REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202504170843
Fabiani Calabrez de Andrade1
Gabriela Canata2
Resumo
As cicatrizes de acne causam desconforto a maioria das pessoas com mais predisposição à doença, levando-as a buscar métodos de tratamento, que amenizem esse aspecto da pele.. O presente estudo apresentará os principais aspectos clínicos da acne e sua cicatrização, abordando o mecanismo de ação dos principais recursos utilizados no tratamento das cicatrizes de acne e suas possíveis deformações, através de bases científicas online, artigos, revistas e livros. O recurso consistiu em aplicar um equipamento emissor de ondas mecânicas ultrassônicas, que possui aplicação direcionada e precisa, juntamente com ativos específicos para atuar nas sequelas deixadas pela acne. Foi apresentado um relato de caso de forma ilustrativa, sendo acompanhado desde a lesão de acne inflamatória até sua cicatrização. O recurso apresentou resultados satisfatórios em sua aplicação sobre as cicatrizes, e demonstrou auxiliar o processo de reparação tecidual.
Palavras-chave: acne, cicatriz pós acne, pele oleosa, ondas ultrassônicas.
1 INTRODUÇÃO
A acne vulgar é uma doença crônica multifatorial e inflamatória da unidade pilossebácea, que afeta cerca de 80% dos adolescentes, 8% nos adultos entre 24 e 34 anos e 3% entre 35 e 44 anos. (KEDE et al 2015). Acomete frequentemente face, dorso e peito, podendo também atingir membro superior e região glútea, onde o comedão chamado cravo que é a lesão básica da acne, forma uma espécie de tampão, obstruindo a saída do óstio folicular, dificultando a saída do sebo produzido pelas glândulas sebáceas, levando ao processo de hiperqueratinização e facilitando a proliferação de micro-organismos. Essas bactérias P. Acnes proliferam-se com maior facilidade na presença do sebo(triglicerídeos), hidrolisando e liberando ácidos graxos livres comedogênicos e irritantes. (GOMES et al, 2017)
Um dos grandes desafios da estética é a recuperação de pele em pessoas portadoras de cicatrizes de acne. Essas cicatrizes são decorrentes de processos inflamatórios por bactérias, definindo a profundidade da cicatriz, onde o tecido fibroso substitui a pele que foi danificada, resultando na perda de tecido ou aumento da proliferação tecidual, podendo apresentar diferentes aspectos (GONCZAROWSKA, 2017). Desta forma, os profissionais de estética devem estar preparados com produtos de alta performance dermatologicamente testados e com tecnologia de ponta, para garantir maior segurança em seus procedimentos e conforto para os seus clientes. (MUTARI, 2019)
O paciente com cicatriz de acne constitui um desafio muito maior do que simplesmente o tratamento de uma marca aparente. O contexto psicológico e social deixa no indivíduo, sequelas muito maiores do que aquelas que podem ser vistas na pele. Geralmente são pessoas decepcionadas por diversos procedimentos pouco eficazes, levando a certa desconfiança com relação a capacidade real de melhora, dificultando a adesão às técnicas propostas (AZULAY, 2017).
Diante de tantas opções disponíveis no mercado estético, para o tratamento da acne e das cicatrizes por ela deixada, serão abordadas informações metodológicas, abrangendo pesquisas bibliografias online, constituída por livros, artigos, material disponível na internet e apresentação quantitativa de um estudo de caso ilustrativo de cicatriz de acne aparente.
Queloides e cicatrizes hipertróficas são distúrbios da cicatrização, e diferenciados pelo comportamento clínico; queloides ultrapassam os limites da incisão enquanto as cicatrizes hipertróficas permanecem confinadas aos limites da incisão. Ambas são decorrentes de resposta inflamatória excessiva durante a cicatrização, com perda do controle normal entre síntese e degradação. Dentre os fatores implicados em sua patogênese incluem-se: trauma, disfunção de fibroblastos, níveis aumentados de fatores de crescimento ou outras citosinas e diminuição da apoptose. São mais comuns em negros e em orientais. Não existem diferenças histológicas entre queloides e cicatrizes hipertróficas, porém à microscopia eletrônica observa-se substância amorfa ao redor dos fibroblastos no queloide (CAMPOS, 2007)
As cicatrizes de acne são um grande problema na área da estética e que traz consequências físicas e psíquicas. Cerca de 80% da população sofreu ou sofrerá com acne e em média 10% dessa população pode evoluir com algum tipo de cicatriz. Estas podem aparecer quando o indivíduo manipula as lesões de maneira inadequada, mas pode aparecer também mesmo que não haja essa manipulação e isso se torna um grande problema (NEGRÃO, 2015). Quadros leves de acne ou acne tratada adequadamente, pode não apresentar sequelas, o melhor tratamento é detectar precocemente a doença, controlando e impedindo que evoluam para cicatriz (TAMURA, 2019).
A pele é o maior órgão do corpo. O sistema tegumentar constitui uma barreira entre o meio interno e externo, com atribuições de relevante importância para o funcionamento geral do organismo, por suas diversas funções como, sensoriais, captação e eliminação de substâncias químicas, controle de temperatura, absorção de radiação ultravioleta, síntese de vitamina D e também importante na aparência estética do indivíduo. (GOMES; DAMAZIO, 2017).
Epiderme é a camada mais externa da pele, uma cobertura fina e protetora com diversas terminações nervosas, queratinócitos (células que contém proteína queratina), os melancólicos (células responsáveis pela produção de melanina), células de Langerhans (de defesa) e células de Merkel (células sensoriais, relacionada ao tato). Ao redor das células da epiderme estão os lipídios, que protegem contra a perda de água e desidratação.
Mundo Estética (2017), afirma que, entender o funcionamento celular na epiderme é indispensável para discutir a penetração do produto. Trata-se de um tecido metabolicamente ativo, que sintetiza lipídeos e contém todos os componentes necessários para formar a camada protetora e acumular grande quantidade de água.
A Derme é a camada de tecido conjuntivo composto por proteína de colágeno, fibroblastos, responsáveis pela produção de colágeno (substância proteica que dá força a pele) e elastina (proteína fibrosa, que forma o tecido elástico e fornece elasticidade à pele), representam 70% da derme, por dar suporte e nutrir a epiderme, contém vasos linfáticos e sanguíneos, que fornecem a nutrição dentro da pele, glândulas sebáceas e sudoríparas, nervos, receptores adicionais e músculos eretores dos pelos (MICHALUN, 2010)
Sabendo que os cosméticos são produtos que objetivam manter, preservar, equilibrar e recuperar a integridade da pele, um dos desafios dos cosméticos é romper uma das principais funções da pele, a barreira cutânea entre o meio endógeno e o meio exógeno (GOMES, DAMAZIO, 2017).
As substâncias tópicas ou cosméticos aplicados sobre a pele se estendem até a camada córnea sem atravessá-la. Quando se coloca lipídeos ou água com agentes tensoativos em contato prolongado com a superfície cutânea, produz-se um mínimo de penetração, até um terço da espessura da camada córnea, isso é chamado de imbibição (PUGA, 2017).
Quando o tecido é agredido, vasos sanguíneos se rompem provocando extravasamento dos constituintes celulares. O ácido hialurônico é o principal constituinte do tecido de granulação recente, altamente hidrofílico, com ação umectante e hidratante, formando uma película superficial, não oleosa, mantendo a hidratação, aumenta logo após o trauma e em seguida diminui de 5 a 10 dias após lesão se mantendo constante (WEB, 2011).
Considerando os vários equipamentos comercializados exclusivamente para a área estética, não há como garantir sua eficiência, pois alguns fabricantes atribuem a seus equipamentos ações mirabolantes, quase milagres, não projetando-os dentro das normas técnicas atualmente aceitas.
Uma corrente elétrica, ao percorrer um tecido humano, não produz nenhum efeito, a não ser formação de calor. Se esse aquecimento for longo e fraco, o calor produzido levará a evaporação de água e redução do volume celular, causando vaporização da água. Se esse aquecimento for rápido e forte, ocorrerá ruptura de membrana celular, com evaporação do conteúdo intracelular e provocando corte. Tal diferença é determinada pelo tamanho do eletrodo ativo utilizado e pelo uso de formatos de onda distintos, que correspondem ao efeito nos tecidos. Outras variáveis importantes são: intensidade da corrente, resistência do tecido, tamanho do eletrodo e manipulação da pele (SABATOVICH, 2015). Assim áreas pequenas podem ser tratadas com pontas finas e uma ponteira mais grossa é usada em áreas maiores.
Nos equipamentos de ultrassom somente a onda longitudinal é utilizada, pois se propagam em meio aquoso. A transmissão das vibrações ultrassônicas às células dos tecidos gera dentro delas e nos líquidos intersticiais ondas de compressão e descompressão atuando sobre as membranas celulares produzindo variação na densidade do meio. Para que o efeito seja puramente térmico sobre os efeitos celulares teria de ser de tal forma que pudesse ser atingido também por aquecimento não acústico. (GUIRRO, 2004).
O tratamento por ondas ultrassônicas induz mudanças fisiológicas, como por exemplo, no processo de reparação tecidual, neste caso de cicatrizes de acne. Porém, o equipamento ultrassônico DermeClean, utilizado como foco de estudo, além de tratar cicatrizes de acne, também pode ser empregado a outros procedimentos estéticos como: preparação da pele para outros procedimentos, na permeação de ativos, no tratamento de manchas senis, despigmentação de sobrancelhas, flacidez tissular, desde que, seja aplicado de maneira correta. Bem como o uso ácido hialurônico, também utilizado em foco no presente trabalho, sendo indispensável sua utilização, por formar uma barreira na pele, evitando a sua perda de água, mantendo assim, a que ali está presente preservando a hidratação celular.
2 JUSTIFICATIVA
A necessidade de entendimento do mecanismo de ação das ondas ultrassônicas associadas a ação do ácido hialurônico sobre a reparação tecidual, é de extrema importância, pois sua aplicação apresenta resultados significativos em relação às cicatrizes de acnes, que são muito comuns, principalmente em pacientes que passaram por casos mais graves de acne ou que manipularam a lesão, fator esse que impacta na vida de diversos pacientes. Este estudo tem o propósito de certificar que o Dermeclean, uma tecnologia inovadora no mercado estético, associado ao ácido hialurônico, um glicosaminoglicano abundante na derme, favorece a reestruturação da pele atingida, estimulando fatores de crescimento presentes na camada epidérmica, atingindo o resultado esperado. Não se trata de um procedimento agressivo como os ablativos que removem a camada celular, e sim na estimulação do reparo tecidual no estrato córneo.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa consiste no estudo de caso de tratamento de cicatrizes de acne, por meio de ondas ultrassônica, a partir da utilização do aparelho DermeClean, da Dermius. Como método de pesquisa, realizou-se revisão de literatura acerca do tema proposto. Dessa forma, foram consultados em biblioteca virtual, livros, artigos e revistas. Empregando também a abordagem qualitativa, do tipo exploratório, a fim de analisar, mediante registros fotográficos e pesquisados em literaturas, os resultados obtidos. O estudo de caso foi realizado na Clínica de Estética Fabii Estética Avançada, em Fernandópolis/SP, no período de junho de 2019 a agosto de 2019, com a paciente S.S.S, 21 anos, fototipo III (conforme classificação Fitzpatrik, desenvolvida para definir diferentes tipos de pele), já com a pele preparada e limpa, em duas sessões, com duração de duas horas cada sessão. A paciente assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A).
As tecnologias na área da estética avançam a largos passos e para o tratamento das cicatrizes de acne, o método primordial deste trabalho é, o uso do DermeClean, que com a emissão de feixes ultrassônicos sobre a pele, associado ao ácido hialurônico, apresentou grande eficácia no tratamento de cicatrizes de acne, satisfatório resultado.
De acordo com o fabricante Dermius (2013), o DermeClean que é um equipamento emissor de ondas mecânicas ultrassônicas, atinge somente estrato córneo do tecido epidérmico, não causando danos às camadas mais inferiores da epiderme ou folículos pilosos e outras estruturas, leva a uma desidratação das células da camada córnea, estimulando assim nova reparação tecidual.
As técnicas utilizadas durante aplicação foram: pontual e varredura sendo descritas a seguir:
Técnica Pontual: a ponteira modelo precisa estar em contato com a pele, com movimentos de pontilhismo, com intensidade moderada, de acordo com a sensibilidade do paciente, aumentando gradativamente, estimulando colágeno, elastina, ácido hialurônico e fatores de crescimento.
Técnica Modo varredura: Movimentos de arraste na capa córnea por toda a superfície o arraste da ponteira de estimulação sempre em contato com a epiderme, sendo a intensidade de acordo com a sensibilidade do paciente, aumentando gradativamente e causando assim uma vascularização, oxigenação da epiderme, consequentemente aumenta a permeabilidade celular facilitando a penetração de ativos.
4 CICATRIZAÇÃO
FERREIRA (et al 2006), descreve a cicatrização como um processo complexo, que resulta na formação de um novo tecido para o reparo de uma solução de continuidade, onde uma evolução normal das fases de cicatrização em um indivíduo, geralmente determina uma cicatriz final de bom aspecto estético e funcional. Qualquer interferência nesse processo pode levar à formação de cicatrizes de má qualidade, alargadas e pigmentadas, dentre as afecções cicatriciais, destacam- se a cicatriz hipertrófica e o queloide.
A reparação tecidual tem início quando existe ainda um processo inflamatório ativo, através dos hormônios de crescimento que são liberadas pela lesão, onde o sangue coagulado é substituído por tecido de granulação, que produzem fatores de crescimento e renovando as fibras colágenas, para preencher onde foi lesado, os fibroblastos agem puxando as paredes da ferida para mantê-las unidas, amadurecendo o tecido fibroso, regenerando através do epitélio substituindo-o pelo mesmo tipo de tecido proliferando um tecido conectivo fibroso, que recebe o nome de tecido de cicatrização, dependendo do tipo de tecido danificado e do grau da lesão (CONCZAROWSKA, 2017).
Remoção inadequada da cicatriz pode levar à fibrose. Os fibroblastos produzem muitos fatores de crescimento, uma vez ativados são capazes de sustentar seu próprio crescimento e produzir continuamente matriz celular, levando ao ganho gradual de força tensora pela formação de feixes colagenosos mais grossos e alteração nas ligações moleculares cruzadas, aumentando assim a síntese de colágeno, glicosaminoglicanos e sulfato 4 de condroitina nas cicatrizes hipertróficas que são muito vascularizadas. Já na derme do queloide contém, níveis acentuadamente baixos de ácido hialurônico, além de alterações epidérmicas (KEDE, SABATOVICH, 2015).
Nos últimos anos, começou a ser entendido em maior amplitude a cicatrização. Contudo, ainda há necessidade de se continuar estudando seus mecanismos, porque grande parte dele ainda é desconhecida. O futuro é promissor em medidas preventivas e curativas mais eficientes, e que possam estar à disposição dos profissionais estéticos (CAMPOS ACL, BORGES-BRANCO, 2007).
5 A TECNOLOGIA ULTRASSÔNICA
As ondas ultrassônicas são criadas de forma mecânica. Isso ocorre porque a energia passa pelo meio através do movimento das moléculas (onde há maior agregação molecular) que transferem seu movimento na direção da onda. Esse tipo de onda é chamada onda longitudinal, pois o deslocamento das moléculas é ao longo da direção na qual a onda se move (PAIVA, 2012). À 1,5 MHZ o comprimento da onda na água é 1 mm Já que a maioria dos tecidos corporais são constituídos principalmente de água e os comprimentos de onda milimétricos nas baixas frequências de mega-hertz usadas (0,75-10 MHZ) são compatíveis ao tamanho das estrutura tissulares com os quais é necessário a interação- agindo superficialmente (KITCHEN, 2003).
O ultrassom é gerado por um transdutor que transforma uma forma de energia em outra e transforma energia elétrica em energia mecânica. É caracterizado pela capacidade de retenção da energia acústica do meio exposto às ondas ultrassônicas, essas ondas são absorvidas pelo tecido e transformadas em calor, quanto maior a frequência do US, maior a absorção de energia. A partir disto, vários efeitos fisiológicos acontecem como: diminuição da hiperpolimerização da substância fundamental intersticial, inibição do extravasamento de sérum para o meio extravascular, diminuição do edema intersticial e compressão vascular, ativação da circulação, redução dos resíduos metabólitos que irritam o tecido conjuntivo – minimizando o processo de fibrose, neovascularização(é a formação de novos vasos sanguíneos nos tecidos biológicos), aumento da circulação local, favorece nutrição tecidual e otimiza trocas metabólicas (retirada dos detritos metabólitos irritantes).
(SIMBALISTA, 2015).
Para Silva (1997), a energia ultrassônica é do tipo mecânico vibratório e sua quantificação e aplicação baseiam-se na Frequência, quanto maior a Frequência, menor é a penetração. Através dos fatores mecânicos e térmicos, ocorre uma série de reações químicas, como a liberação de substâncias vasodilatadoras, facilitando a dispersão dos líquidos e a desagregação de moléculas complexas, melhorando a circulação local, a permeabilidade das membranas, auxiliam na reabsorção de edemas beneficiando a lise da fibrose.
Dermius (2015), relata que o ultrassom DermeClean® foi desenvolvido para utilização de profissionais de estética, com frequência que variam de 10 a 40 MHZ de forma superficial, onde, durante o procedimento, as ondas são transmitidas através de uma ponteira de aço cirúrgico 316, que em contato com a pele causa uma desidratação mecânica celular e acelerando o processo de cicatrização. Cada transdutor possui uma frequência de ressonância natural tal que, quanto menor sua espessura maior a frequência vibracional e, quanto maior sua espessura menor será a frequência.
6 ATUAÇÃO COSMÉTICA
Muitos trabalhos têm sido realizados no sentido de esclarecer cada vez mais a permeabilidade cutânea das substâncias ativa incorporadas nos produtos cosméticos. Portanto o conhecimento da morfologia e fisiologia cutânea é muito importante para profissionais que atuam na área de estética, pois a pele é o local de ação desses produtos.
Uma das funções da pele é manter uma barreira entre o corpo e o ambiente externo, além de prevenir a perda de fluidos corporais e de eletrólitos, regular a temperatura corporal e proteger contra a radiação ultravioleta, os agentes oxidantes e micro-organismos (UNIMED, 2016).
O estrato córneo, presente na epiderme que é a camada mais superficial, serve como uma barreira de permeabilidade da pele, e é composto por queratinócitos envoltos por uma matriz estrutural e bioquimicamente diversa, constituída de membranas lamelares paralelas que contêm colesterol, ácidos graxos livres e glicosilceramidas. A homeostasia do estrato córneo depende de muitos mecanismos de sinalização entre eles, o conteúdo hídrico, o pH, os níveis de cálcio e um ambiente rico em citosinas, todos que promovam uma cascata de eventos que levem a descamação, reparo e recuperação da barreira (MURAD, 2010).
A hidratação da pele depende do fator de hidratação natural do corneócito e dos corpos lamelares da matriz extracelular, onde uma série complexa de reações enzimáticas rompe as ligações desmossômicas entre os corneócitos. Esse mecanismo altamente controlado é regulado pelo pH e pelo conteúdo de água do estrato córneo, gerado pela hidrólise da proteína filagrina, necessário para a hidratação, flexibilidade e integridade do tecido (ADDOR, AOKI, 2010).
O colágeno é a proteína mais abundante no organismo, onde 80% da massa seca da pele é constituída de colágeno. Já a elastina é uma proteína parecida com colágeno, porém com a presença de aminoácidos como desmosina e iso-desmosina.
A derme compreende um verdadeiro gel, rico em glicosaminoglicanas (retém água), a substância fundamental (LEONARDI e colaboradores, 2005). O ácido hialurônico é um polissacarídeo encontrado naturalmente nos tecidos conjuntivos de mamíferos e pode ser extraído do fluido sinovial (presente nas cavidades articulares e bainhas dos tendões), na pele, nos tendões, no corpo vítreo dos olhos, no cordão umbilical e da crista de galo. Também pode ser obtido a partir da fermentação de bactérias, que causa menos alergias em pessoas hipersensíveis do que a extraída dos animais (MORAES et al., 2017)
Segundo Michalun (2010), para garantir a eficácia do produto, é importante considerar a formulação do produto, não apenas os ingredientes ativos. Embora o estrato córneo proporcione uma barreira à penetração, microrganismos não podem penetrar em uma pele intacta, mas ativos podem. A pele seletivamente permite a passagem de moléculas em ambos os sentidos de dentro para fora e de fora para dentro. Além disso, a penetração varia em diferentes partes do corpo, na face e em couro cabeludo, por exemplo, a absorção geralmente é de cinco a dez vezes maior que em outras partes.
7 RESULTADO E DISCUSSÃO
S. S. S, 21 anos, feminino, fototipo III, de acordo com tabela de fitizpatrick.
Fototipos de Pele – Classificação de Fitzpatrick
SBD (2017) diz que a mais utilizada classificação dos fototipos cutâneos é a escala Fitzpatrick, criada em 1976 pelo médico norte-americano Thomas B. Fitzpatrick. Ele classificou a pele em fototipos de um a seis, a partir da capacidade de cada pessoa em se bronzear, assim como, sensibilidade e vermelhidão quando exposta ao sol, sendo:

Antes do início do tratamento, fez-se a higienização da face da paciente com água e sabonete neutro. Logo após, utilizou-se como intervenção analgésica o gel anestésico de uso tópico (Tktx – cloridrato de lidocaína 39%/5g), aplicado 40 minutos antes do início da sessão.
Para o procedimento nas cicatrizes, utilizou-se o equipamento emissor de ondas ultrassônicas através de uma caneta transdutora, com ponteira de aço cirúrgico descartável, da marca Dermius, o DermeClean, na frequência média de 20 MHz.
Fotografia 1 – Avaliação, controle de oleosidade e pós 1° sessão de DermeClean®

Após o tratamento foi aplicado ácido hialurônico, onde a paciente também aplicou em casa durante 14 dias o ácido hialurônico para auxiliar na cicatrização. Nos primeiros 2 dias somente ácido hialurônico, a partir do terceiro dia indicado uso de protetor solar. O tempo de total cicatrização da pele foi em torno de 28 dias. No dia da sessão, recomenda-se que nenhuma maquiagem seja usada na área que foi trabalhada, o que tornará mais rápida a limpeza. Após o tratamento, a paciente relatou uma sensação de queimação, durando apenas algumas horas.
Fotografia 2 – Avaliação, controle de oleosidade e pós 1° sessão de DermeClean®

8 CONCLUSÃO
No presente estudo, foram encontradas algumas dificuldades em relação ao mecanismo de ação do equipamento, uma vez que se trata de tecnologia nova no mercado. Ainda hoje o melhor tratamento para cicatrizes hipertróficas e queloides é a prevenção. Existem inúmeras formas de tratamento para estas condições. No entanto, o uso das ondas ultrassônicas associado ao ácido hialurônico na tentativa de reduzir cicatrizes, mostrou-se muito eficaz a curto período e número de sessões realizadas. Pôde-se constatar significativa melhora no aspecto da pele tanto nas cicatrizes superficiais como nas profundas, é mister outra sessão após 28 dias.
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1CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JALES