e horizontal movimentos para a direita e para a esquerda.
Dentro da equoterapia a também contra indicações, algumas delas segundo ANDE-BRASIL são : Coluna vertebral aonde há uma escoliose severa, casos de dores durante e/ou após a sessão de equoterapia; Luxação ou subluxação o qual tem um bloqueio da articulação ou dificuldade pela limitação da amplitude de movimento (ADM), desalinhamento postural e/ou pélvico; Traqueotomia que depende totalmente da oxigenoterapia ou desconforto respiratório; Asma e alergia que desencadeia a broncoespasmo; Instabilidade atlantoaxial; Sonda nasogástrica; Epilepsia sem controle; Deformidades articulares em caso de dor ou mal posicionamento na montaria.
OBJETIVO
Identificar por meio da literatura, os benefícios do método terapêutico da equoterapia nas crianças com paralisia cerebral.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura. Para o levantamento bibliográfico foram utilizadas as plataformas de pesquisa: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Pubmad, Google acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Esta pesquisa foi realizada dentro dos meses de maio a outubro de 2023, obedecendo os critérios de inclusão: Artigos publicados na língua portuguesa e inglesa, artigos de 2015 a 2023, relacionados ao tema e ao objetivo do trabalho e com texto na íntegra. Os critérios de exclusão adotados: artigos de revisão bibliográficos, artigos que fugia do objetivo da pesquisa, artigos com ano de publicação inferior de 2015, que se encontra em outra língua, resumos, teses e dissertações. Foram encontrados 153, dos quais 10 foram utilizados. As palavras chaves definidas: Equoterapia assistida, fisioterapia e paralisia cerebral.
RESULTADOS
QUADRO 1 – ANÁLISE DE LITERATURA BIBLIOGRÁFICA
AUTOR /ANO | OBJETIVO | MÉTODOS | RESULTADOS | CONCLUSÃO |
Antón, et al. 2018 | O objetivo do presente estudo é avaliar o efeito de um protocolo de intervenção de equoterapia de 12 semanas na espasticidade dos adutores do quadril em crianças com paralisia cerebral espástica. | Estudo de ensaio clínico randomizado. Os pacientes que colaboraram com a pesquisa foram no total 44 crianças, 28 meninos e 16 meninas, entra 8-9 anos. Foi utilizado escala de MAS como protocolo para avaliação do tônus muscular, foi utilizado O teste de Shapiro-Wilk e o teste de T, para obter os resultados desta pesquisa. A equoterapia foi realizada em 12 semanas, uma vez por semana com duração de 45min. Dividiu-se em grupo de controle, que recebeu apenas fisioterapia convencional e grupo intervenção que recebeu fisioterapia convencional e equoterapia. | Com o método já predefinidos, foi dividido em dois grupos e os resultados após doze semana, foi no grupo controle teve uma diminuição segundo a escala de MAS de -0,5 e ou grupo de intervenção – 0,27. Nos outros dois testes obtiveram como resultado uma melhora significativa, com a pratica da equoterapia, sendo eles o equilíbrio, e ganhar de tônus muscular | O estudo mostra que há melhoria para as crianças depois da terapia com cavalo. Afirmando que o protocolo usado é útil para indivíduos com distúrbios motores. Apesar dos resultados positivo, proponha-se mais números de estudos com esse tema |
Ferreira, et al. 2017 | Avaliar crianças com PC pré e pós tratamentos equoterapeutico. | Estudo de caso com três crianças. Tendo diagnostico PC, ambos os sexos, que não realizava a fisioterapia convencional e nem equoterapia. Utilizaram para a avaliação a Medida de Independência Funcional (MIF). Para não ter alterações, apenas um terapeuta avaliou. Ao escolher o cavalo foi observado o perfil de cada criança. O circuito foi realizado no solo de concreto e grama para diferentes estímulos. | As três crianças foram beneficiadas com a terapia. Pois apresentaram um aumento na pontuação da MIF. Realizando suas atividades, autocuidado, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição com mais eficácia. | Foram eficaz a terapia, mostrando uma melhora na realização das atividades autocuidado, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição. É necessário um aprofundamento em novas pesquisar com o tema de benefícios da equoterapia. |
Freire, et al. 2020 | Compreender as repercussões biopsicossocia is da equoterapia na reabilitação de indivíduos diagnosticados com paralisia cerebral, tomando como eixo de análise os ganhos físicos, sociais e psicológicos | Estudo exploratório, observacional e descritivo, os participantes responderam um questionário semi estruturado e planejado, contendo as informações sobre a importância da equoterapia e os benefícios biopsicossociais. Os responsáveis/acompanhantes foram envolvidos na pesquisa. | Dando ênfase aos resultados físicos, os responsáveis, destaque a melhora na postura (100%), equilíbrio (90%), na visão dos profissionais, os benefícios no efeito físico furam: Desenvolvimento de equilíbrio, adequação do tônus muscular, postura, lateralidade, coordenação motora, esquema corporal e linguagem verbal | Na equoterapia a ganhos significativos biopsicossociais, mostrando a importância deste recurso fisioterapêutico. Considerando os dados que foram obtidos, sugere que haja mais estudos nesta área. |
Jang, et. al, 2016 | Investigar os efeitos da equoterapia nos parâmetros psicossociais e emocionais de crianças com PC | Estudo de caso, com 8 crianças, ambos os sexos, a terapia foi realizada uma vez por semana, com duração de 30 minutos. Para avaliação utilizaram: Medida da função Motora Grossa (GMFM), escala de equilíbrio A Pediatric Balance Scale (PBS) e barthel modificado. | No equilíbrio, (PBS) teve aumento de 4 pontos depois da terapia, GMFM aumentou 2,4 pontos após a terapia e K-MBI teve um aumento, mas não significativo. | O tratamento de equoterapia teve um efeito positivo no equilíbrio e na função motora grossa. |
Kwon, et. al 2015 | Examinar se a equoterapia tem um efeito clinicamente significativo na função motora grossa em crianças com paralisia cerebral (PC). | Entre 124 crianças, apenas 91 crianças participaram do estudo. que foram divididas em 2 grupos. onde foram avaliados GMFM-88, um instrumento de avaliação da função motora. | Como resultado o estudo apresenta quem em um período de 8 semanas apresentou uma melhora significativa de acordo com o nível de GMFCS. | Em conclusão este estudo demonstra efeitos benéficos da equoterapia em praticantes, desenvolvendo uma melhora na sua função motora grossa e o equilíbrio. |
Lightsey, et. al 2021 | Avaliar como a pratica da equoterapia afeta a mobilidade funcional das crianças com PC. | Com o estudo explorando as intervenções entre crianças com PC e o cavalo, 4 crianças foram escolhidas para participar de 8 sessões. A avaliação utilizada foi Time Up Go (TUG), realizada na primeira, quarta e última sessão. | Como resultado os autores relatam uma melhora modesta ao longo do tempo e que a cada vez mais sincronizados com o movimento do cavalo. | Os autores concluem que com a pratica de da equoterapia os pacientes se tornam mais familiarizado ao movimento do cavalo e como isso auxilia no sistema neuro muscular, ajudando na macha do ser humano, que melhora a funcionalidade do ser humano. |
Leal, 2022 | Verificar os efeitos da equoterapia no equilíbrio postural, no desempenho funcional e na distribuição de pressão plantar em crianças com Paralisia Cerebral. | Estudo de caso, para avaliar o peso em posição ortostática durante a marcha, e para o equilíbrio postural e desempenho funcional um método pré-experimental com medidas repetidas. Após a exclusão, participaram da pesquisa 20 praticantes. Dividiram em dois grupos, G1 uma vez por semana e G2 duas vezes por semana. Realizaram três avaliações, primeira antes das sessões, segunda com 12 sessões e a última com 24 sessões. As avaliações foram feitas em laboratório de análise do movimento humano (LAMH), escala de equilíbrio de berg (EEB) e avaliação pediátrico de incapacidade (PEDI) | Para obter este resultado foram feitas 3 avaliações sendo que foi utilizado dois grupos para este estudo. A primeira avaliação não se observou uma melhora na velocidade, já no segundo teste comparado com o primeiro após 24 sessões de equoterapia aumentaram significativamen te a velocidade auto selecionada. Comparando a primeira com a ultima avaliação houve aumento mais significativo na velocidade e comprimento do passo na velocidade rápida. | Após as sessões de uma vez por semana e duas vezes por semana teve melhora no equilíbrio postural sentado, marcha e o desempenho funcional. Recomenda-se novos estudos em relação ao tema, com maior número de praticantes. |
Souza, et. al 2018 | Avaliar o desempenho funcional de uma criança com paralisia cerebral antes e após intervenção da equoterapia. | Estudo quantitativo, descritivo de um estudo de caso. Incluiu uma criança, 12 anos, sexo masculino e diagnostico medico de paralisia cerebral. Avaliou-se por meio da escala GMFCS e GMFM. Foi realizado 8 sessões, uma vez na semana de duração 40min. dividiu-se em três etapas: Adaptação, aproximação e montaria ao cavalo. | A partir dos resultados da escala GMFM, a dimensão A (deitar e rolar) e C (engatinha e ajoelhar) teve avanço a partir da 4° sessão, já na dimensão B (sentar) a partir da 3° sessão, dimensão D (em pé) ouve evolução na 2° sessão e dimensão E (andar, correr, pular) não teve uma evolução significativa. | A equoterapia tem um papel que pode potencializar o desempenho da criança com diagnostico de paralisia cerebral, focando no essencialmente no andar, correr e pular por meio do estimulo do cavalo que se dá mecanismos neurofisiológi- cos. Para melhor identificação dos impactos da equoterapia, propunha mais pesquisas neste tema. |
Romagn et al. 2016 | O objetivo deste artigo foi analisar o perfil dos pacientes atendido pelo centro de equoterapia visando melhorar suas técnicas e o atendimento com seus pacientes. | Um estudo observacional, descritivo e retrospectivo, com 20 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos. Se seguiu com uma entrevista com os pais e responsáveis e analisado o decorrer de 3 sessões. | Como resultado os autores relacionam os benefícios da equoterapia com outras síndromes, mas notou melhora na postura dos pacientes com paralisia cerebral. | Ao final o artigo conclui que o perfil dos pacientes e como a equoterapia se destaca na reabilitação de crianças com paralisia cerebral. |
Wieczore k et al, 2020 | O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da equoterapia (terapia com cavalos) na postura e função corporal de crianças com paralisia cerebral. | Estude de caso, com 45 crianças ambos os sexos, entre 6-12 anos. Usada a escala GMFG níveis I e II. Dividiu-se em três grupos, grupo de estudo I, grupo de estudo II e grupo de controle ao qual não praticou equoterapia. As sessões foram individualizadas para cada necessidade de cada praticante. Foi utilizada a Escala de avaliação do sentado (SAS). | Após realizar duas avaliações, seguindo o método pré estabelecido, os autores tiveram como resultado as crianças do grupo 1 tiveram uma melhora em quase todas as categorias, exceto no pé de controle. No grupo 2 os resultados obtiveram uma melhora em todas as categorias. Já o grupo do controle foi observado uma melhora apenas na função do controle do corpo e na função manual. | Conseguiu identificar que há melhoras na postura corporal sentada em crianças com PC, incluindo controlo da posição e função da cabeça, tronco e extremidades superiores. |
DISCUSSÃO
Os estímulos múltiplos proporcionados pelo cavalo são capitados pela criança através dos sistemas sensoriais, musculares, esqueléticos, límbicos, vestibulares e oculares. De acordo com Atón et al, (2018) e Souza et al. (2018) O movimento é rítmico que desenvolve estímulos neurais, com o ganho da pratica na montaria a criança tem o auxílio de reorganização do sistema nervoso central. Atón et al, (2018) em sua pesquisa mostra que o cavalo ajuda no aumento do movimento pélvico, dando impacto na diminuição da espasticidade dos adutores do quadril, consequentemente contribuindo no aumento das habilidades de contração, estabilidade articular e sustentação de peso, além do equilíbrio, permitindo os movimentos funcionais da criança como sentar, caminhar e postura. Souza et al. (2018) realizou sua pesquisa de estudo de caso e aplicou GMFCS e GMFM, após as oito sessões de 40 minutos cada, mostrou resultados positivos sobre o desempenho funcional da criança, sobretudo andar, correr e pular.
Como no estudo de Souza et al. (2018) que se realizou com um único paciente com PC no estudo de Lightsey, et al. (2021) teve poucos participantes, no total são quatro crianças com diagnostico de Paralisia Cerebral. Que analisou como a pratica da equoterapia afeta a mobilidade funcional dos seus praticantes, utilizando como avaliação Time Up Go (TUG) diferente de Souza et al. (2018) que utilizou outro método de avaliação GMFCS e GMFM. Ambos estudos mostram os efeitos com a pratica da equoterapia para desenvolvimento motor, tanto como fino como grosso. Lightsey et al. (2021) em seu estudo enfatiza a melhora da habilidade motora, no controle postural, facilita o equilíbrio na posição vertical e as reações de correção e a variação da velocidade da passada do animal.
A equoterapia proporciona estimulo sensorial-motora com facilitação proprioceptiva e neuromuscular, sendo assim em seu estudo de caso Ferreira et al. (2017), as três crianças apresentando melhora em suas atividades cotidianas, autocuidado, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição social. Ele realizou a avaliação pela MIF, aonde obteve resultados positivos, ele também menciona o aumento do equilíbrio. Outro autor mostra um resultado positivo no equilíbrio é Freire et al. (2019) que em sua pesquisa realizou um trabalho exploratório, observacional e descritivo através de acompanhantes e responsáveis de crianças e adolescentes com paralisia cerebral. Foi utilizado questionário semiestruturado, e planejado, contendo as informações que prioriza a equoterapia e os benéficos que a mesma proporciona as crianças e adolescentes. Apresenta como resultados positivos em relação a melhora dos pacientes com PC em vários aspectos como: na postura houve 100%, equilíbrio 90%, interações sociais 80%, humor 80% e autoconfiança 80%.
Pela literatura há alguns autores que mostram os benefícios em relação ao equilíbrio, e para enfatizar esse ganho o estudo de Jang et al. (2016) aonde recrutou oito crianças e realizou a avaliação MGFG e PBS, após as 8 semanas realizando duas sessões por semana de 30 minutos, obteve os resultados positivos, apresentando pela escala PBS a melhora do equilíbrio nos praticantes, além também da marcha e função motora grossa através da escala MGFG que teve o ganho na pontuação. Em concordância Know et al. (2015) em sua pesquisa, recrutou 91 crianças, dividindo em dois grupos, grupo equoterapia: aonde praticaram terapia com cavalo durante 30 minutos e grupo controle: que realizou fisioterapia convencional por 30 minuto. durantes 8 semanas. Utilizou também para a avaliação MGFG e PBS, mostrando o aumento dos benefícios da função motora grossa e no equilíbrio após as sessões de equoterapia.
Atón et al. (2018) em seu estudo da ênfase na importância do cavalo para melhora do equilíbrio e da função motora do praticante, nesta mesma linha de raciocínio Leal (2022) analisa a função da marcha do cavalo e os benefícios que traz a marcha humana através da pratica da equoterapia. Leal em seu artigo diz que a pratica da equoterapia sendo apenas uma vez por semana, já acontece uma melhora do equilíbrio da criança com PC. Para afirmar esse benefício, realizou o estudo de caso, aonde participaram 20 crianças, dividiram em dois grupos, grupo I apenas uma vez por semana e grupo II duas vezes. Ambos tiveram resultados positivos, porém o G2 teve um maior benefício.
Alguns autores destacam a importância na equoterapia o animal, cavalo, como ele traz benefícios, esses autores, Wieczorek et al. 2020, Ferreira e Jang em seus estudos ao avaliar os pacientes, notaram que o animal tem muita influência sobre o paciente ajudando, no desenvolvimento do acompanhamento, como observação destacam os benéficos que o animal proporciona, como na autoconfiança, no equilíbrio e no controle.
Sendo o único estudo que visa ajudar a evoluir a metodologia do equoterapia os autores Romagn et al. 2016 seu estudo com 20 praticantes, tem como objetivo de traçar um perfil dos praticantes de equoterapia visando a melhoria da quantificação dos atendimentos, encontrou como resultado que 60% dos pacientes são diagnosticados com PC e que após três sessões de montaria observou uma melhora significativa, nos pacientes. Através de observação, descrição e retrospectiva os autores puderam observar que a maioria de pacientes com PC procuram a equoterapia e que após poucas sessões já é analisado uma evolução no equilíbrio e postural do praticante.
Uma análise feita nesta discussão é que todos os artigos apresentados neste trabalham frisam a importância de ser mais estudado a equoterapia principalmente com benéficos para a reabilitação ou desenvolvimento de crianças com paralisia cerebral, que mesmo com as diferenças do PC ou de sexo, podemos analisar que ainda se tem poucos estudos e que estes poucos estudos comprovam grandes ganho e benefícios aos praticantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo, observou que a equoterapia tem um impacto positivo em crianças com diagnóstico de paralisia cerebral. Essa terapia auxilia na reabilitação, trazendo benefícios para a melhora de força, postura, equilíbrio, marcha e capacidade das funções motora grossa.
No entanto, é necessário um maior número de estudos para ajudar na evolução nos atendimentos da equoterapia, como também para que todos os profissionais saibam de como um método pode ser tão eficaz para o desenvolvimento das crianças.
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1Acadêmica do curso de Bacharelo em Fisioterapia do Centro Universitário Campo Limpo Paulista UNIFACCAMP, Rua. Guatemala, 167 – Jardim America, Campo Limpo Paulista, São Paulo, Brasil. Email: brunagpimenta99@gmail.com
2Orientadora e Professora Fisioterapeuta especialista do Centro Universitário Campo Limpo Paulista – UNIFACCAMP