THE USE OF PSYCHOTROPIC DRUGS AMONG HEALTHCARE STUDENTS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10699342
Weverson Luis Monteiro Lima1
João Artur de Almeida Silveira1
Cleuza Gabriella de Almeida Silveira1
Raysa Pereira de Sousa1
Lívia Maria Sousa Barbosa1
Msc. Iangla Araújo de Melo Damasceno2
Resumo
O estudo aborda o uso de psicoestimulantes entre estudantes universitários da área da saúde, explorando sua prevalência, motivações e adesão ao tratamento. Os resultados revelaram uma predominância significativa de mulheres na amostra, representando 84,5% dos respondentes, com uma faixa etária concentrada entre 21 e 24 anos (42,3%) e a maioria sendo solteiros (80,3%). Medicina foi o curso com maior participação (63,4%), principalmente entre os estudantes nos três primeiros períodos. Quanto ao uso de psicoestimulantes, 18,3% começaram entre os 16 e 20 anos, e 8,5% entre 21 e 24 anos, enquanto a maioria (67,6%) indicou “não se aplica”. A maioria relatou utilizá-los há seis meses ou menos. As principais razões para aderir ao tratamento foram baixo rendimento acadêmico e TDAH, diagnosticado em 8,5% da amostra. A maioria dos participantes estava ciente dos efeitos adversos dos medicamentos e expressou satisfação com o tratamento. No entanto, o teste de Morinsky-Green indicou uma falha terapêutica devido à má adesão, com todos os participantes selecionando a opção “excedeu”. Quanto à conscientização sobre os riscos do uso indevido de psicoestimulantes, 93% consideraram importante, enquanto 86,3% afirmaram ser necessária a supervisão profissional durante o uso desses medicamentos. Esses resultados ressaltam a necessidade de intervenções educacionais para promover o uso responsável e seguro de psicoestimulantes entre os estudantes universitários da área da saúde.
Palavras-chave: Estudantes. Psicoestimulantes. Saúde.
1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o uso racional de medicamentos ocorre em condições em que “o paciente recebe medicamentos embasados em suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade”. Atrelado ao embasamento teórico relacionado ao uso de medicação, tem-se que na segunda metade do século XX, houve um aumento na produção dos fármacos, a “explosão farmacológica”, decorrente da associação entre desenvolvimento fundamental em ciências biológicas – possibilitando “melhor compreensão dos mecanismos moleculares, celulares e homeostáticos relacionados com a saúde e doença, e avanços tecnológicos oriundos da Segunda Guerra Mundial. Baseado nisso, o mundo viveu um momento de revolução farmacológica, uma vez que os novos produtos do mercado, bem como a produção em maior escala, alteraram a relação do indivíduo no eixo saúde-doença, de forma que a disponibilidade acentuada impulsionou consumos e necessidades proporcionais (OMS; 1985).
Baseado nesse pressuposto, tem-se que os fármacos psicoestimulantes atuam no Sistema Nervoso Central (SNC) de forma a promoverem alteração de uma ou mais etapas do processo de transmissão sináptica química, quer seja por meio da liberação de transmissores, quer seja bloqueando a função dos receptores (KATZUNG,2003; KATZUNG,2014). Os fármacos que atuam como estimulantes do SNA, como anfetaminas, dextroanfetaminas e metilfenidato, apresentam um uso clínico para tratamento de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), caracterizada pela presença de desatenção, hiperatividade e impulsividade. O mecanismo de ação dessa classe farmacológica é pautado no bloqueio dos transportadores de noradrenalina (NAT) e dopamina (DAT), resultando em aumento da liberação e concentração de dopamina (DA) e noradrenalina (NA) e DA em regiões específicas do cérebro. (PASTURA et al; 2004). Sendo assim, a conquista dessa otimização de performance, influência em uma maior capacidade concentração e aprendizado, facilitando assim, a aquisição de novos conteúdos e resultando em melhores resultados acadêmicos (PASTURA; 2004).
Sendo assim, os fármacos psicoestimulantes apresentam uma significativa aderência entre os acadêmicos da área da saúde, enquanto tendência em aumentar o desempenho produtivo, estudar exageradamente e, principalmente potencializar o processo de memorização. Assim, os acadêmicos da área da saúde revelam uma incidência central em explorar mecanismos farmacêuticos e exógenos para promoverem tamanho objetivo (RANG; 2016). Baseado nisso, tem-se que o acompanhamento do padrão de uso dos fármacos psicoestimulantes pela população constitui um processo fundamental para avaliação da relação saúde-doença, de forma a compreender o efeito da produção significativa de produtos farmacológicos, bem como, do padrão de comportamento populacional frente às necessidades clínicas e os anseios pessoais em atingir desempenhos individuais pautados em maior rendimento, e otimização de desempenho (DOS SANTOS PIRES; 2018). Com isso, os objetivos deste trabalho foram: conhecer o perfil dos acadêmicos da área da saúde do UNITPAC de Araguaína-TO que fazem uso de fármacos psicoestimulantes. A fim de utilizar a relevância desses dados, na promoção de atividades de conscientização do público acadêmico; analisar as causas que levam a comunidade acadêmica da área da saúde do UNITPAC de Araguaína-TO a fazer uso dos fármacos psicoestimulantes; identificar o sexo, idade e estado civil dos acadêmicos da área da saúde do UNITPAC de Araguaína- TO que fazem tratamento com os psicofármacos neuroestimulantes; analisar o grau de adesão dos medicamentos; Investigar se os acadêmicos têm algum acompanhamento profissional quanto ao uso dos fármaco; ter um estudo base para o desenvolvimento de projetos de conscientização no meio acadêmico; apresentar ao meio acadêmico a necessidade de conscientização a respeito dos riscos e colaterais do uso de psicoestimulantes; analisar o quão relevante o acompanhamento profissional (psiquiatra e psicólogo) pode ser a esse público.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
Os psicoestimulantes são substâncias psicoativas que atuam diretamente no sistema nervoso central, como anfetaminas, dextroanfetaminas e metilfenidato, sendo usados principalmente no tratamento do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), cujos principais sintomas são desatenção, hiperatividade e impulsividade. O mecanismo de ação dos fármacos consiste no bloqueio dos transportadores de noradrenalina (NAT) e dopamina (DAT), com consequente aumento da liberação e concentração de dopamina (DA) e noradrenalina (NA) em regiões específicas do cérebro (AGUIAR; 2009). Esse aumento é responsável por uma maior capacidade de concentração e aprendizado, facilitando a aquisição de novos conteúdos e culminando em melhores resultados acadêmicos (BARBARESI; 2020).
O uso de psicoestimulantes é muito comum entre estudantes da área da saúde. Araujo (2021) explica, em estudos recentes, que muitos jovens acadêmicos da área da saúde têm aderido à automedicação. Segundo o estudo, 37,2% dos jovens que utilizam fármacos psicoestimulantes afirmaram que obtiveram os medicamentos sem prescrição médica (BOUTREL; 2004). As classes farmacológicas mais utilizadas foram ansiolíticas, antidepressivos e psicoestimulantes, sendo os psicoestimulantes os mais consumidos por estudantes da saúde (p < 0,05; OR: 2,12). Entre os fatores precipitantes para o início do uso estão a demanda do curso (41,6%), outros fatores (33,7%) e problemas familiares (29,1%). 90,8% afirmaram ter consciência dos riscos quanto ao uso. O estudo verificou alta prevalência de uso não prescrito de psicofármacos entre os estudantes. Diante das necessidades encontradas, faz-se necessária a busca por estratégias de orientação e prevenção pelas universidades (ARAUJO et al.; 2021).
Idade, sexo e estado civil são fatores avaliados para determinar o perfil epidemiológico dos usuários de psicoestimulantes. Dessa forma, foi observado que existe uma prevalência maior em homens, com estado civil divorciado, separado ou solteiro e com idade média de início aos 20 anos (ADVOKAT et al.; 2008).
Potenciais efeitos colaterais atrelados ao uso de psicoestimulantes em curto prazo incluem perda de apetite, insônia, irritabilidade, cefaleia, dor abdominal e perda da capacidade cognitiva. Efeitos adversos raros, como coma e síncope, podem ocorrer em doses supraterapêuticas (BULATOVA; 2020).
Nos últimos anos, o uso de psicoestimulantes sem receita médica, como o metilfenidato, tem aumentado para melhorar o rendimento em diversas áreas de estudo e trabalho. Entre estudantes usuários de metilfenidato não prescrito, a maioria usou em períodos de elevado estresse nos estudos acadêmicos. Além disso, as pessoas que desejam perder peso corporal utilizam o metilfenidato indevidamente, devido ao efeito colateral da diminuição do apetite. Essa e outras falsas indicações podem ser favorecidas porque esses medicamentos fazem parte da Farmacopeia brasileira e de outros países e, portanto, por serem liberados para uso médico, são erroneamente interpretados pela população como “mais seguros” que as drogas ilícitas; talvez por isso, a baixa percepção de dano tem sido considerada fator de risco ao uso de drogas sem prescrição adequada (BÉLANGER; 2018).
Importante ressaltar que muitos indivíduos que fazem uso de psicoestimulantes necessitam de tratamento com uma abordagem que deve ser semelhante à abordagem adotada com outras condições de saúde crônicas graves identificadas na infância, como diabetes mellitus, utilizando assim doses estabelecidas por médicos, evitando assim doses abusivas e maleficência no tratamento. Os tratamentos psicossociais podem ajudar a estabelecer as bases para a melhoria da função em vários domínios que afetarão as pessoas com TDAH ao longo de suas vidas (por exemplo, interações com colegas, função executiva). Com crianças e suas famílias, com acesso a tratamento psicossocial e farmacológico baseado em evidências para garantir o melhor resultado possível para cada criança com TDAH durante toda a sua vida (BARBARESI; 2020).
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, ou TDAH, é um transtorno no desenvolvimento do autocontrole. Consiste em problemas óbvios no tempo em que a pessoa consegue sustentar a atenção e no controle dos impulsos e do nível de atividade. Mas, como você irá descobrir aqui, o TDAH é muito mais que isso. O transtorno também se reflete num comprometimento da vontade ou da aptidão da criança para controlar seu comportamento em relação à passagem do tempo, isto é, de ter em mente metas e consequências futuras. Não se trata, como outros livros afirmam, de uma questão apenas de desatenção e hiperatividade. Não é só um estado temporário que será superado na maioria dos casos, ou uma fase desafiadora, mas normalmente, da infância. Não é causado por uma falha dos pais em disciplinar o filho ou em criá-lo de modo adequado, nem sinal de alguma espécie o filho ou em criá-lo de modo adequado, nem sinal de alguma espécie de “maldade” inerente ou de falha moral da criança. (GRUBER; 2014)
O diagnóstico de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é clínico, e não há exames complementares com valor preditivo positivo ou negativo suficiente para uma recomendação oficial. Entretanto, por diversos motivos, o exame fornece muitas informações relevantes para uma melhor compreensão do quadro clínico, como: nível de inteligência. Ele é considerado algo particularmente importante, uma vez que níveis mais baixos, mesmo ainda dentro dos limites de variação da normalidade, irão se associar a maior comprometimento acadêmico, mesmo quando a desatenção não é proeminente. Déficit de memória operacional. A presença de comprometimento da memória operacional se associa à pior habilidade de leitura e desempenho acadêmico em geral. Déficit de funções executivas. Indivíduos com TDAH e déficit de funções executivas apresentam maior comprometimento funcional (incluindo acidentes automobilísticos) do que aqueles com o mesmo grau de desatenção e hiperatividade/impulsividade. Diversos outros déficits descritos em pessoas com TDAH, incluindo processamento de tempo, regulação emocional e sensibilidade à recompensa e punição, para citar alguns exemplos, podem ser particularmente importantes na compreensão de um caso de TDAH específico (CHUN et al.; 2016).
Os psicoestimulantes são subprodutos das anfetaminas, que são uma mistura racêmica de fenilisopropilamina que é importante principalmente por causa de seu uso e abuso como um estimulante do SNC (KUMAR; 2008). Farmacocineticamente, ela é semelhante à efedrina; entretanto, a anfetamina entra no SNC ainda mais rápido, e lá tem efeitos estimulantes acentuados sobre o humor e o estado de alerta, além de um efeito depressivo sobre o apetite. Seu isômero d é mais potente que o isômero l. As ações da anfetamina são mediadas por meio da liberação de norepinefrina e, em alguma extensão, dopamina (LYNCH; 2011).
As anfetaminas têm um efeito de elevação do humor (euforizante); esse efeito é a base para o uso abusivo disseminado desse grupo de fármacos. As anfetaminas também têm ação de vigília, postergação do sono, que se manifesta por melhoria da atenção em tarefas repetitivas e por aceleração e dessincronização do eletroencefalograma (ÖZGEN; 2020). Uma aplicação terapêutica desse efeito é no tratamento da narcolepsia. A modafinila, um novo substituto da anfetamina, é aprovada para uso na narcolepsia, e alega-se que tem menos desvantagens (mudanças de humor excessivas, insônia e potencial de uso abusivo) do que a anfetamina nessa condição (FLECKENSTEIN; 2007). O efeito supressor de apetite desses agentes é facilmente demonstrado em animais utilizados em experimentos (MINZENBERG; 2008). Em seres humanos obesos, pode ser observada uma resposta inicial encorajadora, mas não há evidências de que a melhora, em longo prazo, do controle do peso seja obtida apenas com anfetaminas, em especial quando administradas por um período relativamente curto. Uma aplicação final dos simpatomiméticos ativos no SNC é no transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), uma síndrome comportamental consistindo em duração curta da atenção, comportamento físico hipercinético e problemas de aprendizado (REPANTIS; 2010).
A metanfetamina (N-metilanfetamina), conhecida popularmente com o nome comercial ritalina, assemelha-se bastante à anfetamina, com uma proporção ainda mais alta de ações centrais do que periféricas (SANTOS; 2019). A fenometrazina é uma variante de fenilisopropilamina com efeitos semelhantes à anfetamina. Tem sido promovida como um anorexígeno e é também uma popular droga de uso abusivo (SINGH; 2014). O metilfenidato é uma variante da anfetamina cujos principais efeitos farmacológicos e potencial de uso abusivo são similares aos da anfetamina. O metilfenidato pode ser efetivo em algumas crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (ver “Usos terapêuticos de fármacos simpatomiméticos” (VOLKOW; 2009). A modafinila é um psicoestimulante que difere da anfetamina em estrutura, perfil neuroquímico e efeitos comportamentais. Seu mecanismo de ação não é completamente conhecido. Ela inibe transportadores de norepinefrina e de dopamina, e aumenta as concentrações sinápticas não apenas de norepinefrina e dopamina, mas também de serotonina e glutamato, enquanto diminui os níveis de GABA. É usada para melhorar o estado de vigília na narcolepsia e algumas outras condições. Costuma ser associada a aumentos da pressão sanguínea e frequência cardíaca, embora esses efeitos sejam geralmente leves (NICOLL; 2014).
A atomoxetina é uma outra opção no tratamento de TDAH, sendo um inibidor seletivo do transportador de recaptação da norepinefrina (WEBB; 2013). Portanto, suas ações são mediadas por potenciação dos níveis de norepinefrina em sinapses noradrenérgicas sendo assim usada no tratamento de transtornos do déficit de atenção. Surpreendentemente, a atomoxetina tem pouco efeito cardiovascular, porque ela tem um efeito semelhante à clonidina no SNC para diminuir o efluxo simpático, enquanto, ao mesmo tempo, potencializa os efeitos da norepinefrina na periferia. Contudo, ela aumenta a pressão sanguínea em alguns pacientes (YOUNG; 2020). A recaptação da norepinefrina é particularmente importante no coração, em especial durante a estimulação simpática, o que explica porque a atomoxetina e outros inibidores da recaptação de serotonina com frequência causam taquicardia ortostática (RANG; 2016).
Deve-se ter bastante cuidado ao prescrever o uso de psicoestimulantes, uma vez que podem ter efeitos adversos significativamente negativos. Dentre os maiores malefícios do uso de psicoestimulantes ressalta-se taquicardia, insônia, enxaqueca, fadiga, falta de apetite, hipertensão e taquicardia (DOS SANTOS PIRES; 2018). Um dos piores colaterais são aqueles ligados ao mecanismo de down regulation, principalmente entre aqueles usuários que não apresentam TDAH, pois a longo prazo, o uso dos psicofármacos pode não surtir o mesmo efeito, devido às adaptações fisiológicas via feedback negativo, sendo estes um dos principais fatores atrelados à dependência (DE LUNA et al.; 2021).
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, de natureza transversal e abordagem quantitativa. A população e amostra da pesquisa incluem todos os estudantes matriculados nos cursos da área da saúde, do 1º ao 12º período, no Centro Universitário UNITPAC, na cidade de Araguaína, TO.
Para a coleta de dados, será utilizado um questionário elaborado no Google Forms, dividido em quatro partes. Na primeira parte, serão coletadas informações de identificação dos participantes (sexo, idade, estado civil, curso e período). Na segunda parte, serão registrados dados sobre o uso de psicoestimulantes, como tempo de uso, idade de início, motivo e presença de TDAH. Na terceira parte, será aplicado o Teste de Morinsky-Green para avaliar o grau de adesão de cada participante ao tratamento farmacológico. Por fim, na quarta parte, será investigada a opinião dos participantes sobre a necessidade de conscientização dos riscos e acompanhamento profissional durante o uso de psicoestimulantes.
O Teste de Morinsky-Green é composto por quatro perguntas: “Você alguma vez esquece de tomar o seu remédio?”; “Você às vezes é descuidado quanto ao horário de tomar seu remédio?”; “Quando você se sente bem, alguma vez deixa de tomar seu remédio?”; e “Quando você se sente mal com o remédio, às vezes deixa de tomá-lo?”. Esse teste permite avaliar se a falta de adesão ao tratamento ocorre por comportamento intencional ou não intencional.
4. RESULTADOS
O questionário foi respondido por 71 estudantes da área da saúde. Em relação à caracterização da amostra, a maioria dos respondentes (84,5%) era composta por mulheres, 42,3% tinham entre 21 e 24 anos, e 80,3% eram solteiros. Medicina foi o curso com maior participação no questionário, representando 63,4% das respostas, e a maioria dos participantes estava nos três primeiros períodos do curso. Na segunda parte do questionário, foram feitas perguntas sobre o uso de medicamentos psicoativos, revelando que 18,3% dos entrevistados começaram a usar esses medicamentos entre os 16 e 20 anos, seguidos por 8,5% que começaram entre 21 e 24 anos, enquanto a maioria (67,6%) assinalou a opção “não se aplica”. Em relação ao tempo de uso dos medicamentos, a maioria relatou utilizá-los há seis meses ou menos. Quanto às razões para aderir ao tratamento medicamentoso, o principal motivo foi o baixo rendimento acadêmico, seguido pelo TDAH, diagnosticado em 8,5% da amostra. Outros dados coletados incluíram o conhecimento sobre os efeitos adversos dos medicamentos, o conhecimento dos familiares sobre o uso e a satisfação com o tratamento, revelando que as respostas afirmativas para essas perguntas foram significativamente mais frequentes do que as negativas. Quanto ao teste de Morinsky-Green, a opção “excedeu” foi selecionada em todas as quatro perguntas, indicando uma falha terapêutica devido à má adesão. Por fim, os estudantes foram questionados sobre a importância da conscientização sobre os riscos do uso indevido de psicoestimulantes, com 93% afirmando ser importante, e sobre a importância do acompanhamento profissional durante o uso desses medicamentos, com 86,3% considerando-o necessário.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de medicamentos com o objetivo de melhorar o desempenho nos estudos e atividades relacionadas à vida acadêmica é uma prática comum entre muitos estudantes universitários. Isso está diretamente ligado às elevadas exigências dos professores e das instituições educacionais. Os psicoativos se tornam uma opção farmacológica atrativa para os graduandos, disponíveis através de várias fontes de acesso. A maioria dos usuários é do sexo feminino, com idades entre 21 e 24 anos, nos estágios iniciais do curso, buscando impulsionar seu rendimento acadêmico. É interessante notar que profissionais de saúde, estudantes e redes sociais são meios de acesso a esses recursos, sendo os profissionais de saúde considerados mais confiáveis. No entanto, é crucial destacar a importância deste estudo acadêmico, pois o uso indiscriminado desses medicamentos é uma realidade devido à falta de conscientização e acompanhamento adequado. Portanto, é evidente que o trabalho enfatizou a necessidade de conscientização e alcançou seus objetivos. Trata-se de um estudo epidemiológico que identificou os indicadores do uso de psicoativos entre estudantes universitários na área da saúde.
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1Discente do Curso Superior de Medicina da UNITPAC Campus Araguaína-TO e-mail: weverson_lima99@hotmail.com
2Docente do Curso Superior de Farmacologia da UNITPAC Campus Araguaína-TO. Mestre em Farmacologia. e-mail: iangla.damasceno@unitpac.edu.br