REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7405395
Dr. Adriano Jose Sorbile de Souza
Daniel dos Santos
Jean Carlos e Silva Limongi
Me. José Rodolfo Ribeiro Tavares
Dr. Jose Wilson de Jesus Silva
Paulo Roberto Boldarini Regini
Me. Rodolfo Neves Rosa
Resumo
Neste artigo, apresentamos um estudo realizado a partir do desenvolvimento de uma jóia no âmbito do Centro Universitário Teresa D’Ávila, mais especificamente na disciplina Práticas de Projetos em Design, cujo objetivo foi detectar um produto inovador do setor capaz de gerar um protótipo. Para tanto, estruturamos uma metodologia ancorada nos pilares do Design Thinking, a qual se caracterizou pela consideração estratégica de três características específicas do Vale do Paraíba, quais sejam: (i) Relevo, (ii) Águas e (iii) Religião. Na primeira fase, foi realizada uma imersão no assunto por meio de pesquisa de literatura e, também, por meio de uma visita ao Departamento de Joias da UNIFATEA, com o intuito de uma reflexão sobre as necessidades prementes da região. Frente às informações obtidas, foi formado um grupo multidisciplinar em que foram discutidas alternativas de hipóteses, logrando à expressão gráfica, por meio de desenhos, que pudessem representar o Vale do Paraíba. Após estudos, foi evidenciada a melhor ideia para prototipação da ligação das montanhas ao mar e a Nossa Senhora Aparecida. A partir disso, os resultados obtidos foram a criação da matriz para produção do Molde do Protótipo. Desta forma, concluímos que a jóia em formato de broche, com projeções voltadas às montanhas, águas e religiosidade, contribuiu de forma inovadora viabilizando um novo produto para o laboratório de jóias do Centro Universitário Teresa D’Ávila.
Palavras-chave: Vale do Paraíba, Design, jóia, prototipagem.
Abstract
In this article, we present a study carried out from the development of a jewel within the scope of the Teresa D’Ávila University Center, more specifically in the Project Practices in Design discipline, whose objective was to detect an innovative product of the sector capable of generating a prototype. For that, we structured a methodology anchored in the pillars of Design Thinking, which was characterized by the strategic consideration of three specific characteristics of the Vale do Paraíba, namely: (i) Relief, (ii) Waters and (iii) Religion. In the first phase, an immersion in the subject was carried out through literature research and, also, through a visit to the Jewelry Department of UNIFATEA, with the aim of reflecting on the pressing needs of the region. In view of the information obtained, a multidisciplinary group was formed in which alternative hypotheses were discussed, achieving graphic expression, through drawings, that could represent the Paraíba Valley. After studies, the best idea for prototyping the connection between the mountains and the sea and Nossa Senhora Aparecida was highlighted. From this, the results obtained were the creation of the matrix for the production of the Prototype Mold. In this way, we concluded that the jewel in the shape of a brooch, with projections turned to the mountains, waters and religiosity, contributed in an innovative way, making possible a new product for the jewelry laboratory of the Centro Universitário Teresa D’Ávila.
Keywords: paraíba valley, Design, jewelry, prototyping.
Introdução
De acordo com a demanda de trabalho gerada pela disciplina Práticas de Projetos em Design do Mestrado em Design, Tecnologia e Inovação do Centro Universitário Teresa D’Ávila (UNIFATEA), houve a necessidade de criar um projeto de jóia com o potencial para representar as características do Vale do Paraíba, localizado ao leste do estado de São Paulo, na divisa com os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Tal necessidade se deu em vista de apresentar uma temática regional que pudesse ser trabalhada com a proposta da referida disciplina.
O grupo de alunos, os mesmos proponentes deste artigo, constatou que, dentre todas as peças apresentadas no laboratório de design de jóias da UNIFATEA, não havia nenhuma presente naquele momento em formato de broche. Logo, houve a necessidade de criar um acessório ainda não produzido pelas turmas da instituição, tendo em vista que o broche nos chamou atenção como uma possibilidade de representação.
O broche é um acessório (ou jóia) decorativo projetado para ser preso ao vestuário, e o grupo teve como tarefa, o desenvolvimento de um projeto até a concepção do protótipo. Decidimos que a temática essencial para a peça deveria ser a de cunho religioso, devido a nossa inserção em uma região onde grande parte do turismo é voltado para parte religiosa, conforme mostraremos à frente.
O Vale do Paraíba é composto por 39 cidades. De acordo com o último censo do IBGE, estima-se 2,6 milhões de habitantes, sendo a cidade mais populosa São José dos Campos com 737 mil habitantes e em seguida, Taubaté com 320 mil habitantes.
De maneira geral, podemos considerar o Vale do Paraíba como “uma escultura a céu aberto”, dado se tratar de uma região movida por uma atmosfera transformadora rica em água, flora e fauna, a qual se liga a pequenos vilarejos, apresentando também grandes centros urbanos e uma religiosidade representativa e bastante impactante tanto no âmbito regional, como também no nacional.
Por isso, Rodrigues e Rodrigues (2010) afirmam que o Vale do Paraíba sempre esteve nas principais rotas de viajantes no Brasil. Além disso, as belezas naturais compostas por paisagens e áreas planas ao longo do Rio Paraíba do Sul, margeado de um lado pela Serra da Mantiqueira e por outro pela Serra do Mar, com trechos de matas nativas e cachoeiras, juntam-se ao turismo religioso concentrado principalmente na cidade de Aparecida do Norte, na Cachoeira Paulista e no mais recente Guaratinguetá com a canonização do Frei Galvão.
Ainda, Mello (2011) ressalta que a região localiza-se no eixo entre as cidades de São Paulo, Rio Janeiro e Minas Gerais, compreendendo as terras que se formam ao longo da calha do rio Paraíba do Sul e as encostas da serra do mar e da mantiqueira, conforme indicamos na Figura 1.
Figura 1 – Mapa do Vale do Paraíba
Fonte: Nascimento (2009)
De acordo com a matéria publicada no “Santuário de Aparecida “(…) O vale do paraíba tem destaque no turismo religioso mundial recebendo mais de 12 milhões de turistas e peregrinos todos os anos”. Pensando neste dado, o protótipo do broche foi desenvolvido para atender a este público, sendo um souvenir que pode ser adquirido para lembranças além da aquisição pelos próprios moradores do local.
A expansão dessas terras não remete apenas a um elo estrutural geográfico, mas sim a um legado histórico-cultural que hoje faz parte do cotidiano das pessoas. Todo este legado está ligado às raízes das comunidades do Vale do Paraíba, alguns com envolvimento na arte da culinária, outros com envolvimento na Arte e Arquitetura, e todos, de alguma forma, unidos com a cultura regional somados à produção de Cerâmicas, Bonecos Gigantes, Catira, Cavalarias, Cosme e Damião, Folias de Reis entre outras.
A história do Vale do Paraíba sempre esteve também ligada ao ciclo econômico do país com seus produtos (café, ouro, leite, entre outros) e com as indústrias. Um item importante para se apontar é a sua localização, que é de grande acesso às regiões brasileiras, por isso é forte a sua distribuição econômica.
Todo este embasamento acerca do Vale do Paraíba levantado pelo grupo como estudo principal, destacando as características da região, se deu em vista das demandas emergentes na disciplina de Práticas de Projetos em Design, ofertada no âmbito do PPG Design, Tecnologia e Inovação do Centro Universitário Teresa D’Ávila (UNIFATEA) no primeiro semestre de 2022, e ministrada de forma híbrida. O mestrado em Design, Tecnologia e Inovação é um curso com proposta multidisciplinar e está associado ao desenvolvimento da prática projetual do designer, a qual passa por várias etapas até sua materialização e disponibilização no mercado.
O objetivo central deste estudo foi a criação de um protótipo de jóia, que venha a representar as riquezas que o vale do Paraíba oferece, sendo o nosso tema para o desenvolvimento: Religião, Relevo e as Águas que cortam o rio Paraíba.
Religiosidade e turismo no Vale do Paraíba
Neto (2004) diz que a religiosidade popular, diferentemente da essência do catolicismo oficial, manifesta-se por meio daquilo que podemos denominar de materializações. Em outras palavras, não basta ser apenas devoto; é preciso mostrar-se devoto por meio de imagens, velas, terços, entre outros, os quais compõem o aparato visível da religiosidade popular.
A religiosidade no Vale do Paraíba é uma representação impactante nas vidas das pessoas, tanto na condição visual como também por um cronograma de calendário, marcado por grandes eventos religiosos como a festa litúrgica de Nossa Senhora Aparecida que é celebrada em 12 de outubro, feriado nacional no Brasil desde 1980, além de outras comemorações que são realizadas no decorrer do ano.
Estes eventos desempenham um papel muito importante não só para as ações espirituais, como também para a promoção de renda para várias famílias e para o comércio local. O Guia turístico do Vale Paraíba (2022) ressalta que a região recebe, todos os anos, mais de 15 milhões de pessoas. Todos os dias, inúmeros fiéis visitam Aparecida, Canas, Cachoeira Paulista, Cunha, Potim, Roseira, Piquete, Guaratinguetá e Lorena. A Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a Canção Nova e os locais dedicados a Frei Galvão, o primeiro Santo Brasileiro, são destaques do circuito turístico-religioso. Toda essa motivação mobiliza as estimativas de cerca de R$ 15 bilhões por ano no país, dados fornecidos pelo próprio Ministério do Turismo (BRASIL, 2015).
Mas o turismo no Vale do Paraíba não pode ser entendido como um movimento apenas religioso, já que esta região tem outras particularidades que fortalecem o deslocamento das pessoas atreladas às experiências de reflexão, lazer e entretenimento, estando elas ligadas a uma beleza única e direcional com a natureza da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar.
A Serra da Mantiqueira, após a transposição da Serra do Mar, avistada a partir do vale do rio Paraíba do Sul, chamou a atenção dos primeiros cronistas e naturalistas viajantes que percorreram as terras altas do Brasil Sudeste e imediações (NETO, 2017).
Portanto, neste sentido, o turismo se faz presente em todos os dias do ano. A região é um fenômeno comparado com outras cidades turísticas. Sua localidade é de fácil acesso refletindo, assim, uma experiência única para quem a visita e um impacto grande para a conjuntura econômica-financeira da região.
Revisão de Literatura
A região do Vale do Paraíba está localizada no extremo leste do Estado de São Paulo. Abrange partes do Planalto Atlântico e da Província Costeira (ALMEIDA, 1964 apud DURÃES, 2018), fazendo parte as serras do Mar e da Mantiqueira e a Bacia Sedimentar de Taubaté, inseridas na Região de Dobramentos do Sudeste (SCHOBBENHAUS, 1984 apud DURÃES, 2018).
A região do Vale do Paraíba, pela extensão e por suas especificidades topográficas, agrega na sua diversidade paisagens montanhosas e florestadas. Devide (2013) ressalta que a topografia da região é constituída de uma sucessão de encostas arredondadas, domínio dos mares e de morros, com características geométricas individuais. Durães (2018) ainda acrescenta que a região apresenta outras características singulares do ponto de vista do meio físico, marcadas por um relevo acidentado, denominado Mares de Morros, com características climáticas, florísticas, pedológicas e hidrográficas específicas.
Avellar (2015) comenta que, em termos de Hidrografia, o Rio Paraíba do Sul que nasce com o nome de Paraitinga (“Águas Claras”) em Areias (SP), passa a se chamar Paraíba do Sul após a confluência com o rio Paraibuna (“Águas Escuras”), que nasce também na Serra da Bocaina, em Cunha (SP). A confluência dos dois rios formadores ocorre próximo do município paulista de Paraibuna (AGEVAP, 2011 apud AVELLAR, 2015 ). A nascente do Rio Paraitinga, por ser a mais distante da foz, é considerada tecnicamente como a nascente oficial do Rio Paraíba do Sul (PATRIANI; CUNHA, 2010 apud AVELLAR, 2015).
Diegues (2007) assinala que devido ao conjunto natural que existe no local e às espécies exuberantes não apenas o público turístico é atraído, como também cientistas do mundo inteiro interessados em estudar a flora do local. Essas características fizeram com que a UNESCO concedesse o título de Patrimônio Natural e Mundial dos Seres Humanos ao Vale do Ribeira, no ano de 1999. De acordo com especialistas de renome internacional, o conjunto de ecossistemas está entre os líderes do mundo em termos de biodiversidade.
Por isso, Rodrigues e Rodrigues (2010) alegam em seu texto o potencial de crescimento da região do Vale do Paraíba e sua visitação, sendo ela destacada tanto para o turismo ecológico, quanto para o religioso. Afirmam ainda que o turismo tem um papel muito importante na transformação dessas destinações destes espaços de consumo especializados.
Garcia (2003 apud FARIA) afirma que a modernização das cidades do Vale do Paraíba não representou a morte das tradições, que convivem com a modernidade presente na música, na linguagem, nos costumes, nas escolas, no fazer político e nos meios de comunicação. O autor sustenta sua afirmativa com a menção: (a) aos casarões urbanos, que são ocupados; , (b) às fazendas antigas, que têm se transformado em hotéis; (c) à moda de viola, que pode ser apreciada em vários lugares e ocasiões; e (d) aos carros de bois, que ainda circulam. Essas são características que indicam que o Vale é diferente da metrópole, tornando-se por isso uma região alternativa.
O turismo reúne também tradições que trazem para alguns municípios festividade e devoções que são marcadas pela fé e peregrinações. A cidade de Nossa Senhora de Aparecida recebe um número considerável de pessoas anualmente em virtude da esperança, proteção e gratidão pela graça atendida.
Alvarez (2017) afirma que o turismo religioso se intensifica quando se aproxima as datas festivas, principalmente o 12 de outubro, oficialmente dedicado à Aparecida, em que os pedidos e agradecimentos se multiplicam. O autor menciona que, quando a primavera desponta nesse pedaço do Sul da terra, grupos de romeiros entram pelo acostamento da Dutra. Em questão de instantes, eles vão avistar outros romeiros, e a esses vão se juntar outras centenas, que vão entrar na estrada por outra e outra cidade.
Metodologia
Em termos metodológicos, foram estruturadas as seguintes reflexões a partir dos pressupostos do Design Thinking:
Figura 2: Pilares do Design Thinking
Fonte: Aula de Práticas de Projetos em Design (2022)
A partir do diagrama acima, definimos as seguintes etapas representadas:
1º Fase – Empatia: o processo de empatia é uma emoção vicária ou um apelo emocional que visa a entender o outro para exprimir suas emoções (RIBEIRO, 2013).
2º Fase – Ideação:
Fase de Idear, a concepção do design envolve ferramentas próprias, como o brainstorming, para a análise do levantamento realizado na etapa anterior. Esta fase tem como característica o processo cíclico,envolvendo o desenvolvimento de possíveis soluções, com prototipagem, testes, avaliações e análise de viabilidade das propostas consideradas. (GAMARANO e SILVA, 2020, p.20)
3º Fase – Prototipação/Teste: é muito importante o protótipo de baixa fidelidade validando os mesmos junto aos usuários, entendendo suas características e fazendo correções (PALMA, 2022).
Para o traçado desta metodologia, foi utilizado o Design Thinking como ferramenta para estabelecer um laço entre as necessidades humanas e a produção do produto.
Assim, para confecção da Jóia, utilizamos os pilares e o processo do Design Thinking.
A fase de Imersão buscou um entendimento da história e da estrutura geográfica da região do Vale do Paraíba com objetivo de utilizar as informações e transformá-las em algo palpável que pudesse representar os três elementos (relevo, água e religião). A ferramenta indicada para esta imersão foi a revisão de literatura, em que segundo Pizzani et al. (2012) este roteiro proporciona um aprendizado sobre uma determinada área de conhecimento.
A partir destas limitações foi realizada uma outra imersão no Laboratório de Jóias da UNIFATEA, com o intuito de familiarizar-se com as peças existentes e inovar algo dentro do contexto já produzido. De acordo com Macedo et al. (2015 apud OECD, 2004), a inovação pode ser compreendida como a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, um processo, um método de marketing, ou um método organizacional inserido no mercado. Portanto, a imersão ajudou a identificar um produto com o potencial simbólico que poderia representar o adorno da proposta inicial do projeto que representou o Relevo, Águas e Religião, riquezas do Vale do Paraíba.
A fase de ideação foi organizada através da análise e levantamento histórico da região e das informações coletadas no Laboratório de Jóias. Para o desenvolvimento desta etapa foi proposta a formação de um grupo multidisciplinar. Por isso, segundo Abelheira e Mello (2015 p. 36), nesta fase “duas cabeças pensam melhor que uma”, ou seja, quanto mais o grupo for multidisciplinar, mais rico será o resultado.
A técnica proposta para construção das ideias foi através da apresentação de desenhos, por meio da qual cada integrante esboçou através do seu olhar uma identidade simbólica do adorno da jóia. Na perspectiva de Derdyk (2020), o desenho proporciona conexões íntimas e velozes entre pensar e fazer, perceber e observar. Desta forma, a ideia escolhida para desenvolver o protótipo, teve como finalidade um produto simbólico que representasse os critérios norteadores do projeto.
A fase de Prototipação teve como objetivo desenvolver a ideia de maneira física para validação. Nesta etapa, segundo Mello e Abelheira (2015), o objetivo é experimentar e reduzir riscos, de modo que os protótipos devem ser simples e podem ser feitos com papel, diagramas, bonecos de brinquedos, cartazes ou até mesmo massa de modelar. Servem para entender como a solução poderá se materializar e qual jornada desejamos criar para esse novo produto ou serviço.
A confecção da peça foi realizada de forma manualmente com mini retifica, limas de ourives e lixas de diversos grãos e o material proposto para modelagem do protótipo foi chapa de poliestireno rígido com espessura variadas de 5mm, 2,5mm e 1mm, estilete, compasso na medida de 3 cm de diâmetro, massa de modelagem (Clay) e borracha de silicone.
Resultados
Resultados e Análises de Imersão
Em vista do levantamento realizado na revisão de literatura, na fase de Imersão, foram observados elementos agregados com a história que pudessem impulsionar ideias para uma possível Prototipação.
Inicialmente, foram observadas as seguintes características da Região: Beleza Natural (a região é composta por conjunto de terras que a cercam, que, juntas, compõem paisagens e áreas planas sendo todas elas envolvidas por duas Serras tanto da Mantiqueira e da Serra do Mar e cortada pelo Rio Paraíba do Sul com atrativos naturais de Matas Nativa, Cachoeiras e Riachos.
O segundo levantamento foi realizado em visita ao Laboratório de Jóias da UNIFATEA, onde o intuito era conhecer as peças existentes e propor/modernizar algo novo. Após uma breve apresentação das jóias produzidas, constatou-se que o acessório broche nunca tinha sido produzido naquele laboratório.
A partir deste panorama de informações foi criado um grupo multidisciplinar com integrantes da Aula de Práticas de Projetos em Design com objetivo de participar das seguintes etapas:
1. Iniciamos com o processo desenhando uma montanha, como demonstrado na Imagem 1;
2. Pensamos em imagens de religiosidade, montanha e mar como também demonstrado na Imagem 2;
3. Pensamos em trazer a imagem do Vale da Paraíba junto com a cruz que mostra a religiosidade do local , como segue na imagem 3;
4. Pensamos em unir montanha, mar e a cruz, como segue abaixo.
Imagem 1: Ideia Inicial
Fonte: Autoria Própria (2022)
Imagem 2: Segunda Etapa
Fonte: Autoria Própria (2022)
Imagem 3: Terceira Etapa
Fonte: Autoria Própria (2022)
Imagem 4: Quarta Etapa
Fonte: Autoria Própria (2022)
Após diversas reuniões para alinhamento, chegamos ao protótipo final (Imagem 5), que mostra parte das nossas montanhas interligadas ao mar e a Nossa Senhora Aparecida que representa a religiosidade do Vale do Paraíba.
Imagem 5: Protótipo Final
Fonte: Autoria Própria (2022)
Como dito anteriormente em nossa metodologia, para a criação da matriz foi utilizada chapa de poliestireno rígido de espessuras variadas de 5mm, 2,5mm e 1mm na cor branca. A confecção da matriz foi feita manualmente de forma artesanal com mini retifica, limas de ourives e lixas de diversos grãos.
O protótipo ideal é resultado de uma boa idealização e projeção do produto, podendo ser construído com duas principais finalidades: uma com foco básico no funcionamento, e a outra com uma configuração mais complexa que, além das funções, busca avaliar um design mais aproximado do resultado final e, por isso, chegamos na imagem 6. Nosso produto final foi elaborado inicialmente através de borracha vermelha para fundição de metais.
Para iniciar, foi recortada a base circular no poliestireno de 5mm utilizando um estilete compacto na medida de 3cm de diâmetro. Em seguida, a base foi cavada nas extremidades para dar acabamento côncavo à peça. Após esta etapa, foi confeccionada a imagem central separadamente e colada no centro da peça. Então foram feitos os entalhes das escritas e a imagem de Nossa Senhora Aparecida à mão livre, representada nas imagens 6 e 7.
Imagens 6 e 7: Relevo, Águas e Religiosidade
Fonte: Autoria Própria (2022)
Após a etapa de criação da matriz, optamos pelo tipo de molde bipartido para que fossem copiados ambos os lados da peça simultaneamente. Iniciamos então o molde utilizando massa de modelagem (clay) para copiar as superfícies da peça e borracha de silicone para alta temperatura.
Para que a peça copiada não tivesse problemas com bolhas foi feito um respiro no molde que eliminava o ar, na medida em que o metal derretido fosse inserido. Para melhor ajuste no encaixe em ambas as partes do molde foram feitas marcações em baixo relevo que serviram de guia para o seu encaixe entre as partes A e B, demonstradas nas imagens 8 e 9.
Imagem 8: Molde
Fonte: Autoria Própria (2022)
Imagem 9: Molde
Fonte: Autoria Própria (2022)
Para finalização do molde foi possível verificar nas imagens 10 e 11 que todas as superfícies e relevos perfeitamente copiados na borracha de silicone e pronto para a fundição.
Imagem 10: Borracha de Silicone
Fonte: Autoria Própria (2022)
Imagem 11: Borracha de Silicone Pronta para Fundição
Fonte: Autoria Própria ( 2022)
Considerações Finais
Sabemos que o Vale do Paraíba é um trecho importante do estado de São Paulo e do Brasil por sua capacidade de produção, já que contribui com R$119 bilhões de reais para o PIB do país, sendo a segunda região mais rica do interior do estado de São Paulo. Mas a beleza desta terra não é só produção, somos fortes também no turismo uma vez que temos em um raio de 200 km as praias mais bonitas do estado, montanhas, grandes monumentos religiosos como o Santuário Nacional de Aparecida, Canção Nova em Cachoeira Paulista, entre outros e muitos turistas na rota da fé.
Após analisar as características da região, passamos a analisar a valorização deste espaço cultural como um único ambiente que traz tanta diversidade, o que resultou no projeto da jóia que representasse esta plenitude. Assim seguimos a metodologia do Design de maneira que coletamos informações, investimos nas fases do design thinking e finalizamos com um protótipo. Sendo assim, chegamos ao resultado esperado a partir dos conteúdos ministrados na disciplina Práticas de Projetos em Design.
Acreditamos que o objetivo do trabalho foi alcançado tendo em vista que o projeto foi criado baseado em seu usuário e reforçando a riqueza da região. Como estudo futuro, podemos pensar na pesquisa de aceitação junto ao consumidor sobre o referido produto.
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