REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7303929
Eduardo de Lima Santos1
Leonardo Guimarães de Andrade2
RESUMO:
Os esteroides anabolizantes androgênicos são substâncias sintéticas produzidas a partir do hormônio masculino, a testosterona. Nas últimas décadas essas drogas vêm sendo utilizadas por frequentadores de academias. Entretanto, o uso indiscriminado tomou uma grande proporção, levando assim a uma preocupação devido aos seus efeitos colaterais, muitas vezes irreversíveis, que podem ocorrer. As informações obtidas nessa pesquisa revelam que nos últimos anos houve um aumento significativo do uso dos esteroides anabolizantes androgênicos por esportistas com intuito de aumentar sua performance física ou apenas por estética, acarretando assim alguns efeitos colaterais.
Palavras-chave: Uso Indiscriminado; Esteroide Androgênicos Anabolizantes; EAA; Anabolizantes em Academia; Prevenção a Saúde; Atenção Farmacêutica.
ABSTRACT:
Anabolic androgenic steroids are synthetic substances produced from the male hormone testosterone. In recent decades these drugs have been used by gym goers. However, indiscriminate use has taken a large proportion, thus leading to a concern due to its side effects, often irreversible, that can occur. The information obtained in this research reveals that in recent years there has been a significant increase in the use of anabolic androgenic steroids by athletes in order to increase their physical performance or just for aesthetics, thus causing some side effects.
Keywords: Indiscriminate Use; Anabolic Androgenic Steroids; EAA; Anabolic steroids in the gym; Health Prevention; Pharmaceutical attention.
1. INTRODUÇÃO:
Os Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA) são moléculas derivadas ou sintéticas análogas do hormônio testosterona. O consumo de EAA produz efeitos Anabólicos com aumento de massa muscular (síntese de tecido magro) e efeitos androgênicos que promovem um incremento das características secundárias masculinas, tais como mudança do timbre de voz e aparecimento de pelos. O uso de anabolizantes se popularizou na sociedade moderna, não apenas para fins terapêuticos, mas também para fins estéticos e esportivos, em que os usuários utilizam essas substâncias de forma indiscriminada buscando atingir o corpo perfeito, conceito que pode variar de acordo com a perspectiva socioantropológica, além de um melhor rendimento atlético (IRIART, 2010).
Na Medicina, o uso terapêutico de EAA pode apresentar comprovados benefícios em pacientes vivendo com HIV, pacientes que apresentam doenças crônico-degenerativas, tais como as sarcopenias, osteoporose, hipotrofia muscular e falências renal ou hepática, pacientes com hipogonadismo e câncer de mama, além do uso para tratar alterações de desenvolvimento das características sexuais secundárias na puberdade e alterações neonatais do aparelho reprodutor. O uso clínico de EAA pode ser também recomendado, por conta de seu efeito anabólico, em pacientes com politraumatismos, queimaduras e na recuperação de pacientes em períodos pós-operatórios (CUNHA et al., 2010).
Contudo, o uso indiscriminado de EAA, atualmente comum entre a população por conta de finalidades estéticas, bem como o uso indiscriminado entre praticantes de esportes de alto rendimento e até mesmo entre praticantes de musculação, ocasiona uma série de graves efeitos colaterais que podem ser reversíveis ou até mesmo irreversíveis. Alguns efeitos são conhecidos, como as cardiomiopatias, infertilidade e hepatotoxicidade, podendo até mesmo ocasionar morte em caso de uso inadequado e em pacientes considerados de risco (HORWITZ, 2019).
O uso de EAA na clínica médica é valioso, entretanto, destaca-se a utilização com prescrição e de maneira racional, e até mesmo neste contexto, esta classe terapêutica é considerada de risco, uma vez que os EAA exógenos são conhecidos agentes disruptores endócrinos (CARREGOSA, 2016).
Embora tais fármacos, sem receita médica, sejam ilegais nos Estados Unidos e em muitos outros países, incluindo o Brasil, estão amplamente disponíveis graças a um vasto mercado negro, no qual até mesmo adolescentes podem comprá-los (IRIART, 2010).
O uso de EAA tornou-se epidêmico, pois ao contrário do que dizem alguns mitos, eles são extremamente eficazes na hipertrofia da musculatura, principalmente em altas doses (CARREGOSA, 2016).
O farmacêutico, enquanto profissional devidamente habilitado em medicamentos, insere-se neste contexto de forma decisiva, assumindo o papel de “educador em saúde”, e esclarecendo aos usuários (ou futuros usuários) sobre os riscos inerentes a tal prática.
2. OBJETIVOS:
2.1 Objetivo Geral:
Discutir sobre o uso indiscriminado de anabolizantes em academias e seus malefícios.
2.2 Objetivos Específicos:
– Exemplificar o que são Esteroides Androgênicos Anabolizantes;
– Mencionar a indicação farmacológica dos EAA;
– Relacionar o uso de EAA no meio desportivo e os mais usados;
– Listar os malefícios que o EAA pode causar no organismo;
– Relatar o papel do farmacêutico no uso racional de EAA.
3. METODOLOGIA:
Este estudo trata-se de uma revisão da literatura, com bases de dados de domínio público, que comparou os diferentes dados sobre o uso indiscriminado dos anabolizantes. O levantamento dos artigos foi feito por meio de busca nas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), MEDLINE, portal de periódicos CAPES. Para seleção desses artigos foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos que continham em seus títulos e/ou resumos a combinação dos seguintes descritores reconhecidos (ou seus equivalentes em inglês): Uso Indiscriminado; Esteroide Androgênicos Anabolizantes; EAA; Anabolizantes em Academia; Prevenção a Saúde; Atenção Farmacêutica. Foram usados como base estudos entre os anos de 2010 e 2022. A formatação teve como base as normas da ABNT.
4. JUSTIFICATIVA:
Justifica-se a escolha do tema, pois o uso de anabolizantes em academia, muita das vezes é feita de forma indiscriminada, sem que os usuários saibam as consequências de altas doses.
5. REVISÃO DA LITERATURA:
5.1 CONCEITO DE SUBSTÂNCIAS ANABOLIZANTES
Para que seja possível compreender os efeitos nocivos do uso indiscriminado dos anabolizantes, primeiro é fundamental conhecer as origens desse componente. Os anabolizantes, como são tradicionalmente chamados os Esteroides Androgênicos Anabolizantes (EAA), são produtos sintéticos, análogos à testosterona. (FREITAS, et al., 2019).
Pode-se dizer que os anabolizantes são uma categoria de droga sintética, que em sua composição corresponde a uma imitação do hormônio testosterona, muito presente nos homens. Conforme descreve Claudiana Charal: “sua estrutura química é similar à dos esteroides, hormônios responsáveis pela harmonia das funções vitais do organismo e, por isso, também, são conhecidos como esteroides anabolizantes.” (CHARAL, 2017, p.4)
Os esteroides anabolizantes são obtidos a partir de processos laboratoriais. De modo que:
O consumo dessas substâncias produz efeitos anabólicos, como o aumento da massa muscular. De modo geral, os efeitos adversos do abuso de anabolizantes são basicamente: efeitos nas características sexuais secundárias e funções hormonais relatadas; efeitos em tecidos somáticos, incluindo trombogênese e produção tumoral; efeitos relacionados à adulteração e administração da droga, incluindo doenças infecciosas, especificamente hepatite B e HIV devido ao compartilhamento de agulhas, além de efeitos no comportamento e saúde mental, incluindo o desenvolvimento de dependência. (NETO, et al., 2018).
A testosterona é produzida naturalmente pelo organismo, tendo por funções primordiais o controle do desenvolvimento normal e traços masculinos. É considerada a principal substância anabólica. (CHARAL, 2017).
De acordo com Rafael Xavier:
Os hormônios esteroides são gerados pelo córtex da supra-renal, pelo ovário e testículo. Os esteroides anabólicos ou esteroides anabólicos androgênicos (EAA) são hormônios sexuais masculino. E incluído os esteroides anabólicos testosterona e os seus derivados, são hormônios sexuais que são promotores das características masculinas. No homem esse hormônio é produzido pelas células leydig que são presentes nos testículos. Na mulher esse hormônio também é sintetizado nos ovários, mas ainda que em menores quantidades. (XAVIER, et al., 2018).
As suas propriedades anabólicas da testosterona também estão relacionadas com a “retenção de nitrogênio, aumento do volume muscular e força, e as propriedades androgênicas responsáveis pelo desenvolvimento das características sexuais masculinas.” Dessa forma, é uma substância que influencia de forma fundamental no desenvolvimento do organismo. (CHARAL, 2017).
5.2. INDICAÇÕES FARMACOTERAPÊUTICAS DOS EAA
A indicação mais clara para a administração de EAA é a deficiência de testosterona em homens, isto é, o tratamento do hipogonadismo masculino (HARDMAN, 2010), sendo usados para substituir ou aumentar a secreção endógena de EAA. Até na presença de deficiência pituitária, os EAA são usados preferencialmente à gonadotropina, exceto quando a espermatogênese encontra-se normal. Em pacientes com hipopituitarismo, os EAA não são adicionados ao regime de tratamento antes da puberdade. O tratamento é instituído com aumentos graduais nas doses para produzir o estirão do crescimento e o desenvolvimento das características sexuais secundárias (KATZUNG, 2010).
Evidências preliminares sugerem que o aumento da concentração sérica de testosterona em homens cujos níveis séricos estão abaixo do normal em virtude da idade aumenta a densidade mineral óssea e a massa magra e reduz a massa adiposa.
No entanto, hoje é inteiramente incerto se esse tratamento agrava a hiperplasia benigna da próstata ou aumenta a incidência de câncer de próstata clinicamente detectável (HARDMAN, 2010).
Os EAA têm aplicação médica em conjunto com medidas dietéticas e exercícios físicos na tentativa de reverter à perda proteica após trauma, cirurgia, ou imobilização prolongada e em pacientes com doenças debilitantes (KATZUNG, 2010).
Alguns tipos de impotência podem ser tratados usando-se os EAA. Estes também estimulam o início da puberdade em rapazes com mais de 15 anos de idade nos quais esse processo ainda não começou (BONETTA, 2010).
Os efeitos sobre o desenvolvimento muscular são explorados para tratar a perda muscular severa. Há vários relatos de pacientes com AIDS que experimentaram aumento no apetite, força e massa muscular, além de uma melhora no senso de bemestar após o uso de EAA. Apesar dos potenciais efeitos colaterais destas substâncias, nestes pacientes seu uso é justificado pela urgente necessidade médica (BONETTA, 2010).
Os EAA são usados ocasionalmente no tratamento de certas desordens ginecológicas, mas eles devem ser usados com precaução devido aos seus efeitos indesejáveis nas mulheres. Eventualmente, são administrados em combinação com estrógenos na terapia de reposição no período pós-menopausa na tentativa de eliminar o sangramento endometrial que pode ocorrer quando apenas estrógenos são usados para realçar a libido (KATZUNG, 2010).
O tratamento crônico com EAA de pacientes com edema angioneurótico previne os episódios com eficácia. Os EAA já foram utilizados na tentativa de estimular a eritropoiese em pacientes com anemia de várias etiologias, mas a disponibilidade da eritropoietina suplantou sua utilização (HARDMAN, 2010).
5.3. EAA NO MEIO DESPORTIVO
Os EAA são amplamente utilizados no meio desportivo com o objetivo de melhorar o desempenho atlético. Assim como os endógenos, também possuem tanto atividade anabólica como androgênica. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2012).
De acordo com Grecco e Morgan (2010), o hormônio de maior interesse para o fisicultor é a testosterona, devido suas duas funções básicas androgênicas e anabólicas. Como os esteróides são compostos sintéticos de derivação anabólica que imitam os efeitos da testosterona o fisicultor utiliza os EA em ciclos, devendo ingerir também vitaminas e minerais, pois os mesmos estão em sinergismo com os EA.
Segundo Ferreira, et al., (2010), os atletas obedecem três metodologias: a primeira é chamada de “ciclo”, onde se refere ao período de utilização de tempos em tempos, variando de quatro a dezoito semanas; a segunda conhecida como
“pirâmide”, se inicia com pequenas doses, elevando progressivamente até seu ápice, depois de atingir dose máxima, ocorre a redução regressiva até o final do período; e a terceira denominada “stacking”, refere-se ao uso alternado de diversos esteróides ao mesmo tempo, conforme sua toxicidade.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) considera três princípios básicos que explica a luta contra dopagem no esporte, sendo elas:
– Proteção à saúde dos atletas;
– Defesa da ética médica e do esporte;
– Chances iguais para todos os competidores. (CASTILHO; NASCIMENTO, 2013; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2015).
FIGURA 1: Ilustração de atleta aplicando anabolizante.
5.4. ANABOLIZANTES MAIS UTILIZADOS
De acordo com o NIDA (National Institute on Drug Abuse, 2011) os esteróides anabólicos androgênicos mais consumidos são:
Anadrol® é uma versão estrangeira da Oximetalona, comercializada no Brasil como nome de Hemogenin®, que se trata de um esteróide oral, indicado em terapias para o tratamento de anemia causada pela produção deficiente de eritrócitos. Sua ação androgênica é semelhante à da testosterona, ou seja, muito alta (SANTOS, 2013).
Deca-durabolin® é indicado em terapias específicas e medidas dietéticas, sendo o favorito por muitos usuários e pesquisas revelam ser o mais disponível no mercado (RIBEIRO, 2010).
A deca-durabolin® se caracteriza como um esteróide anabólico que apresenta efeitos poupadores protéicos e anticatabólicos, além de efeitos favoráveis no metabolismo do cálcio (CEBRID – CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICÓTICAS, 1999).
A droga Durabolin® é quase idêntica a Deca-durabolin®, exceto pela velocidade de absorção. Ela age de maneira rápida no sistema e permanece ativa por menos de uma semana (SANTOS, 2013).
Dianabol® foi desenvolvido em 1956, este foi o primeiro esteróide utilizado por atletas americanos, sendo o mais popular entre os atletas (SILVA, 2012).
Deposteron® é um éster da testosterona, promovendo ganho rápido de força e volume muscular. Aumenta a retenção hídrica, promovendo, portanto, grande elevação na pressão arterial (LAMB, 2013).
Winstrol® é o nome comum para a droga stanozolol, este esteróide exibe baixo efeito colateral, e é indicado na terapia de algumas doenças como anorexia, anemia, convalescença, magreza adversa e etc (LAMB, 2013).
Equipoise® é uma droga de uso exclusivamente veterinário, mas há vários anos tem sido utilizada por fisiculturistas para aumento de força e volume muscular. Possui efeito similar à Deca-durabolin (SANTOS, 2013).
Estudos mostram que os anabolizantes mais utilizados são Deca-durabolin® e Hemogenin®, sendo que a maioria dos usuários tem entre 18 e 26 anos de idade, em geral do sexo masculino, e os instrutores de academias os que mais indicam o uso dos anabolizantes (ARAÚJO et al., 2012).
FIGURA 2: Exemplo de formulações de anabolizantes.
5.5. REAÇÕES ADVERSAS
A utilização abusiva de anabolizantes pode gerar nos usuários reações e alterações deletérias ao organismo, sendo algumas consideradas fatais. As reações potencialmente evidenciadas pelo uso abusivo destas substâncias são o aparecimento de acnes, tremores, dores articulares, retenção de líquido. No sistema endócrino reprodutor masculino, aumento da concentração dos derivados da testosterona sintética acarreta numa redução da testosterona endógena pelo mecanismo de feedback negativo (CRUZ e COLABORADORES, 2014).
Consequentemente, pode haver uma redução da produção de espermatozóides, atrofia dos testículos, dor escrotal, inflamação uretral, câncer de próstata, impotência, ginecomastia, predisposição à diabetes e alterações na tireóide. No sistema cardiovascular pode haver um aumento do colesterol total e LDL, e diminuição do HDL. Essas alterações predispõem a formação de placas de colesterol nas artérias, com possibilidade de complicações como angina, hipertensão, infarto do miocárdio, aumento do tamanho do ventrículo esquerdo e acidente vascular cerebral. Independente da via de administração dos anabolizantes, oral ou intramuscular, o excesso dessas substâncias serão metabolizadas pelo fígado e eliminadas pelos rins. Essa sobrecarga funcional poderá levar a alterações nas enzimas do fígado, icterícia, lesão hepática, tumores e edema generalizado (CRUZ e COLABORADORES, 2014).
Segundo Mcardle et al., (2012), em mulheres pode ocorrer uma masculinização, a ruptura do padrão normal de crescimento, aumento no crescimento de pêlos, principalmente na face, descontrole ou ausência do ciclo menstrual, aparecimento exagerado de acne devido ao aumento das glândulas sebáceas, aumento clitoriano, engrossamento da voz e atrofia de mamas.
De acordo com Ribeiro (2010) alguns casos de óbitos têm sido associados ao uso prolongado ou doses elevadas destas substâncias. As causas dos óbitos foram infartos cardíacos, trombose cerebral, hemorragia hepática, sangramento de varizes do esôfago, miocardiopatia, metástases de tumores da próstata e do fígado, infecções por depressão da imunidade ou contaminação por medicamentos falsificados.
Santos (2013) cita que alterações psicológicas e psiquiátricas também podem ser relacionadas ao uso de Esteróides Anabolizantes. Algumas alterações foram encontradas na literatura dentre elas estão: os distúrbios de humor e agressividade, crises de mania, comportamento anti-social, paranóia, delírios, surtos esquizofrênicos e até mesmo o suicídio. Além disso, o uso prolongado destas substâncias pode preencher alguns critérios de dependência química do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV).
5.6. ATRIBUIÇÃO DO FARMACÊUTICO NO COMBATE AO USO INDISCRIMINADO DE EAA
O farmacêutico é o profissional ideal capaz de prestar uma orientação farmacêutica voltada ao desencorajamento do abuso de tais fármacos, estando ele apto a reconhecer os diversos casos em que há uma tentativa de uso ilícito, ainda que o paciente tenha uma receita médica ao solicitar a sua administração (SOUZA et al., 2013).
Os componentes característicos da prática da atenção farmacêutica, não se resumem apenas na dispensação de medicamentos. Incluem-se também a promoção do uso racional de fármacos, orientações, atendimento farmacêutico, acompanhamento e seguimento farmacoterapêutico e registro sistemático das atividades (IVAMA et al., 2012).
É dever do farmacêutico dar as devidas instruções sobre como e quando tomar esse tipo de medicamentos, a duração do tratamento e o objetivo da medicação devem ser explicados (KATZUNG, 2010).
Sendo assim os farmacêuticos que atuam em drogarias podem exercer grande influência no combate ao uso indevido de EAA, desencorajando seu uso, orientando o usuário dos perigos, e exigindo a receita médica, de acordo com a Portaria SVS/MS nº. 344, de 12 de maio de 1998, que aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial para a sua dispensação (SOUZA et al., 2013).
A Lei nº 9.965, de 27 de abril de 2000 regulamenta a venda de esteroides ou peptídeos anabolizantes e dispõe no artigo 1°: “A dispensação ou a venda de medicamentos do grupo terapêutico dos esteroides ou peptídeos anabolizantes para uso humano estarão restritas à apresentação e retenção, pela farmácia ou drogaria, da cópia carbonada de receita emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais (CARDOSO et al., 2010).
Os farmacêuticos podem também desenvolver e executar programas educativos sobre os EAA em faculdades de educação física e em escolas com jovens que futuramente terão contado em locais onde o abuso de EAA está presente, e principalmente em academias junto aos jovens praticantes de musculação (SOUZA et al., 2013)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O abuso no consumo de anabolizantes está aumentando entre praticantes de musculação, meramente com a intenção de melhorar a aparência. Hoje em dia existe, em todo o mundo, uma preocupação sócio-governamental envolvendo o uso abusivo de esteroides anabolizantes, dentro e fora do cenário esportivo.
Há vários anos, os esteroides anabolizantes são usados por atletas, jovens e adolescentes para a prática desportiva recreativa indiscriminadamente, isso ocorre devido ao comércio livre, através do mercado negro, farmácias de manipulação, farmácias veterinárias, academias, etc. A comunidade científica vem alertando a sociedade quanto ao uso indiscriminado e aos efeitos nocivos do mau uso dessas substâncias.
Embora ainda necessite de mais informações na mídia sobre seus efeitos adversos. A reorientação dos atletas com auxílio de pesquisas diretas de detecção e interação medicamentosa, acompanhada de um farmacêutico em conjunto com o corpo médico de cada clube, provavelmente diminuiria a imagem destorcida que os mesmos possuem sobre os esteroides, além da orientação dos adolescentes, juntamente com pais e educadores para prevenção dos possíveis distúrbios comportamentais e sistêmico dos mesmos, devido ao uso de esteroides de maneira inadequada.
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1Aluno
2Orientador