O USO DE CANABIDIOL EM FERIDAS CRÔNICAS: UM OLHAR DERMATOLÓGICO

THE USE OF CANNABIDIOL IN CHRONIC WOUNDS: A DERMATOLOGICAL VIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505262211


Deysiele de Lira Freitas1
Maria Raquel Antunes Casimiro2
Anne Caroline de Souza3
Yuri Charllub Pereira Bezerra4


RESUMO

As feridas crônicas configuram um problema relevante de saúde pública, sobretudo em populações com doenças de base como diabetes e patologias vasculares, uma vez que apresentam dificuldade de cicatrização e elevam o risco de complicações clínicas. Diante disso, novas abordagens terapêuticas têm sido investigadas, incluindo o uso do canabidiol (CBD), substância com propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e regenerativas. O objetivo do trabalho foi analisar, com base na literatura científica recente, de que forma d CBD tem sido utilizado no tratamento de feridas crônicas e quais são seus efeitos sobre os mecanismos de cicatrização. A metodologia trata-se de uma revisão integrativa realizada nas bases SciELO, BVS, PubMed e Periódicos CAPES, com recorte temporal entre 2020 e 2025. Utilizaram-se os descritores “canabidiol”, “feridas crônicas” e “cicatrização” combinados entre si pelo operador booleano AND. Os estudos incluídos evidenciaram que o CBD atua de forma positiva em diferentes fases do processo cicatricial, promovendo reepitelização, controle da inflamação, modulação do estresse oxidativo e redução da dor local. Além disso, observou-se melhora na proliferação celular e na síntese de colágeno, especialmente em formulações tópicas com aplicação direta sobre o leito da ferida. Contudo, a escassez de ensaios clínicos randomizados e a ausência de padronização nas formulações limitam a aplicação clínica mais ampla da substância. O uso do canabidiol (CBD) mostra-se promissor como adjuvante no tratamento de feridas crônicas, contribuindo para a aceleração da cicatrização e o alívio sintomático. A ampliação das pesquisas clínicas é essencial para consolidar sua eficácia terapêutica e segurança no contexto assistencial.

Palavras-chave: Canabidiol. Feridas Crônicas. Cicatrização. Terapia Tópica. Sistema Endocanabinoide.

1 INTRODUÇÃO

As feridas crônicas representam uma condição médica grave, caracterizada por lesões na pele que não cicatrizam adequadamente dentro do tempo esperado. Em condições normais, uma ferida tende a cicatrizar em até quatro semanas, porém, quando esse processo é interrompido, resulta em uma ferida crônica (Okur et al., 2020). Esses casos prolongados de cicatrização são comumente atribuídos a diversos fatores internos e externos que interferem na progressão natural do processo de cura.

O processo de cicatrização envolve uma sequência de eventos biológicos, começando pela hemostasia e seguida pela inflamação, proliferação celular, angiogênese, formação de matriz e remodelação tecidual. Se qualquer uma dessas fases for comprometida, a ferida não cicatriza adequadamente, resultando em uma ferida crônica, que permanece aberta por longos períodos e gera complicações para o paciente e para o sistema de saúde (Miao et al., 2020).

A prevalência de feridas crônicas é considerável em muitos países. Em estudos realizados, estimou-se que cerca de 2,2 a cada 1.000 habitantes são afetados por esse tipo de lesão, representando um problema para a saúde pública (Martinego et al., 2020). No Brasil, ainda que não haja dados precisos sobre a incidência nacional, algumas pesquisas indicam uma prevalência de 11,8% entre idosos em áreas urbanas, o que reflete a extensão desse problema em nosso país (Vieira; Araújo, 2018). Essas feridas podem ter diferentes causas subjacentes. São frequentemente associadas a doenças vasculares, diabetes mellitus, hipertensão arterial e imobilidade física prolongada. Com base em sua etiologia, classificam-se em úlceras por pressão, úlceras diabéticas, úlceras venosas e úlceras decorrentes de insuficiência arterial, sendo cada tipo relacionado a mecanismos patológicos distintos (Kataoka et al., 2021). 

A presença de feridas crônicas gera impactos profundos na vida dos pacientes, que, além de enfrentar a dor física, sofrem com uma série de complicações psicossociais. Os pacientes tendem a vivenciar alterações na qualidade do sono, limitação na mobilidade, e dificuldades no autocuidado, além de serem mais propensos a desenvolver depressão e ansiedade. Esses problemas afetam a capacidade de realizar atividades diárias e levam ao isolamento social e à discriminação (Cavassan et al., 2019).

No contexto clínico, o manejo das feridas crônicas é um desafio diário para os profissionais de saúde, especialmente para enfermeiros. O tratamento envolve múltiplas abordagens, desde o uso de curativos até terapias mais complexas, exigindo uma avaliação contínua do quadro clínico e das fases da ferida. A constante adaptação das terapias é necessária para lidar com os diversos fatores que interferem no processo de cicatrização, como a presença de infecções e o comprometimento da circulação sanguínea (Silva Filho et al., 2021).

Diante desse cenário, torna-se evidente a necessidade de novas abordagens terapêuticas que possam melhorar os resultados para os pacientes com feridas crônicas. O uso de substâncias naturais, como o canabidiol (CBD), vem ganhando destaque como uma possível alternativa ou complemento às terapias convencionais. O CBD, derivado da planta Cannabis sativa, tem mostrado propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes, que podem ser eficazes na promoção da cura em feridas de difícil cicatrização (Palladini, 2023).

Pesquisas recentes indicam que os canabinoides têm potencial terapêutico para condições dermatológicas, atuando como agentes anti-inflamatórios e cicatrizantes. Estudos com dermatologistas mostraram que 86% consideram os canabinoides tópicos uma abordagem promissora para doenças de pele, como eczema e prurido (Gupta; Talukder, 2021). Além disso, seu uso tópico é visto como seguro, sendo especialmente interessante para o tratamento de condições inflamatórias da pele (Ávila et al., 2020). 

Ainda, o sistema endocanabinoide, presente na pele, desempenha um papel importante na regulação da proliferação celular e da inflamação, o que pode contribuir para a cicatrização de feridas (Milano; Friedman, 2019). Estudos in vitro também mostram que o canabidiol inibe mediadores inflamatórios e está envolvido na regulação de metaloproteinases, substâncias que desempenham um papel fundamental no processo de cicatrização e remodelação tecidual (Sangiovanni et al., 2019). Embora os resultados iniciais sejam promissores, há uma necessidade de ensaios clínicos adicionais para validar o uso dos canabinoides no tratamento de feridas crônicas e confirmar sua eficácia em contextos clínicos reais (Scheau et al., 2020).

Assim, definiu-se a pergunta norteadora da presente pesquisa como: “De que maneira o canabidiol (CBD) tem sido aplicado no manejo de feridas crônicas, segundo a literatura científica atual?”

Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo geral identificar como a literatura científica aborda o uso do canabidiol (CBD) no tratamento de feridas crônicas, com vistas a compreender o potencial terapêutico dessa substância no manejo de lesões de difícil cicatrização. Para alcançar esse propósito, foram definidos os seguintes objetivos específicos: descrever as principais evidências científicas disponíveis sobre os efeitos terapêuticos do CBD na cicatrização de feridas crônicas; analisar os tipos de estudos existentes, suas metodologias, populações investigadas e desfechos clínicos relacionados ao uso do canabidiol nesse contexto; e identificar as lacunas no conhecimento científico que ainda persistem quanto à aplicação do CBD em protocolos clínicos voltados ao tratamento de feridas crônicas.

A pesquisa justifica-se socialmente pela necessidade de oferecer novas alternativas terapêuticas para pacientes com feridas crônicas, que enfrentam dificuldades no tratamento convencional, o que impacta sua qualidade de vida e gera altos custos para o sistema de saúde. Academicamente, há uma lacuna na literatura quanto ao uso do canabidiol (CBD) para tratar essas feridas, e o estudo pode contribuir para expandir o conhecimento sobre essa abordagem. Cientificamente, o CBD tem demonstrado potencial na modulação de processos biológicos essenciais para a cicatrização, mas ainda são necessários estudos que consolidem as evidências sobre sua eficácia, tornando esta revisão relevante para o avanço das pesquisas na área.

2 METODOLOGIA 

Este estudo caracterizou-se como uma revisão integrativa da literatura, cuja finalidade consiste em reunir, avaliar criticamente e sintetizar os resultados de pesquisas publicadas sobre o uso do canabidiol (CBD) no tratamento de feridas crônicas. Essa abordagem metodológica é especialmente apropriada quando se busca compreender, de forma sistemática e abrangente, o estado atual do conhecimento sobre determinada intervenção terapêutica, permitindo identificar evidências consolidadas, lacunas científicas e direcionamentos para futuras investigações. De acordo com Almeida et al. (2024), a revisão integrativa permite a articulação entre estudos teóricos e empíricos, favorecendo uma análise mais ampla, que contempla diferentes delineamentos e abordagens metodológicas. 

A condução desta pesquisa seguiu as etapas sistematizadas por Mendes, Silveira e Galvão (2008), compreendendo: 1) Identificação do tema e formulação da questão de pesquisa; 2) Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão de estudos; 3) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) Avaliação dos estudos incluídos; 5) Interpretação dos resultados; e 6) Síntese e publicação dos achados. Essas etapas permitem uma abordagem rigorosa e sistemática na coleta e análise de dados, promovendo a confiabilidade e validade dos resultados.

A busca foi realizada em abril de 2025, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e Portal de Periódico da CAPES, selecionadas por sua relevância e abrangência na área da saúde e por reunirem produções científicas de reconhecida qualidade. Para a estratégia de busca, foram utilizados os descritores controlados “Canabidiol/Cannabidiol”, “Feridas Crônicas/Chronic Wounds” e “Cicatrização/Wound Healing”, combinados entre si com o operador booleano AND, com o objetivo de localizar estudos que discutissem especificamente o impacto terapêutico do CBD na condução clínica de feridas de difícil cicatrização.

Foram adotados como critérios de inclusão: artigos científicos disponíveis na íntegra e com acesso gratuito, publicados entre os anos de 2020 e 2025, para garantir a atualidade dos estudos, nos idiomas português e inglês, e que abordassem diretamente a aplicação do canabidiol no processo de cicatrização de feridas crônicas. Foram excluídos estudos que tratassem de outras substâncias ou formas de tratamento, aqueles repetidos em mais de uma base de dados, textos indisponíveis, revisões com foco genérico sobre cannabis medicinal e publicações que abordassem o tema de forma tangencial, sem relação direta com a temática proposta.

Para a organização e sistematização dos dados, foi elaborado um fluxograma de seleção dos estudos, que apresenta visualmente as etapas do processo de triagem e inclusão dos artigos na revisão. As informações extraídas de cada estudo foram dispostas em tabelas, contendo as seguintes variáveis: Autor/Ano, Título do Estudo, Objetivo, Metodologia e Principais Resultados. A análise dos dados será conduzida de forma descritiva e interpretativa, buscando evidenciar os padrões encontrados na literatura quanto à eficácia, mecanismos de ação e limitações do uso do canabidiol na cicatrização de feridas. A apresentação dos achados contará com o apoio de recursos gráficos e tabulares, por meio do software Microsoft Office Excel. Como se trata de uma revisão baseada em dados secundários de domínio público, o estudo dispensa avaliação por Comitê de Ética, conforme as normas vigentes para pesquisas desse tipo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A partir das buscas realizadas nas bases de dados previamente mencionadas, foram inicialmente identificadas as seguintes quantidades de publicações potencialmente relevantes à temática: Scientific Electronic Library Online – SciELO (0 artigos), PubMed (10 artigos), Biblioteca Virtual em Saúde – BVS (7 artigos), Portal de Periódicos da CAPES (16 artigos), totalizando 33 estudos. Esses resultados compuseram o conjunto inicial de publicações que abordam, de forma direta ou indireta a temática proposta.

Após a remoção dos artigos duplicados, restou o total de 30 artigos completos para avaliação. Destes foram descartados 17 artigos após a análise de título e resumo, para garantir pertinência a temática. Por fim, dos 13 artigos selecionados para leitura completa, foram incluídos 8 artigos que atendem a relevância e que contemplaram os critérios de inclusão e exclusão, conforme a apresentação do fluxograma da Figura 1.

A distribuição dos 8 artigos incluídos na revisão integrativa demonstra uma concentração de publicações nos anos mais recentes. Em 2022, apenas 1 artigo foi identificado (12,5%). Já em 2023, houve um aumento com 2 artigos publicados (25%). O ano de 2024 concentrou a maior parte das publicações, totalizando 4 artigos (50%), o que reflete o crescente interesse científico pelo uso do canabidiol (CBD) no tratamento de feridas crônicas. Por fim, 1 artigo foi publicado em 2025 (12,5%), indicando que a temática continua em expansão nas pesquisas atuais.

Seguindo, no quadro 1 elenca-se a síntese dos principais achados dos artigos revisados, reunindo informações que contemplam os critérios de inclusão e exclusão organizando e numerando com as informações de autores, título dos artigos, revista e ano de publicação. 

Quadro 1 – Distribuição dos artigos selecionados por autores, título dos artigos, revista e ano de publicação.

Autor(es)Título dos ArtigosRevistaAno
1Soares et al.O uso de canabinoides em fisiopatologias dermatológicas: uma revisão sistemáticaResearch, Society and Development2022
2Spinella et al.Topical cannabidiol in the treatment of digital ulcers in patients with scleroderma: Comparative analysis and literature reviewAdvances in Skin & Wound Care2023
3Spinella et al.Topical cannabidiol in the treatment of digital ulcers in patients with scleroderma: Comparative analysis and literature reviewAdvances in Skin & Wound Care2023
4Healy et al.Chronic wound-related pain, wound healing and the therapeutic potential of cannabinoids and endocannabinoid sys- tem modulationBiomedicine & Pharmacotherapy2023
5Shah et al.Cutaneous Wound Healing and the Effects of CannabidiolInternational Journal of Molecular Sciences2024
6Lapmanee et al.Cannabidiol-Loaded Lipid Nanoparticles Incorporated in Polyvinyl Alcohol and Sodium Alginate Hydrogel Scaffold for Enhancing Cell Migration and Accelerating Wound HealingGels2024
7Israni et al.Harnessing Cannabis sativa Oil for Enhanced Skin Wound Healing: The Role of Reactive Oxygen Species RegulationPharmaceutics2024
8Cavalcante et al.Propriedades regenerativas do canabidiol (CBD) na cicatrização de feridas e manejo da dor pós-cirúrgicaCuadernos de Educación y Desarrollo2025
Fonte: Autoria própria

Já no Quadro 2 apresentam-se os objetivos, métodos/tratamentos e resultados dos estudos analisados. Essa organização favorece uma leitura sistematizada das evidências científicas, permitindo, por meio da análise do uso do canabidiol na cicatrização de feridas crônicas, identificar contribuições relevantes da literatura quanto ao potencial terapêutico do CBD, bem como lacunas ainda existentes no que se refere à sua aplicabilidade clínica, eficácia em longo prazo e padronização das formulações utilizadas no cuidado de feridas de difícil cicatrização.

Quadro 2 – Distribuição dos artigos selecionados por objetivos, métodos e resultados encontrado

ObjetivoMétodo/TratamentoResultados
1Analisar os efeitos do canabidiol (CBD) na cicatrização de feridas cutâneas normais e em modelo diabético murino, com foco em IL-33 e CTGF.Estudo experimental em camundongos B6 (normais) e db/db (diabéti- cos) com aplicação tópica de CBD. Avaliação do fechamento da ferida, expressão de IL-33 e CTGF.CBD reduziu células IL-33+ em 70% nos camundongos B6 e aumentou CTGF+ de 18,6% para 38,8% nos db/db. Efeitos benéficos observados na cicatrização de feridas diabéticas.
2Desenvolver e avaliar uma formulação de hidrogel com CBD en- capsulado em nanopar- tículas lipídicas para promover a cica- trização de feridas crônicas.Síntese de hidrogéis PVA/SA com CBD/LNPs e avaliação in vitro e in vivo (modelo murino) dos efeitos na migração celular, atividade antioxidante e fechamento de feridas cutâneas.A formulação com CBD/LNPs aumentou a migração de fibroblastos, reduziu estresse oxidativo, acelerou a cicatrização de feridas em ratos e melhorou marcadores histológicos como espessura dérmica e deposição de colágeno.
3Avaliar os efeitos do canabidiol tópico no tratamento de úlceras digitais crônicas em pacientes com esclerodermia.Estudo retrospectivo com 45 pacientes com úlceras digitais por esclerodermia, divididos entre tratamento convencional e tratamento com CBD durante o desbridamento cirúrgico.O grupo tratado com CBD apresentou redução da dor, melhora na qualidade de vida, aumento do sono e fecha- mento completo das feridas em 72% dos casos, indicando eficácia do CBD no tratamento de feridas crônicas refratárias.
5Revisar a dor associada a feridas crônicas e explorar o potencial terapêutico do canabi- diol e da modulação do sistema endocanabi- noide para cicatrização e controle da dor.Revisão narrativa de evidências préclínicas e clínicas, com destaque para estudos in vitro, in vivo e relatos de caso sobre o uso de canabinoides, especialmente CBD, em feridas crônicas e dor associada.Evidências indicam que a modulação do sistema endocanabinoide pode promover reepitelização, reduzir citocinas inflamatórias, controlar a dor em feridas crônicas e atuar sobre comorbidades como ansiedade e de- pressão. No entanto, são necessários mais estudos clínicos randomizados.
6Analisar o papel do óleo de Cannabis sativa na cicatrização de feridas cutâneas, com ênfase na regulação de espécies reativas de oxigênio (ROS) em feridas agudas e crônicas.Revisão integrativa de literatura com ênfase em estudos in vitro, in vivo e clínicos que investigaram o uso de óleo de Cannabis sativa na modu- lação do estresse oxidativo e na cicatrização de feridas.O óleo de Cannabis sativa demonstrou potencial cicatrizante por meio da regulação de ROS, promovendo reepitelização, angiogênese, proliferação de fibroblastos e modulação inflamatória. Sua ação antioxidante e antimicrobiana foi eficaz em feridas crônicas, com boa biocompatibilidade e segurança em modelos pré-clínicos.
7Investigar o potencial terapêutico dos canabinoides no tratamento de patologias dermatológicas, com atenção ao processo inflamatório e à cicatrização de feridas crônicas.Revisão sistemática com seleção de nove artigos publicados entre 2019 e 2021, extraídos de PubMed, Science Direct, Google Acadêmico e BVS. A análise foi qualitativa, baseada em leitura metodológica dos estudos sobre Cannabis sativa e seus efeitos dermatológicos.O sistema endocanabinoide mostrouse funcional na pele, regulando in- flamação, proliferação celular e cica- trização. Canabinoides, como o cana- bidiol, demonstraram efeitos positivos na modulação de doenças dermato- lógicas inflamatórias e fibrosantes, incluindo melhora em modelos de feridas crônicas e esclerose cutânea.
8Revisar as evidências científicas sobre o uso do CBD na cicatrização de feridas e no manejo da dor pós-cirúrgica, com foco na aplicação clínica e mecanismos moleculares.Revisão integrativa com buscas em PubMed, Scopus, Web of Science e Embase. Foram analisados estudos clínicos e pré-clínicos entre 2014 e 2024 que abordaram cicatrização, dor e propriedades do CBD.O CBD mostrou eficácia em todas as fases da cicatrização de feridas, regulando inflamação, angiogênese, proliferação e remodelação tecidual. Também reduziu a dor pós-cirúrgica e a necessidade de opioides, sendo promissor no tratamento de feridas crônicas e complexas.
Fonte: Autoria própria (2025).

O estudo de Shah et al. (2024) trouxe importantes contribuições ao evidenciar o papel do canabidiol (CBD) na cicatrização de feridas crônicas em modelos diabéticos. A cicatrização das feridas em indivíduos diabéticos é frequentemente comprometida devido à inflamação persistente e à dificuldade na progressão entre as fases cicatriciais, como explicado por Martinengo et al. (2019) e Zucolotto et al. (2019). O achado mais relevante de Shah et al. (2024) foi a capacidade do CBD em reduzir a expressão de IL-33, uma citocina pró-inflamatória associada ao atraso da cicatrização, e aumentar a expressão de CTGF, fator que promove regeneração e síntese de matriz extracelular, reforçando a perspectiva de Palladini (2023) e Sangiovanni et al. (2019), que já haviam indicado o potencial anti-inflamatório e regenerador do CBD, sugerindo que sua aplicação pode ser especialmente benéfica para pacientes com feridas crônicas.

Adicionalmente, os resultados do estudo de Shah et al. (2024) destacaram que, embora tenha ocorrido um atraso inicial no fechamento das feridas em camundongos normais, não houve prejuízo significativo ao processo cicatricial em longo prazo. Nos modelos diabéticos, entretanto, o CBD facilitou a criação de um ambiente molecular favorável à regeneração tecidual. Conforme exposto no referencial de Lima et al. (2023), diabetes é um dos principais fatores sistêmicos que interferem negativamente no processo de cicatrização, devido à desregulação inflamatória e ao ambiente hiperglicêmico crônico. Portanto, o CBD, ao modular positivamente fatores críticos como o CTGF e reduzir a expressão inflamatória excessiva de IL-33, confirma-se como um agente promissor na terapia complementar de feridas crônicas associadas ao diabetes.

Por outro lado, Lapmanee et al. (2024) abordaram a cicatrização de feridas crônicas por meio de uma formulação tópica inovadora, utilizando hidrogel composto por álcool polivinílico e alginato de sódio com nanopartículas lipídicas de CBD. Tal abordagem é particularmente significativa, já que, segundo Okur et al. (2020), ambientes úmidos e estruturados favorecem a regeneração das feridas crônicas, especialmente aquelas marcadas por intensa inflamação e deficiência de proliferação celular. Os achados de Lapmanee et al. (2024), demonstrando aumento na migração de fibroblastos e redução nos níveis de espécies reativas de oxigênio (ROS), reforçam as propriedades antioxidantes e pró-regenerativas atribuídas ao CBD por estudos anteriores como o de Scheau et al. (2020), que enfatizaram o papel antioxidante dos canabinoides no contexto dermatológico.

Além disso, os resultados in vivo mostraram aceleração expressiva da cicatrização das feridas em modelos animais tratados com hidrogéis contendo CBD encapsulado em nanopartículas. A maior deposição de colágeno, o aumento na vascularização e a redução significativa do infiltrado inflamatório observados são altamente coerentes com o referencial teórico discutido por Miao et al. (2020) e Kataoka et al. (2021), que destacam a importância do controle inflamatório e do estímulo angiogênico na resolução eficaz das feridas crônicas. Desse modo, o estudo de Lapmanee et al. (2024) confirma o potencial terapêutico do CBD pela modulação do processo inflamatório e por sua eficácia em resolver desafios clínicos comuns ao manejo de feridas crônicas.

Spinella et al. (2023) concentraram-se especificamente nas úlceras digitais crônicas relacionadas à esclerose sistêmica (SSc), destacando que a dor crônica e a inflamação persistente são características centrais dessas lesões, revelando que o tratamento tópico com CBD reduziu a dor, melhorou a qualidade de vida dos pacientes e promoveu uma melhor recuperação das feridas crônicas. Esses resultados encontram eco nas observações feitas por Cavassan et al. (2019), que apontam os impactos psicossociais das feridas crônicas e a importância de tratamentos eficazes para melhorar o bem-estar geral dos pacientes. Ademais, a capacidade do CBD de modular a resposta inflamatória e estimular diretamente a reepitelização, relatada por Spinella et al. (2023), também está em linha com as propriedades do CBD apontadas por Palladini (2023).

Ainda nesse contexto, o potencial do CBD para influenciar positivamente a proliferação de fibroblastos e queratinócitos, conforme relatado por Spinella et al. (2023), reforça as evidências já apresentadas por Milano e Friedman (2019) sobre o papel do sistema endocanabinoide na regulação da proliferação celular e na cicatrização. Os achados desse estudo sugerem fortemente que formulações tópicas de CBD têm potencial para revolucionar o manejo de feridas crônicas associadas à esclerose sistêmica e outras doenças similares, ainda que sejam necessários mais ensaios clínicos para estabelecer diretrizes claras sobre sua utilização segura e eficaz em larga escala.

O artigo de Parikh et al. (2024) realizou uma extensa revisão sobre os efeitos dos canabinoides, especialmente o CBD, enfatizando a capacidade destes compostos em modular respostas inflamatórias crônicas, estresse oxidativo e proliferação celular desorganizada, características frequentemente observadas em feridas crônicas. Esse estudo reforça as conclusões de estudos anteriores, como o de Cecílio e Oliveira Junior (2023), que destacaram a importância do sistema endocanabinoide na manutenção da homeostase cutânea e no controle da inflamação. A análise dos mecanismos moleculares indicou que a ativação dos receptores CB2 desempenha papel central na promoção da cicatrização eficaz, corroborando as evidências teóricas apresentadas por Briques, Pereira e Feliz (2023).

Já o estudo conduzido por Healy et al. (2023) trouxe importantes evidências sobre o papel terapêutico do canabidiol (CBD) especificamente na dor associada a feridas crônicas, destacando que a dor persistente representa um dos fatores mais debilitantes no contexto das feridas crônicas, sendo frequentemente associada a quadros de ansiedade, depressão e piora da qualidade de vida dos pacientes. Esses achados estão plenamente de acordo com as observações feitas por Cavassan et al. (2019), que também destacam os impactos psicológicos e sociais das feridas que não cicatrizam adequadamente Além disso, Healy et al. (2023) reforçam que o CBD pode influenciar positivamente  a percepção da dor e as próprias etapas fisiológicas de cicatrização, como a reepitelização e a remodelação tecidual, por meio da modulação das metaloproteinases e do controle de fatores pró-inflamatórios, conforme já descrito por Sangiovanni et al. (2019). 

Israni et al. (2024), por sua vez, abordaram o potencial cicatrizante do óleo de Cannabis sativa com enfoque especial na regulação das espécies reativas de oxigênio (ROS). O estresse oxidativo é destacado pelos autores como um dos principais obstáculos no processo cicatricial de feridas crônicas, dificultando a transição da fase inflamatória para a fase proliferativa, conforme apontado por Lima et al. (2023) e Zucolotto et al. (2019). O óleo de Cannabis demonstrou propriedades antioxidantes significativas ao reduzir a carga oxidativa local, promovendo angiogênese, formação de tecido de granulação e acelerando a contração da ferida, resultados que confirmam o que já havia sido teoricamente apontado por Scheau et al. (2020) e Milano e Friedman (2019). 

Já o estudo de Soares et al. (2022), destacou especialmente a capacidade do sistema endocanabinoide em regular aspectos essenciais da homeostase cutânea, com enfoque no papel do CBD na redução da fibrose cutânea, inflamação crônica e na promoção da reepitelização. Esses achados são coerentes com as evidências já discutidas por Cecílio e Oliveira Junior (2023) e Cardoso (2019), que descrevem o sistema endocanabinoide como regulador-chave da inflamação e proliferação celular na pele, fundamentais para a cicatrização das feridas crônicas. Os autores enfatizam ainda a importância das formulações tópicas contendo CBD, especialmente devido à capacidade desses produtos em evitar o metabolismo hepático inicial, mantendo uma concentração mais eficaz e segura no local da lesão. Essa abordagem farmacêutica confirma-se relevante diante das dificuldades típicas das feridas crônicas discutidas por Miao et al. (2020), que incluem barreiras farmacológicas significativas para alcançar concentrações terapêuticas efetivas no tecido lesado.

Por fim, Cavalcante et al. (2025) ofereceram uma visão integrativa do papel terapêutico do CBD em todas as fases da cicatrização, destacando sua capacidade de modular múltiplos mecanismos biológicos simultaneamente, como a redução das citocinas pró-inflamatórias, estímulo à angiogênese e síntese de colágeno. Esses achados confirmam plenamente a abordagem multifuncional do CBD discutida teoricamente por Milano e Friedman (2019) e Sangiovanni et al. (2019). A capacidade do CBD de modular a inflamação via receptores CB2 e TRPV1, reduzindo a infiltração celular inflamatória e promovendo diretamente a proliferação celular, reforça as perspectivas já mencionadas por Araújo, Almeida e Araújo (2023) sobre o papel central desses receptores na cicatrização eficaz das feridas crônicas.

4 CONCLUSÃO

O presente estudo permitiu identificar e sistematizar as evidências disponíveis na literatura científica acerca do uso do CBD no tratamento de feridas crônicas, revelando avanços na compreensão de seus mecanismos de ação, bem como seus benefícios terapêuticos potenciais. Os estudos analisados apontam que o CBD apresenta propriedades antiinflamatórias, antioxidantes, analgésicas e regenerativas, atuando sobre diferentes fases do processo de cicatrização. Sua aplicação tópica demonstrou, em diferentes modelos experimentais e clínicos, promover a reepitelização, estimular a proliferação celular, modular citocinas inflamatórias e reduzir o estresse oxidativo, fatores que, conforme já discutido no referencial teórico, são determinantes para o sucesso terapêutico no tratamento de feridas de difícil cicatrização.

Os achados também reforçam a relevância do sistema endocanabinoide cutâneo como alvo terapêutico promissor, destacando o papel dos receptores CB1, CB2 e TRPV1 na modulação da inflamação e da dor, condições frequentemente associadas às feridas crônicas.

Os dados obtidos mostram que o uso do CBD pode representar uma alternativa segura frente aos tratamentos convencionais, especialmente em pacientes com comorbidades como diabetes mellitus e doenças autoimunes, cujas feridas tendem a apresentar resistência à cicatrização. Contudo, observou-se que, apesar dos avanços, ainda há lacunas importantes a serem superadas, como a padronização das formulações tópicas, a definição de doses terapêuticas ideais e a realização de ensaios clínicos controlados com amostras populacionais mais amplas.

Considerando o panorama atual da literatura, torna-se evidente a necessidade de aprofundar as investigações clínicas acerca da eficácia e segurança do canabidiol no tratamento de feridas crônicas, com especial atenção à padronização de formulações, dosagens e vias de administração. Estudos futuros devem priorizar ensaios clínicos controlados, com metodologias rigorosas e amostras diversificadas, que permitam validar o uso do CBD em diferentes perfis de pacientes e tipos de feridas crônicas, como úlceras diabéticas, venosas e por pressão. Ademais, recomenda-se a ampliação das pesquisas interdisciplinares, envolvendo áreas como a farmacologia, a dermatologia, a enfermagem e a biotecnologia, a fim de explorar novos veículos de liberação transdérmica, como biofilmes, nanopartículas e hidrogéis, que potencializem a ação local do CBD. 

REFERÊNCIAS

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1Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Santa Maria – UNIFSM
E-mail: ldeysiele@gmail.com

2Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Santa Maria – UNIFSM. E-mail: raquelcasimiro2018@gmail.com

3Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Santa Maria – UNIFSM. E-mail: annekarolynne11@gmail.com

4Docente orientador do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Santa Maria – UNIFSM. E-mail: yurim_pereira@hotmail.com