THE USE OF BACH FLOWER REMEDIES AS COMPLEMENTARY THERAPY FOR ANXIETY DISORDERS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11044263
Mariana Campos de Souza1
Clayton Pereira Silva de Lima2
A ansiedade, uma resposta natural do organismo, pode levar a distúrbios patológicos e é um problema de saúde recorrente. A terapia floral, parte das práticas complementares em saúde, surge como alternativa promissora no combate às desordens emocionais. As essências florais, naturais e isentas de prescrição, harmonizam sentimentos e estabilizam emoções, tornando-se uma opção complementar para distúrbios mentais, especialmente ansiedade. Assim, o presente estudo teve como objetivo contribuir para o maior conhecimento a respeito das propriedades, formas de uso, eficácia terapêutica e possíveis limitações ainda enfrentadas no uso da terapia floral, sobretudo das essências de Bach, como terapia complementar no combate à ansiedade. O estudo foi conduzido através de uma revisão bibliográfica com a descrição de evidências científicas atuais sobre o tema de interesse. A coleta de documentos científicos foi realizada a partir das bases de dados Google Acadêmico, Scielo e PubMed. Com o estudo, ficou evidente que o uso dos florais de Bach em casos de ansiedade é benéfico como tratamento complementar. As essências florais, por serem naturais, seguras e acessíveis, são promissoras para alcançar a eficácia do tratamento, ampliando as opções terapêuticas além das convencionais.
Palavras-Chave: Ansiedade. Essências Florais. Fitoterapia. Terapia Floral. Transtornos de Ansiedade.
Anxiety, a natural response of the body, can lead to pathological disorders and is a recurring health problem. Floral therapy, part of complementary health practices, appears as a promising alternative in combating emotional disorders. Floral essences, natural and prescription-free, harmonize feelings and stabilize emotions, becoming a complementary option for mental disorders, especially anxiety. Thus, the present study aimed to contribute to greater knowledge regarding the properties, forms of use, therapeutic efficacy and possible limitations still faced in the use of flower therapy, especially Bach essences, as a complementary therapy to combat anxiety. The study was conducted through bibliographic review, describing current scientific evidence on the topic of interest. The collection of scientific documents was carried out from the Google Scholar, Scielo and PubMed databases. With the study, it became clear that the use of Bach flower remedies in cases of anxiety is beneficial as a complementary treatment. Floral essences, as they are natural, safe and accessible, are promising for achieving treatment effectiveness, expanding therapeutic options beyond conventional ones.
Keywords: Anxiety. Floral Essences. Phytotherapy. Floral Therapy. Anxiety Disorders.
1. INTRODUÇÃO
A ansiedade é caracterizada por uma resposta natural do organismo a circunstâncias que exigem o estado de alerta, o que traz como consequência, dentre outros sintomas, angústia, palpitações, tontura, tremor, sudorese e falta de ar. Os sintomas de ansiedade podem se prolongar e trazer como consequência distúrbios patológicos, que se caracterizam por sua intensificação e extensão, o que a torna um dos problemas de saúde mais preocupantes e recorrentes da atualidade. Somente no Brasil, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 9,3% da população brasileira é acometida com sintomas ligados aos transtornos de ansiedade.[1][2]
Para tratar o transtorno emocional, o paciente é submetido a terapias farmacológicas, enfoques psicoterapêuticos, terapias cognitivo-comportamentais, técnicas de relaxamento, dentre outras alternativas, que precisam ser melhor evidenciadas. Os fármacos psicoterápicos mais utilizados nesse contexto são os benzodiazepínicos, ansiolíticos e hipnóticos. No entanto, a utilização constante destes fármacos eleva o potencial de dependência física, química e psicológica, principalmente quando utilizados por longos períodos e em altas dosagens, o que torna imprescindível alternativas que tragam menos riscos à saúde dos pacientes.[12]
Nesse aspecto, a OMS, por meio do documento intitulado Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2014-2023, tem desempenhado um papel fundamental na promoção e no uso responsável de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), já estabelecidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Essas abordagens terapêuticas são empregadas de maneira racional, segura e eficaz no tratamento de diversas doenças, dentre elas a ansiedade.[3]
Como parte integrante das práticas complementares em saúde, a terapia floral apresenta-se como alternativa promissora no combate às desordens emocionais. As essências florais se destacam por suas propriedades simples e naturais, além de serem isentas de prescrição para seu uso. Elas agem, principalmente, de maneira a harmonizar os sentimentos e a estabilizar as emoções, o que faz da fitoterapia um tratamento acessível e alternativo aos distúrbios mentais, sobretudo os desencadeados pela ansiedade.[4]
Nesse contexto, o britânico Edward Bach, médico homeopata e adepto da fitoterapia, em seus estudos sobre a relação psicossomática das emoções, aprofundou seu conhecimento nas propriedades terapêuticas de aromas de plantas silvestres, e descobriu 38 tipos de essências florais que apresentaram resultado promissor no combate aos sintomas do estresse e da ansiedade. Assim, os florais de Bach ganharam visibilidade no âmbito de complementar os tratamentos convencionais do transtorno de ansiedade e são amplamente difundidos como parte das PICs.[5][6]
No entanto, alguns estudos ainda buscam mais evidências científicas a respeito da eficácia clínica da terapia com o uso dos florais de Bach, o que leva à necessidade de uma abordagem integrativa e atualizada sobre as principais bases científicas que os tenha como foco de pesquisa.[6]
Assim, o presente estudo teve como objetivo contribuir para o maior conhecimento a respeito das propriedades, formas de uso, eficácia terapêutica e possíveis limitações ainda enfrentadas no uso da terapia floral, sobretudo das essências de Bach, como terapia complementar no combate à ansiedade.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Ansiedade: Características gerais
A ansiedade é uma condição normal do organismo a situações de risco e de ameaças, que prepara o indivíduo para se adaptar a circunstâncias desconhecidas. No entanto, ela está ligada a transtornos mentais que se caracterizam, sobretudo, pelo prolongamento dos sintomas ligados ao medo e à apreensão, como uma resposta exagerada/desproporcional à antecipação de ameaças futuras. O transtorno de ansiedade é uma doença de grande proporção por todo o mundo. Segundo dados da OMS, pelo menos 18 milhões de brasileiros sofrem com doenças relacionadas à ansiedade.[6][1]
O transtorno mental causado pela ansiedade está diretamente ligado à ocorrência de doenças psicossomáticas, onde os fatores emocionais e físicos estão intrinsecamente conectados. Sintomas físicos, como palpitações, sudorese e tremor, e emocionais, como angústia, medo e apreensão, acometem a maior parte dos pacientes diagnosticados.[8]
Por se tratar, em suma, de uma reação comum do organismo à demandas que ocorrem durante a vida diária, a ansiedade torna-se um transtorno quando é baseada em distorções comportamentais que ocorrem durante situações potencialmente aversivas ou perigosas, que se agrava quando a reação adaptativa é desconexa da situação real ou quando a ameaça interfere na capacidade do indivíduo em enfrentar circunstâncias desafiadoras, de forma a prolongar os sintomas de medo e apreensão.[9][10]
A ansiedade é um dos sintomas mais associados a doenças psicossomáticas e transtornos mentais. Nos campos da psiquiatria, os distúrbios de ansiedade são um dos diagnósticos mais frequentes em todas as faixas etárias, com uma prevalência estimada de 9% em crianças e 15% em adultos ao longo da vida.[8]
Nesse aspecto, o transtorno de ansiedade é um tipo de desordem emocional causada por sintomas ansiosos intensificados. Nesse tipo de transtorno, o indivíduo apresenta-se em elevado estado de preocupação, marcado por expectativas apreensivas acerca de eventos e atividades futuras. Nesse contexto, a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), trouxe critérios diagnósticos para 11 tipos diferentes de doenças ligadas à ansiedade, onde os principais podem ser observados no quadro 1.[9][10][11]
Quadro 1. Classificação dos transtornos de ansiedade de acordo com o DSM-5.
Tipo de transtornos | Características |
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) | Caracterizado por ansiedade excessiva e preocupação crônica em várias áreas da vida. |
Transtornos de Ansiedade Social (Fobia Social) | Medo intenso de situações sociais ou de ser julgado negativamente pelos outros. |
Agorafobia | Medo de lugares ou de situações onde escapar possa parecer difícil ou desafiador. |
Transtorno de Pânico | Episódios súbitos e intensos de medo, acompanhados por sintomas físicos como palpitações e falta de ar. |
Fobias específicas | Medo irracional e intenso de objetos ou situações específicas (por exemplo, animais, altura, voar). |
Fonte: elaborado pela autora conforme o Manual DSM-5 a partir de OMS (2022).
2.1.1 Tratamento
O tratamento de transtornos de ansiedade tem por objetivo interromper o ciclo de sintomas envolvidos na condição e inclui: a psicoterapia, geralmente voltada a terapia cognitivo-comportamental; Antidepressivos serotoninérgicos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS); inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) e os ansiolíticos benzodiazepínicos , além das abordagens realizadas na terapia psicológica comportamental.[12]
Os ansiolíticos de primeira escolha são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina-norepinefrina, ligados aos transtornos de humor. No entanto, apesar dos inúmeros tratamentos medicamentosos, muitos pacientes não atingem os resultados esperados, ora pela baixa adesão, acessibilidade e custo da terapia, ora pela ocorrência de efeitos colaterais indesejados que levam muitos a abandonarem o tratamento farmacológico.[11]
Nesse âmbito, embora essas abordagens terapêuticas sejam consideradas as mais convencionais, outras alternativas vêm se destacando no combate aos transtornos desencadeados pelo transtorno de ansiedade, como as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, que oferecem alternativas adicionais e coadjuvantes aos tratamentos já estabelecidos.[11]
2.2 Práticas Complementares e Integrativas em Saúde (PICs)
O Ministério da Saúde, por meio da portaria GM/MS nº. 971, estabeleceu a criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, que definiu a fitoterapia, bem como a homeopatia e a acupuntura como um conjunto de atividades voltadas ao estímulo da prevenção, promoção e recuperação da saúde, de forma a ofertar cuidados assistenciais em saúde. As práticas envolvem tratamentos adjuvantes aos convencionais e ganham cada vez mais relevância por possuírem mecanismos mais simples e não invasivos, de forma a ampliar as possibilidades de recuperação da saúde.[8][13][14]
A OMS reconhece a importância dessas práticas e busca integrá-las de forma complementar aos métodos convencionais de cuidados de saúde. Nesse aspecto, a ampla variedade de espécies de plantas com propriedades medicinais fez com que, em 2006, com o Decreto Presidencial nº. 5813, de 22 de junho, fosse elaborada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.[8][14]
No mesmo ano, como visto anteriormente, o Ministério da Saúde criou a PICs, que regulamenta, dentre outras alternativas terapêuticas, a fitoterapia como método de tratamento auxiliar em saúde, de forma a destacar a capacidade das propriedades medicinais de plantas no tratamento de doenças como transtornos psiquiátricos, de sono, depressão e ansiedade.[8][2]
Nesse aspecto, a fitoterapia, que explora a capacidade de terapias naturais, é considerada terapia complementar de suma importância para os problemas de saúde, ora por sua obtenção e acesso facilitados, ora por seus resultados positivos como terapia adjuvante, sobretudo, nesse contexto, nos aspectos físicos e também emocionais desencadeados pela ansiedade.[3][7]
Dessa forma, as PICs utilizam a abordagem integral da pessoa, baseada nas necessidades individuais considerando os aspectos físico, mental, social, espiritual e emocional. São cuidados assistenciais que promovem o aumento do bem-estar, colaboram para o suporte no relacionamento com a sociedade e estimulam o autocuidado das pessoas em tratamento.[15]
2.3 Fitoterapia
A fitoterapia é a ciência que estuda o uso de plantas medicinais no tratamento de doenças diversas. Trata-se de uma das práticas de manutenção da saúde mais amplamente utilizadas no contexto mundial. Sabe-se que desde tempos remotos, o homem busca na natureza recursos que o possam beneficiar, principalmente nos cuidados à saúde.[14]
A utilização de plantas para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos é uma prática comum na história da humanidade, sendo empregada cotidianamente em várias culturas desde os tempos mais antigos até a atualidade. Este fato reflete a vasta quantidade de medicamentos que são derivados de plantas e seus subprodutos. Comunidades indígenas, por exemplo, ainda hoje fazem uso de substâncias extraídas de plantas nativas para tratar suas doenças e, ao longo dos anos, descobriu-se que essas plantas contêm agentes medicinais potentes.[8]
Sob esse viés, em estudos progressivos, o uso de plantas medicinais vem ganhando cada vez mais destaque como alternativa ao uso de medicamentos sintéticos, que possuem, em suma, alto custo e maior chance de efeitos adversos ao organismo.[13][14]
O Brasil possui boa parte de seu território composto pela flora silvestre, e a Amazônia possui uma das maiores diversidades de produtos naturais de todo o planeta. Isso amplia as possibilidades do conhecimento popular em explorar a capacidade que o país tem em desenvolver investigações científicas a respeito do uso de plantas medicinais e a sua capacidade terapêutica.[13][14]
A Portaria MS/GM nº. 886/2010, instituiu o Programa Farmácia Viva, que possibilitou o acesso às plantas medicinais e a medicamentos fitoterápicos no âmbito do SUS. Assim, a implantação de uma política nacional que regulamenta a prática da fitoterapia no Brasil foi de grande importância, uma vez que incorporou mais um método terapèutico nas redes de saúde, com amplo acesso e disponibilidade, o que impulsionou, também, os estudos da capacidade e do poder curativo das diversas plantas no cuidado à saúde.[13][14]
2.4 Terapia com Florais de Bach
Com o impulso do ramo da fitoterapia e as propriedades terapêuticas de extratos de plantas, o britânico Edward Bach, pioneiro no uso de essências florais, conduziu estudos voltados à relação que as doenças orgânicas possuem com o aspecto emocional, e que esse fator impactava diretamente no modo como o organismo continha os fatores psicossomáticos.[13]
De acordo com Bach, o adoecimento é resultado de desequilíbrios emocionais. Os sintomas são vistos como respostas a esses desequilíbrios. Por isso, os florais são categorizados com base em sentimentos que se assemelham a esses desequilíbrios, com o objetivo de restaurar o equilíbrio emocional dos indivíduos de maneira delicada e energética.[16]
Na busca de alternativas terapêuticas no combate a desordens emocionais, Bach, adepto da terapia floral e das técnicas de homeopatia, considerou as propriedades florais como potencialmente benéficas ao equilíbrio dos transtornos mentais. Ele desenvolveu a utilização de essências florais como forma de conter as desordens mentais que contribuem para o surgimento das condições físicas, sobretudo em casos de ansiedade.[4][15]
Os florais de Bach se caracterizavam por maior controle e harmonia das emoções de modo a auxiliar no tratamento e na recuperação das doenças mentais. Os florais, como ramo constitutivo da fitoterapia, foram agregados como parte da Política Nacional de Tratamento Integral e Complementar (PNPIC) no SUS, o que os tornou mais disponíveis e acessíveis como tratamento coadjuvante a doenças causadas pelos transtornos mentais.[7][17]
3. METODOLOGIA
O estudo foi conduzido através de uma revisão bibliográfica, de natureza narrativa, com o objetivo de descrever o estado atual das evidências científicas sobre o tema de interesse. Este estudo baseou-se nas produções científicas mais relevantes e atuais disponíveis, considerando publicações dos últimos 5 anos. A coleta de documentos científicos foi realizada a partir das bases de dados Google Acadêmico, Scielo e PubMed. Para a seleção dos artigos, foram utilizados os seguintes descritores do DeCS/MeSH: Ansiedade; Essencias Florais, Fitoterapia e Terapia Floral.
Foram considerados para inclusão na revisão os artigos em português ou inglês, cujo título e resumo estivessem alinhados com a proposta do estudo. Após a leitura integral dos artigos selecionados, as informações consideradas relevantes foram consideradas para compor a revisão literária.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Florais de Bach: Definição
Os florais de Bach são substâncias derivadas de essências da terapia floral que possuem como principal finalidade servir como tratamento complementar no combate à ansiedade e a outras desordens emocionais. As essências florais são extratos líquidos naturais e altamente diluídos de flores, plantas e árvores do campo, que tratam desequilíbrios no sistema emocional e desordens da personalidade e não condições físicas. Elas têm o propósito de harmonizar o corpo etérico, emocional e mental.[13]
Os florais foram difundidos em mais de 50 países, depois de aprovados pela OMS em 1956, sendo posteriormente acrescentados ao conjunto de práticas integrativas do Ministério da Saúde. [2][15]
Dessa maneira, a terapia com os remédios trazidos por Bach representa um marco na utilização das propriedades fitoterápicas de essências à base de flores, para a recuperação de estados mentais e emocionais, bem como para promover o manejo dos transtornos psicológicos e, consequentemente, dos transtornos físicos, visto a relação direta entre mente e corpo proposta na teoria desenvolvida por Edward Bach.[5][18]
4.1.1 Tipos
O inglês Edward Bach ampliou a terapia floral ao descobrir as propriedades medicinais de variados tipos de plantas, como Florais Canadenses, Florais da Austrália, Florais de Minas, dentre outros, que foram classificados de acordo com o local de origem de onde foram obtidos os extratos florais.[13][15]
Ele desenvolveu seus métodos de estudo com base em sua filosofia conhecida por “cura-te a ti mesmo”, isto é, segundo ele, uma doença física tem como origem o desequilíbrio da relação de harmonia do organismo com a natureza, e que para tratar o conflito entre mente/personalidade o método seria extrair do próprio meio ambiente a cura para restabelecer o equilíbrio mental, e, consequente a saúde física.[15]
Em seus estudos iniciais com os florais, Bach comparou alguns tipos de plantas e relacionou aos estados emocionais opostos, de forma que cada tipo teria a propriedade de atuar sobre uma desordem. Com isso, ele encontrou 12 tipos de comportamentos que se expressavam nas características das plantas usadas para cada um dos tipos florais, a depender do temperamento que cada indivíduo apresentava como sintoma.[16]
Após a análise dos florais que ele chamou de Doze Curadores, Bach percebeu que alguns pacientes dos quais faziam o uso de suas essências apresentavam progresso lento de recuperação, mais evidente naqueles que já se encontravam em um estado crônico de doença. Para isso, em 1933, ele identificou mais 7 florais que denominou de Florais Auxiliares, sendo dos tipos Gorse, Oak, Heather, Rock Water, Vine, Oliver e Wild Oat. Logo depois, ele integrou ao seu esquema floral outros 19 tipos, chamados de Florais Complementares.[2][16]
Com isso, ele classificou ao total 38 essências em sete tipos de estados emocionais prevalentes, relacionando os conflitos positivos e negativos dos sentimentos, são eles: i) medo; ii) indecisão; iii) falta de motivação; iv) solidão; v) sensibilidade excessiva e autocrítica; vi) desalento ou desespero; vii) elevada preocupação com o bem-estar de outras pessoas.[5][6]
4.1.2 Obtenção das essências florais
Para a obtenção e produção dos extratos florais, alguns critérios foram levados em consideração: para a seleção das flores silvestres Bach optou por ambientes livres de poluição e aplicou os métodos solar (solarização) e o de decocção ou fervura. Independentemente do método escolhido, apenas as flores que estão em perfeito estado e desabrochadas (abertas) devem ser selecionadas, que posteriormente são acondicionadas em recipientes de vidro contendo água.[13][16]
As essências obtidas por meio do método solar inclui flores como Oak, Gorse, White Chestnut, entre outras, enquanto que na técnica de fervura foram consideradas aquelas que floresciam em condições menos desfavoráveis de luz, como Cherry Plum, Elm, Aspen, entre outras. [16]
Posteriormente à obtenção das essências, as flores eram misturadas à água mineral, em um recipiente transparente, geralmente de vidro, para que pudesse ocorrer a transferência das propriedades terapêuticas dos extratos florais, o que foi denominado de matriz floral ou tintura mãe. A “água energizada” era então diluída em conhaque ou brandy de uvas com percentual alcoólico de 36% a 54%, fundamental para manter a conservação das essências.[13][16]
A partir desse processo, a solução era armazenada em tonéis de carvalho por um período mínimo de 6 meses na proporção 50/50. Depois desse processo, a matriz floral é então transferida para frascos de solução estoque, de onde retirava-se 2 gotas para a diluição em um frasco de 30 ml, de onde se obtém a solução final de uso.[13]
O resultado do remédio floral é uma solução hidroalcoólica diluída que apresenta propriedades físicas e não químicas, o que contribui para a ausência de efeito colateral fisiológico, biológico ou orgânico. A administração se dá por via oral ou inalatória e não apresentam toxicidade em doses habituais, podendo ser utilizada com segurança.[16]
4.1.3 Mecanismo de ação e aspectos terapêuticos
Como afirmava Edward Bach, o indivíduo durante o processo de adoecimento apresenta-se em estado de desarmonia entre os sentimentos, e que a enfermidade seria o resultado do desequilíbrio de energia resultante de pensamentos negativos e ou de conflitos entre a alma e a personalidade.[2]
Para melhor compreensão desse processo é importante considerar que a energia é tida como uma força vital que compõe os animais, vegetais e os minerais. E que, a partir disso, o equilíbrio desta energia é adquirida da natureza, onde a propriedade de cura se faz presente. Em seus estudos, Bach descobriu que as essências florais apresentam energia vital, o que proporciona maior capacidade energética ao organismo de forma a equilibrá-lo.[12][13]
A propriedade vibracional dos florais produz uma interação entre as reações bioquímicas e moleculares, de forma que ocorra a transferência de energia em frequências semelhantes, o que proporciona o estado de equilíbrio. Dessa forma, como nos casos de ansiedade o organismo apresenta-se em estado de desordem e de desequilíbrio, a ação dos florais é a de proporcionar novamente a homeostasia entre mente e corpo.[5][12]
Como disse Bach, a ação de suas essências consiste em harmonizar corpo, mente e emoções, e que isso seria possível através do estímulo dos canais em recepcionar as vibrações fitoterápicas . O efeito trazido pela essência floral de Bach atua de forma a induzir o estado positivo da psique, uma vez que, no estado emocional conturbado, a energia negativa acumulada (proveniente das desordens mentais) possa ser convertida em energia vibracional, e a resposta fisiológica é a restauração do equilíbrio trazido pela ação das propriedades florais.[13][16]
Assim, a terapia floral se caracteriza por seu poder terapêutico reacionário e não farmacológico, que utiliza as vibrações das flores de forma a equilibrar os estados emocionais por meio das propriedades de vitalidade encontradas nas plantas. Por sua ação natural e suave, as essências são inofensivas e podem ser administradas sem maiores ressalvas.[16]
4.2 Eficácia em casos de ansiedade
Com os avanços nos campos da ciência e dos estudos mais recentes a respeito da terapia floral de Bach, e levando em conta sua origem natural e segurança clínica, os estudos consideram os florais como uma terapia eficaz e promissora.[8]
No campo terapêutico como terapia complementar em saúde, os diferentes tipos de florais desenvolvidos por Bach são capazes de tratar o indivíduo de forma integral, uma vez que dentre outros aspectos, o contexto biopsicossocial também é levado em consideração para o sucesso da terapêutica.[2]
Um estudo de ensaio clínico randomizado, onde participaram 17 indivíduos de uma comunidade de São Paulo, que apresentavam sintomas de ansiedade, demonstrou que durante 60 dias de tratamento com o uso de essências florais, que das 8 pessoas que fizeram o uso experimental, excluindo o grupo de placebo, sete (87,5%) apresentaram melhora dos seus sintomas, relatando maior controle emocional e menos irritabilidade e inquietação, enquanto que os demais não apresentaram alterações significativas. [2][13][16]
Em mais um estudo, dessa vez em 3 grupos de indivíduos que apresentavam transtornos de ansiedade, medo e depressão, os pacientes foram submetidos ao uso de 5 tipos distintos de florais de Bach, e os resultados demonstraram uma intervenção eficaz, de modo a reduzir os sintomas mais graves dos desequilíbrios emocionais com doses constantes durante o período de tratamento, sem a necessidade de reajuste.[13][16]
Um grupo de docentes foi submetido a um estudo de ensaio clínico, duplo-cego e randomizado onde prevaleciam as queixas de estresse e de episódios ansiosos. A amostra de 27 indivíduos que atuavam em uma escola de rede pública mostrou que dentre os que haviam feito a intervenção com o uso de florais, o resultado foi estaticamente significante na diminuição do estresse.[13]
Em outra pesquisa realizada, foi constatado que uma parcela significativa dos pacientes apresentava ansiedade e depressão. Com o tratamento de terapia floral, observou-se uma melhora satisfatória. Avaliações realizadas após 30 dias e 6 meses mostraram uma redução nos sintomas. Além disso, alguns pacientes tinham histórico de trauma, medo de tomar decisões e desânimo. Esses resultados apoiam a ideia de que os Florais de Bach são eficazes na redução de condições psicossomáticas, proporcionando assim uma melhoria na qualidade de vida.[2][16]
Nesse aspecto, os estudos envolvidos demonstraram, ainda, que a terapia floral garante maior segurança aos indivíduos, uma vez que dentre as suas propriedades e mecanismo de ação nenhum efeito colateral ou reação adversa foi evidenciada. Em uma avaliação geral de resultados apresentados com a presente revisão, aqueles que apresentaram-se efetivos no combate a ansiedade e a suas complicações, foi considerável, onde a maioria se destacou por apresentar fundamentos positivos e aparentes na redução dos sintomas e maior recuperação da saúde física e mental dos indivíduos envolvidos proporcionados pelas essências florais.[13][16]
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisar as produções deste estudo de revisão, ficou evidente que o uso dos florais de Bach no combate aos transtornos mentais, especialmente em casos de ansiedade, é benéfico como tratamento complementar. As essências florais, por serem naturais, seguras e acessíveis, são promissoras para alcançar a eficácia do tratamento, ampliando as opções terapêuticas além das convencionais. A vantagem dos florais propostos por Bach é a redução de efeitos colaterais e reações adversas, bem como o menor custo em comparação com terapias convencionais, como o uso de ansiolíticos e antidepressivos, que apresentam maior risco de dependência física, química e psicológica.
Com a implementação das Práticas Integrativas do Ministério da Saúde, os florais de Bach foram incluídos como tratamento complementar e adjuvante aos transtornos mentais no âmbito do SUS. A pesquisa de Edward Bach sobre a capacidade terapêutica das essências florais no equilíbrio emocional abriu caminho para investimentos em estudos direcionados à fitoterapia, oferecendo alternativas mais seguras, acessíveis e eficazes.
O Conselho Federal de Farmácia, por meio da Resolução nº 611 de 29 de maio de 2015, considera que os produtos obtidos por meio da terapia floral não apresentam riscos quando administrados nas doses recomendadas. Além disso, é um direito do indivíduo ter acesso a esses produtos, seja por prescrição profissional ou autocuidado, com orientação adequada.
Portanto, a terapia floral de Bach desempenha um papel importante no suporte emocional durante tratamentos que envolvem mudanças comportamentais e no estilo de vida. Quando identificada as causas do problema, essa terapia aborda tanto a parte física quanto a emocional relacionada ao surgimento da patologia, a tratando de forma integral.
6. REFERÊNCIAS
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1Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil. E-mail: mc91010941@gmail.com;