THE USE OF ELECTRONIC CIGARETTES AND THE EFFECTS ON THE RESPIRATORY SYSTEM IN YOUNG ADULTS – NARRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10215192
Ranielly Aparecida Alves de Almeida1
Elizeu de Araújo Toledo2
Jhennyfer Mirele da Silveira Alves3
Lais Peres Anael4
Rafaela França Silvestre5
Paula Correa Neto Santos6
RESUMO
Introdução: As toxinas liberadas pelo tabaco, são prejudiciais à saúde, incluindo os cigarros eletrônicos que devido aos compostos químicos vaporizados, apresentando psicoativos da cannabis, carcinógenos, produtos genotóxicos e citotóxicos. O tabagismo entre jovens adultos de 15 a 24 anos tem sido evidenciado pelo alto consumo de cigarros eletrônicos, o qual sua utilização pode afetar diretamente os alvéolos pulmonares, provocando o aumento da resistência das vias aéreas e obstrução periférica, infecções e inflamações no sistema respiratório, visto que, o seu mecanismo de defesa é vulnerável. Objetivo: Evidenciar os efeitos dos cigarros eletrônicos no sistema respiratório de jovens adultos. Metodologia: Refere-se à uma revisão de literatura narrativa a fim de abordar estudos referentes aos efeitos dos cigarros eletrônicos no sistema respiratório, incluindo 36 publicações em inglês e português, entre 2017 e 2022. Considerações finais: Os efeitos maléficos dos cigarros eletrônicos ao sistema respiratório são notados por fatores como surgimento de patologias, disfunções pulmonares, neoplasias. Diante da problemática, as campanhas de saúde pública são fortemente adotadas com intuito de reduzir o uso do tabaco amenizando o desenvolvimento de problemas respiratórios e vícios entre a população jovem adulta tabagista, e ainda sim, são insuficientes.
Palavras-chave: Tabagismo; Cigarros Eletrônicos; Efeitos; Sistema Respiratório.
SUMMARY:
Introduction: The toxins released by tobacco are harmful to health, including electronic cigarettes, which, due to vaporized chemical compounds, contain psychoactive cannabis, carcinogens, genotoxic and cytotoxic products. Smoking among young adults aged 15 to 24 years has been evidenced by the high consumption of electronic cigarettes, whose use can directly affect the pulmonary alveoli, causing increased airway resistance and peripheral obstruction, infections, and inflammation in the respiratory system, since its defense mechanism is vulnerable. Objective: Evidencing the effects of electronic cigarettes on the respiratory system of young adults. Methodology: Refers to a narrative literature review to address studies regarding the effects of electronic cigarettes on the respiratory system, including 36 publications in English and Portuguese, between 2017 and 2022. Final considerations: The harmful effects of electronic cigarettes on the system respiratory problems are noticed by factors such as the appearance of pathologies, pulmonary dysfunctions, neoplasms. Faced with this problem, public health campaigns are strongly adopted with the aim of reducing tobacco use by easing the development of respiratory problems and addictions among the young adult smoker population, and even so, they are insufficient.
Keywords: Smoking; Electronic Cigarettes; Effects; Respiratory System.
1. INTRODUÇÃO
O tabagismo é uma preocupação mundial, sendo um empecilho para a saúde pública, as políticas de campanhas são fortemente aplicadas mostrando seus fatores de risco e suas consequências, com intuito de reduzir o uso de derivados do tabaco ou até mesmo cessar o seu uso, porém, não são suficientes para combater o vício (LIMA et al., 2021).
A prevalência do tabagismo tem se mostrado preocupante entre jovens, estima-se que 84% dos fumantes iniciaram o vício nessa faixa etária, considerando 20,1% prevalente no sexo masculino e 4,95% no sexo feminino. Evidentemente, os cigarros eletrônicos (CEs) ou dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), estão influenciando cada vez mais a população a se tornarem tabagistas (ALZAHRANI et al., 2018).
Os sistemas eletrônicos de entrega de nicotina (ENDS), denominação também usada para os CE’s, são apresentados como mais higiênicos, porém, é excessiva a quantidade de toxinas liberadas após sua vaporização, sendo variável, já que sua composição não é pré-determinada e fiscalizada, variando de acordo com os modelos e marcas (CIENTÍFICO et al., 2018).
Na utilização dos CEs, a elevação da temperatura provoca a vaporização dos líquidos, desenvolvendo modificações físicas, formando substâncias tóxicas, causadoras de efeitos adversos a saúde. A utilização destes dispositivos equivale a um cartucho que pode gerar de 10-250 jatos, correspondendo a 5-30 cigarros convencionais (DARVILLE; HAHN, 2019).
Nos Estados Unidos em 2019, surgiu a denominação de uma patologia pulmonar relacionada ao uso do cigarro eletrônico, nomeada como E-cigarette or Vaping Associated Lung Injuries/Illnessess (EVALI). Possui como principais sintomas tosse, falta de ar e dor no peito, e sintomas comuns como vômitos, diarreia, febre, calafrios e perda de peso. Além disso, pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e insuficiência respiratória (SANTOS et al., 2021).
O vício pelo cigarro tradicional e consequentemente o eletrônico, é responsável por provocar neoplasias malignas na cavidade oral, faringe, esôfago, estômago e pulmões devido as substâncias tóxicas liberadas por eles (LIMA et al., 2021).
É fundamental que os jovens adultos sejam orientados sobre os malefícios que os cigarros eletrônicos promovem ao sistema respiratório e também aos outros órgãos vitais, pois representam um risco potencial a essa população, que nitidamente não conhecem seus efeitos colaterais, as substâncias de sua composição e todas as alterações sistêmicas geradas por DEF’s (BALS et al., 2019).
Diante disso, o presente estudo tem como objetivo evidenciar os efeitos dos cigarros eletrônicos no sistema respiratório de jovens adultos.
2. METODOLOGIA
Refere-se a uma revisão de literatura narrativa a fim de abordar estudos referentes aos efeitos do cigarro eletrônico no sistema respiratório em jovens adultos. A pesquisa foi realizada nos bancos de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), United States National Libary of Medicine (PubMed), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline) Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Brazil Scientific Electronic Library Online (Scielo).
Foram utilizados os descritores: “Tabagismo’’ (Smoking) and “Cigarros Eletrônicos” (Electronic Cigarettes) and “Efeitos” (Effects) and “Sistema Respiratório” (Respiratory System).
Como critérios de inclusão, foram selecionados artigos publicados entre 2017 e 2022, escritos nos idiomas inglês e português e que abordassem a mesma temática. Os critérios de exclusão utilizados foram em relação ao ano de publicação, sendo excluídas publicações de anos anteriores a 2017, desconsiderado as publicações com contextos divergentes ao tema e em outros idiomas.
O fluxograma abaixo compreende o procedimento da busca de dados e seleção dos artigos (Figura 1).
Figura 1: Fluxograma de busca de dados e seleção dos artigos
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 O Sistema Respiratório
O aparelho respiratório possui duas divisões sendo elas: porção condutora e porção respiratória. As vias aéreas superiores (porção condutora), são constituídos por órgãos que se situam externamente à caixa torácica, ou seja, nariz externo, cavidade nasal, faringe e laringe (Figura 2). Já as vias aéreas inferiores, (porção respiratória), estão localizadas internamente à caixa torácica, sendo ela, formada por traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos pulmonares e pulmões (Figura 3) (PISCIOTTA et al., 2018).
Figura 2. Vias aéreas superiores
Figura 3. Vias aéreas inferiores
Também pertencentes ao sistema, os músculos respiratórios principais (músculo diafragma e músculos intercostais) e acessórios (músculos abdominais, músculo serrátil anterior, músculos escalenos, músculo esternocleidomastoide) são fundamentais para o funcionamento completo do sistema respiratório (Figura 4) (HALL; HALL, 2017).
Figura 4. Músculos respiratórios principais e acessórios.
Os órgãos tubulares, nariz, faringe e laringe tem a função de levar o ar inspirado até a porção respiratória, responsável por captar e filtrar o ar, sendo assim, os alvéolos pulmonares os quais são revestidos interiormente por uma camada de líquido mucoide, realiza a troca gasosa, onde, na expiração elimina dióxido de carbono (CO2) (TEIXEIRA, 2021).
É o sistema respiratório que promove a hematose, ou seja, absorção de oxigênio e sua distribuição para todos os outros sistemas, e remoção do gás carbônico, além de barreira protetiva para patógenos, a fim de manter o equilíbrio fisiológico. Qualquer disfunção que o afete, consequentemente afetará a homeostase do corpo humano (HALL; HALL, 2017).
Enquanto ocorre a respiração, o organismo humano é susceptível a entrada de patógenos e partículas com potencial nocivo. O sistema mucociliar é o grande responsável pelo mecanismo de defesa respiratório, composto por células ciliadas, células secretoras e um epitélio pseudoestratificado, que transportam partículas inaladas para fora do sistema respiratório (FIGUEIREDO, 2019).
Um dos principais fatores, apontado para o desenvolvimento de doenças respiratórias, é especificamente o tabagismo, o qual afeta o mecanismo de defesa do sistema respiratório, prejudicando a função pulmonar através de outros mecanismos (UZELOTO et al., 2017).
3.2 Tabagismo e o Cigarro Eletrônico
O tabaco teve origem nos andes bolivianos, cultivado por indígenas para fins religiosos e medicinais. Em 1492, chegou até o Brasil através das migrações indígenas, no século XVII passou a ser considerado o principal produto de exportação portuguesa, sendo impulsionado após a Proclamação da Independência do Brasil em 1822. Em 1903, surgiu no Brasil a primeira máquina de fabricação de cigarros enrolados em papel pelo português Albino Souza Cruz (HAJEK et al., 2019).
É considerada a causa mais prevalente de óbitos no mundo, sendo responsável por estresse oxidativo, contribuindo para doenças com alterações do sistema respiratório e câncer. O tabaco gera aproximadamente a morte de 8 milhões de indivíduos por ano, destes, 80% são em países subdesenvolvidos. No Brasil, está entre os três primeiros fatores de ricos, sendo 161.853 mortes ao ano, em média 443 mortes no dia (WHO, 2022; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
O câncer de pulmão, tem como principais fatores de risco o tabagismo ativo e passivo. Em 2021, surgiram cerca de 17.760 casos novos de câncer pulmonar em homens e 12.440 em mulheres. Em comparação aos não fumantes, é estimado um risco 23 vezes maior de desenvolver câncer de pulmão para homens fumantes, e 13 vezes mais em mulheres (INCA, 2022).
A fumaça do cigarro é composta por mais de 4,7 mil compostos químicos, dentre eles o monóxido de carbono, formaldeído, amônia, acetaldeído, o alcatrão que é constituído por compostos cancerígenos e a nicotina que rapidamente é absorvida, produzindo efeitos fisiológicos e comportamentais o que promove uma sensação de prazer e de calma. (ARRUDA.; MENDONÇA, 2019).
O vício gerado pelo uso do tabaco caracteriza-se por dependência física e psicossociais que evidenciam padrões de comportamento dos usuários. Não se trata apenas de fumar cigarros, mas sim da inalação, aspiração e mastigação de qualquer fonte de tabaco, como cigarro, charuto, cachimbo, narguilé, cigarro de palha, eletrônico, rapé e fumo, todos nocivos à saúde e viciantes (CARDOSO et al., 2021).
Na tentativa de trazer ao público, cigarros rotulados com menores índices maléficos, surgiram no cenário mundial, os dispositivos eletrônicos de fumaça (DEF’s), além disso, o objetivo era apontá-los como uma alternativa a saída do consumo de cigarros convencionais (CC) (KALININSKIY et al., 2019).
Em 2020, observou-se que o consumo de cigarros eletrônicos em jovens adultos aumentou em quase três vezes o risco de que as pessoas queiram experimentar o cigarro convencional pela primeira vez, e em mais de quatro vezes a indução do vício ao tabagismo (BARUFALDI et al., 2021).
O primeiro cigarro eletrônico, conhecido como “smokeless non-tabacco cigarette”, foi desenvolvido e patenteado por Herbert A. Gilbert, na Pensilvânia (EUA), em 1963, porém, não chegou à comercialização pela ausência tecnológica naquela década. Somente em 2003, o chinês Hon Lik, desenvolveu um novo produto, e dez anos depois, teve patente vendida para a Imperial Tobacco Group (SANTOS et al., 2021).
Em 2007 o mercado internacional introduziu dispositivos similares aos cigarros tradicionais, porém eram eletrônicos que se assemelhavam a canetas ou pendrives. No meio social, o cigarro deixou de lado a faixa etária adulto/idosos e passou ganhar espaço na vida de jovens adultos (15 a 24 anos). Em comparativo, o quantitativo de usuários eletrônicos em 2011 era de 7 milhões de usuários, o qual passou em 2018 para 41 milhões de jovens adultos (STRUIK; YANG, 2021).
Conhecidos popularmente, os cigarros eletrônicos (CE) ou e‑cigarrettes, dispositivos eletrônicos para fumar (DEF’s), e-cigarro ou vaporizador (vape, vapers, vaping) são constituídos de uma bateria de lítio, um sensor, um microprocessador, refil ou cartucho, uma solução líquida (também chamadas de e-líquidos), um atomizador responsável por aquecer e vaporizar esta solução líquida e um bocal para inalação (Figura 5) (ALMEIDA et al., 2020).
Figura 5. Componentes que constituem um dos modelos dos CE’s
Notavelmente, suas características variam de acordo com modelo, a geração, tipo de equipamento, sua construção, tipo de bateria e observações gerais (Quadro 1) (SILVA; MOREIRA, 2019).
Quadro 1. Características dos CE’s
No e-líquidos, as essências do CE, ou juice, são encontrados umectantes e aromatizantes, com ou sem nicotina, combinação de propilenoglicol ou bases de glicerina, e/ou outras substâncias psicoativas, como derivados de cannabis. Quando vaporizado pelo atomizador, o aerossol promove a sensação semelhante ao fumo do tabaco (BECKER et al., 2021).
O “vaping” provoca uma falsa sensação de vapor de água na fumaça exalada, porém, os produtos químicos contidos nos líquidos dos cigarros eletrônicos são inalados juntamente ao aerossol. As substâncias ao serem vaporizadas, são armazenadas em um reservatório, além do elemento de aquecimento que vaporiza a substância. Assim, quando utilizados, o aquecimento da bateria e o líquido contido nele é transformado em aerossol, sendo inalado pelos pulmões e em seguida, expirado (MORAIS; ALFAIX; ARAÚJO, 2022).
A comparação entre os CE’s e os cigarros convencionais é observada pela presença da nicotina e por sua forma, tendo também a denominação de ENDS (electronic nicotine delivery systems). Também há a presença de compostos carcinogêneos como, carbonilos e as nitrosaminas específicas de tabaco. Além destes, o propileno glicol e o vapor de glicerol são componentes que podem ser encontrados em abundâncias nestes cartuchos de CE ou vape (FONSECA et al., 2019).
3.3 Os Efeitos Causados no Sistema Respiratório Pelo Uso do CE’s em Jovens Adultos
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), várias patologias respiratórias podem ser causadas ou evidenciadas pelo uso do tabaco, dentre elas, as doenças obstrutivas crônicas (DPOC) e câncer. Essas patologias que se desenvolvem quando o monóxido de carbono (CO) em contato com a hemoglobina do sangue dificulta a oxigenação e consequentemente começa a privar alguns órgãos do oxigênio (INCA, 2022; OZGUNAY et al., 2018).
Nos EUA, foram registraram 2.172 casos e 42 mortes associadas ao CE, testes realizados encontraram a presença de acetato de vitamina E, altamente tóxico produzido em vaping’s. Fato que preocupa não só as autoridades dos EUA, mas uma preocupação mundial pela velocidade que se expande os DEF’s (CDC, 2020).
O vapor resulta de uma mistura complexa de milhares de compostos químicos, como a nicotina, aromatizantes, e o tetrahidrocanabinol (THC) que juntamente ao acetato de vitamina E, são psicoativos da cannabis, além outros oxidantes, sem controle e regulação estabelecidos. O organismo fica vulnerável a diversos elementos químicos gerados pelo dispositivo (nanopartículas de metal) e pelo processo de aquecimento (vaporização), incluindo também, carcinógenos, produtos genotóxicos e citotóxicos (WINNICKA; SHENOY, 2020; LIMA, 2021).
A presença de químicos no tabaco, afetam diretamente os alvéolos, os quais começam a perder a elasticidade, sendo necessária uma pressão maior para expelir o ar. Infecções e reações inflamatórias podem ser notadas devido a fumaça em elevada temperatura, acompanhadas de tosse, além de comprometerem a saúde bucal, como lesões na mucosa, atraso cicatricial, e degradação periodontal (UZELOTO et al., 2017; RALHO et al., 2019).
As células responsáveis pela imunidade e função do trato respiratório reagem de forma rápida após o contato com o aerossol, com o objetivo de realizar a fagocitose de substâncias inaladas pela vaporização. Devido a indução de uma pré-inflamação causada pelas toxinas da fumaça dos CE’s, a proteção tecidual se encontra reduzida e propícia a proliferações descontroladas, possivelmente resultando em neoplasia pulmonar (KAUR et al., 2018; ALMEIDA et al., 2020).
A alteração da função pulmonar de forma crônica é notada por modificações na medida de volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e da relação entre o volume expiratório forçado e a capacidade vital forçada (VEF/CVF), gerando aumento da resistência das vias respiratórias, com padrão obstrutivo de vias aéreas periféricas (MEO et al., 2018).
Um dos maiores malefícios provocados pelos CE’s, surgiu em 2019, no EUA, uma síndrome associada ao uso de cigarros eletrônicos, denominada pelo centro para controle e prevenção de doenças (CDC), como E-cigarette or Vaping Associated Lung Injuries/Illnessess (EVALI), ou lesões/doenças, pulmonares associadas ao cigarro eletrônico ou ao vaping, considerada como patologia respiratória aguda (CHATHAM et al., 2019).
O EVALI apresenta sintomas como dispneia, fadiga, dores no peito, tosse, dor abdominal e diarreia, febre, podendo evoluir para uma hipoxemia. Nas amostras de lavagem bronco alveolar foram observadas a presença de acetato de vitamina E, e outras substâncias tóxicas ligadas aos cigarros eletrônicos, além de alterações como opacidade e nódulos centro lobulares (BLOUNT, et al., 2020).
Um relato de caso, também em 2019, realizado pela Rush University Medical Center, Department of Surgery, Division of Pediatric Surgery, Chicago, IL, USA, observou dois casos de pneumotórax espontâneo, em pacientes do sexo masculino de 15 e 16 anos, após o uso de vaping. O vaping é um fator de risco, o qual deve ser um aspecto observado na anamnese de pacientes com disfunções respiratórias (SKERTICH, et al., 2019).
Notavelmente, os cigarros eletrônicos surgiram para normalizar o hábito de fumar. No senso comum, eles são vistos como um mal menor e uma alternativa para vencer o tabagismo, porém, alguns jovens que nunca fumaram estão usando e-cigarettes como uma “diversão”, aumentando potencialmente o risco de início do tabagismo. Entre os principais motivos apontados pela influência dos sabores e aromas, convívio social próximo a quem já usa, influência de divulgações e marketing de venda, dentre outros (PEREIRA; SOLÉ, 2018).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fica evidente que os cigarros eletrônicos são maléficos ao sistema respiratório, porém, usam o argumento de serem menos prejudiciais e mais limpos para comerciá-los, além de tentar convencer a população de jovens adultos que o uso deste pode reduzir o vício de cigarros convencionais.
A composição dos CE’s é variável, o que é preocupante, pois são inúmeras as toxinas liberadas pela vaporização. A fiscalização também não é efetiva na produção dos DEF’s, provando fortemente que a população não sabe ao certo o que está sendo absorvido no seu sistema respiratório, nem o que vai ser gerado por essas toxinas.
Os cigarros eletrônicos foram associados ao surgimento de uma patologia recente, a Evali, associados também ao câncer, DPOC, neoplasias do trato respiratório.
No entanto, é notável a necessidade de estudos que se estendem a longo prazo em indivíduos usuários de CE’s, o qual observaria o efeito crônico deste vício em jovens adultos, pois esses dispositivos estão cada vez mais populares e em consumo exacerbado nas ruas, casas, festas e universidades.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
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1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Goiatuba-UniCerrado. Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG)
2Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Goiatuba-UniCerrado. Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG)
3Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Goiatuba-UniCerrado. Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG)
4Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Goiatuba-UniCerrado. Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG)
5Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Goiatuba-UniCerrado. Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG)
6Mestre em Ciências da Saúde pela PUC. Docente no Centro Universitário de Goiatuba-UniCerrado. Fundação de Ensino Superior de Goiatuba (FESG)