REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8326619
Nathalia Mariana da Silva1
O rodeio é considerado pela lei brasileira como manifestação cultural e corresponde às atividades de montaria, cronometragem e provas de laço, nas quais são avaliadas as habilidades do atleta em dominar o animal e o desempenho do próprio animal (BRASIL, 2002). Com o crescimento dos estudos sobre bem-estar animal, sugiram vários questionamentos acerca do maneio adequado de animais que participam das provas de rodeio, seja no âmbito preparatório, manejo diário, transporte até as arenas, cuidados imediatamente antes, e após as provas (DAMASCENO, PINTO; 2018).
A legislação brasileira sobre o assunto não aborda parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca, dosagem de cortisol, hemograma e avaliações de estresse oxidativo pelos animais participantes da prova. A lei federal 10.519/2002 dispõe sobre a defesa sanitária animal em rodeios e exige a apresentação de atestado de vacinação dos animais participantes, a presença de médico veterinário responsável pela boa condição física e sanitária dos animais, cumprimento das normas impeditivas a maus tratos e injúrias de qualquer ordem, infraestrutura adequada que garanta a integridade física dos animais e uso correto dos apetrechos técnicos de arreamento e manuseio.
Em 2019 a lei 13.873 elevou o rodeio à condição de manifestação cultural, integrante do patrimônio cultural imaterial e incumbiu ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a aprovação de regulamentos específicos das diversas modalidades esportivas incluídas nesta lei. Estes regulamentos devem assegurar a proteção e bem-estar animal, e deverá prever sanções aos casos de descumprimento. Mas cada companhia de rodeio poderá ter seu protocolo, que será encaminhado à aprovação ou não do Ministério da Agricultura.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Touros de Rodeio (ABTR) elaborou um manual de conduta para todos os associados, regulamentando o bem-estar durante as competições. Este regulamento assegura apenas condições de instalação, sanidade e presença de médico veterinário especialista (ABTR, 2015).
Há poucas pesquisas cientificas sobre as respostas fisiológicas, comportamentais e emocionais dos animais que participam de rodeios. As pesquisas já publicadas limitam principalmente a touros e bezerros usados em touradas e relatam resultados contraditórios (RIZZUTO et al, 2020).
Neste sentido, o objetivo deste estudo foi visitar uma companhia de rodeio que possui assistência veterinária e relatar quais são as medidas adotadas na propriedade para garantir o bem-estar dos animais participantes da prova.
A Companhia de rodeio está localizada na cidade de Conselheiro Lafaiete, estado de Minas Gerais, e possui em seu plantel 16 animais mestiços de Holandês × Nelore e possui assistência medica veterinária especializada diariamente.
Os animais recebem dietas que atendem as exigências nutricionais, sendo composta por ração e silagem de milho. Os animais são soltos em piquetes e podem pastar a vontade, além da dieta ofertada no cocho. O tamanho dos piquetes é adequado a quantidade de animais e os currais de maneio e embarcadouros foram construídos de forma adequada onde a condução dos animais é feita de maneira tranquila.
O casqueamento preventivo esta presente na rotina de manejos da propriedade, além do manejo sanitário, respeitando as vacinações obrigatórias, esquema antiparasitário e suplementação de vitaminas e minerais por via injetável.
Os animais são treinados com estímulos para desenvolvimento da musculatura com natação, além do tratamento com carinho e sem o uso de ferrões ou outros equipamentos pontiagudos ou elétricos para condução dos animais. Caso algum animal adoeça, imediatamente é feito o protocolo e tratamento e o anima é afastado de suas atividades normais e provas. A única avaliação se os animais foram ou não estressados após a prova é feita observando a ruminação e a porcentagem de indivíduos que se deitam antes e após as provas. Em média todos os animais ruminam antes e após as provas e todos os animais se deitam nos piquetes, mostrando que o tamanho do piquete de recepção dos animais pós prova e adequado.
Nesta companhia de rodeio nunca foram feitos exames de monitoramento de cortisol ou outros metabólitos que podem atestar o grau de estresse dos animais.
Concluímos que a companhia visitada está dentro dos parâmetros nacionais previstos na legislação de animais de rodeio, e ele são tratados de maneira correta nos quesitos de instalações, nutrição e sanidade. Mas devem ser realizadas mais pesquisas no intuito de entender o comportamento fisiológico dos animais antes, durante e após as provas para ajudar as empresas e entidades públicas na elaboração de protocolos mais modernos eficazes para a manutenção do bem-estar dos animais de rodeio.
Referências Bibliográficas
ABTR. Associação Brasileira de Touros de Rodeio. 2015. http://www.abtroficial.com/home (Acessado: 26 de junho, 2019).
BRASIL, Lei n°10.519, de 17 de julho de 2002. Dispõe sobre a promoção e a fiscalização da defesa sanitária animal quando da realização de rodeio e dá outras providencias.
DAMASCENO, B.; PINTO, L.C. Avaliação do comportamento do bem-estar de bovinos pelo uso do sedem em animais atletas. Revista cientitica de Medicina Veterinária UNORP. v.2. n.1. p.40-45 2018.
RIZZUTO, S.; EVANS, D.; WILSON, B.; MCGREEVY, P. Exploring the use of a qualitative behavioral assessment approach o assesses emotional state of calves in rodeos. Animals. v.10.e.113. 2020.
1Aluna do Curso de Graduação do curso em Medicina Veterinária do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), Caratinga MG.