ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA E OS RISCOS DA SEMAGLUTIDA:  NAVEGANDO COM SEGURANÇA NA PERDA DE PESO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch102024111531


Igor Batista Dos Santos;
Co- Orientador: Daniel Rosa da Silva;
Co- Orientador: Douglas Batista da Silva;
Orientador: Vicente Antonio de Senna Junior


RESUMO 

O objetivo geral é compreender os efeitos adversos e os perigos associados ao uso  inadequado desses medicamentos, bem como a importância da orientação  profissional para a perda de peso segura. A metodologia adotada foi uma revisão  integrativa da literatura, com buscas nas bases de dados LILACS e SCIELO, entre  2019 e 2024, usando termos como “uso”, “medicamento” e “emagrecimento”. Critérios  de inclusão foram artigos relevantes ao tema, publicados em português e disponíveis  na íntegra. Excluíram-se editoriais, relatórios e boletins. No desenvolvimento, o estudo  aborda a obesidade como uma condição multifatorial, comumente associada a um  desequilíbrio energético. Discorre sobre o uso da semaglutida, medicamento utilizado  off-label para perda de peso, destacando seus mecanismos de ação, eficácia e efeitos  colaterais. Conclui-se que, apesar dos benefícios na redução de peso, o uso  indiscriminado de semaglutida sem orientação médica pode levar a complicações  sérias. A atuação do farmacêutico é essencial para orientar os pacientes sobre o uso  seguro desses medicamentos, promovendo uma abordagem integrada e segura para  a perda de peso. O estudo enfatiza a importância de práticas responsáveis e  informadas para o manejo da obesidade, prevenindo riscos à saúde física e mental. 

Palavras-chaves: “Semaglutida”, “Medicamento”, “Emagrecimento”. 

ABSTRACT 

The overall objective is to understand the adverse effects and dangers associated with  the inappropriate use of these medications, as well as the importance of professional  guidance for safe weight loss. The methodology adopted was an integrative literature  review, with searches in the LILACS and SCIELO databases, between 2019 and 2024,  using terms such as “use”, “medication” and “weight loss”. Inclusion criteria were  articles relevant to the topic, published in Portuguese and available in full. Editorials,  reports and bulletins were excluded. In development, the study addresses obesity as  a multifactorial condition, commonly associated with an energy imbalance. It discusses  the use of semaglutide, a medication used off-label for weight loss, highlighting its  mechanisms of action, efficacy and side effects. It is concluded that, despite the  benefits in weight reduction, the indiscriminate use of semaglutide without medical  guidance can lead to serious complications. Pharmacists play an essential role in  guiding patients on the safe use of these medications, promoting an integrated and  safe approach to weight loss. The study emphasizes the importance of responsible  and informed practices for managing obesity, preventing risks to physical and mental  health. 

Keywords: “Semaglutide”, “Medication”, “Weight loss”.

INTRODUÇÃO 

De acordo com NASCIMENTO (2022), a obesidade é atualmente um dos  principais desafios de saúde pública. Trata-se de uma condição crônica caracterizada  pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, especialmente na região abdominal.  Estima-se que, globalmente, 650 milhões de adultos sejam obesos, enquanto no Brasil  mais de 20 milhões de adultos enfrentam essa condição, com 12,5% dos homens e  16,9% das mulheres apresentando obesidade, e cerca de 50% da população adulta  tendo excesso de peso. 

A obesidade é uma doença crônica, complexa e multifatorial, que  frequentemente tem início na infância ou adolescência. Sua origem está relacionada  a uma interação entre fatores genéticos e ambientais, sendo que os fatores ambientais  ou comportamentais, como o desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia,  desempenham um papel predominante (ORAKA et al., 2020). 

A constante busca por corpos magros e a pressão para alcançar padrões  estéticos idealizados têm levado muitas pessoas a procurarem soluções rápidas e  eficazes para a perda de peso. Nesse cenário, os medicamentos para emagrecimento  surgem como uma opção aparentemente simples e atraente. No entanto, é crucial  reconhecer os perigos associados a essa promessa de perda de peso rápida e eficaz. 

Nos últimos anos, houve um aumento de mais de 300% na venda de  medicamentos como fentermina, Orlistat e Fenproporex, utilizados no tratamento da  obesidade. Em geral, as pessoas preferem recorrer a drogas anoréticas ou outras  substâncias que auxiliem na perda de peso, na expectativa de reduzir o apetite ou  queimar calorias, muitas vezes mantendo hábitos sedentários e uma alimentação  inadequada. Esses medicamentos podem causar efeitos colaterais graves, como  aumento da pressão arterial, hipertensão pulmonar e acidentes vasculares cerebrais,  entre outros (NASCIMENTO, 2022). 

O uso indiscriminado de medicamentos, incluindo remédios para emagrecer,  sem orientação de um profissional qualificado, pode resultar em efeitos colaterais  severos e reações adversas, com riscos à saúde física e mental dos usuários,  incluindo o desencadeamento de outras patologias indesejadas; embora considerados seguros pelos fabricantes, é essencial uma avaliação adequada do  paciente para evitar danos potencialmente irreversíveis (OLIVEIRA et al., 2023). 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o Brasil está entre os  países com as maiores taxas de obesidade na região (BRASIL, 2022). Fatores como  má alimentação, hábitos de vida não saudáveis e falta de atividade física contribuem  para essa realidade. Nesse contexto, muitas pessoas optam por utilizar medicamentos  que reduzem o apetite, com a esperança de perder peso de forma rápida e sem  grandes sacrifícios, especialmente em períodos que antecedem o verão. Segundo um  relatório anual da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o país que mais  consome medicamentos anorexígenos, com um consumo de 12,5 doses diárias  dessas substâncias; a Argentina ocupa o segundo lugar com 11,8 doses, seguida pela  Coreia do Sul com 9,8 doses, e os Estados Unidos com 4,9 doses diárias (SANTOS  et al., 2019). 

O uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento, frequentemente  sem a supervisão de um profissional, é uma preocupação da Anvisa. Este estudo  examina os perigos associados a esses medicamentos, incluindo riscos à saúde,  impactos psicológicos e a necessidade de abordagens mais seguras para a perda de  peso, enfatizando que a busca pelo corpo ideal não deve comprometer a saúde e o  bem-estar a longo prazo (GUSMÃO et al., 2023).

JUSTIFICATIVA 

A justificativa para o estudo dos perigos associados ao uso de medicamentos  para emagrecer se fundamenta na crescente prevalência da obesidade como um  problema de saúde pública, tanto no Brasil quanto globalmente. A obesidade, uma  doença crônica, complexa e multifatorial, está frequentemente ligada a fatores  ambientais e comportamentais, como o desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de  energia. Este cenário tem levado muitas pessoas a buscarem soluções rápidas e  aparentemente fáceis para a perda de peso, como o uso de medicamentos anoréticos  e outros fármacos que prometem emagrecimento rápido. 

No entanto, o uso indiscriminado desses medicamentos, muitas vezes sem a  devida orientação de profissionais de saúde, pode resultar em sérios riscos à saúde,  incluindo efeitos colaterais graves e danos potencialmente irreversíveis. Apesar das  garantias de segurança e eficácia oferecidas pelos fabricantes, a falta de uma  avaliação médica adequada pode transformar uma tentativa de perda de peso em um  grave risco à saúde. 

Diante do aumento expressivo no consumo desses medicamentos e das altas  taxas de obesidade no Brasil, torna-se imperativo aprofundar a compreensão dos  riscos associados ao uso de medicamentos para emagrecimento. A pesquisa proposta  visa não apenas alertar sobre os perigos à saúde física e mental, mas também  ressaltar a importância de abordagens mais seguras e sustentáveis para a perda de  peso. Esta discussão é essencial para proteger a saúde pública, informando a  população sobre os riscos envolvidos e promovendo práticas mais responsáveis e  eficazes para o manejo da obesidade (GUSMÃO et al., 2023).

OBJETIVOS 

Objetivo Geral 

Analisar os riscos à saúde decorrentes do uso indiscriminado de medicamentos  para emagrecimento é essencial, pois esses fármacos podem causar efeitos  colaterais graves, como problemas cardíacos, dependência e distúrbios psicológicos.  Abordagens seguras e sustentáveis para a perda de peso, como mudanças no estilo  de vida e orientação profissional, são fundamentais para evitar complicações e  promover o bem-estar a longo prazo. 

Objetivos Específicos 

1. Investigar a prevalência e os padrões de uso de medicamentos para  emagrecimento entre a população brasileira, com foco em sua relação com os  altos índices de obesidade. 

2. Examinar os principais efeitos colaterais e riscos à saúde física e mental  associados ao uso de medicamentos anoréticos e outros fármacos voltados  para a perda de peso. 

3. Avaliar o papel da orientação médica e do acompanhamento profissional na  minimização dos riscos envolvidos no uso de medicamentos para  emagrecimento. 

4. Comparar as abordagens farmacológicas e não farmacológicas para a perda  de peso, ressaltando as vantagens e desvantagens de cada método. 5. Propor estratégias de conscientização e educação da população sobre os  perigos do uso indiscriminado de medicamentos para emagrecer e a  importância de métodos de perda de peso mais seguros e sustentáveis.

METODOLOGIA 

Esse trabalho foi elaborado a partir de uma revisão integrativa da literatura nas  bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde  (LILACS), e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), no período de 2019 a 2024  (últimos 5 anos). As palavras chaves utilizadas foram: “Uso”, “Medicamento”,  “Emagrecimento”, e suas correspondentes em inglês, “Use”, “Medicine”, “Weight loss”.  Na seleção dos artigos, adotaram-se os seguintes critérios de inclusão: artigos  que apresentassem a temática e que contemplassem os objetivos do estudo, com  disponibilidade de texto on-line na íntegra, publicações na língua portuguesa. Após, realizada a leitura dos resumos dos manuscritos e posterior leitura dos artigos na  íntegra para preencher o instrumento de coleta de dados proposto. Onde, apenas 14  artigos corresponderam aos critérios de inclusão do estudo. Com isso, a escola da  língua base para este estudo foi a língua portuguesa. 

Os critérios de exclusão utilizados foram: artigos que não se encaixam na  referida temática, bem como editoriais, resumos de anais, relatórios de gestão e  boletins epidemiológicos.

DESENVOLVIMENTO  

OBESIDADE 

A obesidade é caracterizada por um aumento da gordura corporal, o que resulta  em ganho de peso, embora deva ser compreendida como uma doença crônica, similar  ao diabetes mellitus ou à hipertensão arterial. Trata-se de uma condição complexa e  multifatorial, frequentemente iniciada na infância ou adolescência, e que se origina da  interação entre fatores genéticos e ambientais. No entanto, o componente ambiental  ou comportamental, definido pelo desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia,  é geralmente o mais significativo. (SANTOS et al., 2019). 

Atualmente, a obesidade é um dos fatores de risco mais comuns para doenças  crônicas no mundo ocidental, gerando custos significativos para os sistemas de saúde  e a economia. Por esse motivo, é considerada um problema de saúde pública global,  com o dia 04 de março reconhecido como o Dia Mundial da Obesidade (GUSMÃO et  al., 2019). A obesidade pode ser indicada, por exemplo, pelo tamanho da  circunferência abdominal (CA), medido no maior perímetro abdominal entre a última  costela e a crista ilíaca, sendo que valores de CA acima de 80 cm para mulheres e 90  cm para homens são considerados indicativos de obesidade (LIMA et al., 2020). 

Figura 1. Medidas de emagrecimento 

Fonte: conexaosaudenutricao, 2015

MEDICAMENTOS USADOS PARA EMAGRECER 

O trabalho proposto aborda o uso do Ozempic, um medicamento off-label  relevante para o tratamento da obesidade e diabetes tipo 2, que pertence à classe dos  agonistas do receptor de GLP-1 e é administrado por injeção semanal. O Ozempic  reduz os níveis de glicose no sangue e promove a perda de peso, representando uma  abordagem inovadora com resultados promissores em estudos clínicos. É importante  investigar seus mecanismos de ação, eficácia, efeitos colaterais e segurança para os  pacientes (PORTO et al., 2021). 

O uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação são problemas  globais de saúde pública, levando ao consumo inadequado de medicamentos e  aumentando o risco de efeitos adversos graves. Medicamentos para perda de peso,  como aminas simpaticomiméticas e derivados de anfetaminas, podem causar efeitos  colaterais graves, como hipertensão, taquicardia, dependência e lesões hepáticas,  destacando a importância de monitoramento adequado (SILVA et al., 2021; OLIVEIRA  et al., 2022). 

MEDICAMENTO OZEMPIC (SEMAGLUTIDA) 

Ozempic é a marca comercial da semaglutida, um agonista do receptor do GLP 1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1). Esse medicamento é utilizado no tratamento  do diabetes tipo 2, auxiliando no controle dos níveis de glicose no sangue (GOMES E  TREVISAN, 2021). 

Figura 2. Estrutura Química da Semaglutida 

Fonte: Elaborado pelo autor, 2024

A prevalência da obesidade aumentou nas últimas décadas, afetando todas as  classes socioeconômicas e evidenciando sua natureza multifatorial, com influências  genéticas e ambientais (GOMES E TREVISAN, 2021). Fatores ambientais, como a  maior disponibilidade e acessibilidade de alimentos hipercalóricos, contribuem para  esse aumento, além da interação entre genética e ambiente. Especialistas apontam o  desequilíbrio energético, causado pela diferença entre calorias consumidas e gastas,  e o estilo de vida sedentário como principais causas do sobrepeso (GOMES E  TREVISAN, 2021). 

A semaglutida, princípio ativo dos medicamentos Ozempic®, Rybelsus® e  Wegovy®, desenvolvidos pela Novo Nordisk, foi inicialmente indicada para o  tratamento de diabetes tipo 2, por ser um agonista análogo do GLP-1, que promove a  redução da glicose sanguínea ao estimular a secreção de insulina (RIOS et al., 2023).  No entanto, descobriu-se que a semaglutida também pode reduzir a gordura corporal,  levando a pesquisas sobre sua eficácia no tratamento da obesidade. Com o aumento  da demanda pelo medicamento para perda de peso, mesmo sem indicação formal  para esse uso, sua prescrição off-label tornou-se comum (RIOS et al., 2023). 

Tabela 1. Abaixo estão algumas informações sobre o Ozempic: 

Indicações Administração Efeitos Colaterais Precauções
Ozempic é indicado  como tratamento  adjuvante à dieta e ao  exercício físico para  melhorar o controle  glicêmico em adultos  com diabetes mellitus  tipo 2, quando a dieta  e o exercício isolados  não são suficientes,  ou em combinação  com outros  medicamentos  antidiabéticos.Ozempic é  administrado umavez  por semana, por  injeção subcutânea  na coxa, abdômen ou  braço. É fundamental  seguir rigorosamente  as orientações do  médico ou do  profissional de saúde  quanto ao método e  local de aplicação.Os efeitos colaterais  mais comuns de  Ozempic incluem  náuseas, vômitos,  diarreia, dor abdominal  e perda de apetite. Em  casos mais raros, pode  ocorrer hipoglicemia,  especialmente quando  usado em combinação  com outros  medicamentos  antidiabéticos que  causam a redução dos  níveis de glicose no  sangue.É crucial informar ao  médico todas as  condições de saúde  preexistentes,  medicamentos em uso  e possíveis alergias  antes de iniciar o  tratamento com  Ozempic. Mulheres  grávidas ou que  estejam amamentando  devem consultar um  médico antes de  utilizar este  medicamento.

Fonte: Adaptado pelo autor (Rios et al., 2023).

MECANISMO DE AÇÃO 

Figura 3. Mecanismo de ação do GLP-1 

Fonte: (Barros e Rezende, 2023). 

A semaglutida atua na regulação da glicemia e do apetite por meio da ativação  dos receptores de GLP-1 presentes no pâncreas e no cérebro. Comparada a outros  medicamentos utilizados para controle da obesidade, a semaglutida retarda o  esvaziamento gástrico, promovendo a redução de peso através de um déficit calórico.  Esse retardamento no esvaziamento gástrico diminui a capacidade de contração e  esvaziamento do estômago, gerando sensação de plenitude e saciedade precoce,  particularmente em pacientes sem doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)  (BARROS e REZENDE, 2023). 

Além disso, fatores como temperatura dos alimentos, presença de lipídeos no  intestino delgado, e a ação de peptídeos também influenciam na digestão,  contribuindo para a redução do apetite e da preferência por alimentos ricos em  gordura. A semaglutida ainda reduz os níveis de lipídios plasmáticos, pressão arterial  sistólica e inflamação (BARROS e REZENDE, 2023). 

A semaglutida, um agonista do receptor de GLP-1, estimula a liberação de  insulina e inibe o glucagon, ajudando no controle glicêmico e na perda de peso em  pacientes com diabetes tipo 2. Ela retarda o esvaziamento gástrico e diminui o apetite,  resultando em uma menor ingestão calórica. A dose recomendada para a perda de  peso em pacientes obesos inicia-se com 0,25 mg semanalmente por 4 semanas,  seguida por 0,5 mg nas próximas 4 semanas e 1,0 mg nas 4 semanas finais, podendo

levar a uma perda de peso de até 5 kg em pacientes sem diabetes (NASCIMENTO,  LIMA e TREVISAN, 2021). O uso de semaglutida, como o Ozempic, deve ser  monitorado por um profissional de saúde e acompanhado de um plano de dieta e  exercícios (PORTO et al., 2021). 

Figura 4. Ozempic 

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2024). 

O termo “off-label” se refere ao uso de medicamentos para finalidades que não  foram oficialmente aprovadas ou avaliadas pelas autoridades reguladoras quanto à  segurança, eficácia e qualidade. Nesses casos, profissionais de saúde podem optar  por prescrever medicamentos para indicações terapêuticas não determinadas pelos  órgãos reguladores, considerando a prevalência da obesidade, suas complicações e  impacto na saúde pública (BARROS E REZENDE, 2023). 

Uma equipe multidisciplinar é essencial para avaliar e acompanhar o paciente  conforme suas necessidades clínicas e perfil individual. O farmacêutico, por exemplo,  desempenha um papel fundamental na Atenção Primária à Saúde e na Assistência  Farmacêutica, auxiliando na farmacoterapia da obesidade. Ele é responsável pela  triagem completa do paciente, elaboração do plano de tratamento, dispensação e  orientação sobre eventos adversos e interações medicamentosas, promovendo uma  melhor resposta terapêutica e continuidade do tratamento através de intervenções  educativas (GOMES E TREVISAN, 2021).

Atualmente, alguns medicamentos, como semaglutida, orlistate e dimesilato de  lisdexanfetamina, têm se destacado pela eficácia na perda de peso, apesar de terem  sido desenvolvidos para outras condições, como diabetes e depressão. Esses  fármacos são frequentemente utilizados de forma “off-label” por pessoas que buscam  emagrecimento rápido sem mudanças significativas nos hábitos alimentares e de  exercícios (RIOS et al., 2023). 

EFEITOS ADVERSOS 

A semaglutida promove saciedade e reduz a ingestão calórica ao suprimir o  apetite, favorecendo escolhas alimentares menos calóricas. No entanto, não está  claro quanto da perda de peso está associada a seus efeitos adversos  gastrointestinais, como náusea, diarreia, vômito, constipação e dispepsia, que são  comuns e tendem a ser mais intensos com doses maiores, embora possam ser  temporários nas primeiras duas semanas de uso. (SABBÁ et al., 2022). 

PRESCRIÇÃO DO OZEMPIC (SEMAGLUTIDA) 

O Ozempic é um medicamento inovador utilizado no tratamento do diabetes  tipo 2, pertencente à classe dos agonistas do receptor GLP-1 (peptídeo semelhante  ao glucagon tipo 1). Ele tem se destacado por oferecer benefícios significativos tanto  no controle dos níveis de glicose no sangue quanto na promoção da perda de peso  em pacientes. A prescrição do Ozempic deve ser feita por profissionais de saúde  qualificados e capacitados, garantindo a segurança e eficácia do tratamento para os  pacientes. (SABBÁ et al., 2022). 

Quadro 1. Profissionais capacitados para prescrever 

Profissional de Saúde Descrição do Papel
Endocrinologistas Especializados no diagnóstico e tratamento de distúrbios hormonais, incluindo diabetes. Avaliam a condição do paciente, determinam a  adequação do Ozempic e ajustam doses conforme necessário.
Médicos Clínicos Gerais Podem prescrever medicamentos para diabetes, incluindo Ozempic.  Frequentemente os primeiros a avaliar pacientes e podem iniciar tratamento ou encaminhar a um especialista.
Enfermeiros  Especializadosem  DiabetesDesempenham papel crucial no manejo contínuo da diabetes. Monitoram o progresso do paciente, educam sobre a administração do  Ozempic e fornecem suporte contínuo.
Farmacêuticos Orientam pacientes sobre a medicação prescrita, incluindo dosagem  correta, interações medicamentosas possíveis e armazenamento  adequado do Ozempic.

Fonte: (SABBÁ et al., 2022).

LIBERAÇÃO DA ANVISA DO USO DO OZEMPIC PARA EMAGRECIMENTO 

Em janeiro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  aprovou o uso do Ozempic (semaglutida) no Brasil exclusivamente para o tratamento  de diabetes tipo 2. Este medicamento é um agonista do receptor de GLP-1 (peptídeo  semelhante ao glucagon tipo 1), que auxilia no controle dos níveis de glicose no  sangue em pacientes com diabetes (NASCIMENTO, 2022). 

No entanto, é importante ressaltar que novas aprovações e indicações para  medicamentos podem ser emitidas ao longo do tempo, conforme novos estudos e  pesquisas clínicas sejam conduzidos. Por isso, é recomendável consultar o site oficial  da Anvisa ou outras fontes de saúde confiáveis para obter informações atualizadas  sobre possíveis novas indicações do Ozempic, como para emagrecimento  (NASCIMENTO, 2022). 

Adicionalmente, é essencial buscar orientação de um profissional de saúde  qualificado, como um médico endocrinologista, para informações seguras e precisas  sobre o uso de medicamentos para qualquer finalidade, incluindo perda de peso. A  automedicação ou o uso de medicamentos sem a devida supervisão médica pode  representar sérios riscos à saúde (NASCIMENTO, 2022).

CONCLUSÃO 

A utilização da semaglutida como medicamento para perda de peso, embora  apresente resultados promissores, deve ser abordada com cautela devido aos  potenciais efeitos adversos e à necessidade de orientação médica adequada. Este  estudo demonstrou que, apesar dos benefícios na redução de peso e controle  glicêmico, o uso indiscriminado e sem supervisão profissional pode trazer riscos  significativos à saúde, como problemas gastrointestinais, alterações metabólicas e  outras complicações. Assim, a decisão de utilizar medicamentos para emagrecimento  deve sempre ser acompanhada por uma avaliação médica rigorosa e orientação  contínua de um profissional de saúde. 

Além disso, a atuação do farmacêutico é essencial na orientação sobre o uso  seguro e eficaz desses medicamentos, desempenhando um papel fundamental na  prevenção de riscos associados à automedicação e ao uso inadequado de fármacos.  O farmacêutico contribui para a educação do paciente, oferecendo informações sobre  os efeitos adversos, interações medicamentosas, e a necessidade de aderir a um  plano de tratamento seguro. A promoção de uma abordagem integrada, que combine  a terapia medicamentosa com mudanças de estilo de vida e acompanhamento  profissional, é crucial para o sucesso no manejo da obesidade. 

É imperativo que se desenvolvam estratégias eficazes de conscientização da  população sobre os perigos do uso indiscriminado de medicamentos para  emagrecimento. A busca pelo corpo ideal não deve comprometer a saúde e o bem estar a longo prazo. Portanto, a utilização de medicamentos como a semaglutida deve  ser criteriosa, sempre com a supervisão de uma equipe de saúde qualificada, que  possa garantir a segurança do paciente e promover práticas de emagrecimento mais  sustentáveis e saudáveis.

REFERÊNCIAS 

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