THE USE OF ANTIBIOTIC THERAPY BY DENTAL STUDENTS IN CLINICAL PRACTICE: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10124931
Natalia Alves Araújo1
Amujacy Tavares Vilhena2
Paulo Rogerio Sandri3
RESUMO
A terapêutica antibiótica utilizada na prática clínica odontológica são estratégias com objetivo de controlar, prevenir e tratar infecções encontradas na cavidade oral, como as infecções odontogênicas. O curso de graduação em Odontologia trabalha com manejo e prescrições de antibióticos na prática clínica, desenvolvendo e utilizando os conhecimentos teóricos em seus atendimentos. Discussão: A importância do conhecimento teórico dos acadêmicos do curso de odontologia na prática clínica é fundamental para a prescrição da terapêutica antimicrobiana. Considerações finais: a revisão literária conclui que existe uma deficiência do conteúdo teórico e prático por parte dos acadêmicos como das instituições de ensino, na prática, clínica odontológica, contudo deve existir uma busca por conhecimento sobre os grupos dos antibióticos e sua utilização correta.
Palavras-chave: Odontologia; Antibióticos; Academicos de Odontologia; Terapêutica Antimicrobiana;
ABSTRACT
The antibiotic therapies used in clinical dental practice are strategies aimed at controlling, preventing and treating infections found in the oral cavity, such as odontogenic infections. Dentistry undergraduates work with antibiotic management and prescriptions in clinical practice, developing and using theoretical knowledge in their care. Discussion: The importance of dental students’ theoretical knowledge in clinical practice is fundamental for prescribing antimicrobial therapy. Final considerations: the literature review concludes that there is a lack of theoretical and practical content on the part of both academics and teaching institutions in clinical dental practice, however there should be a search for knowledge about the antibiotic group and its correct use.
Keywords: Dentistry; Antibiotics; Dental students; Antimicrobial therapy;
INTRODUÇÃO
A região de cabeça e pescoço pode ser acometida por doenças infecciosas de origem não odontogênicas (não decorrente de elementos dentários), ou odontogênicas (de origem dentária). As causas das infecções de origem dentária são: cárie, infecção dento-alveolar, periodontites, osteítes, osteomielites e infecções pós-cirúrgicas (Araújo, 2010). Constituem um dos agravos em saúde mais difíceis de tratar em odontologia, podendo variar desde processos localizados e de baixa intensidade (necessitando apenas de tratamento mínimo) até processos disseminados que causam risco à vida dos pacientes.
Os antibióticos utilizados rotineiramente na prática odontológica eliminam a grande maioria dos micro-organismos encontrados na cavidade bucal e são efetivos no tratamento clínico de boa parte das infecções odontogênicas. A escolha do antibiótico deve ser inicialmente baseada no conhecimento geral dos micro-organismos etiológicos habituais em uma condição patológica específica e na seleção de uma droga ao quais esses organismos normalmente sejam sensíveis. Esta prática empírica normalmente resulta em eficácia clínica (SMS, Campinas, 2022).
O mais importante e fundamental é reduzir o uso abusivo de antibacterianos para garantir que estes possam ser usados somente quando necessário. Neste caso, essa é uma parte importante das estratégias de controle de doenças infecciosas (Pecoraro et al., 2021).
A educação em saúde tende a proporcionar o bem-estar, que visa inspirar mudanças comportamentais nas pessoas, promovendo a conscientização dos indivíduos sobre os fatores que os ajudam a manter a saúde e prevenir doenças (Melo Pauferro, 2020).
Segundo Aragui et al. (2015), prescrições podem e devem ser utilizadas para mensurar a qualidade do ensino terapêutico, e o domínio das leis e critérios determinados pelo governo.
OBJETIVOS
O objetivo dessa pesquisa por meio da revisão de literatura, foi analisar o conhecimento teórico dos acadêmicos do curso de Odontologia na pratica clínica, pois estes acadêmicos realizam a orientação e indicação de antibióticos aos pacientes das clínicas odontológicas de instituições de ensino.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão de literatura (RL). Na operacionalização dessa revisão, utilizou-se como estratégia de identificação e seleção dos artigos o levantamento de estudos indexados nos bancos de dados disponíveis na Biblioteca virtual de Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Google Acadêmico. Os termos utilizados na seleção foram delimitados, a partir das palavras-chave presentes em artigos adequados ao tema, lidos previamente de forma não sistemática e por meio de consulta, às coleções de termos cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Foram utilizados os seguintes descritores: “odontologia”, “antibióticos”, “acadêmicos de odontologia”.
REVISÃO DE LITERATURA
ASPECTOS GERAIS DOS ANTIMICROBIANOS
Os antibióticos atuam nas bactérias causando sua morte ou então impedindo sua multiplicação. Para isso, eles atuam de diferentes formas nesses micro-organismos. Os antibacterianos são classificados como de amplo espectro, sendo aqueles eficazes contra uma grande variedade de bactérias, tanto contra bactérias gram-positivas, quanto gram-negativas. Há, também, os de espectro de ação estreito, o qual possui um mecanismo de ação “limitado”, pois agem de forma que conseguem atingir apenas uma pequena comunidade/grupo de bactérias, atuando, assim, de forma mais específica para determinadas bactérias (Fernandes et al. 2017).
O sucesso do tratamento antimicrobiano depende de diversos fatores incluindo o hospedeiro, as bactérias e os fármacos.
CLASSES DE ANTIBIÓTICOS EM USO CLÍNICO
Os antibióticos de origem natural e seus derivados semissintéticos compreendem a maioria dos antibióticos em uso clínico e podem ser classificadas em B-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbape-ninas, oxapeninas e monobactamas), tetraciclinas, aminoglicosídeos, macrolídeos, peptídicos cíclicos (glicopeptídeos, lipodepsipeptídeos), estreptograminas, entre outros (lincosamidas, cloranfenicol, rifamicinas etc). Os antibióticos de origem sintética são classificados em sulfonamidas, fluoroquinolonas e oxazolidinonas.
ANTIBIÓTICOS Β-LACTÂMICOS
Constituem a primeira classe de derivados de produtos naturais utilizados no tratamento terapêutico de infecções bacterianas. Hoje, várias décadas após a descoberta da penicilina, este grupo ainda contém os agentes mais comumente utilizados. Possuem amplo espectro de atividade antibacteriana, eficácia clínica e excelente perfil de segurança, uma vez que atuam na enzima transpeptidase, única em bactérias, (Guimarães et al, 2010).
PENICILINA
Segundo Andrade (2006), para a odontologia à penicilina V é uma droga que possui baixo custo, grande absorção, boa tolerância pela maioria dos pacientes, efetividade contra bactérias orais responsáveis por grande parte das infecções dentais (coccos e bacilos gram-positivos). Este medicamento ainda é considerado a opção mais segura entra a família dos penicilínicos e possui grande eficácia para infecções odontogênicas leves.
CEFALOSPORINA
As cefalosporinas são classificadas de acordo com sua ordem cronológica de produção (primeira, segunda, terceira e quarta gerações) e também com base no espectro de atividade contra bacilos gram-negativos, que vai aumentando da primeira para a quarta geração. 1ª geração: cefadroxil, cefalexina, cefalotina, cefazolina; 2ª geração: cefaclor, cefuroxima, cefoxitina. 3ª geração: ceftriaxona, ceftazidima. 4ª geração: cefepima, cefpiroma, (Andrade, 2006).
MACROLÍDEOS
Desse grupo fazem parte a eritromicina, a espiramicina e outros antibióticos quimicamente relacionados à eritromicina, como a claritromicina e a roxitromicina, que têm em comum um anel lactônico de 15 átomos em sua estrutura molecular. Apresentam ótima absorção e biodisponibilidade, quando administrados por via oral. Distribuem-se para a maioria dos tecidos, com o pico de concentração plasmática sendo atingido 2-3 h após a tomada do medicamento. São excretados através da urina e da bilhete, (Andrade, 2006).
AMINOGLICOSÍDEOS
O uso contínuo de antibióticos aminoglicosídeos deve ser cuidadosamente controlado, devido aos efeitos ototóxicos e nefrotóxicos. Esses agentes são efetivos contra bactérias Gram negativo aeróbicas, como P. aeruginosa, e apresentam efeito sinérgico com b-lactâmicos. Devido à polaridade, os aminoglicosídeos devem ser administrados por via injetável. Eles também são incapazes de atravessar a barreira hemato-encefálica eficientemente e, portanto, não podem ser usados para o tratamento de meningites, a menos que sejam injetados diretamente no sistema nervoso central (Guimarães et al. 2010).
SULFONAMIDAS
As sulfonamidas têm uso limitado em infecções orofaciais. A principal desvantagem do uso desses medicamentos na odontologia é manifestação de reações alérgicas e o desenvolvimento de resistência bacteriana. Os fármacos desse grupo tem sua ação diminuída na presença de produtos da degradação do sangue, como o pus. São mais utilizados para infecções do trato respiratório superior (Guimarães et al. 2010).
TETRACICLINAS
Este grupo de fármacos possui mecanismo de ação bacteriostático, amplo espectro e eficaz contra gram positivos e gram negativos. O uso por mulheres grávidas pode acarretar na acumulação da droga em tecidos mineralizados, como ossos e dentes em desenvolvimento (Guimarães et al. 2010).
LINCOSAMIDAS
Na odontologia, o fármaco mais utilizado é o derivado semissintético da Lincomicina, chamada Clindamicina, que possui ótima absorção por via oral (Guimarães et al. 2010). É uma boa alternativa para pacientes com alergia à Penicilina, devido seu espectro de ação ser semelhante. Relata Andrade (2016), que é metabolizada no fígado, portanto seu uso deve avaliado em pacientes com função hepática alterada.
METRONIDAZOL
As periodontites têm como característica a predominância de microrganismos anaeróbicos. O espectro do Metronidazol engloba especificamente estas espécies, porém devido fato das infecções orais dificilmente serem causadas apenas por essas espécies, este medicamento é ministrado em associação a outros Antibióticos.
GLICOPEPTÍDEOS
Tem como principal representante a Vancomicina, é um antibiótico seletivo eficaz contra anaeróbios causadores de infecções odontogênicas. É uma droga na qual a resistência bacteriana se dá mais lentamente, é um possível fármaco para tratamento de gram positivos resistente. Devido aos efeitos colaterais, é raramente usado na odontologia.
TERAPIA ANTIBIÓTICA
A terapia antibiótica consiste em prevenir ou tratar de maneira adjuvante as infecções bacterianas, com progressão de severidade. Sinais de toxicemia como febre, taquicardia, falta de apetite e mal estar determinam o uso de antibióticos com o intuito de controlar a evolução da doença e auxiliar o sistema imunológico no combate aos microrganismos. São utilizados na prática odontológica entre 5 e 10 dias, seguindo o intervalo descrito na bula de cada medicamento.
Recomenda-se que os antibióticos sejam administrados antes das refeições principais. Sem conteúdo no estomago, o medicamento é absorvido rapidamente, podendo causar enjôo, vômitos e diarréia. Com o contato de o bolo alimentar, a absorção do medicamento é reduzida, tornando o transporte da substancia mais controlado. (Oliveira, 2011).
RESISTÊNCIA BACTERIANA
A resistência dos microrganismos gera inúmeras consequências, como: crescente prevalência e incidência de infecções por bactérias multirresistentes. Estas bactérias multirresistentes são difíceis de exterminar, dificultando a ação dos antimicrobianos e limitando as opções de tratamento. Acarretando, assim, atraso na identificação do fármaco adequado para o tratamento do paciente. A infecção por bactérias resistentes a medicamentos aumenta o risco de necessidade de hospitalização, complicações do paciente, necessidade de cuidados intensivos e aumenta a possibilidade de óbito (Morgado, 2020).
O uso racional dos medicamentos é uma importante medida a fim de diminuir a possibilidade do desenvolvimento de microrganismos multirresistentes, no qual sugere uma prescrição adequada, bem como medicamento correto, dosagem e tempo de uso correto (Esher et al. 2017).
DISCUSSÃO
O desconhecimento farmacológico é decorrente de uma deficiente aprendizagem durante a graduação que pode se estender à atuação clínica dos futuros profissionais de odontologia. É unanime as dificuldades de cirurgiões-dentistas nas prescrições medicamentosas conforme relatos de estudos prévios, o que é um fato preocupante. Entretanto, compreendem-se como equívocos na escolha do medicamento a ser prescrito aliado à insuficiência de conhecimentos sobre fármacos. Além disso, os de prescrições em desacordo com a literatura científica que produzem sérias repercussões na saúde dos pacientes (Santana, 2020).
Britto e colaboradores em 2014, em trabalho com alunos de Odontologia de Belo Horizonte, apontaram que a maioria dos discentes se considerava insegura ao prescrever. Os autores concluíram que os alunos consideram os conhecimentos de Farmacologia ministrados na graduação insuficientes para preencher todos os requisitos necessários a uma correta e segura prescrição. Para Garbin, et al. (2010), as universidades não obtêm êxito na transmissão dos conhecimentos sobre os medicamentos, pois o que se observa é uma formação acadêmica muito aquém do necessário à consolidação de boas práticas de prescrição.
Assim, destaca-se o papel dos profissionais de saúde na disseminação da resistência bacteriana e a importância da conscientização e formação dos indivíduos durante o período de graduação universitária para essa problemática. Nesse sentido, Barbosa (2019) reportou-se que mais de 50% das prescrições antibióticas feitas pelos profissionais de saúde são inapropriadas. Isto reforça uma das principais causas para a resistência bacteriana: o uso abusivo e indiscriminado de agentes antimicrobianos, o que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a trabalhar pela conscientização dos profissionais de saúde para o uso racional desses fármacos (Fontes, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso racional dos medicamentos é uma importante medida a fim de diminuir a possibilidade do desenvolvimento de microrganismos multirresistentes. A terapia antimicrobiana é considerada importante para intervenção e prevenção das infecções. Nesse sentido, o acadêmico de odontologia deve sempre estar atento para poder indicar e prescrever corretamente o uso de antibióticos, e a relação das principais interações, e evitar a resistência bacteriana que pode ocorrer no organismo do paciente, no qual sugere uma prescrição adequada, bem como medicamento correto, dosagem e tempo de uso correto.
A prática assertiva de prescrições de forma racional possibilita que o futuro cirurgião dentista possa utilizar os recursos de forma mais eficiente tendo alvos terapêuticos antimicrobianos efetivos. Assim, esta prática diária no processo de ensino-aprendizagem possibilita formar discentes com um manejo de prescrições bem orientado e fundamentado em práticas seguras voltadas aos pacientes.
REFERÊNCIAS
SILVA, N. et al. O uso indiscriminado de antibacterianos para o desenvolvimento de microrganismos resistentes. Saúde & ciência em ação – Revista Acadêmica do Instituto de Ciências da Saúde, v.8, n.01, 2022.
FONTES, L. S. et al. Conhecimentos de alunos de odontologia sobre a resistência antimicrobiana e prescrição de antibióticos. Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 21(4): 92-99, out-dez, 2019,
TRENTO, MENEZES JÚNIOR, SIQUEIRA et al. Knowledge assessment of dentistry undergraduate students and dentists in the city of Aracaju/ Sergipe regarding the appropriate use of antimicrobial drugs. Rev Odontol UNESP, 2014.
SMS. CAMPINAS. Uso de antibióticos em odontologia cirurgia oral, 2022.
OLIVEIRA, L.S. et al. Tratamento de recidiva de mucocele através da técnica de enucleação cirúrgica: relato de caso. Proceedings of the 8º Congresso da FOA – UNESP/Annual Meeting) Arch Health Invest 2018.
CARVALHO. et al. The importance of monitoring with the Pediatric Dentist during the gestational period La importancia del seguimiento con el Odontopediatra durante el período gestacional. Research, Society and Development, v. 10, n. 12, e28101220044, 2021.
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SANTANA, A.L.P. terapêutica e prescrição medicamentosa: Conhecimento dos acadêmicos de odontologia da cidade de Belém-Pará, UFPA, 2020.
1Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gmaliel (FATEFIG)
E-mail: natalia0829years@gmail.com
ORCID: 0009-0000-5310-7272
2Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gmaliel (FATEFIG)
E-mail: amujacy@hotmail.com
ORCID: 0000-0002-9221-9813
3Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gmaliel (FATEFIG)
E-mail: paulo.sandri@faculdadegamaliel.com.br
ORCID: 0009-0006-4237-3480