ORIENTAÇÕES SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10372383


Maria Tereza Schlischting da Silva1
Ânnely Luciana Detofol2
Camila de Liz3
Gonzaga dos Santos4
Julia Raquel Tremea5
Guilherme Marques Habermann6
Letícia Franzen Bräscher7
Mushue Dayan Hampel Vieira Filho8
Sharrine Rau Dabbous9
Letícia Kuster Hampel Vieira10
Maria Aparecida Marques Habermann11


Resumo – O uso das plantas medicinais é culturalmente disseminado e tornou-se mais evidente no Brasil ao ser amparado pelo Sistema Único de Saúde de modo a ressaltar seus benefícios para a prevenção e tratamento de inúmeros agravos à saúde. Assim, resguarda os pacientes pediátricos de serem afetados pelos efeitos tóxicos causados pelo metabolismo dos fármacos. Entretanto, reconhecem-se os perigos gerados pelo uso incorreto de fitoterápicos, por essa razão precisa-se da intervenção e orientação dos profissionais de saúde sobre a utilização correta das plantas medicinais. O objetivo deste projeto consistiu em instruir, explicitar os benefícios e alertar sobre os malefícios da prática inadequada do uso das plantas medicinais, visando a melhora da qualidade de vida das crianças e um vínculo maior das famílias com a Atenção Básica de Saúde. Tratou-se de um projeto de ação extensionista em saúde, baseado em uma revisão bibliográfica com pesquisa em publicações nas bases de dados SciELO, PubMeds e BVS; as ações desenvolveram-se através desses achados na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Catarina . Verificou-se um considerável interesse dos responsáveis em adquirir maior conhecimento sobre o uso adequado das plantas medicinais em pacientes pediátricos. Em suma, espera-se a manutenção das orientações feitas para que o conhecimento quanto a essa prática alcance mais famílias da comunidade local, visando evitar possíveis malefícios.

Palavras-chave: Plantas medicinais. Pediatria. Fitoterápicos. Riscos.

INTRODUÇÃO

A funcionalidade das plantas medicinais é estimada desde os primórdios e tornou-se ainda mais evidente quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1978 a reconheceu e ressaltou seu aproveitamento e eficácia através de diversos programas aplicados no início dos anos 2000. Assim, considerando a legitimidade dos conhecimentos populares acerca dos benefícios de algumas plantas sobre sintomas e comorbidades e tendo em vista os aspectos vantajosos no Brasil, que consiste na vasta biodiversidade e no baixo custo, em 2006 o Sistema Único de Saúde (SUS) determinou as diretrizes para inserir, regular e facilitar o acesso à fitoterapia, estabelecendo programas que consideram e tornam essa prática segura e valoriza as culturas e crenças brasileiras de modo a reforçar o vínculo entre as equipes de Estratégia de Saúde da Família e as comunidades, promovendo um cuidado mais eficaz à saúde desses indivíduos. (Brasil, 2012; Alcantara, 2015;Freire, 2018; Minikowski, 2021).

Dessa forma, compreende-se que a população pode e deve desfrutar dos benefícios dos fitoterápicos para a prevenção e tratamento de doenças, porém necessita-se de uma orientação e intervenção eficaz feita por profissionais de saúde na utilização dessa prática para que não se torne prejudicial à saúde do indivíduo. Considerando o cenário gerado pelos efeitos adversos que pode vir a ser desencadeado pelo aproveitamento inapropriado das plantas medicinais, torna-se imprescindível que essa utilização seja feita de maneira adequada e segura, isto é, precisa-se cuidar desde o cultivo, armazenamento, preparo e até o seu uso. (Tôrres, 2005; Minikowski, 2021).

A necessidade de uma prescrição adequada da prática fitoterápica deriva, também, do fato que o uso de fármacos para o tratamento de doenças em pacientes pediátricos pode gerar diversos efeitos tóxicos e colaterais prejudiciais à saúde, principalmente por consequência de seu metabolismo. Assim, infere-se a importância de um bom aconselhamento médico sobre o uso das plantas medicinais, pois quando bem aplicado, com assistência e orientação correta é uma terapia alternativa altamente segura e eficaz na prevenção e tratamento de agravos à saúde (Tôrres, 2005).

O presente projeto teve como objetivos instruir e elucidar a população alvo quanto ao uso de fitoterápicos em crianças, instigar sobre seus benefícios e alertar em relação aos malefícios que podem ser causados dependendo de seu uso, contribuindo para melhora da qualidade de vida da população pediátrica. Ademais, espera-se melhorar o vínculo da comunidade local com os profissionais da Atenção Básica possibilitando um cuidado mais eficaz em relação à prática em questão.

METODOLOGIA

Tratou-se de um projeto de ação extensionista em saúde, desenvolvido a fim de promover o conhecimento sobre as plantas medicinais para os pais e cuidadores. Foram utilizados como bases de dados para a elaboração do projeto as plataformas Scielo, PubMeds e BVS, por descritores da ciência em saúde (DeCS): “fitoterapia”, “plantas medicinais” e “pediatria”. Para realizar uma pesquisa mais efetiva foram utilizados os operadores booleanos “AND” e “OR”.

O desenvolvimento do projeto, realizou-se por meio de palestras direcionadas aos pacientes pediátricos, seus familiares e responsáveis na Unidade Básica de Saúde Santa Catarina localizada no município de Caçador-SC ocorridas durante o ano de 2023, sobre os benefícios e malefícios da fitoterapia e tiveram como foco principal a orientação sobre os cuidados adequados com as plantas, como armazenamento, preparo e administração.

Durante as exposições sobre a temática, foram entregues panfletos educativos (Figura 1) com orientação sobre algumas das plantas mais comuns na região esclarecendo sobre seus efeitos gerais. Durante esse momento foi aberto um espaço para que os pais ou responsáveis pudessem fazer seus questionamentos e esclarecer suas dúvidas, possibilitou-se, assim, um vínculo maior da comunidade local com a Unidade Básica de Saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao constatar a relevância de utilizar adequadamente as plantas medicinais em pacientes pediátricos, compreende-se essa terapia alternativa como um meio altamente proveitoso e acessível financeira e culturalmente para uso terapêutico e preventivo. Assim, comprova-se a existência da demanda de uma orientação apropriada e certeira, ou seja, essa instrução precisa ser feita com uma linguagem que a comunidade compreenda além de conter todas as informações necessárias visando evitar ao máximo o mau uso dos fitoterápicos e que as crianças sofram com os efeitos tóxicos que podem vir a acontecer. (Tôrres, 2005; Minikowski, 2021).

Dessa forma, durante as ações do presente trabalho notou-se que os responsáveis tinham conhecimento sobre alguns cuidados que deveriam ter, porém demonstraram preocupação com a saúde de suas crianças e um grande interesse em adquirir mais informações sobre as plantas medicinais, suas indicações, meios administrativos e efeitos benéficos e maléficos. Assim, ao findar das atividades percebeu-se que as explicações fizeram com que os pais ficassem mais curiosos e interessados em aprender mais sobre o assunto, além disso, alguns relatarem que seus filhos tiveram efeitos tóxicos gerados pelo uso inadequado das plantas medicinais e que depois do ocorrido buscaram por informações.

Figura 1 – Panfleto informativo com algumas plantas medicinais, contendo seus usos, efeitos adversos e contra-indicação.

Fonte: Autores (2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, evidenciou-se um conhecimento prévio dos pais e responsáveis dos pacientes pediátricos da comunidade local sobre as plantas medicinais; junto disso, verificou-se a importância de implementar uma orientação qualificada, visando aprimorar seus conhecimentos na intenção de evitar novos relatos de efeitos tóxicos gerados pelo mau uso.

Assim, por meio desse projeto encontrou-se uma forma de criar um vínculo melhor entre as famílias com a Atenção Primária à Saúde facilitando o aconselhamento médico sobre a fitoterapia, tornando essa prática sustentável para a prevenção e tratamento de diversos agravos e comorbidades em pacientes pediátricos.

Com a execução deste projeto, constatou-se a relevância da abordagem sobre terapias alternativas, voltada para plantas medicinais, e de implementar uma conduta médica que abrange a instrução correta do cultivo, preparo, armazenamento e aplicação, junto ao alerta quanto aos efeitos adversos que o uso impróprio pode acarretar.

INSTITUIÇÕES FINANCIADORAS E APOIADORAS / AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos possibilitadores deste trabalho, em especial à instituição

Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp) e ao Projeto de Apoio a Extensão e Cultura (PAEC), pelo incentivo e apoio ao desenvolvimento deste projeto de pesquisa. Exercemos nossa gratidão também à Unidade Básica de Saúde Santa Catarina por disponibilizar o espaço para a realização das ações do projeto.

REFERÊNCIAS

ALCANTARA, R.G.L. et al. Plantas medicinais: o conhecimento e uso popular. Revista de Atenção Primária à Saúde. 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília : Ministério da Saúde, 2012.

FREIRE, C.J. et al. Phytotherapy in pediatrics: the production of knowledge and practices in Primary Care. Revista Brasileira de Enfermagem. 2018.

MINIKOWSKI, Alessandra Gabrieli et al. O uso de plantas medicinais e fitotecapicos por jovens em um municipais na região oeste do Paraná. Revista Thêma et Scientia, 2021.

TÔRRES, A.R. et al. Estudo sobre o uso de plantas medicinais em crianças hospitalizadas da cidade de João Pessoa: riscos e benefícios. Revista Brasileira de Farmacognosia. 2005.


Maria Tereza Schlischting da Silva Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP. 1
Ânnely Luciana Detofo Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.l2
Camila de Liz Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.3
Gonzaga dos Santos Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.4
Julia Raquel Tremea Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.5
Guilherme Marques Habermann Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.6
Letícia Franzen Bräscher Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.7
Mushue Dayan Hampel Vieira Filho Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.8
, Sharrine Rau Dabbous Aluno do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.9
Letícia Kuster Hampel Vieira Filho Aluno do Curso de Medicina, Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC10
Maria Aparecida Marques Habermann Professor do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.11