REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10963283
Victor Mayrink Braga Silva Lima¹; Bianca Mirian Garcia Martins Castro¹; Silvia Luana Rodrigues Nava¹; Ana Beatriz Silva Alchaar¹; Antonia Clara Noleto de Almeida¹; Maria Luiza de Oliveira Costa¹; Fabiana Costa Rodrigues¹; Antonio Frivaldo Marinho Neto¹; Gustavo Fonseca Sampaio¹; Gabriela Ferreira de Farias¹.
Resumo
Na contemporaneidade, a inserção ubíqua de dispositivos eletrônicos nas atividades cotidianas tem redefinido a natureza de nossa interação com as tecnologias. Assim, O crescente uso dessas tecnologias tem gerado inquietações substanciais, levantando questões sobre os impactos imediatos e a longo prazo que essa exposição excessiva a dispositivos pode exercer sobre a visão humana. O presente artigo tem por objetivo, por meio de um levantamento bibliográfico, caracterizar e analisar informações disponibilizadas e estudos publicados sobre as implicações sobre a saúde ocular relacionada ao uso de telas e dispositivos eletrônicos. Pesquisado por meio de bases de dados da LiLACS, MEDLINE, SCIELO artigos que contemplassem á temática, realizando uma consulta analítica e crítica de acordo com o tema. No que concerne ao resultados, múltiplos fatores se mostram como relevantes se apresentando como implicações importantes ao uso de telas, dentre eles: Desenvolvimento de Ametropias, manifestação de fadiga ocular, alterações na qualidade do sono, memória, desenvolvimento cognitivo, em infantes e xeroftalmia. Sendo tal exposição a telas danosa, sobretudo se for de forma excessiva.
Palavras chave: Saúde ocular. Uso de telas. Prevenção oftalmológica.
Abstract
In contemporary times, the ubiquitous insertion of electronic devices in everyday activities has redefined the nature of our interaction with technologies. Thus, the increasing use of these technologies has generated substantial concerns, raising questions about the immediate and long-term impacts that this excessive exposure to devices The objective of this article, through a bibliographical survey, is to characterize and analyze available information and published studies on the implications for eye health related to the use of screens and electronic devices. Searched through LiLACS, MEDLINE, SCIELO databases for articles that covered the topic, carrying out an analytical and critical consultation according to the topic. Regarding the results, multiple factors appear to be relevant, presenting themselves as important implications for the use of screens, including: Development of Ametropia, manifestation of eye fatigue, changes in sleep quality, memory, cognitive development, in babies and xerophthalmia. Such exposure to screens is harmful, especially if exposed excessively.
Keywords: Eye health. Use of screens. Ophthalmological prevention.
1. Introdução
Na contemporaneidade, a inserção ubíqua de dispositivos eletrônicos nas atividades cotidianas tem redefinido a natureza de nossa interação com as tecnologias. Assim, O crescente uso dessas tecnologias tem gerado inquietações substanciais, levantando questões sobre os impactos imediatos e a longo prazo que essa exposição excessiva a dispositivos pode exercer sobre a visão humana. Nesse contexto, a presente revisão integrativa tem por objetivo fornecer uma análise detalhada e abrangente dos benefícios percebidos e das possíveis complicações associadas a essa prática, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada desse fenômeno emergente (Mataftsi et al., 2023).
O cansaço visual ao realizar tarefas que dependem de um ambiente digital pode causar desconforto, afetando a produtividade e a qualidade de vida. A fadiga ocular digital foi definida como “o desenvolvimento ou exacerbação de sintomas e/ou sinais oculares recorrentes relacionados especificamente à visualização da tela do dispositivo digital”. Foi relatada por estudo realizado uma prevalência de fadiga ocular digital de até 97%, devido à ausência de critérios de definição/diagnóstico previamente acordados e às limitações dos questionários atuais que não conseguem diferenciar esses sintomas daqueles decorrentes de tarefas não digitais
Com o avanço acelerado das tecnologias da informação, dispositivos de mídia eletrônica, como televisores, computadores, smartphones e tablets, tornaram-se parte fundamental do cotidiano dos indivíduos, sendo utilizados para em âmbito pessoal e profissional. Um acontecimento notável é o aumento expressivo do uso desses dispositivos por infantes. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que 68% das crianças com menos de 2 anos utilizam dispositivos com tela diariamente, enquanto na Itália, 80% das crianças de 3 a 5 anos usam smartphones dos seus pais. O tempo excessivo diante das telas é associado a problemas de sono, obesidade e questões psicológicas em crianças em idade escolar, sendo geralmente considerado prejudicial para a saúde infantil (Huang et al., 2020).
No entanto, o uso de telas também possui seus lados positivos, como nos campos da educação, com aulas e conteúdos online; social e emocional através da interação com outras pessoas, sejam colegas e familiares distantes. Então fica em aberto o questionamento de até que ponto o uso de telas é prejudicial e se os malefícios superam os benefícios ou seria o contrário. Se deve ou não ofertá-las á crianças e quais as orientações para a população geral no que concerne a utilização das mesmas.
A motivação subjacente a esta revisão integrativa reside na importância da compreensão das implicações da exposição prolongada a telas de dispositivos eletrônicos sobre a saúde ocular, dadas as crescentes preocupações e a falta de consenso na literatura existente (Nunes et al.,2023)
2. Metodologia
Trata-se de um estudo caracterizado como uma Revisão Integrativa da Literatura (RIL), que possibilita a identificação, síntese e a realização de uma análise ampla na literatura acerca de uma temática específica (Silva et al.,2020). Dessa forma, foram utilizadas seis etapas para sua elaboração: (1) delimitação do tema e construção da pergunta norteadora da pesquisa; (2) levantamento das publicações nas bases de dados escolhidas; (3) classificação e análise das informações achadas em cada estudo ; (4) análise crítica das pesquisas selecionadas; (5) descrição dos resultados encontrados e (6) inclusão, análise crítica dos achados e síntese da revisão da literatura.
Assim sendo, a presente RIL tem como pergunta norteadora: “Quais são as implicações sobre a saúde ocular do uso de telas e dispositivos eletrônicos?” Em seguida, para a construção deste estudo, foram utilizadas as seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE via PubMed), Cochrane, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Para complementar a busca utilizou-se os portais de Órgãos Governamentais (Diário Oficial da União do Brasil e Ministério da Saúde do Brasil );portais de Serviços de Saúde (World Health Organization, Fundação Oswaldo Cruz e GlobalMed).
Os estudos foram localizados a partir da busca avançada, realizada entre os meses de Março de 2024 e Abril de 2024, sendo que utilizados filtros em três idiomas (português, inglês e espanhol) tendo os artigos analisados data de publicação entre os anos de 2021 e 2024. A escolha desse recorte temporal dos últimos 4 anos, se deu pela atualidade da temática, com artigos que contemplassem as palavras-chave: Saúde Ocular, Uso de telas e Prevenção oftalmológica. Deste modo, foram incluídas publicações que englobassem a temática da saúde ocular, bem como as implicações geradas pelo uso de dispositivos eletrônicos e telas.
Para buscar os estudos científicos correspondentes aos objetivos desta RIL, foram utilizados os seguintes termos de pesquisa:(“Eye health”) AND (“Use of screens”) AND (‘Ophthalmological prevention”) Os descritores foram selecionados de acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH/PubMed). Todos foram combinados entre si por operadores: AND e OR. Ressalta-se que a busca de todos os descritores foi especificada por “Title/Abstract”.
Foram considerados elegíveis os artigos completos disponíveis nas bases de dados definidas; com período de publicação entre 2021 a 2024; nos idiomas português, inglês e espanhol; informações complementar utilizando-se de portais de Órgãos Governamentais, de Serviços de Saúde e de Conselhos de Classe, como supracitados anteriormente que atendessem a pergunta norteadora. Foram excluídos manuscritos que não respeitaram objetivo do estudo e a pergunta norteadora; assim como os resultantes de publicações entre os anos inferiores a 2021 e que estivessem na literatura cinzenta (publicações não catalogadas em formato impresso e eletrônico).
Utilizou-se o gestor de referências bibliográficas Mendeley versão 2.61.3, como ferramenta para auxiliar na seleção dos estudos e na condução da RIL. Na primeira etapa, um autor independente (VML e BMG) realizou a leitura e avaliação dos títulos e resumos dos artigos selecionados nas bases de dados, em conformidade com os critérios de inclusão/exclusão pré-definidos anteriormente, elegeram os artigos para leitura na íntegra. Não havendo quaisquer divergências entre os revisores sobre a inclusão dos manuscritos, ambos concordando com quais estudos atendiam os elementos necessários para responder à pergunta norteadora deste estudo.
3. Resultados e Discussões
A busca resultou na distribuição que se segue entre as publicações encontradas em cada base de dados: MEDLINE via PubMed (n=2505), Cocrhane (n=31), Lilacs (n=25), SciELO (n=3240) e Sites de órgãos governamentais e serviços de saúde (n=5),totalizando 5806 publicações. Em seguida, foram analisadas as publicações (n=436), depois excluídos os manuscritos duplicados pelo título e resumo (n=48).Posteriormente, a leitura na íntegra (n=140), de cada título e resumo com emprego dos critérios de inclusão (n=247). Após a leitura e avaliação final dos estudos, foram selecionados 10 manuscritos incluídos nessa RIL. Para sistematizar o processo seleção dos artigos optou-se pela metodologia
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyses (PRISMA) (Moheret et al.,2009).As etapas deste processo estão descritas na forma de um fluxograma (Figura 1).
Figura 1. Fluxograma PRISMA de seleção dos estudos que constituíram a amostr
Na Figura 2, é apresentado um gráfico dos artigos apresentados de acordo com a organização para análise de dados, obtendo-se as seguintes publicações selecionadas na base de dados empregadas na discussão do estudo: MEDLINE via PubMed (n=2), Cochrane (n=1), Lilacs (n=1), SciELO (n=6), totalizando 10 publicações.
Figura 2. Distribuição dos estudos selecionados de acordo com as publicações elegidas na base de dados e portal eletrônico.
Na Figura 3, é apresentado um gráfico dos artigos apresentados de acordo com o idioma dos artigos selecionados, obtendo-se as seguintes publicações selecionadas na base de dados empregadas na discussão do estudo: Língua Inglesa (n=5), Língua Espanhola (n=0), Língua Portuguesa (n=5),de 10 artigos selecionados.
Figura 3. Distribuição dos estudos selecionados de acordo com o idioma das publicações.
As discussões apresentadas no decorrer deste estudo foram distribuídas no Quadro 1,evidenciando os objetivos dos principais trabalhos selecionados, de modo á facilitar a posterior análise. Ademais, os textos eleitos foram em seguida, submetidos à análise do conteúdos dos mesmos de maneira crítica.
Quadro 1. Referências distribuídas pelos eixos temáticos.
Autor/Ano | Tipo de estudo | Objetivo do Estudo | Resultados/Conclusão |
Nunes, 2023 | Estudo qualitativo. | Entender como o uso da tela afeta o desenvolvimento intelectual, social e motor das crianças e adolescentes. | Em crianças a partir de 18 meses, há uma associação significativa entre o uso de dispositivos móveis de mídia e transtornos do desenvolvimento da linguagem. Evidenciou-se que o uso da tela representa riscos e deficiências cognitivas e linguísticas se usada na infância. Ainda são necessárias mais pesquisas sobre esta questão no campo da terapia da fala e da linguagem. |
Rodrigues et al, 2023 | Estudo qualitativo. | Analisar de maneira abrangente tanto os benefícios percebidos quanto as complicações associadas a exposição prolongada a telas. | A fadiga visual pode evoluir para problemas mais sérios, e complicações psicológicas, como ansiedade e alterações na qualidade do sono, também merecem atenção. Assim, compreender a complexidade desses efeitos é crucial para orientar intervenções clínicas e práticas preventivas, de forma a garantir a saúde ocular a longo prazo. Para abordar adequadamente os desafios e benefícios associados à exposição prolongada a telas, este estudo destaca a importância de um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo oftalmologistas, profissionais de saúde mental e educadores. |
Costa, 2023 | Estudo quantitativo. | Investigar a correlação do uso de telas com a miopia infantil. | Por meio do estudo é possível aferir que a a exposição a telas por crianças aumenta a incidência de miopia além de estar relacionada a distúrbios do sono bem como prejuízos de desenvolvimento neuropsicomotor. |
De Sousa Braga, 2023 | Estudo misto. | Identificar a relação entre o surgimento e progressão da miopia em Estudantes de medicina de uma universidade particular do estado de Alagoas durante a pandemia, comparar o tempo gasto no uso de telas e o tempo utilizado em atividades ao ar livre e reconhecer estratégias para manejo e retardo da evolução da patologia em estudo. | Dos estudantes diagnosticados com miopia previamente à pandemia, 59,1% tiveram aumento do grau após realização do exame refrativo feito ao término da pandemia. Ficou evidente que o estímulo exacerbado da visão causado pelo uso de eletrônicos e a baixa atividade ao ar livre contribuiu para a mudança refrativa daqueles que já possuíam o diagnóstico de miopia. |
Martins, 2023 | Estudo qualitativo. | Analisar o uso prolongado de telas na saúde visual das crianças. Fornecer uma compreensão abrangente e sólida dos potenciais impactos associados ao uso excessivo de telas na infância. | Tem-se observado uma série de prejuízos no desenvolvimento neuropsicomotor e na saúde ocular das crianças. Dentre as principais alterações visuais estão as dificuldades de acomodação, o desconforto na superfície ocular, as modificações na motilidade dos olhos e uma maior incidência de ametropias, sendo miopia a mais comum. Têm sido encontradas fadiga ocular digital, xeroftalmia e alteração na visão binocular. |
Wolffsohn, 2023 | Estudo qualitativo. | Avaliar o impacto do ambiente digital sobre a superfície ocular. | Com base nas melhores evidências atuais, as intervenções de bloqueio da luz azul não parecem ser uma estratégia de gestão eficaz. São necessários mais e maiores ensaios clínicos para avaliar a eficácia da lágrima artificial no alívio da fadiga ocular digital, particularmente comparando diferentes constituintes; identificou-se o uso de secretagogos e compressas quentes/óculos de proteção contra umidade/umidificadores ambientais como estratégias promissoras, juntamente com suplementação nutricional (como suplementação de ácidos graxos ômega-3 e extratos de frutas vermelhas). |
Stapleton, 2023 | Estudo quantitativo. | Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 e os fatores atenuantes nas doenças da superfície ocular foram considerados numa revisão sistemática. | A pandemia de COVID-19 e as estratégias de mitigação relacionadas estão principalmente associadas a um risco aumentado de desenvolvimento de novas doenças da superfície ocular ou ao agravamento das existentes. Fatores sociais impactam o tipo e a gravidade das doenças da superfície ocular, embora exista uma interdependência considerável entre os fatores. A sobreposição do ambiente digital, as catástrofes naturais, os conflitos e a pandemia modificaram o acesso aos serviços em algumas regiões. |
Wang et al., 2021 | Estudo qualitativo. | Examinar a associação entre fatores modificáveis do estilo de vida e doença do olho seco. | O aumento do tempo de exposição à tela digital e a redução do consumo de cafeína foram fatores de estilo de vida modificáveis associados a maiores chances de doença do olho seco. Essas descobertas podem contribuir para informar o desenho de futuras pesquisas prospectivas que investiguem a eficácia da intervenção preventiva e das estratégias de modificação dos fatores de risco. |
Mattos, 2023 | Estudo qualitativo. | Avaliar a correlação entre o excesso de exposição de telas e o aumento do número de casos de miopia. | Conclui-se que a exposição excessiva aos dispositivos eletrônicos e a falta de tempo a céu aberto devem ser evitadas para que se possa ter uma redução nos níveis globais de miopia. Ademais, evidencia-se a importância da conscientização populacional acerca dessa temática. |
Sousa, 2023 | Estudo qualitativo. | Avaliar as consequências do uso abusivo de telas por crianças de até 6 anos. | Observou-se consequências significativas tais como: alterações no desenvolvimento cognitivo, da fala e psicossocial, alterações nas métricas do sono, prejuízo no desenvolvimento de memória de trabalho, surgimento de sintomas psiquiátricos, acúmulo de tecido adiposo em região abdominal e relação com piora do quadro de pacientes já diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). |
Assim, é importante salientar que mediante os trabalhos avaliados, exposição a telas está associada não só com alterações visuais, mas também com transtornos do desenvolvimento da linguagem em infantes ,evidenciou-se também, que o uso da tela representa riscos e deficiências cognitivas e linguísticas se utilizada de forma demasiada no período de desenvolvimento. Corroborando com O livro intitulado A fábrica de cretinos digitais, de Desmurget (2019),que aborda o impacto ocasionado pela tecnologia e o uso exagerado de dispositivos eletrônicos no cérebro humano, especialmente em crianças e jovens. O autor discute os efeitos da exposição prolongada às telas nos aspectos como atenção, memória, sono, comportamento e desenvolvimento cognitivo. Ressalta, também, o alerta sobre as consequências negativas do uso excessivo de tecnologia nas crianças e em sua capacidade cognitiva, enfatizando a necessidade de estabelecer limites no tempo de tela e incentivar outras atividades físicas e sociais (Nunes,2023).
Além disso, faz-se presente o aumento de indivíduos com fadiga visual aos quais podem evoluir para problemas mais sérios, a longo prazo, como complicações psicológicas, ansiedade e alterações na qualidade do sono caso haja exposição em demasia de telas e dispositivos eletrônicos. O aumenta a incidência de miopia é outra implicação que vem ocorrendo sobretudo após o período pandêmico da Covid-19,tendo em vista a migração e maior utilização das tecnologias de informação para realizar tarefas que previamente eram realizadas de forma presencial.
Dentre as principais alterações visuais estão as dificuldades de acomodação, o desconforto na superfície ocular, as modificações na motilidade dos olhos e uma maior incidência de ametropias, sendo miopia a mais comum. Têm sido encontradas fadiga ocular digital, xeroftalmia e alteração na visão binocular na população adulta e infantil (Martins,2023).
O aumento do tempo de exposição à tela digita, sobretudo aos raios de luz azul e a redução do consumo de cafeína foram fatores de estilo de vida modificáveis associados a maiores chances de síndrome do olho seco, sendo um quadro de xeroftalmia persistente.
Entretanto, é sabido que a globalização e a facilitação do acesso a dispositivos eletrônicos e a internet foram facilitadores no que concerne a obtenção de informações, se utilizados com moderação, podem minorar os efeitos danosos á superfície ocular.
4. Conclusão
No presente estudo, foram sistematizados conhecimentos sobre as implicações do uso de dispositivos eletrônicos sobre a saúde ocular. Em suma, múltiplos são as implicações por tal uso, dentre elas: Desenvolvimento de Ametropias, manifestação de fadiga ocular, alterações na qualidade do sono, memória, desenvolvimento cognitivo, em infantes e xeroftalmia. Logo é possível afirmar que múltiplos são os efeitos deletérios relacionados ao uso demasiado de telas e dispositivos eletrônicos, com maiores repercussões danosas na população infante, tendo em vista que a mesma encontra-se em estado de desenvolvimento.
Observa-se que as dificuldades ressaltadas por este estudo foram principalmente, a necessidade de maiores estudos a fim de definir o limite de uso de telas, que não gerem efeitos deletérios visuais. Tendo em vista que o uso de telas tem sido algo cada vez mais difundido na sociedade contemporânea, sendo a orientação por parte dos profissionais para que os indivíduos cessem tal exposição utópica hodiernamente.
Finalmente, salienta-se, que ações preventivas devem ser sempre preconizadas a fim de minorar possíveis riscos que a exposição a telas e á luz azul podem acarretar, sendo o acompanhamento da equipe médica, fundamental a fim de detectar precocemente quaisquer lesões oculares assim como explicar os possíveis riscos que esta exposição exacerbada a telas possa vir a trazer. Destarte, proporcionando melhora significativa da qualidade de vida á milhares de indivíduos e um uso de aparelhos eletrônicos que minore os danos á superfície ocular.
Referências
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¹Discente do curso de Medicina Universidade Ceuma – Imperatriz-MA