REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412291253
Marcos Ramon Ribeiro dos Santos Mendes1
Germano Silva Moura2
Talga Monique Naiva Coelho Marques3
Maria Girlândia Gregório de Andrade4
Leonel Batista de Lima Neto5
Maria Amélia Gonçalves Carreiro6
Cirlandio Coutinho de Lima7
Ana Valéria Ambrosio Coelho8
Alany de Sousa Monteiro Belmont9
Kleber Jorgan Vieira Belmont10
RESUMO
Introdução: A obesidade é observada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, resultante de um desequilíbrio energético determinado por fatores sociais, comportamentais e ambientais. Trata-se de um problema relevante de saúde pública, especialmente entre crianças e adolescentes, devido à dificuldade de tratamento, à alta probabilidade de persistência na vida adulta e à associação precoce com doenças crônicas. Entre 1990 e 2010, a obesidade, sobretudo a infantil, aumentou globalmente, com taxas mais altas em países desenvolvidos. Metodologia: Esta revisão da literatura aborda os fatores de risco e práticas integrativas no tratamento da obesidade no Brasil, incluindo estudos publicados nos últimos 10 anos em inglês e português. A busca foi realizada nas bases PubMed, SciELO e BVS, utilizando descritores como “Obesidade” e “Manejo da Obesidade”. Foram analisados artigos com texto completo, gratuito, e diretamente relacionados ao tema, enquanto estudos em outros idiomas ou que não mencionavam. Resultados e Discussão: A obesidade é uma condição crônica multifatorial e complexa, sendo um grave problema de saúde pública devido à sua prevalência e impacto na saúde individual e coletiva. Além de aumentar o risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, está associada a complicações metabólicas e maior mortalidade. No Brasil, figura entre os principais fatores de risco para mortes e incapacidades, destacando a necessidade de estratégias integradas de prevenção, diagnóstico e tratamento, especialmente na atenção primária, onde desafios como diagnóstico tardio. A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) adota uma abordagem ampliada, integrando ações coletivas e intersetoriais para promover alimentação saudável, práticas corporais e atividades físicas. Conclusão: A obesidade é um problema de saúde pública complexo, associado a doenças graves como diabetes e doenças cardiovasculares. A atenção primária à saúde é fundamental para prevenção, diagnóstico precoce e cuidado contínuo com foco na alimentação saudável, prática de atividade física e ações intersetoriais para criar ambientes saudáveis e reduzir desigualdades, apoiando políticas públicas sustentáveis
PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; Manejo da Obesidade; fatores de risco.
ABSTRACT
Introduction: Obesity is observed as the excessive accumulation of body fat, resulting from an energy imbalance determined by social, behavioral and environmental factors. It is a relevant public health problem, especially among children and adolescents, due to the difficulty of treatment, the high probability of persistence into adulthood and the early association with chronic diseases. Between 1990 and 2010, obesity, especially childhood obesity, increased globally, with higher rates in developed countries. Methodology: This literature review addresses risk factors and integrative practices in the treatment of obesity in Brazil, including studies published in the last 10 years in English and Portuguese. The search was carried out in the PubMed, SciELO and BVS databases, using descriptors such as “Obesity” and “Obesity Management”. Articles with full text, free of charge, and directly related to the topic were analyzed, while studies in other languages or that did not mention it. Results and Discussion: Obesity is a chronic, multifactorial and complex condition, and is a serious public health problem due to its prevalence and impact on individual and collective health. In addition to increasing the risk of chronic diseases such as type 2 diabetes, hypertension, cardiovascular diseases and cancer, it is associated with metabolic complications and higher mortality. In Brazil, it is among the main risk factors for deaths and disabilities, highlighting the need for integrated prevention, diagnosis and treatment strategies, especially in primary care, where challenges such as late diagnosis are a challenge. The National Health Promotion Policy (PNPS) adopts a broad approach, integrating collective and intersectoral actions to promote healthy eating, body practices and physical activities. Conclusion: Obesity is a complex public health problem, associated with serious diseases such as diabetes and cardiovascular diseases. Primary health care is essential for prevention, early diagnosis and ongoing care with a focus on healthy eating, physical activity and intersectoral actions to create healthy environments and reduce inequalities, supporting sustainable public policies.
KEYWORDS: Obesity; Obesity Management; risk factors.
INTRODUÇÃO
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, ultrapassando os níveis ideais para a manutenção de uma boa saúde. Essa condição resulta de um desequilíbrio energético crônico e positivo, influenciado por uma combinação de fatores sociais, comportamentais e ambientais (SWINBURN et al., 2011).
Embora a obesidade seja uma questão relevante de saúde pública que afeta todas as idades, ela assume maior importância entre crianças e adolescentes devido à complexidade de seu tratamento, à elevada probabilidade de persistência na vida adulta e à sua associação precoce com outras doenças crônicas não transmissíveis (DANIELS et al., 2015; DE ONIS, BLOSSNER, BORGHI 2010)
Entre 1990 e 2010, a taxa de obesidade infantil no mundo aumentou de 4,2% para 6,7%, sendo mais alta em países desenvolvidos (7,9–11,7%) do que em países em desenvolvimento (3,7–6,1%). Na América Latina, estima-se que 7,1% das crianças com menos de 5 anos apresentem obesidade. Já a prevalência entre crianças de 5 a 11 anos varia de 18,9% a 36,9%, enquanto entre adolescentes (12 a 19 anos) está entre 16,6% e 35,8% (RIVERA et al. 2014).
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura sobre fatores de risco e práticas integrativas no tratamento da obesidade no Brasil. Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos e suas fontes, em inglês e português, abrangendo diversos tipos de estudos. A busca foi realizada nas bases de dados PubMed, SciELO e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), utilizando os seguintes descritores; Obesidade; Manejo da Obesidade; fatores de risco.
Foram incluídos artigos com texto completo disponíveis gratuitamente, publicados nos últimos 10 anos. Excluíram-se os estudos não disponíveis em inglês ou português, os que não estavam diretamente relacionados ao tema e aqueles que não continham o termo “obesidade” no título. O processo incluiu a análise, seleção dos estudos, extração e síntese dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A obesidade é uma condição crônica de natureza multifatorial e alta complexidade, sendo considerada um relevante problema de saúde pública devido à sua magnitude e impacto na saúde coletiva e individual. Além de ser uma enfermidade em si, a obesidade desempenha um papel significativo como fator de risco para diversas doenças crônicas não transmissíveis, incluindo diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Essa condição está relacionada a complicações metabólicas, como resistência à insulina e elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos, além de estar associada a um maior risco de mortalidade e complicações graves (INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION, 2018).
No contexto brasileiro, a obesidade figura entre os três principais fatores de risco relacionados a mortes e incapacidades, evidenciando a necessidade de estratégias integradas que priorizem sua prevenção, diagnóstico e tratamento adequado, especialmente na atenção primária (INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION, 2018).
O controle da obesidade enfrenta diversos desafios, especialmente no âmbito da atenção primária à saúde. Entre os principais obstáculos estão o diagnóstico tardio, a baixa adesão ao tratamento, a complexidade das comorbidades associadas e a insuficiência de recursos estruturais e humanos para atender à demanda. Além disso, barreiras como o estigma relacionado ao peso e a culpabilização dos indivíduos dificultam o acolhimento e a efetividade das intervenções. A falta de integração entre ações de promoção da saúde e a abordagem multiprofissional também compromete a resolutividade do cuidado, evidenciando a necessidade de estratégias mais abrangentes e centradas no usuário (LOPES et al., 2021).
A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) adota uma visão ampliada de saúde, entendendo-a como resultado de estratégias e ações que vão além do cuidado individual, abrangendo também o contexto coletivo. Essa política promove a articulação entre diferentes setores e níveis de atuação, estabelecendo a Rede de Atenção à Saúde (RAS) como um elemento central para integrar iniciativas de saúde com outras redes de proteção social. Além disso, incentiva a ampla participação da sociedade e o controle social na construção dessas ações, garantindo que as intervenções sejam democráticas e alinhadas às necessidades locais (BRASIL, 2022).
Entre as prioridades da PNPS relacionadas ao enfrentamento do sobrepeso e da obesidade estão a promoção da alimentação adequada e saudável, bem como a valorização de práticas corporais e atividades físicas. Ações voltadas à alimentação saudável buscam não apenas melhorar a saúde, mas também assegurar segurança alimentar, redução da pobreza e inclusão social, reforçando o direito humano à alimentação adequada. Já as práticas corporais e atividades físicas são incentivadas por meio de programas que consideram as especificidades culturais locais, promovendo brincadeiras, danças populares e outras atividades que também contribuem para a melhoria dos espaços públicos e o fortalecimento da saúde coletiva (BRASIL, 2022).
As ações voltadas para a promoção da alimentação adequada e saudável (PAAS) têm como foco principal criar ambientes que favoreçam escolhas alimentares saudáveis. Essas estratégias incluem incentivar a oferta de alimentos nutritivos em escolas, locais de trabalho e pequenos comércios, além de ampliar a educação alimentar e nutricional. A intenção é garantir que indivíduos e comunidades compreendam o processo saúde-doença e tenham ferramentas para adotar práticas alimentares saudáveis, apoiadas em sua autonomia e em um maior acesso a opções nutricionalmente adequadas(BRASIL, 2022).
De acordo com Brasil (2022), para fortalecer essas ações, as equipes de saúde devem atuar de forma integrada com diferentes setores sociais, extrapolando os limites das unidades de saúde. É fundamental promover iniciativas em escolas, creches, cozinhas comunitárias e hospitais, além de articular-se com redes de segurança alimentar, como bancos de alimentos e restaurantes populares. Medidas como incentivar a agricultura familiar e comunitária, garantir suporte técnico para boas práticas na manipulação de alimentos e propor políticas públicas que viabilizem a criação de ambientes saudáveis são essenciais, especialmente em regiões mais vulneráveis, contribuindo para a equidade na promoção da saúde.
CONCLUSÃO
A obesidade é um problema de saúde pública que exige ações integradas e estratégias abrangentes para sua prevenção e manejo. Sua complexidade, associada a fatores biológicos, sociais e ambientais, reflete-se no aumento significativo de comorbidades graves, como doenças cardiovasculares e diabetes. Nesse contexto, a atenção primária à saúde desempenha um papel crucial, sendo fundamental fortalecer as ações de prevenção, diagnóstico precoce e cuidado contínuo, além de combater o estigma e promover uma abordagem centrada no usuário.
A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) apresenta diretrizes essenciais para enfrentar os desafios impostos pela obesidade, priorizando a promoção de uma alimentação adequada e saudável e a valorização de práticas corporais. Por meio de ações intersetoriais e participativas, que incluem a articulação com redes de segurança alimentar e a criação de ambientes saudáveis, a PNPS contribui para ampliar o acesso à saúde e reduzir as desigualdades. Essas iniciativas reforçam a importância de políticas públicas estruturadas e sustentáveis para enfrentar a obesidade e seus impactos na saúde coletiva e individual.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Manual de atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 55 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_pessoas_sobrepeso_obesidade.pdf. Acesso em: 11 out. 2024. ISBN 978-65-5993-282-5.
DANIELS, S. R.; HASSINK, S. G.; COMITÊ DE NUTRIÇÃO. O papel do pediatra na prevenção primária da obesidade. Pediatria, v. 136, p. e275-e292, 2015.
DE ONIS, M.; BLOSSNER, M.; BORGHI, E. Prevalência global e tendências de sobrepeso e obesidade entre crianças pré-escolares. American Journal of Clinical Nutrition, v. 92, p. 1257-1264, 2010.
INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION. Findingsfrom the Global Burden of Disease Study 2017. Seattle, WA: IHME, 2018.
LOPES, M. S. et al. Challenges for obesity management in a unified health system: the view of health professionals. Family Practice, [s. l.], v. 38, n. 1, p. 4-10, Feb. 2021. DOI 10.1093/fampra/cmaa117. Disponível em: https://academic.oup.com/fampra/article-abstract/38/1/4/5944228?redirectedFrom=full text. Acesso em: 18 nov. 2024.
RIVERA, J. Á.; DE COSSÍO, T. G.; PEDRAZA, L. S.; ABURTO, T. C.; SÁNCHEZ, T. G.; MARTORELL, R. Sobrepeso e obesidade na infância e adolescência na América Latina: uma revisão sistemática. The Lancet Diabetes & Endocrinology, v. 2, p. 321-332, 2014.
SWINBURN, B. A.; SACKS, G.; HALL, K. D.; MCPHERSON, K.; FINEGOOD, D. T.; MOODIE, M. L.; et al. A pandemia global da obesidade: moldada por fatores globais e ambientes locais. The Lancet, v. 378, p. 804-814, 2011.
1 Acadêmico de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0000-0001-9176-6797
2 Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU
UFMA. https://orcid.org/0009-0009-2602-424X
3 Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UFMA
https://orcid.org/0009-0005-1529-013X
4 Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8905-486x
5 Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0002-2448-1382
6 Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0008-7518-9537
7Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UFMA
https://orcid.org/0000-0002-4166-567X
8 Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UFMA
https://orcid.org/0009-0007-0966-9332
9 Enfermeira, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0002-7131-9097
10 Enfermeiro, EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares/HU UNIVASF
https://orcid.org/0009-0001-6870-6574