REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202501232022
Anna Giulia Gonsalves dos Reis1;
Edson da Silva do Carmo2;
Lucas Guedes de Sousa3;
Renato Ferreira Lima4;
Saulo Batista Tavares5;
Victor Alves da Rocha6
RESUMO
O objetivo deste artigo é analisar de que forma as ferramentas de ergonomia utilizadas no Polo Industrial de Manaus (PIM), são efetivas e seu impacto direto na qualidade de vida dos trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM). O trabalho investiga o uso de ferramentas ergonômicas e a adoção de técnicas no Polo Industrial, além de explorar a possibilidade de implementar novas abordagens como alternativas para aprimorar a ergonomia no ambiente de trabalho. A hipótese deste estudo é que a aplicação de princípios ergonômicos pode influenciar positivamente o ambiente laboral, melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores. O estudo se concentra no uso dessas ferramentas na indústria e suas aplicações no PIM, com foco em adaptações ergonômicas em ambientes de trabalho. A metodologia aplicada é uma pesquisa bibliográfica, envolvendo o levantamento de informações necessárias para o entendimento e aplicação do tema. Justifica-se a escolha pelo método hipotético-dedutivo e histórico. Além disso, discute a necessidade de ferramentas interativas, o papel da sustentabilidade nas inovações ergonômicas, bem como os desafios e perspectivas futuras da ergonomia no Polo Industrial de Manaus.
Palavra-chave: Polo Industrial. Ergonomia. Ferramentas.
INTRODUÇÃO
A ergonomia, ciência que estuda as interações entre os trabalhadores e os sistemas de trabalho, tem ganhado crescente relevância no cenário industrial contemporâneo (CAMAROTTO, ET AL, 2018). Ela é essencial para a promoção de ambientes laborais saudáveis, seguros e produtivos. No Polo Industrial de Manaus (PIM), um dos maiores complexos industriais da América Latina, a aplicação de princípios ergonômicos é ainda mais crucial, devido à alta concentração de indústrias de manufatura que demandam atividades repetitivas e fisicamente exigentes. (COELHO e ALVES, 2012). Neste contexto, a ergonomia vai além de uma simples preocupação com o bem-estar; ela se torna uma estratégia competitiva para as empresas, ao reduzir o absenteísmo, aumentar a eficiência e mitigar os riscos de acidentes e doenças ocupacionais.
Historicamente, o PIM passou por várias fases de modernização tecnológica, impulsionadas por incentivos fiscais e pela necessidade de competitividade no mercado global (CAMAROTTO, ET AL, 2018, p.2). Entretanto, é na última década que o avanço da tecnologia transformou significativamente as práticas ergonômicas. O uso de ferramentas ergonômicas, como dispositivos de apoio, tecnologias vestíveis e soluções digitais para monitoramento da saúde ocupacional, tem permitido que as empresas adaptem seus processos produtivos às necessidades dos trabalhadores de maneira mais eficaz e personalizada. Além disso, a introdução de novas tecnologias, como a automação, robótica e inteligência artificial, têm revolucionado o modo como as tarefas repetitivas e extenuantes são realizadas, minimizando o esforço físico humano e aumentando a segurança no local de trabalho (BRANDÃO, et al, 2008)
Nesse cenário, o presente artigo tem como objetivo analisar o impacto dessas inovações tecnológicas nas práticas ergonômicas do Polo Industrial de Manaus, especialmente no período de 2010 a 2024, com ênfase nas ferramentas utilizadas para melhorar a ergonomia e a segurança dos trabalhadores, de acordo com Brandão, Andrade e Pedrosa (2008), a ergonomia surge na era primitiva, sendo modificada com a Revolução Industrial e desenvolvimento de armas e equipamentos bélicos, aumentando a produtividade e qualidade do produto, “bem como da qualidade de vida dos trabalhadores, na medida em que a mesma é aplicada com a finalidade de melhorar as condições ambientais, visando à interação com o ser humano” (BRANDÃO; ANDRADRE e PEDROSO, 2008, p 01).
Perpassando pela criação da tecnologia “grandes mudanças na produção de bens e de serviços. Entre elas, a introdução de novas tecnologias e automatização. (BRANDÃO; ANDRADRE e PEDROSO, 2008, p 01).
A pesquisa pretende abordar as seguintes questões: como as novas tecnologias influenciam o design de ferramentas ergonômicas? Quais são os principais desafios e oportunidades que essas tecnologias trazem para a segurança no trabalho? E de que maneiras essas inovações podem contribuir para o desenvolvimento sustentável das indústrias no Polo Industrial de Manaus (PIM), promovendo o equilíbrio entre a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores?
A escolha deste estudo justifica-se pela necessidade de mapear as tendências e inovações mais recentes, abrangendo o período de 2010 a 2024, no campo da ergonomia, com o objetivo de compreender as implicações dessas mudanças no contexto socioeconômico do Polo Industrial de Manaus. Considerando a importância da ergonomia para a segurança e saúde dos trabalhadores, uma análise abrangente e atualizada é essencial para apoiar a criação de políticas mais eficazes de prevenção de acidentes e promoção da saúde no trabalho. Além disso, a integração de dados acadêmicos, relatórios industriais e insights de profissionais da área fornece uma base sólida para a implementação de soluções tecnológicas sustentáveis, capazes de beneficiar o ambiente industrial e contribuir para o desenvolvimento econômico da região.
1. CONTEXTO HISTÓRICO DA ERGONOMIA NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS
O Polo Industrial de Manaus (PIM) se destaca como um dos principais motores econômicos da região Norte do Brasil, sendo responsável pela geração de milhares de empregos e pela dinamização da economia local e nacional. Desde sua criação, o PIM enfrentou desafios significativos relacionados à produção industrial em larga escala, em um ambiente que historicamente oferecia pouca infraestrutura e condições adversas (LAPERUTA, OLIVEIRA, PESSA E LUZ, 2018). Em meio a esses desafios, a ergonomia surge como uma ciência essencial para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores, entendimento de Laperuta, Oliveira, Pessa e Luz (2018).
Cumpre observar a definição do que seria Ergonomia, segundo Agahnejad, Leite e Oliveira (2014), pode ser entendida como um “conjunto de ciência e tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho”, com o intuito de visar a melhoria da saúde e sua conservação com o impacto de uma produção mais segura.
Como descrito por Agahnejad, Leite e Oliveira (2014), a ergonomia é fundamental para o uso eficaz da capacidade de trabalho no Polo Industrial de Manaus, pois possibilita um melhor funcionamento das atividades e a aplicação de técnicas especializadas para o uso adequado das ferramentas, sendo vasto em tecnologia a aplicação do modelo de ergonomia viabiliza o melhor crescimento e cuidado com a vida dos trabalhadores e a qualidade de fabricação da indústria, inclusive, sendo a Ergonomia uma das contrapartidas para a viabilização da Zona Franca.
A Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA, ligado ao Governo Federal7, preceitua a Ergonomia de maneira indireta como um dos critérios para a Manutenção do Polo Industrial, in verbis:
Para obter aprovação de projetos industriais e ter acesso aos incentivos fiscais especiais do modelo Zona Franca de Manaus, os seguintes itens devem ser observados:
- Cumprimento de Processo Produtivo Básico (PPB);
- Geração de emprego na região;
- Concessão de benefícios sociais aos trabalhadores;
- Incorporação de tecnologias de produtos e de processos de produção compatíveis com o estado da arte;
- Níveis crescentes de produtividade e de competitividade;
- Reinvestimento de lucros na região;
- Investimento na formação e capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento científico e tecnológico; e
- Aprovação de projeto industrial com limites anuais de importação de insumos.
Os benefícios sociais concedidos aos trabalhadores incluem incentivos para educação, transporte, alimentação, assistência médica e odontológica, creche, lazer e previdência. (Grifo nosso)
Se o objetivo da Ergonomia é avaliar, implementar e estudar a interação entre as pessoas, as máquinas e os equipamentos, e as condições de trabalho, o objetivo geral do Polo Industrial de Manaus está sendo alcançado, na medida que cria um ambiente saudável e confortável para os trabalhadores, além de prevenir doenças ocupacionais e acidentes de trabalho
Em contraponto às décadas anteriores de funcionamento do Polo, as condições de trabalho eram predominantemente manuais, com poucas inovações tecnológicas voltadas para o bem-estar do trabalhador. O foco era essencialmente na maximização da produtividade, o que resultava em jornadas extenuantes e altos índices de lesões ocupacionais (SCANTAMBURLO, 2017).
Entretanto, com o avanço da globalização e a inserção do Brasil em cadeias de produção mais sofisticadas, houve uma mudança significativa nas preocupações empresariais, que passaram a considerar o bem-estar físico e mental dos funcionários como uma prioridade estratégica.
Posto as inovações tecnológicas até mesmo as legislações trabalhistas buscaram a atender a demanda do bem-estar físico e mental dos trabalhadores, com a inserção de Normas Regulamentadoras (NR’s) para o uso e prática segura da ergonomia nos polos industriais, conforme o Site do Ministério do Trabalho e Emprego8, correspondente ao site do Governo Federal, diz que as normas devem ser para proteger o trabalhador e precaver de futuros acidentes:
As Normas Regulamentadoras (NR) são disposições complementares ao Capítulo V (Da Segurança e da Medicina do Trabalho) do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Consistem em obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de trabalho. As primeiras normas regulamentadoras foram publicadas pela Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978. As demais normas foram criadas ao longo do tempo, visando assegurar a prevenção da segurança e saúde de trabalhadores em serviços laborais e segmentos econômicos específicos. A elaboração e a revisão das normas regulamentadoras são realizadas adotando o sistema tripartite paritário, preconizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio de grupos e comissões compostas por representantes do governo, de empregadores e de trabalhadores. Nesse contexto, a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) é a instância de discussão para construção e atualização das normas regulamentadoras, com vistas a melhorar as condições e o meio ambiente do trabalho.
Com isso, ao longo dos anos, houve uma crescente adoção de práticas ergonômicas, que buscavam não apenas reduzir a incidência de doenças relacionadas ao trabalho, como lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), mas também aumentar a produtividade e a qualidade dos processos produtivos.
2. AS FERRAMENTAS DA ERGONOMIA E SUAS APLICAÇÕES NO PIM
As ferramentas ergonômicas são instrumentos essenciais para adaptar o ambiente de trabalho às capacidades e limitações dos trabalhadores, minimizando os impactos negativos das atividades repetitivas e das posturas inadequadas. No contexto do Polo Industrial de Manaus, várias ferramentas e dispositivos têm sido adotados, com o objetivo de reduzir a fadiga física e melhorar a segurança ocupacional, Laperuta, Oliveira, Pessoa e Luz (2018).
Tendo em vista o caráter de humanização do trabalho, é fundamental garantir um ambiente seguro laboral e adequado às atividades desenvolvidas. Podem ser citadas pequenas melhorias que, para um olhar desavisado, podem não refletir grandes mudanças, mas que são de grande valia para aqueles que estão constantemente envolvidos (COELHO e ALVES, 2012).
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Figura 1 As cadeiras ergonômicas com ajustes personalizados, que permitem uma postura correta durante longas jornadas de trabalho. As cadeiras são projetadas com suporte lombar, braços apoiados e encosto reclinável. Fonte: Cadeira ergonômica Ativa da RS Design
Além disso, o uso de suportes para os pés, mesas ajustáveis e plataformas elevadas também é comum em indústrias que lidam com operações em pé, como as fábricas de eletrônicos e motocicletas, que representam uma parte significativa das empresas do Polo.
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Figura 2 suportes para os pés Fonte: Kensington, 20 de junho de 2022
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Figura 3 Mesa Ergonômica Fonte: Atec Original Design 17 de março de 2021
A importância da Ergonomia para a prevenção das lesões musculoesqueléticas é de grande valia, a Scantamburlo (2017), afirma que aplicação de ergonomia para melhoria de uma linha de montagem de uma empresa de ar condicionado, anui que de todos os casos de lesões musculoesqueléticas no Brasil, o Amazonas representa 3,7% dos casos:
As Lesões Musculoesqueléticas Relacionadas ao Trabalho (LMERT) estão cada vez mais presentes em todos os segmentos industriais. No Brasil foram registradas 13.240 deste tipo através de comunicado de acidente de trabalho, segundo o anuário estatístico de acidentes do trabalho de 2015. O Amazonas contribuiu com 3,7% dos casos. (Scantamburlo, pg. 4, 2017)
Outro exemplo relevante são os exoesqueletos, dispositivos vestíveis que oferecem suporte físico para trabalhadores que realizam tarefas de levantamento de peso. Esses equipamentos, que inicialmente eram vistos como uma inovação futurista, estão se tornando cada vez mais comuns nas linhas de montagem e em setores de logística no PIM. Eles ajudam a distribuir o peso de forma equilibrada pelo corpo, aliviando a carga sobre a coluna vertebral e os músculos dos trabalhadores.
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Figura 4 Suporte Ergonômico – Foto de Daniel Schneider – 12 jan 2018
3. ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS VESTÍVEIS PARA MONITORAMENTO ERGONÔMICO
Uma das inovações mais recentes no campo da ergonomia industrial é a adoção de tecnologias vestíveis, que permitem monitorar em tempo real a postura, os movimentos e os sinais vitais dos trabalhadores. No Polo Industrial de Manaus, essas tecnologias têm ganhado espaço em setores que demandam movimentos repetitivos ou envolvem a manipulação de cargas pesadas, apesar da carência de informações quanto a aplicabilidade dessa ferramenta estuda buscam a análise da aplicabilidade no cotidiano laboral, como a Empresa Samsung mediante Instituto de Desenvolvimento de Informática para Amazônia (Sidia), segundo o Portal Amazônia.
As tecnologias vestíveis, são dispositivos eletrônicos que podem ser usados no corpo, frequentemente incorporando tecnologia para monitoramento e interação. Eles são específicos para coletar dados sobre a saúde, atividade física e outros aspectos da vida do usuário, exemplos comuns incluem: Relógios inteligentes para o monitoramento da frequência cardíaca, rastreiam atividades físicas e podem exibir notificações do smartphone. (SILVA, et al., pg.11. 2024)
Destarte, os sensores vestíveis, como pulseiras inteligentes ou coletes equipados com sensores de movimento, são usados para monitorar o alinhamento corporal durante o trabalho. Essas informações são transmitidas para softwares de análise, que conseguem identificar padrões de movimento inadequados ou sinais de fadiga, e, assim, emitir alertas para os gestores e para o próprio trabalhador. Esse tipo de monitoramento contribui para a correção imediata de posturas que podem levar a lesões, além de fornecer dados que podem ser usados para ajustar as estações de trabalho, aprimorando a ergonomia (MEDEIROS, et al, 2024).
Empresas do setor de manufatura têm registrado benefícios significativos com o uso dessas tecnologias. Uma empresa de eletrônicos no PIM, por exemplo, conseguiu reduzir as lesões por esforços repetitivos (LER) ao integrar pulseiras com sensores de movimento em suas linhas de produção ((Silva, et al., pg.11. 2024).
Em síntese, o Estudo de Silva (2024), afirma que esses dispositivos detectam desvios na postura corporal e sugerem pausas ou correções para prevenir fadiga muscular, aumentando o conforto e a segurança dos trabalhadores. Além disso, o uso desses dispositivos gera uma maior conscientização entre os colaboradores sobre a importância da ergonomia no ambiente de trabalho.
4. INTEGRAÇÃO DA REALIDADE VIRTUAL E AUMENTADA NO TREINAMENTO ERGONÔMICO
A realidade virtual (RV) e a realidade aumentada (RA) são tecnologias que têm sido cada vez mais exploradas no treinamento ergonômico e na simulação de ambientes de trabalho no Polo Industrial (RIBEIRO e ZORZAL, 2011).
Essas ferramentas permitem que os trabalhadores interajam com ambientes simulados, replicando as condições reais de trabalho sem os riscos associados a ambientes físicos.
A definição de realidade aumentada por Miranda e Rodrigues (2024)
A Realidade Aumentada é um processo de visualização derivado da Realidade Virtual que possibilita simulações mais complexas. Seu funcionamento básico dá-se pela inserção de elementos gráficos em modelagem tridimensional, usando o conjunto computador-câmera-display, o que torna possível aumentar a realidade pela inserção de objetos sintéticos sobre diferentes cenários do cotidiano. (Miranda e Rodrigues, pg. 126, 2024)
No contexto ergonômico, a RV e a RA são utilizadas para treinar os funcionários em posturas adequadas, técnicas de levantamento de cargas e uso correto de ferramentas. Além disso, essas tecnologias permitem testar diferentes layouts de estações de trabalho antes que eles sejam implementados fisicamente, garantindo que o design seja otimizado para reduzir o esforço físico e melhorar a segurança (MIRANDA E RODRIGUES, pg. 128, 2024).
Um exemplo de sucesso é o uso da realidade virtual por uma empresa automotiva do PIM para treinar operadores de linha de montagem em ergonomia. Através de simulações, os trabalhadores puderam praticar a montagem de componentes em um ambiente controlado, com feedback em tempo real sobre suas posturas e movimentos. Isso resultou em uma redução de 10% nas queixas relacionadas à fadiga muscular e em um aumento de 5% na eficiência do trabalho. O uso dessas tecnologias não só melhora a ergonomia no trabalho, mas também oferece aos trabalhadores uma experiência de treinamento mais envolvente e eficaz (MIRANDA E RODRIGUES, 2024).
5. A SUSTENTABILIDADE DAS INOVAÇÕES ERGONÔMICAS NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS
A sustentabilidade das inovações tecnológicas aplicadas à ergonomia é um aspecto fundamental a ser discutido. No Polo Industrial de Manaus, onde a competitividade e a busca por eficiência são prioridades, as soluções ergonômicas não devem apenas promover o bem-estar dos trabalhadores, mas também serem economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis.
“O legado de Samuel Benchimol nos lembra de que o verdadeiro desenvolvimento só pode ser alcançado quando é inclusivo, justo e responsável, valores que tem guiado as empresas em seu compromisso com a agenda ESG”.
Por Rildo Silva – Presidente do SINAEES – Coluna Follow-up 22.08.2024, apud
Apesar da Sustentabilidade na Indústria ser um tema sensível, no Polo Industrial Os investimentos em tecnologias ergonômicas, como exoesqueletos, cobots e sensores vestíveis, podem representar um alto custo inicial. No entanto, estudos mostram que esses investimentos são rapidamente compensados pela redução de afastamentos por motivos de saúde, pela diminuição de acidentes de trabalho e pelo aumento da produtividade.
A sustentabilidade é um conceito amplamente debatido, mas sua compreensão e aplicação prática, especialmente no contexto industrial, ainda enfrentam desafios significativos. No Polo Industrial de Manaus, essa realidade é evidente, onde as empresas buscam alinhar-se às exigências da agenda ESG (Environmental, Social, and Governance) sem perder de vista a necessidade de viabilidade econômica e competitividade
Uma análise de custo-benefício realizada por uma empresa do PIM revelou que, em um período de dois anos, o retorno sobre o investimento em tecnologias ergonômicas foi de 150%, devido à redução significativa de lesões ocupacionais e ao aumento da eficiência nas linhas de produção.
Destaca-se, o uso da Ergonomia com a Sustentabilidade no Polo Industrial, com a aplicabilidade do ESG é uma sigla em inglês que significa “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança). É um conceito que identifica empresas que adotam boas práticas em relação ao meio ambiente, à sociedade e à governança, conforme Nascimento (2024)
A dimensão ambiental do ESG concentra-se na gestão do impacto da empresa no mundo natural. Isso inclui questões como mudanças climáticas, gestão de recursos naturais, poluição e biodiversidade. A vertente social abrange as relações da empresa com seus colaboradores, fornecedores, clientes e as comunidades onde opera. Isso pode incluir direitos humanos, trabalho justo, saúde e segurança, e impacto comunitário. A governança, por sua vez, diz respeito à liderança da empresa, remuneração dos executivos, auditorias, controles internos e direitos dos acionistas (Cheema-Fox et al. 2021, apud).
Além disso, muitas das inovações ergonômicas são desenvolvidas com um enfoque sustentável, utilizando materiais recicláveis e projetadas para consumir menos energia. Exoesqueletos, por exemplo, podem ser fabricados com materiais leves e duráveis, como fibras de carbono, que são ao mesmo tempo sustentáveis e eficientes na proteção dos trabalhadores.
Esse tipo de iniciativa está alinhado com as políticas de responsabilidade socioambiental adotadas por muitas empresas no Polo Industrial de Manaus, que buscam equilibrar crescimento econômico com práticas sustentáveis.
6. DESAFIOS FUTUROS E PERSPECTIVAS PARA A ERGONOMIA NO PIM
Apesar dos avanços significativos nas práticas ergonômicas no Polo Industrial de Manaus, ainda existem desafios importantes a serem enfrentados para garantir que as inovações tecnológicas sejam adotadas de forma abrangente e eficaz. Um dos principais desafios está relacionado à necessidade de treinamentos contínuos para que os trabalhadores possam se adaptar às novas tecnologias, “normalmente projetam novos ambientes de trabalho ou modifica-o em ambientes estabelecidos com base nos estudos sobre os recursos humanos e suas limitações (Jaffar,Abdul-Tharim & Mohd-Kamar,2011, apud)”
Muitas das soluções ergonômicas modernas, como os cobots e os exoesqueletos, exigem um grau de especialização técnica que nem todos os trabalhadores possuem, o que pode gerar uma curva de aprendizado acentuada.
Os ergonomistas são profissionais que adquirem conhecimentos na área ao longo dos anos, seja por graduação, treinamentos, especializações ou certificações. Eles atuam no ensino, instituições de pesquisa, órgãos normativos, prestação de serviços e no setor produtivo (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Podem ser exemplos de ergonomistas: engenheiro de segurança do trabalho, fisioterapeuta, médico do trabalho, pesquisador, fisiologista e técnico em segurança do trabalho. Esses profissionais atuam em domínios especializados, dentro das três áreas da ergonomia. São elas a ergonomia física (anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica), ergonomia cognitiva (processos mentais percepção, memória, raciocínio e resposta motora) e organizacional (otimização de sistemas sociotécnicos, estruturas organizacionais, políticas e processos). Dessas áreas derivam as modalidades de intervenção ergonômica (WISNER, 1987), que atuam na 667 correção (problemas na segurança e conforto dos trabalhadores ou na insuficiência da produção), concepção (especificação de produtos), e mudança (acompanhamento e avaliação do processo por meio de programa permanente. Na prática, de acordo Laville (1977), a aplicação ergonômica acontece em três etapas. Na primeira, é feita a análise do quadro técnico, econômico, social e político, onde o empresário, seja por cumprimento das normativas de regulação das condições ergonômicas laborativas, por demanda interna (grupos, comitês, comissões, departamentos) ou auditorias, solicita uma análise ergonômica na empresa. Outro desafio é o acesso desigual às tecnologias ergonômicas. Enquanto grandes empresas do Polo têm recursos para investir em soluções avançadas, muitas pequenas e médias empresas (PMEs) ainda enfrentam dificuldades para adotar essas tecnologias. A falta de incentivos governamentais e linhas de financiamento específicas para essas inovações ergonômicas é um fator que limita sua disseminação. Para que o PIM continue evoluindo de maneira sustentável e competitiva, é essencial que políticas públicas sejam criadas para apoiar as PMEs na adoção dessas tecnologias. .(Laperuta, Oliveira, Pessoa e Luz, pg. 667, 2018)
A perspectiva para o futuro da ergonomia no Polo Industrial de Manaus é promissora, à medida que a tecnologia continua avançando e novas soluções mais acessíveis são desenvolvidas. A integração de inteligência artificial, big data e machine learning nas práticas ergonômicas, por exemplo, permitirá que os sistemas de monitoramento e prevenção de lesões sejam ainda mais precisos e personalizados. Além disso, o uso crescente de robôs e tecnologias vestíveis pode transformar completamente a dinâmica do trabalho, minimizando os riscos de lesões e aumentando o bem-estar dos trabalhadores de maneira sem precedentes (LAPERUTA, OLIVEIRA, PESSA E LUZ, 2018)
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise do impacto das novas tecnologias nas ferramentas ergonômicas do Polo Industrial de Manaus demonstra que o avanço tecnológico está intimamente ligado à melhoria das condições de trabalho e à segurança ocupacional. As inovações, como robôs colaborativos, exoesqueletos e sensores vestíveis, têm reduzido significativamente o esforço físico dos trabalhadores e melhorado a qualidade de vida no ambiente industrial.
No entanto, para que essas inovações sejam eficazes a longo prazo, é necessário enfrentar desafios relacionados à adaptação dos trabalhadores, aos custos de implementação e ao acesso desigual às tecnologias. A promoção de políticas públicas que incentivem o uso de tecnologias ergonômicas e a oferta de treinamentos especializados são fundamentais para garantir que todos os setores do Polo Industrial de Manaus possam se beneficiar dessas inovações.
O uso das ferramentas ergonômicas no ambiente de trabalho demonstrasse fundamental para a qualidade do ambiente laboral, decerto são inúmeros avanços para a garantia desse ambiente perpassando pelo uso das ferramentas na indústria, a aplicação e o uso sustentável das ferramentas ergonômicas e a possibilidade de uso no sistema virtual.
Nesse contexto, o Histórico da Ergonomia no Polo Industrial De Manaus, e o uso das Ferramentas de Ergonomia e suas Aplicações no Polo Industrial de Manaus são foco de manuseios para adaptação dos ambientes de ergonomia, junto a Adoção de Tecnologias Vestíveis para Monitoramento Ergonômico, tendo em consideração das ferramentas integrando a realidade virtual e aumentada no Treinamento Ergonômico, ademais o pensamento de ferramentas interativas contribuiu na Sustentabilidade das Inovações Ergonômicas no Polo Industrial de Manaus e Desafios Futuros e Perspectivas para a Ergonomia no PIM.
O futuro da ergonomia no PIM é promissor, e, com o avanço contínuo das tecnologias, espera-se que o ambiente de trabalho se torne cada vez mais seguro, eficiente e humanizado. As empresas que investirem nessas soluções estarão não apenas garantindo o bem-estar de seus colaboradores, mas também consolidando sua posição em um mercado industrial cada vez mais competitivo e exigente
7 https://www.gov.br/suframa/pt-br/assuntos/contrapartidas-exigidas
8 https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora#:~:text=As%20Normas%20Regulamentadoras%20(NR)%20s%C3%A3o,o%20meio%20ambiente%20do%20trabalho.
8. REFERÊNCIAS
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LAPERUTA, D G P. OLIVEIRA, PESSA, G A. S L R. LUZ, R P. Revisão de Ferramentas Para Avaliação. Revista Produção Online. 2018. Disponível em: < https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/view/2925/1680>. Acesso em: 02/10/2024
SCANTAMBURLO, D F. Aplicação de ergonomia para melhoria de uma linha de montagem de uma empresa de ar condicionado. 2017. Disponível em: < https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/55855/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%2bDaniele%2bFerreira%2bScantamburlo_vers%c3%a3o%2bfinal.pdf> Acesso em: 25/10/2024
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MIRANDA, M R. Domingues, D M G. Proposta Metodológica para Uso da Realidade Aumentada em Ergonomia do Produto. Disponível em: < https://revistaacaoergonomica.org/article/627d5b83a9539507786352b2/pdf/abergo-6-1-126.pdf>. Acesso em: 20/10/2024
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1Discente do Curso de Engenharia de Materiais, Universidade do Estado do Amazonas;
2Discente do Curso de Engenharia de Materiais, Universidade do Estado do Amazonas;
3Discente do Curso de Engenharia de Materiais, Universidade do Estado do Amazonas;
4Discente do Curso de Engenharia de Materiais, Universidade do Estado do Amazonas;
5Discente do Curso de Engenharia de Materiais, Universidade do Estado do Amazonas;
6Discente do Curso de Engenharia de Materiais, Universidade do Estado do Amazonas