OCCURRENCES OF SUICIDE TRY ATTENDED AT A REFERENCE HOSPITAL IN ALAGOAS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7828411
Arthur Oliveira Marques1
Augusto José de Melo Costa2
Samuel Santos Costa3
Wbiratan de Lima Souza4
Verônica Teixeira Marques5
Adriana de Lima Mendonça6
RESUMO
A tentativa de auto destruição da vida humana é um fenômeno mundial e um problema de saúde pública. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a tentativa de suicídio é a situação onde o indivíduo possui a intenção de retirar a sua própria vida, mas que, diferente do suicídio, não possui desfecho fatal. O estudo a seguir teve como objetivo geral caracterizar as ocorrências de tentativas de suicídios atendidas em um hospital de referência no estado de Alagoas no período de 2015 a 2018. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo do tipo ecológico. Foram analisados 1.092 casos de tentativas de auto extermínio, sendo 2017 o ano com maior percentual 36,4% (n = 398). Verificou-se também uma maior incidência no sexo feminino 60,5 % (n = 661), na faixa etária de 20 a 34 anos com 39,4% (n = 430). Percebeu-se que a raça parda é a mais acometida com 47,7% (n = 521) e o maior índice de ocupação está na classe dos estudantes 3,2% (n = 35) com escolaridade classificada em ensino médio incompleto 6,2% (n = 68). O envenenamento foi o método de escolha de 80,2% (n = 876). Em relação ao município de origem dos pacientes, Maceió apresentou o maior número de casos 64,6% (n = 706). Portanto, concluiu-se que mesmo com as tentativas de implantação das políticas públicas de prevenção e redução de casos das tentativas de suicídios, o hospital de referência de Maceió – AL, continua mantendo um número de atendimentos consideravelmente alto, com dados semelhantes aos do país e da região nordeste.
DESCRITORES: Tentativas de suicídio. Prevenção. Políticas Públicas.
ABSTRACT
The attempt to self-destruct human life is a worldwide phenomenon and a public health problem. According to the United Nations (UN), the suicide attempt is the situation where the subject has the intention to end his own life, but, unlike suicide, has no fatal outcome. The following study aimed to characterize the occurrences of suicide attempts attended at a referral hospital in the state of Alagoas in the period from 2015 to 2018. This is an ecological-descriptive epidemiological study. 1,092 cases of attempts at self-extermination were analyzed, with 2017 being the year with the highest percentage, 36.4% (n = 398). There was also a higher incidence in females 60.5% (n = 661), with the age between 20 and 34 years with 39.4% (n = 430). It was noticed that the brown race is the most affected with 47.7% (n = 521) and the highest occupancy rate is in the class of students 3.2% (n = 35) with schooling classified as incomplete high school 6, 2% (n = 68). Poisoning was the method of choice for 80.2%. In relation to the patients, Maceió had the highest number of cases 64.6% (n = 706). Therefore, it was concluded that despite the attempts to implement public policies for the prevention and reduction of cases of suicide attempts, the reference hospital in Maceió – AL, continues to maintain a considerably high number of services, with a very similar data to the country and the northeast region.
DESCRIPTORS: Suicide attempts. Prevention. Public policy.
1 INTRODUÇÃO
A tentativa de auto destrutividade humana é um fenômeno mundial e um problema de saúde pública. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a tentativa de suicídio é a situação de intenção de retirar a vida, mas não é fatal, o que difere do suicídio em seu desfecho (ONU, 2017). A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2014 divulgou que o suicídio é um óbito que resulta de uma ação ou omissão iniciada com a intenção de causar a morte e com a expectativa desse desfecho.
Entre os anos 2000 e 2012 o crescimento da taxa de suicídio no Brasil foi de 10.4%. A taxa de suicídio no país aferida pela OMS (2014) é de 5,8 por 100 mil habitantes, sendo 2,5 entre as mulheres e 9,4 entre os homens, representando a razão de 3,5 entre o suicídio de homens e mulheres. Apesar das taxas de tentativas de suicídio e suicídio serem consideradas baixas no Brasil pela OMS, algumas regiões do país, como o extremo norte e o extremo sul, apresentam taxas tão altas como as do leste europeu (JUNIOR, 2015).
Nas últimas cinco décadas, houve um incremento de 60% entre as mortes por suicídio. Há um contingente de 1.920 pessoas que põe fim à vida diariamente. Atualmente, essa cifra supera, ao final de um ano, a soma de todas as mortes causadas por homicídios, acidentes de transporte, guerras e conflitos civis (BOTEGA, 2014).
Segundo a OMS (2014), mais de 800 mil pessoas se suicidam todos os anos e esse número deve chegar a 1,6 milhão de mortes em 2020, com uma taxa mundial de suicídio em torno de 16 por 100 mil habitantes, o que representaria uma morte a cada quarenta segundos. Contudo, a própria OMS acredita ainda que esse número esteja subestimado em 20 vezes por conta da subnotificação ou inexistência de registros de ocorrências, principalmente em países da África e Oriente Médio, bem como pelo próprio tabu no qual o tema está envolto em todo o mundo (JUNIOR, 2015; VIDAL; GONTIJO; LIMA, 2013).
Desde 2006 o Ministério da Saúde apresentou a Estratégia Nacional para Prevenção do Suicídio para o Brasil, com o intuito de diminuir os óbitos, as tentativas de suicídio, os danos associados e o impacto na família, embora essa política tenha surgido de maneira tímida e pouco divulgada. Posteriormente, a partir de 2014, emergiram no país campanhas voltadas para sensibilização sobre a prevenção desse fenômeno, objetivando alertar a população sobre a realidade do suicídio no Brasil e no mundo (SANTOS, 2017).
Segundo Santos (2017) a região Nordeste revela um elevado grau de desigualdade, expressa tanto em uma dimensão econômica quanto nas relações de acesso aos serviços públicos, educação e habitação. Essa região destaca-se por apresentar uma tendência significativa de aumento na taxa de tentativas de suicídio e suicídio nas últimas décadas.
Por isso, considera-se este estudo de extrema relevância para profissionais de saúde, gestores de saúde e a população em geral, pois a partir desses dados, pode-se planejar estratégias para a prevenção e redução de ocorrências de tentativas de suicídio no estado de Alagoas, bem como gerar subsídios para criação de políticas públicas e serviços de saúde em áreas de maior vulnerabilidade, visando atender o mais rápido possível a vítima de tentativa de suicídio para que o desfecho final não venha acontecer. Diante dessa magnitude, este estudo teve como justificativa a necessidade do conhecimento do perfil das tentativas de suicídios em um hospital de referência em Alagoas.
Acredita-se que a ocorrência de tentativas de suicídios atendidos em um hospital de referência em Alagoas apresente semelhança com a do país, principalmente com as informações de cenários da região nordeste.
Assim, esse estudo teve como objetivo geral caracterizar as ocorrências das tentativas de suicídios atendidas em um hospital de referência em Alagoas. E objetivos específicos: traçar o perfil das vítimas de tentativas de suicídios atendidas em um hospital de referência em Alagoas; conhecer quais as principais causas de tentativas de suicídios; identificar quais os municípios com maior incidência de casos.
2 METODOLOGIA
Este estudo refere-se a um estudo epidemiológico descritivo do tipo ecológico. Os estudos epidemiológicos são estudos da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições relacionadas à saúde em populações específicas (RAMOS et al., 2016). E os estudos descritivos descrevem a realidade e não se destinam a explicá-la ou nela intervir (ARAGÃO, 2013). Já o estudo ecológico é descrito como um estudo observacional, com a informação analisada e obtida por meio de nível agregado, tendo como unidade de análise: um grupo de pessoas ou uma população de uma área geográfica definida (SILVA; COELHO, 2016).
O local de execução da pesquisa se restringiu a um hospital geral de referência localizado no município de Maceió – Alagoas, reconhecido no âmbito regional e estadual por ser referência em todas as situações de urgências clínicas e traumáticas, incluindo dessa forma as urgências e emergências por tentativas de suicídio.
O público alvo são ocorrências das vítimas de tentativas de suicídios e que apresentam lesões autoprovocadas intencionalmente inclusas no capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10). As unidades de análise foram 102 municípios do estado de Alagoas no Brasil, com ocorrências de tentativas de suicídio, descritos do X60-X84, ocorridas no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, notificados pelo SINAN (Sistema de Informação de Agravo e Notificação) através de dados concedidos pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) do Hospital Geral de referência na capital alagoana.
As variáveis neste estudo foram divididas visando atingir os objetivos geral e específicos, da seguinte forma: Primeiro objetivo, traçar o perfil das vítimas de tentativas de suicídios atendidas em um hospital de referência em Alagoas. Para este objetivo foram apresentadas e discutidas seis variáveis (V1) Número de ocorrências de lesão autoprovocada; (V2) Número de tentativas de suicídio por sexo; (V3) Número de tentativas de suicídio por faixa etária; (V4) Número de tentativas de suicídio por raça; (V5) Número de tentativas de suicídio por ocupação; (V6) Número de tentativas de suicídio por escolaridade. Segundo objetivo, conhecer quais as principais causas de tentativas de suicídios. Para atender este objetivo, apresentou a seguinte variável (V7) Número de tentativas de suicídio por causa em relação ao ano de notificação. E para atender o terceiro e último objetivo, identificar quais os municípios com maior incidência de casos, foi apresentado e discutido a seguinte variável (V8) Número de tentativas de suicídio por municípios de residência.
Em relação aos aspectos éticos, os pesquisadores apontam que a pesquisa respeitou as recomendações da Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e das demais legislações vigentes. Por se tratar de dados secundários que foram concedidos pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) do Hospital Geral de referência na capital alagoana, a pesquisa não foi submetida a apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Tiradentes.
A apresentação dos resultados do estudo foi realizada através de tabelas com dados absolutos, mas que foram discutidos e posteriormente confrontados com as evidências científicas, no intuito de atingir os objetivos propostos na pesquisa.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As ocorrências das tentativas de suicídios atendidos em um hospital de referência em Alagoas, no período de 2015 a 2018 teve como população alvo vítimas que se encaixaram no CID 10, capítulo XX, seção X60-X84 classificados por lesões autodestrutivas de forma intencional.
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) considera como lesão autoprovocada intencionalmente as lesões ou o envenenamento auto infligidos intencionalmente e as tentativas de suicídio. Nesta classificação entram todas as causas ou possibilidades de descrições de tentativas de suicídio, pois a depender do diagnóstico médico.
Diante do exposto, evidenciou-se neste estudo o número de casos de tentativas de auto extermínio atendidos foram no geral 1.092, notificados no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018. O número de casos foi superior em termos de números absolutos em 2017 e 2018, valendo ressaltar que no ano de 2017 teve uma percentualidade considerável de 36,4% (n = 398), sendo comparada com outros períodos, conforme apresentado na tabela 1.
Tabela 1 – Número de ocorrências de lesão autoprovocada atendida no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018.
Nº de ocorrências | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Lesão autoprovocada | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
Segundo Monteiro (2015) é importante inferir que existe um grande número de internações de indivíduos que procuram atendimento em âmbito ambulatorial ou outro grupo que nem buscam tratamento para as suas lesões. Sendo assim, esses grupos geralmente não são notificados nos cenários de referência, gerando um alto índice de subnotificação dos casos.
A subnotificação de agravo ocorre quando um caso não é notificado ao sistema de informação ou ocorre fora do período estabelecido. Por sua vez, essa subnotificação pode gerar estimativas equivocadas da magnitude das doenças, o que pode prejudicar o planejamento de estratégias de prevenção e controle e levar ainda à sublocação de ações e recursos (CARVALHO, 2011).
Analisando os dados obtidos na tabela 2, ambos os sexos apresentam consideravelmente um grande número de casos, porém as mulheres lideraram os registros de ocorrências dessa pesquisa com 60,5 % (n = 661) dos casos de tentativas de suicídios.
Tabela 2 – Número de tentativas de suicídio por sexo atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018.
Sexo | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Masculino | 75 | 77 | 140 | 139 | 431 |
Feminino | 113 | 139 | 258 | 151 | 661 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
As informações evidenciadas na tabela 2 apresenta consonância com um estudo realizado no Brasil. A pesquisa trata-se de uma análise de base populacional que apontou que tanto a ideação, quanto o plano e as tentativas de suicídio são mais prevalentes em mulheres jovens. Na maioria dos países também existe essa consonância de informações, as mulheres apresentam mais ideação e tentativas, fato esse que tem sido denominado “paradoxo do suicídio”, representado pela maior frequência de tentativas em mulheres e de suicídios consumados em homens, pois homens tem taxas de desfecho de suicídio três a quatro vezes maiores que as mulheres (MENEGHEL, 2015).
Diante disso, é necessário elaboração de políticas públicas eficazes de prevenção e redução de tentativas de suicídio, visto que o suicídio encontra-se na maior parte dos países entre as dez primeiras causas de mortalidade, sendo mais comum entre adolescentes e adultos jovens, consistindo em um sério problema de saúde pública (MOREIRA, 2017). Conforme dados disponíveis na tabela 3, esse estudo revela que existe resultados semelhantes no estado de Alagoas.
Tabela 3 – Número de tentativas de suicídio por faixa etária atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018.
Faixa Etária | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
05 a 09 | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
10 a 14 | 10 | 11 | 22 | 9 | 52 |
15 a 19 | 43 | 48 | 95 | 59 | 245 |
20 a 34 | 75 | 78 | 152 | 125 | 430 |
35 a 49 | 41 | 47 | 84 | 74 | 246 |
50 a 64 | 10 | 16 | 33 | 19 | 78 |
65 a 79 | 7 | 15 | 10 | 4 | 36 |
80 e + | 2 | 1 | 1 | 0 | 4 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
A tabela 3, infere que os menores números de casos são da faixa etária de 05 a 09 anos 0,09% (n = 1) e 80 e mais com 0,36% (n = 4), entretanto a maior prevalência está nos considerados adolescente, jovem adulto e adultos, das faixas etárias de 15 a 19 anos com 22,4% (n = 245); 20 a 34 anos com 39,4% (n = 430); 35 a 49 anos com 22,5% (n = 246) dos casos.
Segundo Vidal (2013) a ocorrência de tentativas de suicídio pode acontecer em pessoas de ambos os sexos, geralmente mais em mulheres com idades entre 15 e 34 anos. Essas informações corroboram com as informações destacadas e discutidas nesse estudo.
Outra variável que contempla o perfil das vítimas de tentativas de suicídio do estudo, é a raça. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE é o principal provedor de informações geográficas e estatísticas do país, este órgão tem classificado a raça da seguinte forma: brancos, pardos, negros, indígenas e amarelos. Seguindo essas informações o Departamento de Vigilância Epidemiológica concedeu as seguintes informações disponíveis na tabela 4.
Neste estudo, a raça com maior incidência foi a parda, com um total de 47,7% no período de 2015 a 2018 (n = 521) seguidos por ignorados 36,3% (n = 396) e branca com 12,6% (n = 138). Vale ressaltar que a raça é uma variável no país autodeclarada, e por motivos preconceituosos e por consequência de desigualdades sociais, históricas e de discriminação entre segmentos da sociedade os familiares acabam informando outro tipo de raça.
Tabela 4 – Número de tentativas de suicídio por raça atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018. | |||||
Raça | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Amarela | 1 | 11 | 15 | 3 | 30 |
Branca | 19 | 36 | 35 | 48 | 138 |
Indígena | 0 | 1 | 3 | 1 | 5 |
Parda | 79 | 106 | 183 | 153 | 521 |
Preta | 0 | 6 | 8 | 15 | 29 |
Ignorado | 89 | 56 | 154 | 70 | 369 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
Diante desse contexto, as vítimas e familiares podem ter informado raça como parda ao invés da cor real, exemplo preta, já que dentro da sociedade geral, grupos discriminados ocupam uma posição de desvantagem, desvalorização e maior exposição a riscos (ARRUTI, 2008).
Contudo, as raças parda e negra/preta juntas ou separadas, demonstram ainda um fator relevante e de destaque nessa discussão, pois as condições sociais, econômicas e culturais são fatores que são apontados em muitos outros estudos como fatores de riscos ou vulnerabilidades e que não podem ser deixados de ser expressados, quantificados e analisados.
De acordo com Santos (2018), em estudos realizados identificam os pardos como grupo mais suscetível ao suicídio são aqueles que, por vezes, também vivenciam situações de alta vulnerabilidade, como a baixa escolaridade, o que gera desemprego, pobreza, insegurança alimentar e nutricional de moderada a grave, expondo esses adolescentes e suas famílias à fome e à miséria, ou seja, produtos da desigualdade social, os chamados fatores “suicidogênicos”.
Segundo Durkheim (2016) há, em cada sociedade, uma corrente “suicidogênica” que faz com que as tentativas e o suicídio sejam o fenômeno demográfico mais previsível dentre todos. As tentativas de suicídio e o próprio suicídio é um problema eminentemente sociológico. Do ponto de vista da saúde, os fracassos são até relativamente fáceis de explicar. Nossa intervenção mais específica somente se inicia depois do surgimento da ideação suicida mais permanente ou, pior ainda, depois de alguma tentativa.
Já a ocupação é uma variável ainda pouco discutida nos estudos quantitativos e qualitativos relacionados a temática. Neste estudo evidenciou-se que as maiores ocupações que tentaram contra a própria vida foram: Ignorada, estudantes, dona de casas e aposentados conforme tabela 5.
Tabela 5 – Número de tentativas de suicídio por ocupação atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018.
Ocupação | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Açougueiro | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Aposentado/pensionista | 3 | 4 | 2 | 4 | 13 |
Assistente administrativo | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Auxiliar de judiciário | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Auxiliar de lavanderia | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Auxiliar de pessoal | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Cabeleireiro | 0 | 0 | 1 | 1 | 2 |
Comerciante atacadista | 1 | 0 | 1 | 0 | 2 |
Confeiteiro | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Cozinheiro de carnes | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Cozinheiro geral | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Desempregado crônico ou cuja ocupação habitual não foi possível obter | 0 | 2 | 0 | 0 | 2 |
Diretor de produção e operações de turismo | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Dona de casa | 3 | 4 | 5 | 5 | 17 |
Economista | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Empregado doméstico diarista | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Encarregado geral de operações de vias permanentes (exceto trilhos) | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Estudante | 1 | 11 | 9 | 14 | 35 |
Faxineiro | 0 | 0 | 2 | 5 | 7 |
Fotógrafo | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 |
Frentista | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Gerente de segurança de tecnologia da informação | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Manicure | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 |
Manobrador | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 |
Mecânico de manutenção de aeronaves, em geral | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Mecânico de manutenção de veículos ferroviários | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Motorista de carro de passeio | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Motorista de táxi | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Padeiro | 0 | 0 | 1 | 1 | 2 |
Pedreiro | 0 | 1 | 1 | 3 | 5 |
Presidiário (pessoas em condições penais, inclusive menores de idade) | 0 | 0 | 0 | 2 | 2 |
Recepcionista, em geral | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Servente de obras | 0 | 1 | 1 | 1 | 3 |
Soldador | 0 | 0 | 0 | 2 | 2 |
Técnico de enfermagem | 1 | 0 | 1 | 0 | 2 |
Trabalhador agropecuário em geral | 0 | 2 | 0 | 1 | 3 |
Trabalhador da cultura de cana-de-açúcar | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Vendedor ambulante | 0 | 0 | 0 | 3 | 3 |
Vendedor de comercio varejista | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Vendedor em domicílio | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Vigilante | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 |
Não informado | 138 | 155 | 348 | 235 | 876 |
Ignorada | 39 | 34 | 15 | 0 | 88 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
Os maiores indicativos de suicídio por ocupação foram não informados com 80,2% (n = 876), em seguida estudantes 3,2% (n = 35), donas de casa 1,5% (n = 17) e aposentado/pensionista 1,2% (n = 13).
A susceptibilidade de estudantes universitários ao desenvolvimento de comportamento suicida está relacionada a momentos vivenciados, tomados por sentimentos e angústias. Demandas de ordem única ou coletiva, como a separação do núcleo familiar, aumento, imposição e reavaliação de responsabilidades e atividades, cansaço do percurso acadêmico, a avaliação da qualidade do profissional por meio de notas, a insegurança do futuro profissional, a cobrança por parte da família e a auto cobrança (DA SILVA, 2018).
Acredita-se que as donas de casa e aposentado/pensionista seguem geralmente as mesmas casuísticas. As donas de casa seguem uma rotina de ações domésticas rotineiras e monótonas que levam a quadros de instabilidades emocionais, pois muitas delas tem dupla ou tripla jornada de trabalho e nos horários livres ou em horários que poderiam estar descansando fisicamente e mentalmente, reservam esses espaços temporais para os cuidados domésticos, promovendo um cansaço mental de forma exponencial, aumentando assim a possibilidade de comportamentos destoantes, muitas vezes exacerbados pelo estresse, gerando problemas familiares e nos relacionamentos amorosos até mesmo separações, seguidos de tentativas de auto extermínio, com alguns desfecho letais.
E os aposentados/pensionistas tem características peculiares, pois estas estão relacionadas muitas vezes as condições trabalhistas, visto que os mesmos apresentavam uma produtividade mercadológica e de forma muitas súbita essas atividades são interrompidas, levando essas pessoas ao isolamento familiar, distanciamento das atividades trabalhistas, sedentarismo, rotina, diminuição da estima, sentimento de inutilidade, perda da autonomia por questões de senilidade e senescência, levando ao aumento de tentativas de suicídio.A escolaridade é uma variável deste estudo. Evidenciou-se que as maiores ocorrências de tentativas de suicídio relacionada a escolaridade das vítimas foram: ignorado/brando com 75,6% (n = 826), ensino médio incompleto com 6,2% (n = 68), de 5°a 8° série Incompleta do Ensino Fundamental (EF) com 4,6% (n = 50) conforme tabela 6.
Tabela 6 – Número de tentativas de suicídio por escolaridade atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018
Escolaridade | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Analfabeto | 1 | 2 | 8 | 5 | 16 |
1ª a 4ª série incompleta do Ensino Fundamental (EF) | 10 | 1 | 4 | 6 | 21 |
4ª série completa do EF | 2 | 4 | 2 | 5 | 13 |
5ª a 8ª série incompleta do EF | 18 | 5 | 7 | 20 | 50 |
Ensino fundamental completo | 13 | 9 | 10 | 11 | 43 |
Ensino médio incompleto | 16 | 22 | 15 | 15 | 68 |
Ensino médio completo | 5 | 4 | 10 | 15 | 34 |
Educação superior incompleta | 1 | 0 | 2 | 6 | 9 |
Educação superior completa | 1 | 4 | 1 | 5 | 11 |
Não se aplica | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 |
Ignorado/Branco | 121 | 164 | 339 | 202 | 826 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
Sabe-se que o nível de escolaridade tem papel estratégico para a promoção e proteção da saúde dos alunos, pois é na escola, o local onde são reproduzidos os padrões de comportamentos e relacionamentos que podem pôr em risco a saúde dos jovens. Vale ressaltar que entre adolescentes, os comportamentos de risco, em interação com fatores sociais e ambientais, têm gerado um aumento de tentativa de suicídio e mortes (BAGGIO, 2009).
Destaca-se que o comportamento suicida se inicia com pensamentos de acabar com a própria vida e que poderá resultar em morte ou em sequelas parciais ou irreversíveis, levando em consideração um conjunto de fatores de risco que, individualmente ou associados contribuem para a ação da tentativa de auto extermínio. Tal como: transtornos alimentares, exposição à violência, uso de álcool e drogas, sentimentos depressivos, dificuldades nas relações familiares, baixa autoestima, dentre outros.
Diante do exposto, em relação ao número de tentativas de suicídio por causa, em relação ao ano de notificação atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018, evidenciou-se que os casos mais frequentes de tentativas de autoextermínio foram por envenenamento com 80,2% (n = 876), seguido de objeto perfuro cortante 9,6% (n= 105), objeto contundente e enforcamento ambos com 2,9% (n= 32), conforme apresentado na tabela 7.
Tabela 7 – Número de tentativas de suicídio por causa, em relação ao ano de notificação atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018.
Causa | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Arma de fogo | 2 | 1 | 2 | 1 | 6 |
Enforcamento | 8 | 3 | 9 | 12 | 32 |
Envenenamento | 146 | 196 | 323 | 211 | 876 |
Objeto contundente | 6 | 1 | 12 | 13 | 32 |
Objeto perfuro cortante | 14 | 10 | 40 | 41 | 105 |
Substância/ objeto quente | 11 | 4 | 6 | 3 | 24 |
Outra forma | 1 | 1 | 6 | 9 | 17 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
As intoxicações exógenas ou envenenamentos são manifestações patológicas causadas pelas substâncias tóxicas e estão, frequentemente, relacionadas a situações de emergência, em especial, àquelas caracterizadas como agudas, isto é, que resultam de uma exposição única ou a curto-termo e que, usualmente, se manifestam com dados clínicos evidentes de risco de vida. Essas ocorrências podem ser acidentais, como também intencionais, o que caracteriza as tentativas de autólise, casos esses, cada vez mais frequentes nos atendimentos em setores de emergência (ROMÃO, 2012).
No Brasil, a intoxicação exógena é um dos três principais meios utilizados nos suicídios e nas tentativas, a intoxicação é provocada em aproximadamente em 70% dos casos (SANTOS, 2013).
As intoxicações ou envenenamentos constituem um sério problema de saúde, sendo um motivo frequente de admissão nos serviços de urgência, os medicamentos foram os principais agentes envolvidos nas intoxicações em adultos, seguidos dos domésticos/industriais, pesticidas agrícolas, substâncias de abuso, cosméticos, plantas e cogumelos (FERREIRA,2018).
O Estado de Alagoas, possui 102 municípios, dividido em 02 macrorregiões, representadas pelos municípios de Maceió (Capital) como a 1ª macrorregião com uma população de 2.093.801 habitantes e a 2ª macrorregião com uma população de 1.026.693 habitantes, segundo informações do IBGE (2010) (Figura 01).
Figura 1 – Divisão em regiões de saúde, segundo Plano Diretor de Regionalização de Alagoas.
Fonte: http://bipartite.saude.al.gov.br/institucional/cir
A 1ª Macrorregião é composta por 56 municípios, sendo a capital Alagoana, Maceió, a cidade que concentra a maior quantidade de serviços de média e alta complexidade do estado, em especial os hospitais públicos e privados. E é neste espaço e território que se localiza o cenário de estudo, por ser a maior referência para atendimento de urgência e emergência frente as tentativas de suicídio do estado. E a 2ª Macrorregião é composta por 46 municípios, sendo Arapiraca, a cidade polo, onde situa-se a outra segunda e maior referência para esses atendimentos no estado de Alagoas.
De acordo com informações descritas na tabela 8, a cidade com maior número de ocorrência de casos de tentativas de suicídios foi Maceió com 64,6% (n = 706), seguido de Pilar e Marechal Deodoro ambos com 2,5 % (n = 28) e Atalaia com 1,9% ( n = 21), os fatores de risco podem estar na realidade local o que torna a população mais suscetível.
Tabela 8 – Número de tentativas de suicídio por municípios de residência atendidos no Hospital de Referência de Maceió, Alagoas, 2015 a 2018.
Município Residência- AL | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | Total |
Anadia | 0 | 0 | 3 | 0 | 3 |
Arapiraca | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 |
Atalaia | 0 | 6 | 7 | 8 | 21 |
Barra de Santo Antônio | 3 | 4 | 7 | 4 | 18 |
Barra de São Miguel | 2 | 4 | 4 | 1 | 11 |
Boca da Mata | 1 | 2 | 5 | 1 | 9 |
Branquinha | 0 | 0 | 3 | 0 | 3 |
Cajueiro | 2 | 4 | 4 | 5 | 15 |
Campestre | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 |
Campo Alegre | 1 | 0 | 2 | 1 | 4 |
Capela | 1 | 1 | 1 | 1 | 4 |
Chã Preta | 0 | 0 | 3 | 1 | 4 |
Colônia Leopoldina | 0 | 1 | 1 | 1 | 3 |
Coqueiro Seco | 0 | 1 | 3 | 7 | 11 |
Coruripe | 3 | 1 | 2 | 2 | 8 |
Delmiro Gouveia | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 |
Dois Riachos | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Feira Grande | 0 | 0 | 1 | 1 | 2 |
Flexeiras | 1 | 3 | 3 | 3 | 10 |
Ibateguara | 2 | 2 | 1 | 1 | 6 |
Jacuípe | 0 | 0 | 0 | 2 | 2 |
Jequiá da Praia | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 |
Joaquim Gomes | 2 | 1 | 2 | 0 | 5 |
Jundiá | 0 | 1 | 1 | 0 | 2 |
Junqueiro | 0 | 0 | 4 | 0 | 4 |
Maceió | 122 | 142 | 245 | 197 | 706 |
Maragogi | 0 | 0 | 1 | 1 | 2 |
Marechal Deodoro | 12 | 0 | 8 | 8 | 28 |
Matriz de Camaragibe | 0 | 0 | 2 | 5 | 7 |
Messias | 0 | 1 | 2 | 3 | 6 |
Murici | 1 | 1 | 2 | 4 | 8 |
Novo Lino | 1 | 1 | 0 | 0 | 2 |
Olho d’Água do Casado | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 |
Pão de Açúcar | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 |
Pariconha | 1 | 1 | 0 | 0 | 2 |
Paripueira | 7 | 4 | 3 | 2 | 16 |
Passo de Camaragibe | 1 | 1 | 6 | 0 | 8 |
Paulo Jacinto | 0 | 2 | 0 | 0 | 2 |
Penedo | 0 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Pilar | 5 | 3 | 14 | 6 | 28 |
Pindoba | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 |
Porto Calvo | 1 | 1 | 2 | 2 | 6 |
Porto de Pedras | 0 | 0 | 2 | 1 | 3 |
Rio Largo | 4 | 3 | 7 | 6 | 20 |
Roteiro | 0 | 1 | 1 | 1 | 3 |
Santa Luzia do Norte | 1 | 1 | 4 | 0 | 6 |
Santana do Ipanema | 0 | 1 | 1 | 1 | 3 |
Santana do Mundaú | 0 | 0 | 4 | 0 | 4 |
São José da Laje | 1 | 0 | 2 | 3 | 6 |
São Luís do Quitunde | 1 | 3 | 5 | 0 | 9 |
São Miguel dos Campos | 0 | 2 | 4 | 2 | 8 |
São Miguel dos Milagres | 2 | 1 | 2 | 0 | 5 |
Satuba | 3 | 4 | 11 | 2 | 20 |
Teotônio Vilela | 1 | 1 | 2 | 1 | 5 |
União dos Palmares | 1 | 4 | 6 | 2 | 13 |
Viçosa | 1 | 5 | 3 | 3 | 12 |
Total | 188 | 216 | 398 | 290 | 1.092 |
Acredita-se que os municípios de Maceió, Pilar e Marechal Deodoro apresentaram um índice elevado de ocorrências relacionadas aos atendimentos neste serviço de saúde, com admissões de tentativas de suicídio, por estarem entre os municípios mais próximos a capital Maceió, onde a urbanização e o desenvolvimento econômico é maior do que em demais municípios do estado, havendo fatores que influenciam no aparecimento de comportamentos suicidas tais como: desemprego, desigualdade de classe, êxodo rural, aflições econômicas, acesso maior a arma de fogo, acesso maior a drogas, grau de urbanização e situações de estresse extremo.
E o município de Atalaia acredita-se que os índices elevados, podem estar relacionados ao baixo desenvolvimento econômico. Sua principal atividade está centrada na agricultura e com poucas perspectivas futuras de crescimento, por ser a agricultura uma atividade que usa pesticidas agrícolas ou agrotóxicos em suas lavouras, esse tem sido o principal veículo de tentativa de suicídio, além de outros tipos de possibilidades de influências como o desemprego, frustração, depressão, situações de estresse extremo, instabilidade financeira, instabilidade familiar e desigualdade de classe podendo desencadear comportamentos suicidogênicos.
Por fim, os pesquisadores esclarecem que este estudo não trouxe dados dos desfechos das tentativas de suicídios relacionada aos casos fatais, pois o Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) do hospital em estudo não notifica essas informações, bem como os médicos não atestam a causa do óbito com essa designação. Uma das justificativas apresentadas pelo setor, foi que as estimativas de tentativas de suicídios são mais importantes para elaboração de estratégias de prevenção e promoção da saúde.
Segundo Vidal; Gontijo (2013) estima-se que para cada caso de suicídio existam pelo menos dez tentativas de gravidade suficiente para requerer cuidados médicos, e que as tentativas de suicídio sejam até quarenta vezes mais frequentes do que os suicídios consumados. E para cada tentativa documentada existem outras quatro que não são registradas. As tentativas de suicídio tendem a ser recorrentes e a história de tentativa prévia representa o mais importante preditor de suicídio completo. Estima-se ainda que de 1% a 5% das pessoas poderão tentar suicídio em algum momento da vida.
Diante do exposto, fica nítido a necessidade de elaboração de medidas preventivas que possam acolher, monitorar, supervisionar as vítimas de tentativas de suicídio, evitando dessa forma que os casos sejam recorrentes e que ainda possam ter o desfecho letal. Por isso, é imprescindível que familiares formem uma rede de apoio e procurem profissionais de saúde o mais precoce possível.
4 CONCLUSÃO
Este estudo evidenciou que as ocorrências das tentativas de suicídios atendidas em um hospital de referência em Alagoas, no período de 2015 a 2018, teve no geral 1.092 casos de tentativas de auto extermínio, sendo um percentual considerável no ano de 2017 com 36,4% (n = 398), com incidência maior em mulheres 60,5 % (n = 661), na faixa etária principal de 20 a 34 anos com 39,4% (n = 430). Percebe-se que a raça parda é a mais acometida com 47,7% (n = 521), o maior indicativo de ocupação foi estudante 3,2% (n = 35), com escolaridade classificada no ensino médio incompleto 6,2% (n = 68), apresentando as ocorrências de envenenamento 80,2% (n = 876) como causa básica das tentativas de suicídio. E em relação ao município com maior número de casos dos atendimentos foi Maceió com 64,6% (n = 706).
Portanto, conclui-se que mesmo com a implantação das políticas públicas de prevenção e redução de casos de tentativas de suicídios, o hospital de referência de Maceió – Alagoas, continua mantendo números de atendimentos ainda consideráveis, com dados semelhantes aos do país e da região nordeste. Diante disso, precisa-se ser elaborada novas diretrizes e estratégias que possam ser eficazes, célere e personalizadas a realidade local e as principais situações motivadoras, visando dessa forma acolher, acompanhar e monitorar essas vítimas.
Aproveitamos o ensejo, para estimularmos novas pesquisas voltadas para a temática, de forma a corroborar com subsídios que venham subsidiar novas evidências científicas que possam serem usadas para elaboração dessas diretrizes profiláticas e protetivas, pois após a tentativa de autoextermínio tem grandes chances de ocorrer novas tentativas.
REFERÊNCIAS
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1, 2, 3Graduados em Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes, Maceió–AL
4Doutorando pelo Programa Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas – UNIT/AL, Enfermeiro graduado pelo CESMAC – CAMPUS SERTÃO, Mestre em Enfermagem – MPEA/UFF, Especialista em Emergência Geral (Modalidade Residência – UNCISAL), Especialista em Obstetrícia – FIP, Especialista em Dermatologia – FIP, Especialista em Neonatologia e Pediatria – FIP, Especialista em Enfermagem do Trabalho – IBPEX, Especialista em Saúde Pública – CEAP, Pós-graduado em Enfermagem Forense. Professor Adjunto I dos cursos de graduação e pós-graduação do UNIT – Maceió, Tutor Adjunto da Liga Acadêmica de Enfermagem em Emergência Geral – LAEEG – UNIT, Membro parecerista do Comitê de Ética e Pesquisa do UNIT, Presidente da Comissão de Gerenciamento das Câmaras Técnicas do Conselho Regional de Alagoas – COREN/AL, Enfermeiro Assistencial do Hospital de Emergência Dr. Daniel Houly – Arapiraca, Enfermeiro Obstétrico do Hospital da Mulher Dra Nise da Silveira, Proprietário e Enfermeiro Assistencial da Clínica Integrada de Tratamento de Feridas – ENFIMED/Arapiraca
5Doutora em Ciências Sociais pela UFBA, Mestre em Ciência Política pela UFPE e graduada em Ciências Sociais pela UFS. Atualmente é pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa – ITP, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas do Centro Universitário Tiradentes (UNIT/Alagoas), do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UNIT. Também é Líder do Grupo de Pesquisa – Políticas Públicas de Proteção aos Direitos Humanos- CNPq, pesquisadora do Núcleo de Análises e Pesquisas em Políticas Públicas de Segurança e Cidadania/NAPSEC da SSP/SE.
6Doutora em Ciências pela UFAL, Mestre em Química e Biotecnologia pela UFAL e graduada em Bacharel e Licenciatura em Ciências Biológicas pela UFAL. Pesquisadora e professora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas do Centro Universitário Tiradentes (UNIT/Alagoas). Atualmente é Professora Titular I do Centro Universitário Tiradentes (UNIT/AL), nos cursos de Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Engenharia Civil, Engenharia Ambiental e Engenharia de Petróleo. Membro dos Comitês Científico (2016-atual). Atualmente é Membro do Conselho Superior Institucional (2021-atual) e, atualmente, é Coordenadora Geral da Área de Ciências Naturais, Exatas e Engenharias da UNIT/AL. Além disso, é membro efetivo do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (BASis), capacitada para realização de avaliações in Loco para atos de Recredenciamento Institucional.