OS AGENTES DE COMBATE AS ENDEMIAS E O ENFRENTAMENTO DAS ARBOVIROSES NO BRASIL

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10247291347


Ana Paula da Silva


Resumo

O presente estudo tem como objetivo geral Entender a saúde e as relações sociais auxilia no planejamento no qual a prevenção deve ser investida e o papel dos agentes de endemias no combate às arboviroses. As arboviroses urbanas: dengue, chikungunya e zika apresentam grande importância para saúde pública, as três doenças são transmitidas pelo mesmo vetor. Justifica-se a realização dessa pesquisa pela importância em salientar a necessidade de estudos sobreos perigos das arbovirores bem como a necessidade do delineamento qualitativo dos pacientes dessas doenças e suas condições sociais. A integração entre a atenção e vigilância em saúde é a condição essencial para o alcance de resultados que atendam às necessidades de saúde da população, possibilitando a articulação para a adequada identificação de problemas de saúde e intervenções oportunas. Em relação aos aspectos metodológicos, trata-se de revisão bibliográfica de cunho descritivo.Conclui-se que se faznecessário para um combate eficaz a essas arboviroses urbanas uma integração de diferentes setores da sociedade visando educação, saneamento, vigilância epidemiológica e combate ao vetor, bem como investimentos para pesquisa de tratamentos eficazes

Palavras-Chave: Arboviroses. Agente de endemias. Saúde

Abstract:

The general objective of this study is to understand health and social relations, which helps in planning in which prevention should be invested and the role of endemic agents in combating arboviruses. Urban arboviruses: dengue, chikungunya and zika are of great importance for public health, as the three diseases are transmitted by the same vector. Carrying out this research is justified by the importance of highlighting the need for studies on the dangers of arboviruses as well as the need for a qualitative delineation of patients with these diseases and their social conditions. The integration between health care and surveillance is the essential condition for achieving results that meet the population’s health needs, enabling coordination for the adequate identification of health problems and timely interventions. In relation to methodological aspects, this is a bibliographical review of a descriptive nature. It is concluded that, for an effective fight against these urban arboviruses, it is necessary to integrate different sectors of society aiming at education, sanitation, epidemiological surveillance and combating the vector, as well as investments for research into effective treatments

Keywords: Arboviruses. Endemic agent. Health

1. INTRODUÇÃO

A urbanização das cidades além dos inúmeros benefícios provocou também a superpolução e com ela problemas decorrentes da má estrutura, falta de saneamento e precarização dos sistemas de coleta de lixo, abastecimento de água criam condições propícias para a ocorrência de doenças infectocontagiosas como a dengue, zika e chikungunya (ALMEIDA; COTA; RODRIGUES, 2020). Essa condição, acrescida do fato de que o vetor principal, o mosquito Aedes aegypti, encontra-se amplamente distribuído no território nacional e vive principalmente em ambientes urbanos, resulta na exposição da população brasileira às arboviroses que circulam em território nacional (LIMA-CÂMARA, 2016).

Justifica-se a realização dessa pesquisa pela importância em salientar a necessidade de estudos sobreos perigos das arbovirores bem como a necessidade do delineamento qualitativo dos pacientes dessas doenças e suas condições sociais.

A continuação da prevalência de grande número de infectados, , tem levado a estudos que podem compreender as características dos pacientes, e a identificação desses arbovírus, sendo útil para auxiliar no tratamento específico, ações de prevenção e controle na tentativa de evitar nova epidemia. Nesse sentido, estudantes e profissionais de saúde participaram de trabalho de campo para vivenciar a realidade da assistência prestada pelo SUS durante as epidemias de dengue, Zika e chikungunya, bem como para lidar diretamente com os pacientes, para ajudar a investigar esses agravos e reconhecer os desafios das doenças infecciosas de interesse para a saúde pública

A escolha deste tema surgiu do reconhecimento de que essas doenças podem se agravarem se não fo realizado o correto diagnóstico e tratamento, bem como a importancia da capacitação dos profissionais de saúde para o manejo correto de pacientes com arboviroses.

As arboviroses são um problema de saúde pública crescente no mundo, e para monitorar continuamente a evolução temporal dessas doenças a vigilância epidemiológica é responsável por uma série de atividades, incluindo: notificação e investigação oportuna de casos

Nesse sentido traz-se à tona os seguintes questionamentos: Quais as formas de prevenção das arboviroses? Que estratégias são utilizadas pelos profissionais de saúde nos tratamento e agentes de endemias? Quais as políticas públicas que

Diante dos questionamentos acima citados, tem-se como hipóteses o seguinte: São necessárias atitudes como: armazenamento correto de pneus, garrafas, lixos, vedação das caixas d’água e cuidados com os vasos de plantas. Outras abordagens: Alguns programas de controle químico e/ou biológico pelo uso de inseticidas ou larvicidas biológicos têm sido sugeridos. Os profissionais de saúde utilizam como estratégias orientar os pacientes, manter as ações adotadas para controle vetorial, atendimento à população e educação em saúde, para o enfrentamento das arboviroses, a SVS e a SAIS planejam ações adicionais baseadas em níveis de ativação para a atuação antecipada em cada Região Administrativa. A adesão do Estado na luta contra as arboviroses é necessário, visto que é preciso estabelecer medidas de auxílio para estes sequelados, pois a população que mais sofreu (continua e continuará sofrendo) com as arboviroses é justamente a menos favorecida socioeconomicamente.

A pesquisa tem como objetivo geral Entender a saúde e as relações sociais auxilia no planejamento no qual a prevenção deve ser investida e o papel dos agentes de endemias no combate às arboviroses. E tem como objetivos específicos: Adotar medidas para diminuir a vulnerabilidade de risco da população e Promover a assistência, acolhimento, acompanhamento adequado ao paciente com sinais e sintomas de uma arbovirose.

2.  METODOLOGIA

A metodologia desta pesquisa foi realizada quanto aos meios através de vasta pesquisa bibliográfica e documental, fundamentando-se na análise de artigos científicos, monografias, livros e notas publicados e disponibilizados em meios impressos e digital por se tratar de tema atual e ter maior facilidade de acesso. Trata-se de um estudo de natureza e abordagem qualitativa, método indutivo, com a obtenção de dados descritivos mediante contato direto ou interativo com a situação de estudo, buscando entender tais fenômenos segundo a perspectiva do ordenamento jurídico. Quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva, posto que buscará definir, explicar e esclarecer o problema apresentado, analisando os fenômenos sem manipulá-los. Logo utilizou-se todas as ferramentas acima explicitadas para obtenção do escopo deste artigo.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 ARBOVIROSES

Dengue, chikungunya e zika são três arboviroses, doenças virais que tem como vetor um artrópode, em especial o mosquito do gênero Aedes. Nos últimos anos, houve a reintrodução dessas arboviroses no continente americano, tornando-as doenças emergentes e causando verdadeiras pandemias devido, principalmente, à globalização. Dessa forma, as manifestações neurológicas relacionadas ao histórico de infecção viral prévia por arbovírus são uma realidade no País. Além disso, vale ressaltar a importância das mudanças climáticas e dos grandes eventos mundiais que mobilizam milhares de pessoas para regiões endêmicas e não endêmicas, tornando mais fácil a dispersão das arboviroses (BRASIL, 2015).

As arboviroses urbanas, por compartilharem diversos sinais clínicos semelhantes e a dificuldade da suspeita inicial pelo profissional de saúde pode, em algum grau, dificultar a adoção de manejo clínico adequado e, consequentemente, predispor à ocorrência de formas graves, levando eventualmente a óbitos (CALVO et al., 2016).

São escassos estudos epidemiológicos feitos referentes as arboviroses. Estudos aprofundados acerca da epidemiologia e de como combater se fazem necessários, para que assim, se possa estudá-la mais a fundo e alcançar o controle da transmissão da doença (CRUZ et. al., 2009). Nesse contexto, grupos de estudos voltados para a pesquisa eda importancia dos agentes de endemias no combate das arboviroses são de crucial importância (DONALÍSIO e GLASSER, 2002)

Os casos suspeitos de arboviroses, são monitorizados através do trabalho dos setores que compõem a Vigilância em Saúde, em especial a Vigilância Ambiental e a Epidemiológica, estes casos são notificados e acompanhados através da Ficha de Notificação e Investigação disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, que são preenchidas pelas unidades assistenciais para cada paciente quando há suspeita da ocorrência de doenças e agravos de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal, que permitem traçar o perfil epidemiológico e clínico das regiões (BRASIL, 2018).

Nesse contexto, a vigilância epidemiológica é responsável por uma série de atividades, incluindo: notificação e investigação oportuna de casos suspeitos de arboviroses, para monitorar continuamente a evolução temporal dessas doenças e detectar efetivamente mudanças nos padrões de ocorrência, surtos e epidemias, também faz análise epidemiológica descritiva dos casos com base em variáveis relacionadas as pessoas, tempo e espaço; responsável também pela integração da vigilância de casos, vigilância entomológica e vigilância laboratorial e promover a integração entre controle vetorial, assistência e outras entidades que atuam no controle de arbovírus, com o objetivo de sempre que possível, tomar medidas relevantes para controlar e/ou prevenir a transmissão e reduzir o tamanho, gravidade e mortalidade dessas doenças. O combate às arboviroses emergentes requer uma ampla gama de políticas e intervenções, envolvendo todos os setores da sociedade (DONALISIO, 2017)

As arboviroses são doenças virais transmitidas ao homem pela picada de mosquitos infectados. Existem diversas arboviroses em todo o mundo, porém no Brasil a dengue, a Zika e a febre chikungunya se destacam principalmente pelo fato de serem transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti e algumas também o Aedes albopictus (FAUCI; MORENS, 2016).

As arboviroses são caracterizadas como um arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes), onde parte do seu ciclo pode ocorrer nos insetos e são transmitidos ao homem através de picadas (LINHARES et al., 2014). Como por exemplo, a dengue, uma doença de alta incidência e baixa prevalência. Além de caracterizar-se como uma endemia de variação sazonal, pois mantém sua incidência constante, permitindo flutuações de valores (altos e baixos) e mantendo certa periodicidade.

As arboviroses têm representado constantes ameaças mundiais, alcançando grande relevância para saúde pública devido a uma gama de fatores que propiciam a amplificação da transmissão viral. Dentre estes fatores, encontram-se as mudanças climáticas drásticas, os desmatamentos clandestinos e descontrolados, a migração e ocupação populacionais desordenadas e as péssimas condições sanitárias encontradas em grande parte do planeta aliados à diversidade de agentes infecciosos envolvidos, à variedade de manifestações clínicas apresentadas e à dificuldade de implementação de medidas sanitário-educativas para prevenção da doença e controle efetivo dos vetores (CLETON ET AL., 2012)

 A partir da citada lei nº 11.445/07, foi criado o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) em 2013, sendo este revisado em 2018. O plano determina os objetivos e metas tanto nacionais, quanto regionais a serem cumpridas a curto,médio e longo prazo, para os 20 anos subsequentes (2014-2033), tendo em vista a universalização do saneamento básico e o aumento no alcance do mesmo em todo o território brasileiro. Além disso, o plano estabelece ainda as diretrizes e orientações para o equacionamento dos condicionantes de natureza político institucional, legal e jurídica, econômico-financeira, administrativa, cultural etecnológica com impacto na consecução das metas e objetivos estabelecidos (BRASIL, 2019).

Apesar de ser comprovada pela literatura por autores como MendonçaeMotta (2005), parte da população brasileira se encontra residindo em locais que não permitem um bom saneamento básico, apresentando uma situação precária deste, ficando sujeita a diversos tipos de enfermidades. Atualmente quase 35 milhões de brasileiros não possuem acesso à água potável e cerca de 10 milhões não possuem acesso à um serviço de coleta de esgoto no Brasil, segundo a Agência Brasil (2021),sendo que destes 5,5 milhões se encontram nas 100 maiores cidades brasileiras, oque demonstra que muito ainda se têm para avançar nesta questão. O Plano Nacional de Saneamento Básico ao caracterizar odéficit emsaneamento adota uma definição que vai além da infraestrutura, contemplando também os aspectos socioeconômicos e culturais, além da qualidade do serviço prestado.

O diagnóstico laboratorial através dos exames específicos de arboviroses é de suma importância pelo papel que desempenha na vigilância virológica, identificando os sorotipos circulantes e suas respectivas cepas. Ainda é fundamental por promover o diagnóstico diferencial de outras doenças, oferecendo suporte à vigilância epidemiológica para orientar as medidas de prevenção e controle de doenças, como dengue, chikungunya e zika (BARAKAT et al., 2020).

A dengue, como a Chikungunya e a Zika, são doenças virais agudas e de rápida disseminação, a notificação dos casos junto de estabelecimento de um sistema de vigilância são essenciais para que o padrão de transmissão destas doenças em uma área, bem como sua curva endêmica sejam acompanhadas (FIORINI et al., 2020).

Na ausência de vacinas eficazes contra Zika e Chikungunya e até o momento da inexistência de uma vacina contra a Dengue, a única forma de conter surtos e epidemias é controlando o vetor (LIMA-CAMARA; URBINATTI; CHIARAVALLITI-NETO, 2016). O combate a proliferação do vetor ocorre principalmente pela eliminação de criadouros, que se fazem em locais com água parada, através da fiscalização em residências, lotes vazios ou abandonados e terrenos baldios, uso de larvicidas e inseticidas, aplicação de telas em portas e janelas, dentre outras ações (ZARA et al., 2016; TERRA et al., 2017).

3.2 O AGENTE DE ENDEMIAS NO COMBATE DAS ARBOVIROSES

A integração entre a atenção e vigilância em saúde é a condição essencial para o alcance de resultados que atendam às necessidades de saúde da população, possibilitando a articulação para a adequada identificação de problemas de saúde e intervenções oportunas. No âmbito da saúde, é necessário buscar a articulação sistemática da vigilância epidemiológica e entomológica com a atenção, integrando suas atividades de maneira a potencializar o trabalho, evitar a duplicidade das ações, para alcançar melhores resultados, visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública, para proteção da saúde da população, a prevenção, e controle de riscos, agravos, e doenças, bem como a promoção da saúde.

A presença dos agentes (ACS/ACE) no território é de fundamental importância para a Atenção Básica (A.B), entretanto, não há integração das atividades no campo, visto que as áreas convergem, mas, as ações não dialogam.

A origem dos agentes de saúde é anterior às políticas públicas que inseriram esse trabalhador no SUS. Porém, é a partir destas políticas que o agente de saúde aparece formalmente como uma ocupação reconhecida em âmbito nacional” (Bornstein ET al., 2014). O ACS faz parte da política nacional da atenção básica, devendo pertencer à uma equipe de atenção básica ou de saúde da família e residir na comunidade onde atua. Já o agente de controle de endemias (ACE) categoria equivalente está presente no país do período do Brasil Colônia até o final da década de 1990, pois as ações de vigilância em saúde, prevenção e controle de endemias eram realizadas pelo governo federal. Em 2006 foi publicada a emenda constitucional n° 51 que cria o processo seletivo público para os ACS’s e ACE’s e estabelece que estes profissionais somente poderão ser contratados diretamente pelos estados, Distrito federal e municípios. Neste mesmo ano foi promulgada a lei 11.350, que estabelece as atividades e requisitos para ser ACS e ACE. O agente de endemias faz parte da equipe de vigilância em saúde de uma secretaria municipal ou estadual de saúde. Só em 2010 as vigilâncias começam a se articular com as ações da atenção básica (A.B.) por indicação do ministério da saúde.

Sendo assim e se fazendo partícipe, ‘O ACS é um elemento inovador na equipe de saúde, tanto no PACS( Programa Agente Comunitário de Saúde) quanto na ESF( Estratégia Saúde da Família). Ele é o único componente da equipe que tem como um dos requisitos para a sua contratação a condição de ser morador do território em que atuará, o que seguramente está vinculado à ideia da aproximação e entendimento das condições de vida da população, de suas características culturais, de sua dinâmica social e familiar.’ Contudo, segundo Vera Joana Bornstein, estes profissionais que ao longo da experiência no SUS e mesmo sendo amplamente estudados no Brasil passam por dificuldades relativas à poucas ações intersetoriais, excesso de atividades burocráticas, metas verticais e o modelo de avaliação que fragmentam a atividade dos profissionais e dificultam a integralidade da atenção e a falta de garantia da continuidade do cuidado.

A emergência e a reemergência de arboviroses são consideradas fenômenos naturais de evolução e adaptação das espécies. Ademais, fatores como mudanças climáticas e ambientais, desmatamentos, migração populacional, ocupação desordenada de áreas urbanas e precariedade de condições sanitárias favorecem à amplificação e transmissão viral (LIMACAMARA,2016).

Dentre as perspectivas há a de ‘um mundo com o acesso equitativo e universal à educação de qualidade em todos os níveis, aos cuidados de saúde e proteção social, onde o bem-estar físico, mental e social estão assegurados’.

 Com intuito, de superar as ameaças globais de saúde, desastres naturais mais frequentes e intensos e mudança climática, entre outros, configuram um dos maiores desafios do nosso tempo e seus efeitos negativos minam a capacidade de todos os países de alcançar o desenvolvimento sustentável. (ODS, 2015)

 Constatando os desafios, o texto evidencia as oportunidades em diversos setores e sobretudo na tecnologia, na inovação científica e em áreas tão diversas como medicina e energia. (ODS, 2015) Os objetivos ainda abordam que para promover a saúde física e mental e o bem-estar, e para aumentar a expectativa de vida para todos, alcançar a cobertura universal de saúde e acesso a cuidados de saúde de qualidade. Ninguém deve ser deixado para trás. (ODS, 2015)

Compromete-se em acelerar os progressos alcançados até o momento na redução da mortalidade neonatal, infantil e materna, dando um fim a todas essas mortes evitáveis antes de 2030. Garantindo o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, inclusive para o planejamento familiar, para a informação e para a educação.(ODS, 2015) Acelerando o ritmo dos progressos realizados na luta contra males como a malária, HIV/AIDS, tuberculose, hepatite, ebola e outras doenças e epidemias transmissíveis, e o problema das doenças negligenciadas que afetam os países em desenvolvimento. (ODS, 2015)

3.3 DESAFIOS PARA O COMBATE DAS ARBOVIROSES

Em 2003, foi criada a Estratégia de gestão integrada para a prevenção e controle da dengue nas Américas (EGI-dengue) e, em 2016, essa estratégia foi ampliada para atender as demais arboviroses e controle dos vetores passando a ser chamada de Estratégia de gestão integrada para a prevenção e controle das Arboviroses nas Américas (EGI-Arbovírus) (BRASIL, 2020).

No Brasil foram criadas diretrizes nacionais para prevenção e controle da Dengue, Chikungunya, Zika e da Febre Amarela, para a organização dos serviços de atenção à saúde em situação de aumento de casos ou de epidemia dessas enfermidades (OPAS, 2018). Portanto, a vigilância, prevenção e combate às arboviroses foi iniciado há pelo menos 75 anos (LIMA-CAMARA, 2016).

Na linha de frente para a execução desses programas de combate e prevenção das arboviroses estão os agentes de combate às endemias (ACE) (MEIRELLES et al., 2021; LARENTIS et al., 2021). O trabalho desses agentes é baseado em atividades de investigação, prevenção e controle de doenças endêmicas e infecto-contagiosas. Além dessas atribuições, a Portaria Ministerial GM N 02121/2015 acrescenta como atribuições dos ACE trabalhar em conjunto com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em situação de surtos e epidemia, utilizando medidas de controle adequadas para combate aos vetores (BRASIL, 2015).

Os ACE são profissionais essenciais no controle de arboviroses. Em visitas domiciliares, esses profissionais atuam na detecção e controle mecânico e químico do vetor das arboviroses nas águas paradas (ZARA et al., 2016). Além disso, durante a visita domiciliar os ACE realizam ações educativas com o intuito de sensibilizar os moradores sobre a importância da vigilância contínua, de forma a garantir um efetivo combate às doenças endêmicas.

 A maioria das ações dos ACE relacionadas às arboviroses são baseadas no Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD; Ministério da Saúde, 2002) (PESSOA et al., 2016) A atuação dos Agentes de Combate às Endemias, sancionado pela Lei 14.536 de 2023 que regulamenta a profissão de ACE como profissionais de saúde na lei que 11 regulamenta a atividade (Brasil, 2006), reconhece a importância desses profissionais como essenciais para a saúde de toda população.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS   

Verificou-se benefício a ampliação dos serviços essenciais de saúde, promover medidas de prevenção das doenças infecciosas e quais os tratamentos adequados, além da necessidade de melhorar a capacitação do profissional de saúde em relação ao atendimento dos pacientes acometidas pelas arboviroses.

A luta contra uma doença não deveria significar o decréscimo na atenção de outras doenças, uma vez que todas as arboviroses têm a capacidade de sobrecarregar o Sistema Único de Saúde em momentos epidêmicos.

A melhor forma de prevenção da doença continua sendo o controle do seu vetor, dessa forma, é fundamental o esclarecimento da sociedade para que ela atue juntamente aos órgãos públicos, já que o principal local onde são encontrados os mosquitos da dengue são dentro dos domicílios. Além disso, cabe a unidade básica de saúde estar ciente das variadas manifestações clínicas dessa condição e garantir um plano de tratamento precoce e adequado aos pacientes com suspeitas e/ou com exames confirmados da doença.

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