REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7313786
Amanda Batista Queiroz
Carla Fernandes Almeida de Souza
Claudia Vilela de Souza
Milena Correa da Silva
Rozeane P. Barbosa de Freitas
Orientadora: Fernanda Mutou
A Síndrome de Down (SD) é uma das alterações genéticas cromossômicas bastante frequente, que ocorre devido a uma carga genética extra, desde o desenvolvimento intra-uterino. Trata-se de uma desordem genética vista pela primeira vez pelo médico britânico John Langdon Haydon Down em 1866 (BERTAPELLI et al., 2011)
Além das alterações genéticas, a pessoa com SD apresenta características fenótipas, trazida pela alteração genética, além de déficit no desempenho funcional e atraso no desenvolvimento motor no que diz respeito a motricidade fina e global, equilíbrio estático e dinâmico, esquema corporal, organização espacial e temporal, diminuição do controle sensório motor, hipermobilidade e hipotonia muscular (COPPEDE et al., 2012).
Quanto ao diagnóstico, durante o período de gestação, é possível constatar se o feto apresenta a síndrome ou não. Como fator de predisposição são descritos: a gravidez em mulheres acima de 35 anos, que já apresenta outro filho com fator positivo(Barreto et al., 2007). Pesquisas sobre os aspectos de desenvolvimento infantil da Síndrome de Down focam os fatores que influenciam nas aquisições motoras da criança, revelando que estas apresentam um atraso significante no prosseguimento das habilidades motoras e no controle postural quando comparado com as crianças típicas (ARARUNA, 2015).
A criança com SD precisa de um tratamento global, a equoterapia se enquadra nesse contexto, pois se trata de uma técnica que trabalha a criança como um todo trazendo benefícios como físico, psicológico, educacionais e sociais. A equoterapia é um tratamento complementar da fisioterapia e vem proporcionando vários resultados importantes referentes à aprendizagem, à concentração, à memorização, à organização do esquema temporal e aquisições têmporo-espaciais. (ARAKI; BAGAGI, 2014).
SÍNDROME DE DOWN
A SD é uma desordem genética que causa atrasos no desenvolvimento mental e motor de seu portador. Isso se dá porque o indivíduo contém 1 cromossomo a mais agrupado ao par 21 de cada célula. Uma pessoa que não possui a síndrome carrega em suas células 46 cromossomos, já o portador de SD carrega 47 cromossomos. Essa má distribuição ocorre na fase de formação embrionária no momento em que as células estão em divisão, alterando definitivamente o desenvolvimento do mesmo (NASARIO; CARDOSO, 2013).
Figura 1 Alteração genética da SD)
Fonte: (site: brasilescola.uol.com.br)
Há três tipos principais de anomalias cromossômicas ou variantes, na síndrome de Down. (OTTO et al., 2004).
Tabela 1 – Principais tipos de variantes da SD)
As características do portador de SD são muito evidentes, como a hipotonia que pode ser notada nos neonatos, baixa estatura, braquicefalia com ocipúcio achatado, o pescoço é curto contendo pele frouxa na nuca, ponte nasal achatada, orelhas com implantação baixa podendo também conter um aspecto dobrado, olho contendo manchas de Brushfield ao redor da margem da íris. A boca se mantém aberta na maior parte do tempo, pois sua língua é protusa e cheia de sulcos. Pregas epicânticas e fendas palpebrais elevadas, mãos curtas e largas em geral com uma única prega palmar transversa chamada de linha simiesca e o quinto dedo encurvado, os pés apresentam um espaço entre o primeiro e o segundo artelho com um sulco que se estende proximalmente na superfície plantar (NUSSBAUM et al., 2002).
O principal meio de diagnóstico é o exame pré-natal que permite detectar a existência da SD ainda na gravidez, e também há o exame de translucência nucal, que pode ser feito por via abdominal ou vaginal no primeiro trimestre de gestação e é considerado um excelente meio de diagnóstico. Quando o feto possui algum erro genético, ou má formação há tendência a ter um acúmulo de líquido na região da nuca, onde é possível se examinar através de imagens ultrassonográficas a presença desse acúmulo de líquido na que ocorre com mais frequência entre a 10ª e 14ª semana. (MURTA; FRANÇA 2002).
ALTERAÇÕES
As alterações clínicas causadas por um cromossomo 21 extra incluem distúrbios metabólicos, atipia tecidual e retardo mental, afeta o sistema neuromotor, cognitivo e sensorial, prejudica a função executiva e desempenho de atividades funcionais (CAMPOS, COELHO, ROCHA, 2010).
Porém, esta síndrome também está ligada à parte motora do indivíduo. Dentre algumas das alterações apresentadas estão a hipoplásica cerebral, causadora da hipotonia, frouxidão ligamentar, alterações biomecânicas que resultam em carência de controle postural, discrepância na densidade óssea, hipoplásica de cartilagem, o que influencia na manutenção ou falta de equilíbrio e déficit de força muscular (Espíndula, Ribeiro, Souza, Ferreira & Teixeira, 2015)
O Ministério da Saúde apresenta alterações associadas à SD, que necessitam de uma grande atenção, são elas: cardiopatias congênitas, alterações oftalmológicas, auditivas, do sistema digestório, endocrinológica, do aparelho locomotor, neurológicas, hematológicas e ortodônticas.
Tabela 2 – (Patologias associadas à SD e sua prevalência)
Fonte: (Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down)
TRATAMENTO
A fisioterapia está voltada à elaboração de propostas que estejam de acordo com as necessidades do paciente e com problemas referentes aos ajustes posturais frequentes na Síndrome de Down, como os atrasos motores (ARARUNA et al; pág. 144, 2015). Como também ajuda os portadores da SD alcançar as etapas de seu desenvolvimento da forma mais adequada possível, buscando a funcionalidade na realização das atividades diárias e na resolução de problemas (BACIL, 2017).
A equoterapia é uma prática utilizada com o uso do cavalo que oferece o aprimoramento motor do alinhamento do corpo, controle de sinergias globais, promoção do equilíbrio estático e dinâmico, lateralidade, desenvolvimento da coordenação motora fina, força muscular e velocidade. (AZEVÊDO et al., 2017). A participação global do praticante é exigida a partir da mudança de posições e adequações posturais do indivíduo no cavalo, com isso estímulos sensoriais são emitidos ao sistema nervoso central, trabalhando a regularização do tônus, coordenação motora, flexibilidade, fortalecimento muscular e sistema respiratório, o que contribui para o alinhamento biomecânico, ativação e sinergia muscular (MENEGHETTI et al., 2009).
De acordo com a American Hippotherapy Association (AHA, 1999) as indicações gerais para a prática da equoterapia são: Alteração de tônus muscular; distúrbios de equilíbrio; coordenação diminuída; Função sensório-motora alterada; assimetria postural; controle postural ineficiente; diminuição da mobilidade corporal, entre outros.
Na equoterapia o equino apresenta três tipos de andaduras: passo, trote, galope. De forma que é durante a alternação dos passos, que ele produz os movimentos tridimensionais e oscilações aos quais o praticante precisa se adaptar. Geralmente mesmo parado ele não se apresenta totalmente estático, há mudanças de localização e trocas de membros, e movimentos com a cabeça para direita e esquerda. Trote e galope são passadas saltadas, é exigido ao praticante um estímulo maior, apresenta movimentos mais ágeis, pois o cavalo não toca as patas ao chão. O passo é a andadura, utilizada em programas de reabilitação, são passos rolados ou marchados, onde se encontra alguns dos membros em contato com o solo, é uma marcha ritmada, em quatro tempos de cadência. A partir do movimento realizado de um lado do animal, o mesmo é repetido pelo outro lado, tornando assim movimentos simétricos, mais lentos, assim sobressaindo maiores resultados aos praticantes (Liporoni & Oliveira, 2005).
Estudos apontam que o efeito tridimensional imposto pelo andar do cavalo, exerce sobre a cintura pélvica um deslocamento de 5 cm em planos verticais, bem como uma rotação na horizontal de 8 graus de um lado para outro. Indica-se que 30 minutos da prática de equoterapia fornece entre 1800 a 2250 ajustamentos tônicos (Silva & Aguiar, 2008).
De acordo com o Comitê de Saúde e Educação da North American Riding for the Handecapped Association (NARHA, 2001), as contraindicações são: Portadores de síndrome de Down com menos de 3 anos; Portadores de síndrome de Down com instabilidade atlantoaxial e com sinais neurológicos avaliados por um profissional com formação médica; entre outros.
A equoterapia vem crescendo e é possível mostrar através do que se tem a eficácia desta terapia na melhora do controle postural e no desenvolvimento do equilíbrio. Neste sentido, investigamos quais os benefícios dela em uma criança em condição genética de SD.
OBJETIVO
Geral:
- Verificar os benefícios da equoterapia em crianças com Síndrome de Down.
Específico:
- Comprovar o desenvolvimento do equilíbrio através da equoterapia na criança com SD
- Comprovar a melhora postural através da equoterapia em crianças com SD.
MÉTODOLOGIA
O presente estudo caracterizou-se como uma Revisão de Literatura Qualitativa acerca dos Recursos da Equoterapia no Controle Postural de Tronco e Equilíbrio em crianças com Síndrome de Down com buscas e análises críticas bibliográficas dando ênfase e fundamento a nossa tese.
As pesquisas foram realizadas por meio de buscas em artigos científicos encontrados em bases eletrônicas nas plataformas indexadas como: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Portal de Periódicos da CAPES foram usados os seguintes descritores: equoterapia, síndrome de down, down syndrome and hippotherapy.
Como Critério de Inclusão: Foram artigos que atendiam aos objetivos, artigos com idioma Inglês, Português e Espanhol que contemplam os anos de 2012 a 2022, e artigos que abordam temas relacionados à síndrome de down, controle postural, equilíbrio e equoterapia que trouxessem esclarecimentos para a pesquisa. E nos Critérios de Exclusão foram retirados artigos que não atendiam os objetivos, artigos com restrição de acesso à publicação impressa ou online, TCC, intervenções de equoterapia em pacientes diagnosticados com outras patologias bem como outros tipos de terapias não condizente com a presente. Foram encontrados 387 artigos na primeira etapa a partir dos descritores, sendo que na segunda etapa foram selecionados 58 que atendiam a todos os critérios de inclusão, na terceira etapa 38 artigos foram excluídos a partir dos critérios de exclusão Para elaboração do artigo foram utilizados 20 artigos, como mostra a Figura 2.
Figura 2- (Fluxograma de seleção dos artigos)
Gráfico 1 – Ano de publicação e quantidade de artigos científicos encontrados para realização da revisão.
RESULTADOS
Os resultados foram obtidos pelos descritores citados abaixo. Após análise dos vinte artigos utilizados, 8 apresentaram pesquisas referentes ao controle postural.
Tabela 3 – (Artigos da amostra final de controle postural)
Autores e ano de publicação | Título | Objetivo | Conclusão |
Okamoto, Nader e Neto, 2014 | A influência da equoterapia no desenvolvimento motor do portador de SD | Identificar as principais características da equoterapia e suas influências na prática terapêutica do portador de SD. | A equoterapia caracteriza-se como sendo um recurso terapêutico e educacional, que por adotar o uso do cavalo como principal ferramenta propicia ao paciente melhoria em diferentes áreas do corpo simultaneamente, principalmente cerebral e muscular, e traz como aprimoramento, além dos benefícios terapêuticos, o estímulo social e educacional. |
Martignago et al., 2015 | Benefícios da equoterapia em crianças com deficiência intelectual e múltipla. | Todas as atividades devem ser aplicadas de forma interdisciplinar por equipe multiprofissional e são adaptadas às necessidades dos praticantes. | Houve aumentos significativos da atenção durante as atividades desenvolvidas, melhora da postura e o estímulo de padrões motores adequados. |
Espindula et al., 2016 | Efeitos da equoterapia na postura de indivíduos com SD | Avaliar a postura antes e após o tratamento com equoterapia em indivíduos com SD. | Os indivíduos com SD apresentaram mudanças satisfatórias no comportamento motor. Melhora da postura estática e alinhamento. |
Ribeiro et al., 2016 | Avaliação postural pré e póstratamento equoterapêutico em indivíduos com SD | Avaliar quantitativamente e qualitativamente as mudanças na postura de membros inferiores de praticantes com síndrome de Down submetidas ao tratamento Equoterapêutico. | O uso da manta com os pés fora do estribo proporcionou aos indivíduos com síndrome de Down mudanças satisfatórias no alinhamento postural, em especial no alinhamento de MMII,que refletiram em uma melhora da postura estática de forma individualizada. |
Costa et al., 2017 | Efeitos da equoterapia na coordenação motora global em sujeitos com SD | Verificar os efeitos em um programa de equoterapia na coordenação motora global em sujeitos com SD de ambos os sexos com idade entre 6 e 14 anos, comparado com sujeitos com SD que não praticam equoterapia. | Pode-se inferir que os efeitos de um programa de equoterapia influenciam positivamente a coordenação motora global em indivíduos com SD em ambos os sexos com idade entre 7 e 13 anos, comparados a indivíduos com SD que não praticam.. |
Chaves e Almeida, 2018 | Os benefícios da equoterapia em crianças com SD | Analisar os benefícios da prática terapêutica da equoterapia em crianças com síndrome de Down. | Os resultados dos estudos demonstraram que se a criança com síndrome de Down praticar equoterapia, ser acompanhada por equipe multidisciplinar e tiver o estímulo constante da família, há boas chances de alcançar resultados positivos. |
Stefanes et al., 2021 | A hipoterapia e sua atuação no desenvolvimento biopsicossocial de crianças com SD | Apresentar uma revisão narrativa da literatura que correlacione as vertentes supracitadas e propõe responder questões que contribuam com melhores práticas profissionais | O desenvolvimento biopsicossocial pode ser atribuído a exercícios assistidos com cavalos, melhorando a postura estática, alinhamento dos ombros, cabeça, quadril e MMII. |
relacionadas ao tema desenvolvimento biopsicossocial de crianças com SD. | |||
Fortunato, Souza e Silva, 2022 | Equoterapia como alternativa terapêutica no equilíbrio postural em crianças que possuem disfunções motoras. | Descrever os efeitos da equoterapia como alternativa terapêutica para treino de equilíbrio postural em crianças com disfunções motoras. | Não há dúvidas de que a utilização do cavalo como principal ferramenta terapêutica em crianças com disfunção motora contribui para melhora do déficit de equilíbrio postural. |
Tendo sido separados por objetivo, dos mesmos vinte artigos, 12 analisaram o equilíbrio
Tabela 4– (Artigos da amostra final de equilíbrio)
Autores e ano de publicação | Título | Objetivo | Conclusão |
Schelbauer e Pereira, 2012 | Os efeitos da equoterapia como recurso terapêutico associado com a psicomotricidade em pacientes portadores de SD | Analisar quais eram os benefícios que a equoterapia como recurso terapêutico associado com a psicomotricidade trariam para pacientes portadores de SD. | Após a aplicação do protocolo do tratamento de estudo pode-se observar uma melhora importante na motricidade fina e global, equilíbrio estático e dinâmico e nas fases da marcha. |
Torquato et al., 2013 | A aquisição da motricidade em crianças portadoras de SD que realizam fisioterapia ou praticam equoterapia | Verificar a aquisição de marcos motores em crianças portadoras de SD que realizam a equoterapia e fisioterapia convencional. | A equoterapia e a fisioterapia convencional influenciaram na aquisição de marcos motores em portadores de SD. |
Alves et al., 2013 | A equoterapia no tratamento de crianças e adolescentes com necessidades especiais | Analisar e divulgar os benefícios da equoterapia como tratamento de crianças e adolescentes com necessidades especiais. | A equoterapia é um recurso que contribui para a melhora da qualidade de vida, respeitando-se o potencial e a fase de desenvolvimento em que se encontra cada indivíduo. |
Silva e Sousa, 2014 | A utilização da equoterapia no tratamento da SD: uma revisão sistemática | Dimensionar de forma integrada o que revelam os principais estudos referentes à utilização da equoterapia no tratamento da SD | É significativo o uso da equoterapia como auxiliadora no tratamento da Síndrome de Down e que através dos dados verificamos melhora em termos genéricos dos casos analisados. |
Saraiva e Liberato, 2016 | Atuação da equoterapia em crianças com síndrome de Down | Identificar o trabalho da equoterapia na atuação com crianças portadoras de Síndrome de Down de acordo com a literatura dos anos 2004 a 2015. | O resultado descrito pelos autores condiz com a contribuição da equoterapia para a função motora, atenção, melhor envolvimento familiar, relevante inclusão escolar e social dessas crianças. |
Silva, Rubinho e Valério, 2016 | A importância da equoterapia na reabilitação do portador de SD | Mostrar através de uma revisão de bibliografia, a importância da equoterapia no portador de SD | A Equoterapia que utiliza o cavalo como forma cinesioterapêutica de tratamento, proporciona vários |
efeitos benéficos ao paciente com SD. | |||
Fernandes, Souza e Ribeiro, 2018 | Os efeitos da equoterapia no equilíbrio de praticantes com SD | Realizar uma revisão da literatura e identificar os efeitos da equoterapia sobre o equilíbrio em praticantes com Síndrome de Down. | A equoterapia proporciona benefícios significantes em pacientes com Síndrome de Down como: melhora do equilíbrio corporal, aumento de tônus muscular, entre outras. |
Marinho, 2018 | A intervenção fisioterapêutica no tratamento motor da SD: uma revisão bibliográfica | Apresentar e discutir achados da literatura referente à atuação do fisioterapeuta na síndrome de Down e apresentar também achados sobre a equoterapia como terapia alternativa para o tratamento do fisioterapeuta. | Os autores concordaram que a fisioterapia é primordial para a criança com síndrome de Down, e sua função seria para tratar os acometimentos motores. A associação da equoterapia pode facilitar e muito o tratamento fisioterapêutico, |
Amaranta et al., 2018 | Efeitos da hipoterapia na função motora de pessoas com SD: uma revisão sistemática | Analisar as evidências científicas sobre o efeito que a hipoterapia exerce na função motora de pessoas com SD. | Não existem evidências sólidas sobre a melhora da função motora em pessoas com SD no tratamento com hipoterapia. |
Proença et al,., 2020 | Benefícios da Equoterapia no Desenvolvimento motor da criança com SD | Os aspectos de desenvolvimento infantil da SD focam nos fatores que influenciam nas aquisições motoras da criança. | A equoterapia exerce um impacto positivo sobre a melhora do desenvolvimento motor de crianças com SD. |
Candido, Candido e Bortoli, 2021 | Equoterapia em crianças com SD: Revisão de literatura | Verificar a influência da terapia assistida com cavalos (equoterapia) no desenvolvimento motor de indivíduos com SD. | A equoterapia é benéfica na estimulação motora de indivíduos com SD, para ganho de coordenação motora global, marcha e de equilíbrio estático e dinâmico. |
Araruna, Lima e Primes, 2015 | Desenvolvimento motor em crianças portadoras de SD com tratamento da equoterapia | Descrever o desenvolvimento motor em crianças portadoras de Síndrome de Down com tratamento da equoterapia. | A equoterapia é um método terapêutico com efeitos benéficos na estimulação de crianças com Síndrome de Down. |
DISCUSSÃO
CONTROLE POSTURAL
Com relação aos estudos que investigaram o desenvolvimento do controle postural em crianças com síndrome de down através da equoterapia, a maioria apresentaram resultados positivos.
Okamoto et al. (2014) considerou através de revisão bibliográfica que a equoterapia caracteriza-se como sendo um recurso terapêutico e educacional, que por adotar o uso do cavalo como principal ferramenta propicia ao paciente melhoria em diferentes áreas do corpo simultaneamente, principalmente cerebral e muscular, e traz como aprimoramento, além dos benefícios terapêuticos, o estímulo social e educacional, por meio da interação pessoa-animal e o relacionamento com a equipe multidisciplinar.
Em concordância Stefanes et al.(2021) avaliou a melhora no desenvolvimento biopsicossocial de crianças com SD. E concluiu que o desenvolvimento biopsicossocial obtido através da hipoterapia pode ser atribuído devido a simulação dos movimentos tridimensionais que ocorrem no paciente quando ele está sentado no dorso do cavalo, pois melhor postura estática, melhora alinhamento dos ombros, cabeça, quadril, membros inferiores, bem como os estímulos oferecidos para a autocorreção postural através de estímulos direcionados aos sistemas sensório motores permitem a adequação do tônus muscular e melhora do equilíbrio. E Fortunato et al.(2022) descreveu os efeitos da equoterapia como alternativa terapêutica para treino de equilíbrio postural em crianças com disfunções motoras. E mostrou que a equoterapia é uma modalidade terapêutica importante e benéfica na reabilitação do equilíbrio de crianças com disfunções motoras. Apesar de cada estudo ter adotado um método de avaliação, e associado outras atividades à equoterapia, não há dúvidas de que a utilização do cavalo como principal ferramenta terapêutica em crianças com disfunção motora contribui para a melhora do déficit de equilíbrio postural.
Chaves no entanto analisou os benefícios da prática terapêutica da equoterapia em crianças com SD. E com base na literatura científica, concluiu que os benefícios relacionados à motricidade da criança com síndrome de Down, embora não sejam conclusivos, talvez pelo delineamento das investigações realizadas, são bastante inspiradores após as crianças serem submetidas às sessões de equoterapia.
Duas pesquisas utilizaram fotogrametria para apresentar os resultados. Espíndula et al. (2016) avaliou a postura antes e após o tratamento com equoterapia em indivíduos com SD. E mostrou que os pacientes tiveram alterações no comportamento motor. Tais mudanças refletidas em uma melhora na postura estática, melhor alinhamento do ombros, cabeça, quadril, membros inferiores, diminuição da cifose e saliência da cabeça. Adicionalmente, mudanças na velocidade da marcha do cavalo geram respostas de endireitamento corporal e equilíbrio, permitindo o desenvolvimento da estabilidade postural dinâmica e controle postural. Por outro lado, mesmo não utilizando alterações na velocidade da marcha do cavalo durante as sessões de terapia de quadril neste estudo, houve melhoras posturais em indivíduos com SD. Já Ribeiro et al.(2016) avaliou quantitativamente e qualitativamente as mudanças na postura de membros inferiores de praticantes com SD submetidas ao tratamento equoterapêutico. Os pacientes/praticantes foram submetidos a 20 sessões de Equoterapia, com o cavalo ao passo e duração de 30 minutos, sendo as 10 primeiras sessões realizadas 1 vez por semana e as 10 sessões seguintes, 2 vezes por semana. Concluiu então que o uso da manta com os pés fora do estribo Proporcionou aos indivíduos com SD mudanças satisfatórias no alinhamento Postural, em especial no alinhamento de MMII, que refletiram em uma melhora da postura estática de forma individualizada.
Costa et al.(2017) em seu estudo verificou o efeito de um programa de equoterapia na coordenação motora global em sujeitos com SD em ambos os sexos com idade entre 6 e 14 anos, quando comparado com sujeitos com SD que não praticavam equoterapia. Todos foram avaliados pelo mesmo avaliador e foi utilizado o teste de KTK, consiste em uma bateria composta por quatro itens: BB- Trave de Equilíbrio; LJ – Salto Lateral; MJ- Salto Monopedal e TP – Transferência em plataformas e as sessões de equoterapia duraram 6 meses. Inferiu que os efeitos de um programa de equoterapia influenciam positivamente a coordenação motora global em indivíduos com SD, em ambos os sexos com idades entre sete e treze anos, quando comparados a indivíduos com SD que não praticam equoterapia.
Martignago et al. (2015) teve três projetos de extensão aprovados, desenvolvidos durante o ano de 2014, são: Equoterapia, Manejo e Treinamento de Cavalos Terapeutas e Melhoramento de Pastagens. Projetos estes que viabilizam a consolidação da prática equoterápica no Campus de Rio do Sul, pois por meio destes obtivemos, além dos recursos para custeio e bolsas, a importante participação dos alunos, que colaboram no manejo dos cavalos e contribuem em atividades gerais. E observou resultados referentes ao comportamento dos praticantes, ficando evidente o prazer que a prática proporciona, tornando-os sujeitos ativos no processo de habilitação e reabilitação, bem como o desenvolvimento da afetividade, autoconfiança e o vínculo com os terapeutas. Além disso, houve aumentos significativos da atenção durante as atividades desenvolvidas, melhora da postura e o estímulo de padrões motores adequados.
EQUILÍBRIO
É esperado um atraso no desenvolvimento motor em indivíduos com SD. Em indivíduos típicos, ao nascimento, o Sistema Nervoso Central (SNC) ainda não está completamente desenvolvido, portanto ele é capaz de perceber o mundo apenas por meio dos sentidos; esse caso, os estímulos do meio externo são capazes de alterar o SNC, permitindo a evolução do indivíduo em um processo de aprendizagem que oportuniza melhor adaptação ao meio em que vive. Já no indivíduo com Síndrome de Down, esse desenvolvimento depende da biologia, do comportamento e do ambiente e não apenas da maturação do sistema nervoso. As informações provenientes do sistema vestibular, dos receptores visuais e do sistema somatossensorial que envolvem a recepção dos estímulos e sua integração contribuem para o desenvolvimento do equilíbrio estático e dinâmico nos indivíduos que, com base nessas informações, irão adaptar-se para aquisição de marcos motores. Torquato et al.(2013)
Schelbauer e Pereira (2012) realizaram uma pesquisa prospectiva, quantitativa e intervencionista, o tratamento proposto foi individual com a utilização de exercícios lúdicos relacionados com a psicomotricidade através da equoterapia. Para a pesquisa foi utilizada uma amostra de cinco pacientes portadores de Síndrome de Down, de diferentes faixas etárias, de ambos os sexos, foi realizada prova motora para avaliação inicial e depois dado início nas 10 sessões individuais de equoterapia. Após a aplicação do protocolo do tratamento de estudo pode-se observar uma melhora importante na motricidade fina e global, equilíbrio estático e dinâmico e nas fases da marcha, proporcionando assim maior independência aos pacientes.
Em um estudo do tipo transversal Torquato et al. (2013) verificou aquisição de marcos motores, equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico, força muscular e tempo de tratamento em diferentes terapias, sendo elas fisioterapia convencional e equoterapia. Participaram da pesquisa 33 crianças com SD de idade entre 4 e 13 anos que realizavam fisioterapia ou equoterapia desde 1 ano. A equoterapia e a fisioterapia convencional influenciaram na aquisição de marcos motores em portadores de Síndrome de Down; em ambos os grupos houve melhora nesse aspecto. Tendo como referência os valores dos scores QMG, o grupo equoterapia foi considerado normal, baixo para equilíbrio estático, e muito inferior para equilíbrio dinâmico, já o grupo fisioterapia foi normal médio para equilíbrios estático e dinâmico testados.
Porém observou-se que os indivíduos do grupo que realizou fisioterapia convencional o tempo de tratamento foi maior que no grupo que realizou equoterapia.
Ao contrário de Torquato et al., o estudo de levantamento de campo de Alves et al.(2013) analisou os benefícios da equoterapia como tratamento de crianças e adolescentes com necessidades especiais. Após reavaliações individuais, os resultados obtidos foram: 33,3% dos praticantes conseguiram realizar montaria simples e interagir mais com o cavalo, 25% dos casos houve melhora de equilíbrio, 8,3% adquiriram maior controle de tronco, 8,3% conseguiram uma melhora na marcha, 8,3% obtiveram ganho no equilíbrio, 8,5% adquiriram uma maior resposta aos comandos verbais e 8,3% conseguiram um aumento na amplitude de movimento do quadril.
Confirmando o que foi dito, Saraiva e Liberato (2015) em uma revisão integrativa da literatura identificaram que a utilização da Equoterapia em crianças portadoras de Síndrome de Down está cada vez mais adquirindo reconhecimento e com o passar do tempo ficando comprovado que a mesma está proporcionando benefícios extraordinários aos pacientes com Síndrome de Down. O cavalgar realizado pelo cavalo, aparentemente é simples, no entanto até os pequenos e simples movimentos que o cavalo realiza refletem nos diferentes sistemas do corpo do paciente.
Amaranta et al.(2018) analisaram através de revisão bibliográfica as evidências científicas existentes sobre o efeito que a equoterapia tem na função motora de pessoas com SD. E após o estudo dos resultados, concluíram que não há evidências sólidas sobre a melhora da função motora em pessoas com SD após o tratamento com equoterapia.
Porém, relatam ainda que isso se deve ao pequeno número de artigos obtidos, também de baixa qualidade metodológica, e às diferenças encontradas nos protocolos de intervenção, mensuração, tamanho da amostra e idade dos sujeitos.
Dois estudos tinham objetivos semelhantes: Fernandes, Siouza e Ribeiro (2018) queriam identificar os efeitos da equoterapia sobre o equilíbrio em praticantes com SD através de uma revisão de literatura. Concluíram que a equoterapia proporciona benefícios significantes em pacientes com SD como: melhora do equilíbrio corporal, aumento de tônus muscular, entre outras. Enquanto Silva e Sousa (2014) queriam investigar os efeitos da equoterapia como uma atividade que favorece a melhoria da qualidade de vida dos portadores da SD. E através de uma revisão sistemática foi observado: equilíbrio, mudanças na função motora, evolução psicomotora e alterações nas articulações dos tornozelos. De acordo com a observação e análise puderam verificar o quanto é significativo o uso da equoterapia como auxiliadora no tratamento da SD.
A Importância da equoterapia no portador de SD também é observada e relatada por Silva, Rubinho e Valério(2016) em uma revisão bibliográfica, onde conclui que a Equoterapia que utiliza o cavalo como forma cinesioterapêutica de tratamento, proporciona vários efeitos benéficos ao paciente com SD como melhora no equilíbrio estático e dinâmico, aumento de força muscular, ganho de tônus, ajustes posturais, melhora na coordenação motora fina e global, e melhora em sua marcha.
Seguindo o mesmo raciocínio Candido, Candido e Bortoli(2021) verificar a influência da terapia assistida com cavalos (equoterapia) no desenvolvimento motor de indivíduos com SD. E através de uma revisão sistemática da literatura, afirma que a equoterapia é benéfica na estimulação motora de indivíduos com SD, para ganho de coordenação motora global, marcha e de equilíbrio estático e dinâmico.
Marinho(2018) discute em sua revisão bibliográfica achados da literatura referente à atuação do fisioterapeuta na síndrome de Down e apresentar também achados sobre a equoterapia como terapia alternativa para o tratamento do fisioterapeuta. Relata que a associação da equoterapia pode facilitar e muito o tratamento fisioterapêutico, podendo ser utilizado para treinar a marcha do paciente, o equilíbrio, postura entre outras funções.
Enquanto Araruna, Lima e Primes(2015) verificam se o atraso motor característico de criança portadora de SD pode ser minimizado com a intervenção da equoterapia. E por meio de revisão de literatura, diante do que foi discutido no decorrer do estudo, notaram que a equoterapia como abordagem terapêutica traz inúmeros benefícios para as crianças portadoras de SD. Isso se dá pelo fato da prática em questão explorar diversos sistemas como, visual, vestibular, somatossensorial e proprioceptivo assim, influenciando principalmente na melhora do equilíbrio.
Proença e Filho(2020) em sua pesquisa descreve que cavalgar é por si só um estímulo para o equilíbrio, mas algumas manobras podem ser utilizadas para aumentar a quantidade de estímulos. Pode-se pedir ao praticante que feche os olhos, retire os pés do estribo, faça exercícios com os membros superiores; fique de pé sobre o estribo; fique ajoelhado em decúbito dorsal ou ventral sobre o dorso do cavalo, realize um volteio ou faça o cavalo andar e parar várias vezes, auxiliando e no equilíbrio e consciência corporal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Com base nas literaturas, a equoterapia tem seus efeitos evidenciado e é uma excelente opção de tratamento. O exercício realizado com cavalo altera as respostas
do sistema nervoso central explorando sistemas como: vestibular, visual, proprioceptivo e somatossensorial, melhorando a postura, percepção motora, funcionalidade, força muscular, o tônus, trazendo melhor qualidade de vida a criança com SD.
Os benefícios que a equoterapia traz sobre o controle postural na criança com SD são os de organização e consciência corporal, controle da sinergia global, aumento do equilíbrio estático e estimulação da correção postural.
Enquanto no equilíbrio a criança pode apresentar aumento do equilíbrio dinâmico, bem como melhora da marcha, motricidade fina, transferência de peso,
consciência de lateralidade, estimulação das reações de equilíbrio.
REFERÊNCIAS:
Okamoto, L. C., Nader, B. B., Neto, J. M. F. A. M. influência da equoterapia no desenvolvimento motor do portador de Síndrome de Down. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 19, N°199, 2014.
Martignago, F. H. et Al. Benefícios da equoterapia em crianças com deficiência intelectual e múltipla. Extensão tecnológica: Revista de extensão do instituto federal catarinense, Blumenau, n.3, p.75-82, 2015.
Espindul, A. P. et Al. Effects of hippotherapy on postura in individuals with Down Syndrome. Fisioter. Mov., Curitiba, v.29, n.3, p,497-506, 2016.
Ribeiro M. F. et Al. Avaliação pré e pós-tratamento equoterapeutico em indivíduos com Síndrome de Down. Com.Science Saúde, 2016;15(2):200-209
Costa, V. S. F. et Al. Effects of hippotherapy on Theo global motor coordination in individuals with Down Syndrome. Fisioter. Mov. 2017;30(Suppl 1):S229-40
Chaves, L. O. e Almeira, R. J. Os benefícios da equoterapia em crianças com Síndrome de Down. R. Brás. Ci.e Mov. 2018;26(2):153-159
Stefanes, S. S. et Al. Hippotherapy and its performance in Theo biopsychosocial development of children with Down Syndrome. Brazilian Jornal os development, 7(3), 24665-24673, 2021
Fortunato, L. A. G., Souza, F. C., Silva, E. P. Equoterapia como alternativa terapêutica no equilíbrio postural em crianças que possuem disfunções motoras. Revista Brasileira de Reabilitação e Atividade Física, 11(1), 01-10, 2022
Schelbauer, C. R., Pereira, P. A., Os efeitos da equoterapia como recurso terapêutico associado com a psicomotricidade em pacientes portadores de síndrome de down. Saúde E Meio Ambiente: Revista Interdisciplinar, 1(1), 117–130, 2012
Torquato, J. A. et Al., A aquisição da motricidade em crianças portadoras de SD que realizam fisioterapia ou praticam equoterapia. Fisioter. Mov. 26 (3) • Set 2013
Alves et al., A equoterapia no tratamento de crianças e adolescentes com necessidades especiais. 2013
Silva, A. C., Sousa, C. S., A utilização da equoterapia no tratamento da SD: uma revisão sistemática. Gestão Tecnologia e Ciências, v.3 n.6, 2014
Saraiva, A. R. M., Liberato, F. R., Atuação da equoterapia em crianças com síndrome de Down. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires – Año 21 – Nº 216 – Mayo de 2016
Silva, H. B. F., Rubinho, L. O., Valério, A. C. L., A importância da equoterapia na reabilitação do portador de Síndrome de Down. REUNI, Edição VII, 4-14, 2016
Fernandes, T. R., Souza, L. L., Ribeiro, M. F., Os efeitos da equoterapia no equilíbrio de praticantes com Síndrome de Down. Psicologia E Saúde Em Debate, 4(1), 119– 129., 2018
Marinho, M. F. S., A intervenção fisioterapêutica no tratamento motor da SD: uma revisão bibliográfica. Revista Campo do Saber,ISSN: 2447-5017, 2018
Costa, V. S. F. et Al., Efeitos da hipoterapia na função motora de pessoas com SD: uma revisão sistemática. Fisioter. Mov. 30 (suppl 1) • 2017
Proença, M. F. R. et Al., Benefícios da Equoterapia no Desenvolvimento motor da criança com Síndrome de Down. Revista de divulgação científica sena Aires, v. 9, n. 3, 2020
Candido, J. C., Candido, Y. C., Bortoli, C. G., Equoterapia em crianças com Síndrome de Down: Revisão de literatura. Caderno de Resumos, v.7, n.1, 2021
Araruna, E. B. T., Lima, S. R. C., Primes, M., Desenvolvimento motor em crianças portadoras de SD com tratamento da equoterapia. Revista Pesquisa em Fisioterapia. 2015 Ago;5(2):143-152 2015
A. De Miguel-Rubio, M.D. de Miguel, D. Lucena-Antón, M.D. Rubio, Efectos de la hipoterapia sobre la función motora en personas con síndrome de Down: revisión sistemática. Revista de Neurologia 2018;67:233-241– 2018