ÓBITOS DEVIDOS À SEPSE ESTREPTOCÓCICA NO BRASIL: ANÁLISE DE 13 ANOS 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202502210945


Tiago Halyson de Oliveira Gomes; Welleson Feitosa Gazel; Emanuela Ferreira Goulart; Jennifer Lee Gonçalves; Gabriel Vargas Maia Chaves; Lígia Luana Freire da Silva


RESUMO

Introdução: A sepse é uma síndrome caracterizada por uma resposta inflamatória exacerbada a uma infecção, levando à disfunção orgânica e risco elevado de morte. Fatores de risco como o uso de cateteres, sonda uretral, imunossupressão, comorbidades, infecções pré-existentes, resistência antimicrobiana e estado nutricional comprometido são determinantes importantes para o desenvolvimento da doença. Objetivos: O objetivo do presente trabalho é realizar o levantamento epidemiológico acerca dos óbitos por casos de septicemia estreptocócica no Brasil, em um período de 13 anos. Bem como realizar o levantamento das características epidemiológicas de tal afecção. Metodologia: O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Foi realizada coleta de dados de casos acerca dos casos de septicemia estreptocócica, entre os anos de 2010 a 2023, no Brasil. A coleta dos dados foi realizada em 2025. Utilizou-se as variáveis: número de casos por região, número de casos anuais, idade, sexo, faixa etária, raça e tempo de estudo (CID A40). Resultados: Entre os 14 anos analisados houveram 2.012 óbitos devido a septicemia estreptocócica. Os casos foram divididos nas regiões: i) Região Norte: 166 (8,2%), ii) Região Nordeste: 841 (41,8%), iii) Região Sudeste: 724 (36%), iv) Região Sul: 228 (11,3%) e v) Região Centro-Oeste: 53 (2,7%). A distribuição anual dos óbitos se deu: 1) 2010: 116 (5,7%), 2) 2011: 147 (7,3%), 3) 2012: 156 (7,7%), 4) 2013: 151 (7,5%), 5) 2014: 149 (7,4%), 6) 2015: 148 (7,3%), 7) 2016: 137 (6,8%), 8) 2017: 155 (7,7%), 9) 2018: 150 (7,4%), 10) 2019: 135 (6,7%), 11) 2020: 72 (3,6%), 12) 2021: 82 (4%), 13) 2022: 233 (11,6%) 14) 2023: 181 (9,3%). Os óbitos foram distribuídos nas seguintes faixas etárias: i) Menor de 1 ano: 34 (1,7,%), ii) 1 a 4 anos: 38 (1,8%), iii) 5 a 9 anos: 17 (0,8%), iv) 10 a 14 anos: 19 (0,9%), v) 15 a 19 anos: 16 (0,8%), vi) 20 a 29 anos: 31 (1,5%), vii) 30 a 39 anos: 53 (2,6%), viii) 40 a 49 anos: 87 (4,3%), ix) 50 a 59 anos: 148 (7,3%), x) 60 a 69 anos: 250 (12,4%), xi) 70 a 79 anos: 395 (19,6%), xii) 80 anos a mais: 923 (45,9%) e xiii) idade ignorada: 1 (0,4%). Os óbitos foram separados nos sexos: 1) masculino: 1.013 (50,1%), 2) feminino: 998 (49,5%) e 3) ignorado: 1 (0,4%). Os óbitos foram divididos nas seguintes raças: 1) brancas 955 (47,4%), 2) preta: 115 (5,7%), 3) amarela: 7 (0,3%), 4) parda: 851 (42,3%), 5) indígena: 8 (0,4%), 6) ignorado: 76 (3,9%). E o tempo de escolaridade dos indivíduos que vieram a óbito variou de: 1) nenhuma: 585 (29,1%), 2) 1 a 3 anos; 416 (20,6%), 3) 4 a 7 anos: 311 (15,4%), 4) 8 a 11 anos: 147 (7,3%), 5) 12 anos e mais: 45 (2,2%) e 6) ignorado: 508 (25,4%). Conclusão: Entre os anos de 2010 a 2023 houveram 2.012 óbitos devido a septicemia estreptocócica. As variáveis epidemiológicas com maior número de casos foram: 2022, a faixa etária de 80 anos e mais, sexo masculino, branca, a escolaridade com “nenhum” ensino. Salientando a importância do diagnóstico e tratamento precoce para melhor prognóstico dos pacientes. 

Palavras-chave: “Septicemia” ; “Sepse” ; “Vigilância de Óbitos”. 

Introdução: 

A sepse é uma síndrome caracterizada por uma resposta inflamatória exacerbada a uma infecção, levando à disfunção orgânica e risco elevado de morte. O choque séptico, uma forma grave de sepse, é acompanhado por anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas. A sepse continua sendo uma das principais causas de mortalidade tardia no Brasil, com alta incidência nas unidades de terapia intensiva (UTIs) (SILVA, 2023). Fatores de risco como o uso de cateteres, sonda uretral, imunossupressão, comorbidades, infecções pré-existentes, resistência antimicrobiana e estado nutricional comprometido são determinantes importantes para o desenvolvimento da doença (FREITAS, 2016). O diagnóstico é clínico e laboratorial, com sinais como hipotensão, alteração do estado mental, oligúria e taquipnéia, entre outros, sendo indicadores-chave para a identificação precoce da sepse e seu tratamento eficaz (SILVA, 2023).

Objetivos:

O objetivo do presente trabalho é realizar o levantamento epidemiológico acerca dos óbitos por casos de septicemia estreptocócica no Brasil, em um período de 13 anos. Bem como realizar o levantamento das características epidemiológicas de tal afecção. 

Metodologia:

O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). 

Foi realizada coleta de dados de casos acerca dos casos de septicemia estreptocócica, entre os anos de 2010 a 2023, no Brasil. A coleta dos dados foi realizada em 2025. Utilizou-se as variáveis: número de casos por região, número de casos anuais, idade, sexo, faixa etária, raça e tempo de estudo (CID A40).

Resultados: 

Entre os 14 anos analisados houveram 2.012 óbitos devido a septicemia estreptocócica. Os casos foram divididos nas regiões: i) Região Norte: 166 (8,2%), ii) Região Nordeste: 841 (41,8%), iii) Região Sudeste: 724 (36%), iv) Região Sul: 228 (11,3%) e v) Região Centro-Oeste: 53 (2,7%) (Tabela 1). Evidenciando a Região Nordeste como a região com maior número de óbitos. 

Tabela 1. Distribuição dos óbitos por região, no Brasil, devido à septicemia estreptocócica, entre 2010 a 2023.

 Fonte: Datasus.

A distribuição anual dos óbitos se deu: 1) 2010: 116 (5,7%), 2) 2011: 147 (7,3%), 3) 2012: 156 (7,7%), 4) 2013: 151 (7,5%), 5) 2014: 149 (7,4%), 6) 2015: 148 (7,3%), 7) 2016: 137 (6,8%), 8) 2017: 155 (7,7%), 9) 2018: 150 (7,4%), 10) 2019: 135 (6,7%), 11) 2020: 72 (3,6%), 12) 2021: 82 (4%), 13) 2022: 233 (11,6%) 14) 2023: 181 (9,3%) (Tabela 2). Sendo o ano de 2022 com o maior número de casos. 

Tabela 2. Distribuição dos óbitos por ano, no Brasil, devido à septicemia estreptocócica, entre 2010 a 2023. 

Fonte: Datasus.

Os óbitos foram distribuídos nas seguintes faixas etárias: i) Menor de 1 ano: 34 (1,7,%), ii) 1 a 4 anos: 38 (1,8%), iii) 5 a 9 anos: 17 (0,8%), iv) 10 a 14 anos: 19 (0,9%), v) 15 a 19 anos: 16 (0,8%), vi) 20 a 29 anos: 31 (1,5%), vii) 30 a 39 anos: 53 (2,6%), viii) 40 a 49 anos: 87 (4,3%), ix) 50 a 59 anos: 148 (7,3%), x) 60 a 69 anos: 250 (12,4%), xi) 70 a 79 anos: 395 (19,6%), xii) 80 anos a mais: 923 (45,9%) e xiii) idade ignorada: 1 (0,4%) (Tabela 3). Sendo a faixa etária de 80 anos e mais com maior número de óbitos. 

Tabela 3. Distribuição dos óbitos por faixa etária, no Brasil, devido à septicemia estreptocócica, entre 2010 a 2023.

Fonte: Datasus.

Os óbitos foram separados nos sexos: 1) masculino: 1.013 (50,1%), 2) feminino: 998 (49,5%) e 3) ignorado: 1 (0,4%) (Tabela 4). 

Tabela 4. Distribuição dos óbitos por faixa sexo, no Brasil, devido à septicemia estreptocócica, entre 2010 a 2023. 

Fonte: Datasus.

Os óbitos foram divididos nas seguintes raças: 1) brancas 955 (47,4%), 2) preta: 115 (5,7%), 3) amarela: 7 (0,3%), 4) parda: 851 (42,3%), 5) indígena: 8 (0,4%), 6) ignorado: 76 (3,9%) (Tabela 5). 

Tabela 5. Distribuição dos óbitos por raça, no Brasil, devido à septicemia estreptocócica, entre 2010 a 2023. 

Fonte: Datasus.

E o tempo de escolaridade dos indivíduos que vieram a óbito variou de: 1) nenhuma: 585 (29,1%), 2) 1 a 3 anos; 416 (20,6%), 3) 4 a 7 anos: 311 (15,4%), 4) 8 a 11 anos: 147 (7,3%), 5) 12 anos e mais: 45 (2,2%) e 6) ignorado: 508 (25,4%) (Tabela 6). Sendo a escolaridade com “nenhum” ensino com maior número de óbitos. 

Tabela 6. Distribuição dos óbitos por tempo de escolaridade, no Brasil, devido à septicemia estreptocócica, entre 2010 a 2023. 

Fonte: Datasus.

Discussão: 

A sepse trata-se de uma síndrome causada por uma resposta inflamatória exacerbada frente a uma infecção. Sendo essa resposta exagerada, provocando disfunção orgânica e de elevado risco de morte. Sendo o choque séptico um tipo de sepse que é acompanhado por anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas, sendo um caso mais grave ainda (SILVA, 2023).

Infelizmente, a sepse continua sendo uma causa importante de mortalidade tardia no Brasil, com elevada ocorrência nas unidades de terapia intensiva (UTIs) (SILVA, 2023). Os fatores de risco para tal processo são: utilização de cateter e acessos venosos, sonda uretral, idade, imunossupressão, comorbidades, infecções pré existentes, cirurgias recentes, uso excessivo de antibióticos, resistência antimicrobiana, sexo, genética e estado nutricional (SILVA, 2023). 

O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, físico e laboratorial. Os sinais e sintomas são: hipotensão, aumento do tempo de preenchimento capilar (TPC), cianose de extremidades, libero, alteração do estado mental, oligúria, óleo paralítico, pele fria, febre, taquipnéia e hipotensão (SILVA, 2023). 

No estudo de Almeida (2022), foi registrado um total de 463 mil óbitos por sepse no Brasil entre 2010 e 2019. Por outro lado, Zonta (2018) avaliou os óbitos por sepse em um hospital público no Paraná, enquanto o presente trabalho observou 2.012 óbitos especificamente por sepse estreptocócica. 

Em relação ao acometimento de acordo com a distribuição de gênero, a amostra dos dois estudos, incluindo o nosso, apresentou uma prevalência do sexo masculino, com 51,4%, o que corrobora os achados deste estudo.

Em relação às regiões administrativas, Almeida (2022) destacou a Região Sudeste como a de maior número de óbitos por sepse, enquanto o presente estudo apontou a Região Nordeste como a mais afetada, mostrando uma diferença significativa entre os dois estudos

Conclusão: 

Entre os anos de 2010 a 2023 houveram 2.012 óbitos devido a septicemia estreptocócica. As variáveis epidemiológicas com maior número de casos foram: 2022, a faixa etária de 80 anos e mais, sexo masculino, branca, a escolaridade com “nenhum” ensino. Salientando a importância do diagnóstico e tratamento precoce para melhor prognóstico dos pacientes. 

Referências bibliográficas: 

1. ALMEIDA, Nyara Rodrigues Conde de et al. Análise de tendência de mortalidade por sepse no Brasil e por regiões de 2010 a 2019. Revista de Saúde Pública, v. 56, p. 25, 2022.

2. FREITAS, Rodrigo Barros et al. Aspectos relevantes da sepse. 2016.

3. SILVA, Adriane Gomes de Souza et al. Sepse. 2023.

4. ZONTA, Franciele Nascimento Santos et al. Características epidemiológicas e clínicas da sepse em um hospital público do Paraná. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, v. 8, n. 3, p. 224-231, 2018.


Discentes da Universidade Nove de Julho, São Paulo, SP