OS BENEFÍCIOS DA ARTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO EM GRUPOS DE MULHERES IDOSAS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10204932


¹Gabrieli Quinhones Pereira
²Fabiane Taborda


RESUMO

A psicologia é uma ciência que estuda a existência humana, observando diversos públicos e buscando colaborar com a saúde mental e qualidade de vida dos mesmos. O presente estudo avaliou um grupo de idosas participantes do Programa Felicidade do Idoso, (órgão público da cidade de Cascavel, Paraná, Brasil) acerca de sua qualidade de vida. Considerando a bibliografia, descreve-se como o papel social de gênero feminino impacta no processo de envelhecimento. Buscou-se através do inventário SF-36 compreender a autopercepção das idosas sobre qualidade de vida e após quatro intervenções voltadas para o uso da arte como recurso terapêutico, observar se a produção artística alterou sua autopercepção. Devido às dificuldades metodológicas na aplicação da pesquisa, não foi possível avaliar aspectos individuais das participantes através do inventário, somente apontar a relevância positiva da intervenção em aspectos sociais grupais. A avaliação qualitativa do processo reforçou essa evidência e apontou a relevância de atividades de grupos dessa natureza com constância maior para verificar possíveis evidências sobre outros aspectos da qualidade de vida. Considera-se pelas evidências práticas que as atividades expressivas e condução profissional se mostraram um espaço de acolhimento que favoreceu a expressão de memórias positivas da infância, comportamentos de mútua ajuda e verbalização de ideias para fazer as atividades em casa com outros familiares. A principal consideração da pesquisa é sobre a importância dessas atividades grupais continuadas e uma pesquisa que possa ter um tempo maior de aplicação devido a rotatividade do grupo.

Palavras-chave: 1.Psicologia 2.Arte 3.Mulheres Idosas 4.Grupos Terapêuticos

ABSTRACT

Psychology is a science that studies human existence, observing several populations and contributing to their mental health and quality of life. This study assessed a group of elderly women participating in the Elderly Happiness Program (a public organization in Cascavel, Paraná, Brazil) regarding their quality of life. Considering the literature, it describes how the social role of women impacts the aging process. Using the SF-36 inventory, the study aimed to understand the elderly women’s self-perception of quality of life. After four interventions using art as a therapeutic resource, the study observed if artistic production altered their self-perception. Due to methodological challenges, individual aspects could not be evaluated, was noted just the positive relevance of the intervention on social group aspects. The qualitative evaluation of the process reinforced this hypotheses and pointed the relevance of grup activities with more potential to evaluate possible evidences about other aspects of life quality. The practices evidences showed that activities of expressions and professional conducting provided a good space to enhance the expression of positive childhood memories, behaviors of mutual assistence and verbalization of ideas to make home activities whit other relatives. The main consideration of this search is about the importance of continued group activities and a search that could be conducted in a higher period of application due to the group rotative.

Keywords: 1. Psychology 2. Art 3. Elderly Women 4. Therapeutic Groups

  1. INTRODUÇÃO

Segundo dados tabelados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (2021), o topo da pirâmide etária do país vem se expandindo significativamente. O mesmo indica em um comparativo que, entre 2012 e 2021, o número de brasileiros com 60 anos ou mais, cresceu em 14,7%, enquanto a maioria abaixo desta faixa etária, reduziu. Isso significa que a porcentagem de pessoas idosas no Brasil vem aumentando nos últimos anos, sendo essa população majoritariamente de mulheres.

      É necessário salientar que, o aumento da expectativa de vida está relacionado ao avanço socioeconômico da educação, do saneamento básico, da ciência e da medicina. Contudo viver mais não simboliza, necessariamente, ter qualidade de vida. É muito comum o público de idosos sofrer com inúmeras somatizações de doenças físicas e transtornos mentais originários de uma saúde mental enfraquecida. Portanto, nasce a preocupação com a promoção da qualidade de vida das pessoas com mais de 60 anos (Jardim et. al, 2020).

      Estudos apontam que as doenças físicas podem ocorrer pelo desgaste do corpo ao longo do tempo e outras que, mesmo em tratamento, geram sintomas, prejudicando o físico-motor e cognitivo dessas pessoas. Muitas vezes essa condição diminui a autonomia e a capacidade funcional do ser, o que colabora para uma invisibilidade da subjetividade nessa faixa etária. No senso comum, eles podem perder a capacidade de raciocínio, e portanto, também perder seu valor social. Esse processo pode intensificar a probabilidade de um adoecimento psíquico (Jardim et. al, 2020).

      O adoecimento psíquico ou transtorno mental classifica-se como uma alteração cognitiva que afeta humor, aprendizado, raciocínio, comunicação, entre outros. Muitas vezes, na somatização de sintomas que causam emoções negativas e sensações desagradáveis, a dificuldade em expressar-se contribui para a desorganização psíquica. Portanto, explorar as formas de expressão que contribuem para o bem-estar da pessoa na terceira idade, aliviando sintomas e promovendo qualidade de vida, é muito importante (Hospital Psiquiátrico e de Pesquisa Santa Mônica, 2018).

      Ao discutir promoção de saúde mental do idoso é de suma importância considerar as questões de gênero que também afetam a análise da qualidade de vida. Como aponta Falcão e Araújo (2018), mulheres sofrem fortes impactos do papel de gênero sociocultural em sua saúde mental. Tais fatores têm relação principalmente com o menosprezo do envelhecimento feminino pelas mudanças na aparência e diminuição da disposição física para executar atividades domésticas comumente atribuídas como responsabilidade feminina (Rocha, 2018). Portanto, faz-se necessário um olhar crítico sobre tal condição, visando compreender de que forma pode-se intervir efetivamente na promoção da qualidade de vida de mulheres após os 60 anos através de recursos da psicologia.

      Sabe-se nesse aspecto, que atividades artísticas estimuladoras do físico e cognitivo podem trazer benefícios à qualidade de vida do idoso, e que a psicologia tem explorado esse recurso dentro de suas técnicas terapêuticas.        Uma das disciplinas que têm se debruçado para compreender o valor terapêutico da arte é a arteterapia, como aponta Reis (2014).

Essa disciplina caracteriza-se pelo uso de atividades que usufruem de recursos artísticos sendo utilizados para fins terapêuticos. Como exemplo, podem ser citadas as técnicas das artes plásticas como pintura, desenho, recorte-colagem e modelagem, cada qual com uma diferente simbologia subjetiva, as quais serão posteriormente descritas. Essa disciplina considera a importância da arte na promoção da autonomia e protagonismo do ser na tomada das próprias decisões, características essas que implicam diretamente na qualidade de vida (Reis, 2014).

      Historicamente, Sigmund Freud (1856-1939) ao discutir os conceitos do inconsciente[3] e das barreiras psíquicas da censura, foi o primeiro a tratar da arte como recurso terapêutico, não chegando a alcançar sua aplicação. Já Carl Gustav Jung (1875-1961) foi quem começou a utilizá-la de fato, conseguindo confirmar que a produção artística pode tratar-se de um método de associação livre e construção de pensamentos (Reis, 2014).

      Na perspectiva do senso comum, a produção artística costuma limitar-se ao lazer ou fonte de renda mas, na arteterapia o foco é a discussão do potencial terapêutico dessas atividades podendo promover qualidade de vida e o impacto positivo dessas atividades nas pessoas com transtornos mentais leves ou severos. Essas discussões no Brasil tiveram influência dos estudos de Nise da Silveira, que realizou um trabalho de grande impacto social desenvolvido no hospital psiquiátrico Dom Pedro II (Silveira, 1981).

      A arte mostra-se um canal expressivo para a compreensão das questões do ser humano, bem como um recurso de intervenção e promoção de saúde quando direcionado como recurso terapêutico. Deste modo, compreende-se com esse caminho que é de extrema relevância investigar sobre os benefícios da arte como recurso terapêutico para melhoria da qualidade de vida das mulheres idosas, considerando sempre as necessidades do público abrangido na pesquisa quanto às afetações de gênero e idade em sua subjetividade.

Nessa perspectiva, a proposta do presente material é utilizar a arte como recurso terapêutico, assim como na arteterapia, em um espaço grupal para a promoção de relações sociais das mulheres idosas que perpassa o ambiente doméstico, além de realizar atividades com potencial de auxiliar na manutenção das capacidades físicas e intrapsíquicas.

2 DESENVOLVIMENTO

   Considerando a relevância da temática abordada, é importante discutir o conceito e contexto histórico da qualidade de vida da pessoa idosa, com ênfase, no público feminino considerando o recorte metodológico do público da presente pesquisa. Ademais, discorrer sobre o papel da psicologia no bem-estar dessas mulheres, bem como as estratégias e os recursos que podem ser empregados como colaboradores do processo de promoção de saúde física e psicológica são fundamentais para análise dos objetivos a serem pesquisados.

        Como estratégia a ser avaliada na pesquisa de campo serão utilizadas as técnicas de artes como recurso terapêutico, com base nos estudos da arteterapia, faz-se necessário também apresentar os estudos já realizados dentro dessa abordagem e o uso da psicologia dessa técnica.

     Em vista disso, previamente será realizada a contextualização histórica, bem como discutidos seus benefícios específicos.

2.1 Discussões acerca da qualidade de vidas das mulheres idosas na atualidade

É relevante observar os idosos em sua composição holística, considerando além de suas características biológicas típicas da idade, também quesitos sociais. Portanto, discutir-se-á adversidades para alcançar a qualidade de vida no idoso, traçando também as somatizações particulares do público feminino.

Dados do IBGE (2021) apresentam o crescimento significativo da população idosa brasileira, ligado diretamente ao aumento da expectativa de vida global, que são influenciados pelo avanço da ciência, educação e saúde. Com o aumento dessa população, também parte uma preocupação de Órgãos como a OMS (Organização Mundial da Saúde), de construir práticas que favoreçam a promoção da qualidade de vida desse público. De acordo com o mesmo, qualidade de vida pode ser caracterizada como:

“a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (1995, p.1405).

A legislação brasileira visando garantir e promover a qualidade de vida para determinado público, conta com o Estatuto do Idoso, que prevê no Artigo 3º que: É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003).

Considera-se que o bem-estar é impactado por múltiplos fatores, sejam eles de relações sociais, condição física, saúde, educação, saneamento básico, habitação e também questões emocionais e psicológicas. (Ministério da Saúde, 2013).

A ênfase ao público feminino na terceira idade, permite somatizações que podem afastar as mulheres da qualidade de vida. Falcão e Araújo (2018), discutem a influência dos papéis sociais da mulher ao longo da vida afetadas pelo machismo, entre eles, o de cuidadoras, sendo esse um papel desvalorizado como trabalho e ainda sim exposto a muito estresse. Historicamente, mulheres muitas vezes são narradas como “frágeis” e tendo como principal atributo de valor, a aparência. Como na terceira idade, muitas dessas características se modificam, a mulher idosa pode facilmente ser conduzida à crença de desvalor e baixa autoestima.

Destaca-se então, que devido aos fatores supracitados e outras particularidades, mulheres idosas são mais acometidas às comorbidades depressivas, ansiosas e somatóformes do que idosos do sexo masculino. Portanto, compreende-se a importância de intervenções para promoção de saúde mental do idoso que destaquem as diferenças de gênero em sua construção sociocultural, visando a prevenção de adoecimento psíquico através da melhora da qualidade de vida. (Falcão, Araújo, 2018).

2.2 Atuação da Psicologia no atendimento às mulheres idosas na promoção de qualidade de vida.

Ao observar o contexto biopsicossocial das idosas, observa-se as inúmeras mudanças físicas, psíquicas e sociais provocadas:

O processo de envelhecimento envolve alterações que vai desde o nível dos processos mentais, da própria personalidade, das motivações que a pessoa tem, das aptidões sociais, ou seja, o envelhecimento, do ponto de vista psicológico, vai depender de fatores de ordem genética, patológica (doenças e/ou lesões), de potencialidades individuais (processamento de informação, memória, desempenho cognitivo, entre outras); com interferência do meio ambiente e do contexto sociocultural. (Rocha, 2018).

Portanto, na terceira idade, contando com muitas mudanças, a autoimagem da mulher idosa sofre inúmeros impactos e o acompanhamento psicológico torna-se uma contribuição valiosa para esse processo. Dessa forma, pode-se prevenir adoecimento psíquico, perda da autonomia ou autenticidade, e consequentemente reduzir prejuízos acerca da qualidade de vida desse público (Santana, Beluco, 2017).

            Entre as atribuições profissionais do psicólogo que promovem qualidade de vida, podem-se destacar: auxiliar o paciente a adquirir autoconhecimento, avaliação objetiva e ponderada dos acontecimentos e aquisição de inteligência emocional para enfrentar desafios e mudanças. Além disso, por intermédio desses processos, contribui para a melhora das relações do sujeito através do desenvolvimento da comunicação assertiva. (Santana, Beluco, 2017).

Segundo o Hospital Psiquiátrico de Pesquisa e Ensino Santa Mônica, o transtorno mental pode ser definido como:

“Uma disfunção da atividade cerebral, que pode afetar o humor, o comportamento, o raciocínio, a forma de aprendizado e a maneira de se comunicar do indivíduo (n.p)” .

Sendo assim, além de ser originário de várias vertentes (ambientais ou genéticas, por exemplo) pode provocar inúmeros efeitos negativos na vida das idosas (2018).

Muitas vezes, a permanência e a intensificação do transtorno ocorrem pelo acúmulo de pensamentos desorganizados e a dificuldade de expressar-se. Portanto, o desenvolvimento da saúde e inteligência emocional trata-se de compreender o próprio universo psíquico e conseguir conectá-lo e expor ao mundo externo. Auxiliar o sujeito nesse processo está entre os principais objetivos da psicologia que contribuem para a qualidade de vida e previnem o adoecimento psicológico.

O psicólogo em sua atuação possui várias frentes de trabalho na área da saúde: promoção, prevenção primária, secundária, terciária e quaternária.

A promoção busca através dos múltiplos setores aumentar a saúde e o bem-estar do sujeito de forma ampla (Czeresnia, 1999). A prevenção primária busca evitar ou remover o sujeito ou grupos de condições e fatores com relação causal que possam favorecer o adoecimento. A secundária tem como ênfase a detecção ou diagnóstico precoce visando diminuir os impactos negativos e favorecer a evolução do tratamento. Já o objetivo da prevenção terciária integra o tratamento e controle de doenças crônicas, objetivando reabilitar, reintegrar e potencializar a funcionalidade do sujeito. E por último, a prevenção quaternária visa minimizar ou abster-se de intervenções hospitalocêntricas extremas e injustificadas, buscando promover informações que proporcionem o paciente a ter potencial de decisões e cuidados mais autônomos ao compreender melhor sua condição de saúde. (Almeida, 2005).

Nessa compreensão do trabalho na saúde,  a psicologia lançará mão de diferentes recursos para atuação em cada uma das etapas do processo das linhas de cuidados estabelecidas, conforme seu local de atuação e finalidade da atividade a ser oferecida.

Quando da necessidade de realizar uma avaliação psicológica, de algum sinal ou sintoma de um problema emocional, no caso da área de atuação do psicólogo, esse utilizará diferentes recursos avaliativos aprovados pelo Conselho de Classe (CFP, 2022) como testes privativos do psicólogo, inventários ou anamneses para sistematizar e mensurar sintomas, bem como tratar ou buscar formas de reduzi-los.

Já no tratamento, fases de cuidado em saúde de prevenção secundária e terciária, as possibilidades ampliam-se mais ainda, uma vez que nessas fases serão consideradas as demandas, interesses e características dos pacientes. Nestes casos, é possível elaborar intervenções que aumentem seu engajamento e consequentemente gerem resultados mais efetivos na qualidade de vida do sujeito participante. Dentre os instrumentos utilizados pelos  psicólogos nessa etapa há inúmeras possibilidades dependendo da abordagem teórico-metodológica.

Na perspectiva de prevenção primária o objetivo é reduzir a incidência de a dado problema de saúde, no caso da psicologia, de uma depressão, de um risco de suicídio, de uma situação de violência entre outros. Cada faixa etária, em dado momento histórico e contexto social, exigirá ações diferenciadas para que a prevenção possa de fato ocorrer. Dentre as ferramentas de prevenção tense campanhas educativas, oficinas psicoeducativas, oficinas terapêuticas, que visam ampliar a consciência das pessoas sobre determinado tema ou sobre si mesmas, conforme descreve Almeida (2005).

Os recursos lúdicos, dentre eles, a arte, é uma das ferramentas que traz a possibilidade de comunicação e pode englobar diferentes faixas etárias, não sendo restrita a nenhum público. Considerando então as mulheres idosas, sugere-se no presente estudo a expressão artística como recurso terapêutico comunicativo. Quando a verbalidade não é capaz de realizar a comunicação, as expressões artísticas que são aptas em contemplar outros elementos e sentidos humanos, podem colaborar. Portanto, é oportuno que a psicologia utilize de recursos da arte como método de promoção da qualidade de vida em mulheres idosas.

   Segundo Reis, o objetivo da arte como recurso da psicologia é desenvolver no paciente a capacidade de perceber-se como artista da própria vida e autor de sua história, projetando desenvolvimento da inteligência emocional e consequentemente promovendo qualidade de vida (2014).

     A autora também discute os múltiplos contextos e objetivos no qual o método interventivo pode ser empregado: A arteterapia encontra diferentes aplicações: na avaliação, prevenção, tratamento e reabilitação voltados para a saúde, como instrumento pedagógico na educação e como meio para o desenvolvimento (inter) pessoal através da criatividade em contextos grupais. Desse modo, o campo de atuação da arteterapia tem se ampliado, abrangendo além do contexto clínico também o educacional, o comunitário e o organizacional. (REIS, 2014, p. 143).

Diante do discorrido por Reis, percebe-se o quão abrangente a produção artística pode ser em suas formas de atuação e ambientes que pode contemplar, tornando-se assim, uma excelente ferramenta para a psicologia. Portanto, baseando-se nos estudos teóricos da arteterapia e entendendo seus princípios e funcionalidades, a mesma pode ser utilizada como um recurso terapêutico grupal. Dessa forma, favorecendo a qualidade de vida das mulheres idosas, desenvolvendo múltiplas habilidades motoras, psíquicas e sociais simultaneamente.

Entre as atividades que podem ser executadas no contexto grupal de mulheres idosas com fins terapêuticos, inúmeras formas podem ser citadas, entre elas, pintura, desenho, modelagem, tecelagem e recorte colagem, por exemplo.

A pintura e desenho no campo terapêutico podem representar o desenvolvimento da coordenação motora, criatividade e sensibilidade. Enquanto isso, a modelagem representa o desenvolvimento de aspectos sensoriais e compreensão da tridimensionalidade na materialização de sentimentos. Já a tecelagem pode demonstrar a autonomia e independência do sujeito no processo de construir (fazer o ponto), errar, desfazer e refazer o processo quantas vezes for necessário, explorando também a flexibilidade e potencial ativo da idosa. O recorte e a colagem podem demonstrar o papel de quebra, reconstrução, podendo levar ao campo de discussão reflexiva sobre nascimento, desenvolvimento e morte (Jardim et. al, 2020).

Enquanto promove-se o espaço de reflexão grupal, a construção da atividade também desenvolve as habilidades motoras. Já a presença das outras mulheres em seu entorno, geram como consequência interações (incentivadas pelo mediador do grupo), que promovem o fortalecimento de vínculo, tornando o exercício mais prazeroso às participantes.

2.3 A utilização da arte como um recurso terapêutico

A arte como um recurso terapêutico na psicologia encontrou em Freud, um dos  primeiros registros de estudos do artístico da perspectiva psicológica, no qual analisou as obras de Michelangelo e discutiu a expressão das imagens do inconsciente que se manifestavam assim como nos sonhos, segundo sua teoria. Freud analisava a capacidade da arte em ultrapassar a barreira da censura com mais facilidade, mas ainda assim, não chegou a alcançar a aplicabilidade do método (Reis, 2014).

Atualmente, entende-se que um dos grandes benefícios em utilizar a arte como recurso terapêutico se dá pois ela perpassa a comunicação verbal na perspectiva expressiva, já que não costuma ser filtrada ou selecionada pela racionalidade assim como as palavras durante a locução. A ausência desse filtro permite a percepção de uma comunicação mais fidedigna por parte do cliente, colaborando então com o processo terapêutico. (Reis, 2014).

Influenciado pelas reflexões de Freud, o precursor atuante da arteterapia foi Jung, em sua utilização no método clínico, desenvolvendo uma técnica de associação livre por meio de desenhos. Através dele, inicia-se uma referência para o início da história da arteterapia no Brasil. O grande nome a ser citado como embaixadora brasileira é a psiquiatra Nise da Silveira, que introduziu o método de pintura, desenho e modelagem como tratamento alternativo humanizado com pacientes do hospital psiquiátrico D. Pedro II em 1946. A psiquiatra obteve resultados extraordinários e os descreveu a Jung através de cartas comprovando a eficiência da arteterapia em uma perspectiva experimental (Silveira,1981).

Segundo Reis, outra abordagem que ressalta a efetividade da arte como recurso para tratamento psicológico, é a Gestalt, que discute sobre as mesmas perspectivas psicanalíticas: criatividade e organização interna (2014). Apesar de apenas três abordagens serem debatidas pela autora, é indubitável que para além dos conceitos utilizados, a expressão e a comunicação cabem a todas as linhas teóricas, então buscar formas alternativas de realizá-la não é determinista de apenas um autor.

A arteterapia é capaz de promover efeitos benéficos tanto como uma atividade de lazer e relaxamento psíquico, quanto de tratamento para transtornos mentais leves ou severos, como comprovado por Silveira (1981).

O objetivo da produção artística como recurso terapêutico não reside na forma ou no resultado gerado e sim no efeito de mudança na perspectiva da paciente sobre o mundo interno e externo. Permite que o sujeito conecte-se consigo e com o outro, organize as próprias ideias e seja capaz de transmiti-las. O êxito da arte como recurso terapêutico encontra-se no processo, o produto final é apenas a materialização de uma movimentação intrapsíquica.

Como atividade terapêutica, o que aqui se pretende não é propriamente fazer arte, mas sim, exercitar a criatividade, proporcionar que no fazer criativo se produzam outros modos de objetivação e de subjetivação. Desse modo, ela pode ser utilizada como recurso no contexto da clínica, da educação, da comunidade, da saúde pública, das empresas, em intervenções na área de dificuldades físicas, cognitivas, emocionais e sociais junto a indivíduos, famílias, grupos sociais e equipes de trabalho. (Reis, 2014, p. 148).

Diante ao supracitado, observa-se a arteterapia como uma potente forma de organização intrapsíquica e um modo de comunicação alternativa, potencializando a atuação psicológica com os recursos da arte.

2.1 Título

Os benefícios da arte como recurso terapêutico em grupos de mulheres idosas: uma pesquisa de campo.

3. METODOLOGIA

    O presente estudo utilizou como recurso a pesquisa exploratória de campo. Nesse formato de estudo, realizou-se a coleta de dados diretamente no local. Considera-se essa, uma pesquisa de informações qualitativas, onde as participantes são convidadas a contribuir para a pesquisa, seja por meio de entrevistas, observações ou outras técnicas e têm um papel ativo no processo de pesquisa, tendo suas perspectivas e experiências consideradas relevantes para o resultado (CUBO UP, s.d).

   A pesquisa de campo nessa área torna-se relevante, pois é capaz de avaliar hipóteses científicas em ambientes reais, podendo validar ou refutar efetividade de teorias em múltiplos contextos (Cubo Up, s.d).

            O local onde foi aplicado o estudo foi o Programa Felicidade do Idoso, originado da Lei Nº 109/2019 no município de Cascavel, no Paraná.

   Segundo o Art. 3º da Lei implementada,

O Programa tem por objetivo geral ofertar aos idosos de Cascavel atividades que contribuam no processo de envelhecimento saudável, no desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades considerando as demandas e interesses da população idosa com intervenções que envolvam experimentações educacionais, artísticas, culturais, esportivas e de lazer e a valorização das experiências vividas. (Cascavel, 2019, p. 1).

    Através de atividades variadas, a iniciativa municipal funciona em conjunto com a Assistência Social e atende entre 50 e 150 idosos por dia, sendo a maior parte concentrada no período matutino.

            O público pré-definido caracterizou-se por mulheres com 60 anos ou mais, adeptas do programa “Felicidade do Idoso”, desenvolvido pela Secretaria de Assistência Social de Cascavel, no estado do Paraná. Considerou-se previamente um número de participantes entre 10 e 60 mulheres. Entretanto, os grupos ocorreram de forma aberta e apresentaram uma rotatividade significativa entre os dias, concentrando entre 7 e 24 participantes por encontro. Visando não ser excludente ao oferecer a intervenção somente ao público feminino, houve uma adaptação na programação e homens também puderam participar das dinâmicas empregadas. Foram consideradas como critério de inclusão para a pesquisa, mulheres com 60 anos ou mais, assistidas e participantes ativas do Programa Felicidade do Idoso que demonstraram interesse em participar do estudo. Devido aos fatores supracitados, posteriormente homens com mais de 60 anos também compuseram o público das atividades práticas com fins inclusivos.

            Totalizando seis encontros, o primeiro se destinou à explanação do projeto e convite às participantes em potencial e iniciando a vinculação de grupo com uma conversa acerca da percepção dos idosos sobre o que é saúde e qualidade de vida.

            No encontro seguinte, iniciaram-se as práticas propriamente ditas. O início das atividades contou com a utilização de um instrumento para mensurar os dados de autopercepção dos acerca da saúde física e emocional, denominado Inventário de Qualidade de Vida SF-36. Esse material caracteriza-se por um questionário com trinta e seis itens distribuídos em oito subescalas acerca da autopercepção da qualidade de vida, que podem ser respondidas diretamente pelo participante da pesquisa. As questões que contém até seis opções de resposta fechadas ou a opção de ausentar-se da resposta, quantificam itens como a capacidade funcional, intensidade e frequência de sintomas e o quanto isso interfere no bem estar do entrevistado diariamente (Ciconelli, 1997).

            O uso de inventários como esse nas pesquisas de ordem psicológica com humanos tornam-se benéficos pois colaboram para a construção psicométrica de dados que envolvem a subjetividade, assim auxiliando os pesquisadores a alcançar resultados mais fidedignos. O inventário conta com um manual de aplicação e correção, objetivando um processo padronizado e imparcial, em que o aplicador não interfira nos resultados obtidos (Ciconelli, 1997).

             Foram realizadas duas aplicações do S-36 nos participantes com intervalo de quatro semanas entre as aplicações, como indicado pelo manual.  A escolha do instrumento deu-se pelo material auxiliar na mensuração de informações qualitativas a partir da percepção do próprio idoso, considerando seu potencial ativo no processo de promoção de saúde mental (Ciconelli, 1997).

            Entre o intervalo das duas aplicações do teste SF-36, foram realizadas quatro oficinas de grupo utilizando a arte como recurso terapêutico. A estruturação dos encontros proporcionou o estudo e prática de uma forma de arte para cada dia, sendo elas recorte/colagem, desenho/pintura, modelagem e tecelagem.

            Cada encontro iniciou-se promovendo espaço de fala com compromisso de sigilo para os participantes dialogarem criando e fortalecendo vínculos. Logo em seguida foi apresentado pelo pesquisador condutor do grupo, um artista que realiza ou realizou em vida o determinado tipo de arte que contextualizou o respectivo  encontro, bem como as funções subjetivas que essa prática pode compor. Posteriormente, foram fornecidos recursos que subsidiaram a possibilidade de execução da modalidade artística. Ao final as participantes tiveram oportunidade de apresentar o produto final e discutirem espontaneamente sobre a experiência vivenciada.

            No primeiro encontro, a artista apresentada foi a paulista Aline Fonseca, multiartista que se destacou na área de colagem. Os recursos oferecidos para a intervenção foram papel, cola, pincel, recortes e revistas.

O segundo encontro teve como referência a artista plástica mexicana Frida Kahlo. Os materiais fornecidos foram papel, pincel e tintas nas cores primárias, branco e preto. A primeira etapa foi construir uma diversidade de cores em conjunto com os participantes, utilizando as misturas do círculo cromático. Logo após, foram oferecidos os materiais e incentivado o uso de recursos naturais presentes no espaço para promover texturas e pinturas nas obras.

O terceiro encontro teve como inspiração a ceramista Irinéia Rosa Nunes da Silva, artista popular brasileira. Suas obras transitam entre itens utilitários de cozinha até peças decorativas que puderam motivar o trabalho com argila e recursos naturais como folhas e pequenos galhos utilizados para aplicar textura às peças.

No quarto e último encontro, optou-se por não destacar um artista específico e sim, gerar empoderamento das participantes, trazendo elas como protagonistas do encontro e oportunizando local de fala para compartilharem com o grupo passagens relevantes de suas vidas através do incentivo realizado pela apresentação do material a ser utilizado. A temática do encontro englobou a área da tecelagem, onde foi fornecida um pedaço de madeira com o desenho de uma árvore com diversas marcações e manchas em seu tronco e a copa a ser preenchida. A discussão iniciou-se através da pergunta: “Quais são as marcas que existem nas suas raízes?” As levando a refletir sobre suas experiências. Após esse momento, debateu-se que apesar disso, as dores as permitiram crescer, se fortalecerem e colher bons frutos de suas vidas, ou seja, momentos de felicidade. Após alcançada essa conclusão na discussão,  as participantes teceram linhas coloridas que preencheram toda a copa da árvore, finalizando o grupo.

   Ao final da pesquisa, foi proposto e será executado o retorno ao local para apresentar aos participantes e à coordenação do projeto, os resultados obtidos com o estudo de campo efetuado.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

    Seguindo aquilo que foi proposto pela metodologia do presente trabalho, a execução da pesquisa de campo distribui-se em 6 visitas ao espaço do Programa Felicidade do Idoso. O espaço tem uma rotatividade significativa, portanto os grupos terapêuticos contaram com números diferentes de participantes ao longo dos encontros.

O primeiro dia caracterizou-se por uma passagem rápida no espaço, fazendo uma roda de conversa com o público acerca da temática saúde e qualidade de vida, visando o convite para os próximos encontros, sendo recebido com receio, mas interesse dos idosos em participar. Os quatro encontros seguintes tiveram objetivo de coleta de dados e processo interventivo e o último, programou-se uma devolutiva de resultados da pesquisa.

Durante esse período, para além das intervenções, importantes fatores internos e externos ao grupo ocorreram e afetaram diretamente os participantes. Entre os fatores grupais: Um participante faleceu entre o primeiro e segundo encontro e entre a semana do segundo e terceiro encontro outra participante teve um mal súbito no espaço onde ocorre o programa e até o fim das intervenções não houve o retorno da mesma.

Fatores externos de grande impacto foram relacionados a questões climáticas. Em meio a inúmeras temporadas de calor, no dia 04/10 houve um tornado de categoria F2 na cidade que destruiu muitas moradias, comércios e outros. Além disso, deixou cerca de 59 mil residências sem energia elétrica por muitas horas, causando grande impacto na vida de muitos munícipes, incluindo vários participantes do programa e seus familiares. (G1 Paraná, 2023).

Considerando os fatores supracitados que sensibilizaram o grupo, as intervenções permitiram local de fala para que houvesse fortalecimento mútuo das participantes. As idosas vivenciando as experiências semelhantes de forma simultânea, puderam demonstrar a dificuldade e o possível sofrimento em enfrentar tais adversidades, sendo acolhidas empaticamente.

Quanto ao processo metodológico da pesquisa que engloba a mensuração de qualidade de vida SF-36, houveram 11 aplicações no dia 02/10 e 9 aplicações no dia 23/10, todas elas no grupo que engloba o público da pesquisa. É importante dar ênfase que a rotatividade do público feminino não permitiu um comparativo individual no que se refere ao inventário. Portanto, destaca-se que dados da primeira aplicação e da segunda não puderam ser relacionados de forma direta, considerando que não necessariamente dizem respeito às mesmas participantes.

Durante a aplicação, entre os fatores que puderam causar impacto direto nos resultados, algumas participantes por questões de analfabetismo ou saúde (visão enfraquecida) não puderam responder a pesquisa sozinhas, precisando de auxílio direto da facilitadora. A resposta fornecida de forma indireta acerca da autopercepção da qualidade de vida pode ser atravessada pela condição relacional das partes e possíveis falhas de comunicação entre participante e aplicador do inventário.

            Desta forma, considerando todos os pontos acima citados apresentar-se-á os dados coletados na primeira e na segunda aplicação. Para tanto, as 11 participantes serão nomeadas aleatoriamente de A a K, em ordem alfabética, e somado a isso, serão apresentados seus resultados em porcentagem de autopercepção de bem estar em 8 domínios, sendo eles: Capacidade funcional, representado na tabela por (C.F.), limitação por aspectos físicos (L.A.F), dor (D.), estado geral de saúde (E.G.S.), vitalidade (V.), aspectos sociais (A.S.), limitação por aspectos emocionais (L.A.E.) e saúde mental (S.M.). Os resultados das questões são computados por uma fórmula padrão descrita no manual de correção do inventário e resultam em porcentagem de 0% a 100% considerando a intensidade em cada domínio. O mesmo foi feito com as 9 participantes da segunda aplicação, como é apresentado na tabela abaixo, onde “1ª” representa os resultados do domínio na primeira aplicação e “2ª” representa os resultados da aplicação posterior:

Tabela 1 – Resultados obtidos na primeira e segunda aplicação do inventário de qualidade de vida SF-36, considerando os oito domínios pontuados no mesmo

 C. F. 1ªC.F L.A.F. 1ªL.A.F 2ªD. 1ªD. 2ªE.G.S. 1ªE.G.S. 2ªV. 1ªV. 2ªA.S. 1ªA.S. 2ªL.A.E. 1ªL.A.E. 2ªS.M. 1ªS.M. 2ª
A75331007552227745607062,562,510033.34852
B3520010032305536458066,610001004460
C25300100n. r.94n. r.676080n. r.62,566,61006472
D851002510051717062659510010033,31008076
E505001003184158055952510001004848
F25530100511003045855587,510033,310010036
G907505061624752608087,562,5066,68880
H100205010084208250555087,537,5066,66856
I100350020214540606537,537,5066,64076
J75X0X51X72X55X100X0X96X
K40X100X21X50X50X62,5X100X56X

Fonte: De autoria própria, 2023

Considerando que não é possível traçar um comparativo direto de sujeitos entre a primeira e segunda aplicação devido a rotatividade do público avaliado, optou-se por priorizar os resultados quantitativos por meio de médias populacionais. Os valores representados abaixo foram obtidos através da soma dos resultados individuais  em cada domínio e após dividido pelo número de respostas visando alcançar um comparativo de média populacional feminina entre as duas aplicações.

Gráfico 1 – Comparativos de Média Populacional entre Primeira e Segunda Aplicação do Inventário SF-36 acerca dos 8 domínios:Points scored

Fonte: De Autoria própria, 2023.

Observou-se através do gráfico que Aspectos Sociais foi o único domínio que apresentou melhora, enquanto todos os outros decaíram em pontos positivos e ascenderam em pontos negativos. É importante dar ênfase que os resultados obtidos foram diretamente impactados por uma inaplicabilidade da metodologia na forma prevista. Isso se deu pois devido a rotatividade do espaço não foi possível ter controle metodológico do público na primeira e segunda aplicação dos testes bem como garantir a participação integral das participantes nas intervenções propostas.

Considerando os múltiplos fatores descritos, não é possível afirmar que utilizar a arte como recurso terapêutico tem o efeito negativo na qualidade de vida das mulheres idosas. Portanto, apesar das situações adversas ocorridas, busca-se através de dados qualitativos relevantes, responder e traçar hipóteses correlacionais ao problema de pesquisa em uma perspectiva grupal.

Tabela 2 – Informações  qualitativas relevantes acerca dos encontros:

 1º Encontro2º Encontro3º Encontro4º Encontro5º Encontro
Artista/ TemaSaúde e Qualidade de Vida. Importância das relações humanasAline Fonseca – Desconstrução e reconstruçãoFrida Kahlo – AutoimagemIrinéia Rosa Nunes – FeminilidadeElaboração de cronologia, evocação de memórias e fortalecimento emocional pelo apoio da rede
Técnica e Recursos Utilizados-Carimbo com as mãos; -Cartolina e tinta-Recorte e colagem; -Revistas e figuras.-Pintura; -Tinta, papel e recursos naturais (folhas de árvore para carimbo).-Modelagem manual; -Argila, água e recursos naturais (folhas  e pequenos galhos de árvore).-Tecelagem -Barbante trançado em uma base de madeira com pregos posicionados estrategicamente.
Descrição da Atividade-Roda de conversa; -Discussão sobre saúde; -Explanado sobre saúde mental e qualidade de vida; -Convite para pesquisa; -Obra Coletiva: marcas de mãos com tintas.-Biografia e exemplos de produções de colagem; -Materiais fornecidos:papel, cola, tesouras, pincéis, imagens previamente recortadas e revistas para recorte; -Produção da colagem.-Biografia da artista referência e apresentação de obras. -Construção de múltiplas cores de tinta através das cores primárias; Fornecidos pincéis, papel e tinta, e incentivo a utilização de recursos naturais do espaço para realizar as pinturas.  Apresentada a artista brasileira e contando sua trajetória com a técnica. As participantes partilharam materiais, produziram, apresentaram o resultado aos colegas, esperaram a secagem e puderam levar as produções para casa na semana seguinte.-Realizada roda de conversa sobre “raízes” das árvores fazendo assimilação com a trajetória das participantes; Construção da copa da árvore através da tecelagem objetivando mostrar a “beleza da copa junto as raízes”. Ou seja, o valor das marcas emocionais de cada sujeito para sua singularidade.
Quantidade de Participantes182417713
Principais elementos das obrasMarcas individuais produzidas pelas digitais das mãosEletrodomésticos, imagens infantis, plantas, peças de roupa, calçados e acessórios.Natureza. Plantas e animais.Utensílios domésticos, potes para plantas e decoração.Multiplicidade de direções e cruzamento de linhas representando as relações.
ObservaçõesIdosas demonstraram resistência em participar do estudo por alegarem não saberem fazer arte. Atividade prática colaborou para a quebra da inflexibilidade.Idosas ainda não estavam muito vinculadas, conversavam pouco e se ajudavam somente mediante incentivo da facilitadora.Começaram a vincular-se construindo materiais juntas, dando sugestões nas obras das colegas e expressando-se acerca do processo. Buscaram sobre os materiais utilizados para reproduzirem em casa. Falaram da família, principalmente netos. Remeteram a atividade à infância.Encontro de maior vinculação, os colegas incentivaram a participar. Ligaram a produção com suas histórias da infância. Se ajudaram fisicamente e deram sugestões nas produções dos colegas. Se interessaram em levar o material para reproduzir a atividade em casa.Participantes se incentivaram a falar. Muitos falaram de superação de doenças. Algumas pessoas optaram por falar de lembranças felizes. Após se levantarem para a produção, deram sugestões na obra coletiva, am compreendendo e aceitando a rotatividade.

Fonte: De Autoria Própria, 2023

Observa-se através da Tabela 2 que no início da pesquisa, as idosas demonstraram mais insegurança em participar das atividades e não comunicavam-se espontaneamente entre si. Esse fato se dá devido às questões de rotatividade de público já apresentadas, onde muitas pessoas circulavam no ambiente todos os dias e acabavam por conhecer poucos colegas, formando subgrupos de três a quatro participantes e não interagindo tanto com o restante dos participantes.

Mostra-se então, que quando as intervenções e diálogos compuseram todo o grupo na mesma prática, os participantes passaram a interagir mais, apresentar maiores níveis de flexibilidade e interesse em participar ativamente das intervenções. Também é possível ver o fortalecimento da autoconfiança e proatividade através da sociabilidade expandida.

Coutinho (2015) destaca a importância do manejo do facilitador para iniciar o processo de fortalecimento da autoconfiança dos idosos. No início, as idosas ao criticarem suas obras ou sua suposta falta de capacidade, estão criticando a sua história e a si mesmas. Portanto, dar ênfase no valor da produção é o primeiro passo para a construção de uma autoimagem mais otimista e confiante. Aos poucos, com a autoestima mais elevada e os vínculos mais fortificados, esse processo começou a ocorrer de forma mais espontânea entre as próprias idosas.

Considerando os objetivos a serem trabalhados em cada encontro, observa-se a efetividade nos resultados. Através do primeiro encontro (Fotografia 1), fisicamente houve a movimentação dos participantes em saírem de seus pequenos subgrupos para conhecerem mais sobre os colegas que participam do programa, encontrando os primeiros sinais de identificação uns com os outros e ainda sim, aprendendo a valorizá-los em sua singularidade. Quando se compreende o valor do outro no grupo, também entende-se o valor de si mesmo, aumentando a sensação de pertencimento.

Fotografia 1 – Produção artística do primeiro encontro

Fonte: Imagem do Autor, 2023

Já o segundo encontro (Fotografia 2), desconstruiu a rotina frequente e movimentou os participantes para outro espaço, podendo simbolizar a oportunidade de ressignificar relações através de um novo ambiente. Essa reconstrução de espaço fez o mesmo movimento que propõe a artista Aline Fonseca – unir partes já existentes de algo em um novo contexto, buscando um resultado único através de frações singulares. A criação de um novo grupo.

Fotografia 2 – Grupo no novo ambiente

Fonte: Imagem do Autor, 2023

O terceiro encontro inspirado em Frida Kahlo utilizou das percepções de autoimagem. Frida é reconhecida por seus múltiplos autorretratos, ressignificando partes relevantes de si mesma. Nas expressões artísticas desse encontro (Fotografia 3 exemplificando), apesar de não haver autorretratos faciais e corporais humanos, de alguma forma as idosas utilizaram o ambiente em que estavam para buscar referência de identificação com elementos naturais, como plantas e animais. Essas representações podem significar integração na matéria orgânica, temporalidade, relações sociais, ciclo de vida, saúde, resistência e beleza. Isso pode observar-se inclusive nas temáticas verbalmente expressadas, onde algumas participantes debateram sobre os netos e relataram que gostariam  de repetir a atividade com eles posteriormente, pois gostaram muito da prática.

Fotografia 3 – Obra produzida por idosa no terceiro encontro

Fonte: Imagem do Autor, 2023

O quarto encontro foi extremamente influenciado pela artista Irinéia Rosa Nunes. A idosa, brasileira e alagoana ligava muito sua arte à feminilidade, no que entendia-se por papel social da mulher em seu contexto social. Suas obras iniciais eram principalmente utilitários domésticos de cozinha que produzia para uso de sua família e revendia para outras matriarcas. Ao ampliar as habilidades com o material e popularizar-se, passou a produzir peças decorativas que ganharam reconhecimento a nível nacional e mundial. As participantes em sua maioria, produziram peças utilitárias, com traços mais simples, mostrando que ainda estavam adaptando-se ao material, mas ainda sim, pediram mais recursos e produziram diversas peças posteriormente, podendo seguir o mesmo movimento de evolução da artista referência e sendo reconhecidas por isso no próprio grupo. Segue registro das produções de uma das idosas (Fotografia 4).

Fotografia 4 – Idosa segurando suas produções artísticas do quarto encontro

Fonte: Imagem do Autor, 2023

O quinto encontro mostrou o quanto a existência do “outro” no grupo afeta o “eu”. A movimentação das pessoas que inicialmente não queriam falar provocaram uma iniciativa no restante do grupo, que expressou incentivo, ofereceu apoio e alternativas, motivando a proatividade de todos em participar e validando a importância de cada membro. Assim como a tecelagem realizada na intervenção, as histórias contadas que seguiram direções diferentes se encontraram naquele local e puderam marcar ou ressignificar o sentimento através da partilha para algo mais positivo que caminhe para a melhor autopercepção da qualidade de vida. Isso pode ocorrer de forma que as dificuldades passadas sejam vistas como marcas de fortalecimento e não vulnerabilidade. Esse movimento mostrou-se efetivo pois mesmo tratando temáticas difíceis, os participantes acolheram-se e demonstraram terminar a intervenção felizes, satisfeitos e extremamente comunicativos, apresentando inúmeras demonstrações afetivas mútuas. A imagem a seguir (Fotografia 5) apresenta o resultado final da produção coletiva.

Fotografia 5 – Produção artística coletiva do quinto encontro

Fonte: Imagem do Autor, 2023

Portanto, acredita-se que apesar de não ter sido possível comprovar através do inventário SF-36 melhora na qualidade de vida das idosas, as hipóteses qualitativas apontam para um resultado extremamente benéfico, que deu ênfase a construção de relações, fortalecimento de vínculos e da própria autoconfiança dos membros participantes, podendo produzir suas obras de forma mais autônoma e comunicando caso precisasse de auxílio. Como descrito por Santana e Beluco (2017), características como essas adquiridas são colaboradores diretos para a melhora na autopercepção da qualidade de vida da pessoa idosa.

 Entende-se que para utilizar corretamente a metodologia proposta inicialmente, deveria haver mais rigor nos critérios de inclusão no grupo, bem como obter o apoio do órgão público ligado ao Programa Felicidade do Idoso, visando garantir a participação integral de cada membro em todo o processo de objetivo terapêutico. Essa metodologia mais sistemática permitiria avaliar o indivíduo antes e depois de passar pelas intervenções e mostrar mais precisamente o efeito gerado na mulher idosa pelas intervenções arteterapêuticas. Entretanto, compreende-se o valor da experiência adquirida para os membros do grupo de participantes e aplicadora da pesquisa, pois o presente estudo encaminha-se para uma contribuição de desenvolvimento das técnicas científicas, visando criar novos projetos que atendam as demandas desse público.

Assim como defende Philippini (2020) todo esse processo promove mais do que um resultado, o movimento e o movimento é diretamente associado à vitalidade. Este apresentou-se como o principal valor da arte como recurso terapêutico para as idosas: permitir que através do movimento, elas se sentissem capazes e funcionalmente vivas. Esses são fortes sinônimos de uma melhora na autopercepção da qualidade de vida.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A expressão artística, mais do que criar registros históricos e culturais da existência, é capaz de produzir condições que promovem a saúde mental e consequentemente, a qualidade de vida. Portanto, é fundamental o desenvolvimento de profissionais da psicologia capacitados para realizar a prática das atividades com recursos arteterapêuticos, beneficiando assim, a ampliação da ciência psicológica, bem como a qualidade de vida do público em que for aplicado, sendo este, mulheres idosas.

Apesar de não poderem ser comprovados estatisticamente o efeito das práticas arteterapêuticas no grupo, a verbalidade, o afeto e o fortalecimento de vínculos presentes no ambiente e nas participantes mostrou que elas foram diretamente impactadas pelas práticas. E, apesar das inúmeras dificuldades que a saúde física e o ambiente proporcionaram no período, suas relações conseguiram se fortalecer através do discurso, colaboração prática nas produções e a própria presença uma das outras. O presente estudo mostrou o impacto do gênero tanto nas adversidades causadas, como no efeito positivo de identificação de pares durante o processo de vinculação e construção das obras.

É necessário prosseguir nas pesquisas científicas que possam mensurar precisamente a subjetividade humana visando fortalecer a psicologia como ciência. Como encaminhamento sugestivo para ampliação da presente pesquisa científica, firma-se a necessidade de projetos continuados utilizando a arte como recurso terapêutico em um ambiente de políticas públicas, buscando aprimorar resultados mensuráveis da relevância do presente recurso para a psicologia.

Portanto, conclui-se que até o presente momento, é possível afirmar que o que compõe o sujeito em sua subjetividade e relações, ainda perpassa as capacidades mensuráveis da ciência, mostrando que o campo do estudo e do saber psicológico é inesgotável. Da mesma forma que o desenvolvimento e envelhecimento humano, a psicologia se amplia ao manter-se em movimento considerando as mudanças sociais, por isso, a necessidade de estudos científicos como este continuarem expandindo-se e oferecendo mais alternativas para a ampliação da qualidade de vida humana.

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Segundo a Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, classifica-se por pessoa idosa aquela que tem 60 anos ou mais. A legislação garante subsídio para dar ênfase judicial às necessidades específicas desse grupo (BRASIL, 2003).

A subjetividade refere-se à maneira única como cada indivíduo percebe, interpreta e atribui significado às coisas com base em suas experiências pessoais, opiniões e emoções (AURÉLIO, 2010).

O inconsciente é uma parte da mente que contém pensamentos e emoções inacessíveis à consciência, influenciando nossas experiências e comportamentos (AURÉLIO, 2010).

Refere-se a um grupo de transtornos mentais nos quais os sintomas físicos estão presentes, mas não podem ser totalmente explicados por uma condição médica. Os sintomas físicos são reais e impactam a vida da pessoa, porém não têm uma causa médica clara. Esses sintomas podem incluir dor, fadiga, problemas gastrointestinais, entre outros. (APA, 2014).


1Acadêmica do curso de Psicologia (UNIVEL)
² Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (2005) e Mestre em CIÊNCIAS SOCIAIS pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2015).