O USO DA TOXINA BOTULÍNICA NOS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS NA FACE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10149361


Grazielle Correa Pereira
Carlos Antônio de Gouveia1


RESUMO

A toxina botulínica do tipo A vem sendo amplamente utilizada apresentando resultados satisfatórios no tratamento estético e funcional de pacientes pelos Biomédicos especialistas em estética e profissionais da área. Sua duração pode variar de 4 a 6 meses dependendo da região onde é aplicada, dependendo principalmente da resposta do organismo. O procedimento é realizado em consultório ou clínica dispensando a necessidade de ser realizado em ambiente hospitalar ou centro cirúrgico, permitindo ao paciente voltar imediatamente aos seus afazeres diários, sem ter que ficar de repouso. Quanto aos efeitos colaterais são considerados leves, podendo apresentar hematomas, nódulos ou dor no local da aplicação, sendo o procedimento contraindicado para pacientes gestantes e lactantes. A cada dia surgem novas técnicas, cabendo ao biomédico escolher a que mais se sente seguro em utilizar nos seus pacientes além de saber tratar possíveis intercorrências. 

Palavras-chave: toxina botulínica; biomedicina estética; estética facial.

ABSTRACT

Botulinum toxin type A has been widely used, with satisfactory results in the aesthetic and functional treatment of patients by biomedical specialists in aesthetics and professionals in the area. Its duration can vary from 4 to 6 months depending on the region where it is applied, depending mainly on the body’s response. The procedure is performed in an office or clinic, dispensing with the need to be performed in a hospital or surgical center, allowing the patient to return immediately after the procedure to their daily tasks, without having to rest. As for the side effects, they are mild, and may present bruises, nodules or pain at the application site, and the procedure is contraindicated for pregnant and lactating women. New techniques are emerging every day, and it is up to the Biomedical to choose the one that he feels most safe to use on his patients, in addition to knowing how to treat possible intercurrences that may occur, reversing them.

Keywords: botulinum toxin; aesthetic biomedicine; facial aesthetics.

1- INTRODUÇÃO

A toxina botulínica é considerada a mais potente toxina natural existente, ela vem sendo cada vez mais utilizada nos consultórios com objetivo de oferecer ao paciente tratamentos estéticos, minimizando as marcas de expressão e as rugas. Ela atua de maneira a bloquear a transmissão neuromuscular de acetilcolina, fazendo com que o músculo onde foi realizado a punção fique controladamente bloqueado (PERÃO; BARBOSA, 2015).

Desde os primórdios da civilização humana, a aparência física e a estética é algo fundamental no convívio social. Há muitos anos podemos ter como exemplo a rainha Cleópatra, que quando vemos suas imagens e figuras é lembrada por seus adornos e maquiagem, dando uma conotação de que a aparência é algo muito importante, representando o poder.  Entre os séculos XIII e XVIII houve grandes transformações no cenário mundial no que diz respeito às tendências de moda e de comportamento, sendo assim novas formas de cuidados com a aparência foram sendo identificadas. O biomédico esteta cuida da saúde, bem-estar e beleza da pessoa. Segundo a Resolução n° 241 do Conselho Federal de Biomedicina, um dos procedimentos que podem ser utilizados pelo biomédico esteta, são os procedimentos minimamente invasivos, ou seja, técnicas invasivas não cirúrgicas, que dispensam a necessidade de serem realizadas por cirurgiões em ambiente hospitalar, sendo assim, a aplicação de toxina botulínica do tipo A se enquadra neste segmento e vem sendo muito utilizada neste setor (SILVA, 2018).

Sua produção se dá através da esporulação de uma bactéria grampositiva anaeróbica conhecida como Clostridium Botulinum, descoberta no ano 1895, neste mesmo ano ocorreu um surto de botulismo, o que demonstrou o cuidado e preparo técnico na sua produção (VIEIRA; JÚNIOR, 2018). Nos Estados Unidos e no Brasil, a toxina botulínica continua sendo um dos procedimentos estéticos mais utilizados para o rejuvenescimento facial, onde é injetada em pontos específicos da musculatura facial, interagindo com o músculo, causando uma paralisação temporária, esta paralisação pode durar cerca de 3 a 6 meses, dependendo da resposta do organismo e da forma de aplicação. Por ter uma durabilidade específica, esse tratamento requer doses periódicas para que ocorra o prolongamento do seu efeito, sendo assim, o profissional deve orientar muito bem o paciente antes de realizar o procedimento que não durará eternamente, devendo realizar consultas de retorno para avaliar o melhor momento de realizar o procedimento novamente (GOUVEIA; FERREIRA; SOBRINHO, 2020).

O biomédico que realiza procedimentos estéticos na área facial deve estar se atualizando constantemente, procurando oferecer ao paciente as técnicas mais seguras que estão sendo utilizadas. A aplicação da toxina botulínica para procedimentos de antienvelhecimento é muito comum, isso se deve ao fato dela ser facilmente comercializada na área da saúde e apresentar poucos efeitos adversos. Estes efeitos adversos podem ser edema, eritema, ptose palpebral, sensação de pálpebras pesadas, cefaléia, reação local e em casos mais graves até uma infecção. Todos esses efeitos podem ser evitados e mais ainda, podem ser revertidos, desde que o profissional possua boas técnicas e bom conhecimento sobre anatomia facial e sobre os componentes da toxina botulínica, além é claro, de conhecer seu paciente, avaliar com cuidado se está apto a passar pelos procedimentos planejados (BRITO; BARBOSA, 2020).

2- PROPOSIÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de elucidar o leitor quanto ao uso de toxina botulínica nos procedimentos estéticos faciais, onde foi realizada uma revisão de literatura com artigos encontrados na plataforma EBSCO, PubMed, Google Acadêmico e sites de busca, onde foram incluídos artigos científicos e periódicos no período compreendido de 2007 até 2023.

3- REVISÃO DE LITERATURA

A missão ética da biomedicina é curar e tratar os doentes, além de promover a saúde como um todo, mas seu saber é voltado e construído para a cura ou controle de algumas doenças específicas. Algumas pessoas acreditam que os biomédicos apenas descobrem doenças e maneiras de tratá-las, sem saber realmente que a profissão dos biomédicos os permite ir muito além disso. Estes profissionais estão habilitados e preparados para exercer inúmeros procedimentos dentro de clínicas e consultórios. Dentro destes procedimentos, a aplicação da Toxina Botulínica vem sendo cada vez mais realizada (TESSER, 2007).

As Neurotoxinas Botulínicas ou também conhecidas como NTB, são produzidas pela bactéria anaeróbia Clostridium botulinum e são consideradas as toxinas mais potentes que o ser humano já entrou em contato para utilização. Sua alta toxicidade aliada a mecanismos de ação extremamente específicos lhes confere características únicas de alta periculosidade, principalmente por profissionais despreparados. Entretanto, quando é associada à altíssima utilidade nas ciências médicas, pode trazer excelentes resultados aos pacientes. O uso de toxinas biológicas, agentes infecciosos e venenos químicos para matar inimigos não é uma novidade e já vem sendo usado e relatado por séculos, haja visto as populações nativas de várias regiões que utilizaram toxinas obtidas de plantas e venenos de anfíbios para aumentar a letalidade de suas armas (SPOSITO, 2009).

Os profissionais da área da saúde, incluindo médicos, biomédicos, cirurgiões dentistas, dentre outros, devem sempre estar atentos com a biossegurança dentro de seus consultórios e clínicas a fim de evitar quaisquer riscos que possam existir na manipulação das toxinas botulínicas e com outros materiais biológicos. Devem sempre criar ações que evitem ou minimizem as chances de contaminações (PENNA, et al. 2010).

A utilização clínica da toxina botulínica se iniciou na década de 80 pelo oftalmologista Allan Scott, na Califórnia (USA), como tratamento para a correção de estrabismo. Após isso começou a ser utilizada no tratamento dos movimentos involuntários como o blefaroespasmo e espasmo hemifacial, sua utilização foi tão eficiente que se tornou o tratamento de primeira escolha, posteriormente passou a ser utilizada em distonia cervical, disfonia espástica, distonia focais das mãos e pernas, distonia de ação específica e no tratamento dos tremores. A toxina utilizada para tratamentos médicos e cosméticos é chamada de toxina botulínica do tipo A. Existem 7 tipos de toxinas sorologicamente distintas classificadas como: A, B C1, D, E, F e G. O tipo de toxina utilizado para o tratamento de dores de cabeça é o tipo A que tem o nome comercial de BOTOX® ou onabotulinumtoxin A. (PERÃO; BARBOSA, 2015).

O sorriso é a expressão mais bela do ser humano. Quando um indivíduo está feliz consigo mesmo é inevitável que traga um sorriso no rosto e consiga conviver bem dentro de um ciclo social. A estética vem sendo cada vez mais discutida e estudada dentro da área da saúde por conta dessas transformações que a sociedade impõe. A Toxina Botulínica do tipo A está cada vez mais presente dentro dos consultórios e clínicas de profissionais que dedicam sua carreira em oferecer mais bem-estar e satisfação pessoal aos seus pacientes. Estes profissionais buscam oferecer ao paciente mais qualidade de vida resolvendo problemas que muitas vezes incomodam o paciente e o mesmo não pode passar por procedimentos cirúrgicos de correção, ou por medo, questões financeiras, não podem se afastar da rotina do trabalho, dentre outros motivos, o que faz com que muitos pacientes busquem por tratamentos alternativos que mostrem resultados satisfatórios, como é o caso dos tratamentos realizados com toxina botulínica tipo A (DALL MAGRO, et al. 2015).

Hoje Líder de mercado, o Botox® é o nome comercial da toxina botulínica utilizada em procedimentos faciais estéticos, ele foi o primeiro produto registrado e licenciado pelo laboratório Allergan, e continua sendo a marca mais conhecida e utilizada no mercado estético do Brasil. É apresentado como uma substância cristalina, estável, liofilizada em albumina compactada em um frasco estéril. Quando é injetada, a toxina botulínica é transportada para a junção neuromuscular, daí então, internalizada nos terminais colinérgicos pré-sinápticos (DALL MAGRO, et al. 2015). A recuperação ocorre apenas quando surgem novos terminais nervosos, restabelecendo assim novos contatos sinápticos. A toxina botulínica é administrada por via intramuscular, ela se liga aos receptores terminais encontrados nos nervos motores, bloqueando a liberação de acetilcolina no terminal pré-sináptico, desativando a ação das proteínas de fusão, impedindo que a acetilcolina seja lançada na fenda sináptica causando uma despolarização do terminal pós-sináptico, bloqueando a contração da musculatura. Como a toxina botulínica é considerada uma substância estranha pelo organismo, pode haver o desenvolvimento de uma resposta imune, principalmente quando a aplicação repetida acontece em um curto intervalo de tempo, podendo resultar no fracasso do tratamento secundário, por isso, é muito importante que o profissional saiba a técnica ideal para utilizar é o melhor momento de realizar os procedimentos, evitando o processo de imunoresistência, onde é indicado utilizar a menor dose efetiva, fazendo com que o intervalo de tempo entre as aplicações seja o maior possível. Uma não resposta primária é quando se tem falta de uma resposta clínica desde a primeira aplicação que o profissional realiza, mostrando que alguns pacientes podem ter uma sensibilidade reduzida a toxina botulínica, além disso, fatores como, dosagens inadequadas, erros de preparação e armazenamento e uma administração errada do fármaco também podem interferir na resposta primária e secundária. Uma não resposta secundária acontece quando as doses anteriores foram eficazes, onde aplica-se uma nova dose e não se observa-se nenhum benefício clínico, podendo estar relacionado ao fato do paciente poder produzir anticorpos antitoxina botulínica, levando consequentemente, a uma falha no tratamento. Tudo isso deve ser explicado ao paciente antes de começar a aplicação, principalmente quando o paciente afirma já ter realizado o procedimento anteriormente (BRATZ; MALLET, 2016).

O tema segurança do paciente tornou-se mais conhecido mundialmente a partir do ano 2000 quando foi publicado o relatório do Institute of Medicine (IOM), baseado em um estudo da Universidade de Harvard em hospitais de Nova York. Após esta divulgação o mundo passou a conhecer, além dos próprios profissionais da área da saúde, que já lidavam com isso, a magnitude dos Eventos Adversos (EA) no cuidado em saúde. Os EA, nos Estados Unidos da América (EUA) são responsáveis por taxas de mortalidade maiores do que as atribuídas aos pacientes com AIDS, câncer de mama ou atropelamentos, ou seja, é uma das principais causas de mortalidade mais abrangentes no país. Este fato levou a pesquisadores de todo mundo passarem a investigar os EA em seus países, inclusive no Brasil, onde infelizmente encontraram incidências de EA com números tão elevados e alarmantes quanto os encontrados nos EUA, levando a OMS (Organização Mundial de Saúde) incentivar que cada país desenvolvesse a sua própria estratégia para melhorar a segurança do paciente. No Brasil, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da Portaria MS/GM n° 529, de 1° de abril de 2013, que estabelece um conjunto de protocolos básicos. Esses protocolos constituem instrumentos para construir uma prática assistencial segura, sua referência está na Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n° 36, de 25 de julho de 2013 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (VIEIRA; JÚNIOR, 2018). 

Com isso foi possível identificar que falta muito preparo e estudo por conta dos profissionais da área da saúde, portanto, toda vez que um profissional for realizar um procedimento em seu paciente ele deve se perguntar se o cuidado estético realizado poderá causar algum dano ao paciente, devendo o profissional se questionar  se está apto a reverter qualquer quadro de efeito adverso, se a resposta for sim a esta questão então o procedimento indicado terá mais chances de ter um resultado favorável. A profusão de estudos mostra que o cuidado estético, por mais que pareça inofensivo, pode causar vários tipos de incidentes ao paciente, portanto questões relacionadas à segurança do paciente no tratamento estético no período da graduação na formação profissional, pode evitar muitos danos ao paciente no futuro (SILVA, 2018).

A Biomedicina Estética é uma subárea da biomedicina que cuida da saúde, do bem-estar e da estética do paciente, levando os melhores recursos da saúde relacionados ao seu amplo conhecimento para o tratamento e recuperação dos tecidos e do organismo como um todo. É muito importante ressaltar que o biomédico que realiza procedimentos estéticos deve estar sempre se atualizando para trazer novos biomateriais e tratamentos mais modernos aos seus pacientes (VIEIRA; JÚNIOR, 2018).

A obrigação do biomédico em oferecer um tratamento seguro e eficaz ao seu paciente, visa respeitar as questões pessoais e particulares de cada indivíduo que procura o profissional. O Biomédico deve saber respeitar as necessidades de cada paciente, saber ouvir suas queixas, e dentro disso somado a tudo que foi relatado na avaliação planejar aquilo que pode ser melhor oferecido para que o paciente consiga, através das técnicas exercidas, um tratamento de qualidade (NOGUEIRA, 2018).

Em 1948 a OMS definiu a palavra saúde como o bem-estar físico, mental e social e não somente pela ausência de uma doença ou enfermidade. A partir deste conceito a Estética foi reconhecida e incluída na área da saúde em todo o mundo. Com essas mudanças cresceu a quantidade de profissionais que atuam na área da estética, desta forma, foi investido também nas novas tecnologias, terapias e ativos cosméticos que atuam para corrigir, amenizar, atenuar e até mesmo abolir as imperfeições estéticas. A resolução nº 241 de 29 de maio de 2014, dispõe e regulamenta sobre atos que o profissional biomédico deve possuir quando for habilitado em biomedicina estética através de comprovação de 500 horas/aula de estágio durante o período de graduação em biomedicina ou na especialização onde é obrigatório que se comprove a conclusão de curso de pós-graduação em biomedicina estética ou o título de especialista em estética de acordo com normas vigentes da Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM) ou ainda por meio de residência biomédica de acordo com normas e resoluções números 169 e 174, do Conselho Federal de Biomedicina (FRASSON, 2018).

Muitos pacientes procuram os consultórios que oferecem tratamentos estéticos para a redução e desaparecimento das rugas de expressão, estas rugas possuem seu surgimento precoce pelos seguintes motivos, má nutrição, uso de álcool, estresse constante, uso de cigarro, exposição excessiva e prolongada durante a vida ao sol e por fatores genéticos. O tratamento com o uso da Toxina Botulínica tornou-se prestigiado pela população por não conter processos cirúrgicos e por ter muitos benefícios nas aplicações corretivas e preventivas das rugas na face. Contudo quando é injetada a toxina botulínica, pode haver algumas reações adversas decorrentes da injeção ou conseguinte ao efeito da aplicação, podendo causar desconforto e apreensão ao paciente, por isso, o biomédico deve orientar muito bem seu paciente sobre o que pode ou não acontecer durante e depois da aplicação com a toxina botulínica. As reações mais comuns durante a aplicação da toxina são eritema causadora da vermelhidão na pele e acúmulo do líquido no tecido, o paciente pode sentir uma leve dor durante e após o procedimento e equimose sucedente a lesões nos vasos sanguíneos acarretando hematomas (QUEIRÃO, et al. 2019).

O profissional biomédico habilitado pode se especializar em estética e com isso pode realizar vários procedimentos estéticos faciais de caráter minimamente invasivos, porém os cuidados e a segurança dos pacientes devem ser priorizados mediante as possíveis complicações que podem ocorrer durante ou depois de realizado o procedimento estético. O biomédico, habilitado a atuar com estética pela resolução n°197, de 21 de fevereiro de 2011 do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), é um profissional capacitado para reduzir de forma segura e eficaz os sinais decorrentes do envelhecimento, este profissional deve estar constantemente se especializando e se atualizando através de cursos e palestras sobre o tema. Além disso, esse profissional é capacitado para elaboração de tratamentos específicos através de uma anamnese minuciosa, cuidando da saúde, bem-estar e beleza de cada um de seus pacientes. Segundo a resolução n° 241 do Conselho Federal de Biomedicina de 29 de maio de 2014, uma das classes de procedimentos que podem ser utilizados pelo biomédico esteta no tratamento do rejuvenescimento, são os procedimentos minimamente invasivos, ou seja, procedimentos faciais invasivos não cirúrgicos como a aplicação de toxina botulínica do tipo A, preenchimentos e intradermoterapia (BRITO; BARBOSA, 2020).

Estes procedimentos não necessitam ser realizados pelo Cirurgião em ambiente hospitalar, permitindo que o paciente retorne às suas atividades rotineiras e seu trabalho imediatamente após sua realização. Pelo artigo 5° dessa mesma resolução, o biomédico esteta pode tornar-se também o prescritor das substâncias utilizadas para tais procedimentos (TRINDADE; et al. 2020).

O envelhecimento do corpo acarreta ao ser humano várias modificações funcionais no organismo, como alterações no sistema nervoso, redução na intensidade dos reflexos e, principalmente, um remodelamento estético. Entre as alterações estéticas pode ser citado as modificações na pele, o aparecimento de rugas faciais, perda da elasticidade e tônus da pele, sendo mais evidente na face e membros superiores. Devido a essas modificações estéticas de cada paciente, os recursos estéticos contemplam procedimentos que atuam na melhora da pele assim como na prevenção dos problemas ocasionados pelo envelhecimento. Dentre os procedimentos estéticos existentes que mais são utilizados pelos profissionais da área da saúde, como médicos, dentistas, biomédicos, farmacêuticos e esteticistas, a toxina botulínica se destaca por muitos motivos, ela pode ser utilizada em ambos os sexos e diferentes faixas etárias. O local que recebe a maior atenção desse tratamento com a toxina botulínica é o terço superior da face, pois a face é a primeira região que observamos quando entramos em contato com um indivíduo, sendo a primeira a demonstrar os sinais de envelhecimento, portanto, a região que mais os profissionais devem se especializar para trabalharem (BRITO; BARBOSA, 2020).

Na última década, foi observado que os procedimentos estéticos faciais e corporais tornaram-se bastante comuns nos consultórios, sendo aplicada por profissionais habilitados, sendo eles: médicos, dentistas, biomédicos e farmacêuticos. Um número crescente de pacientes tem buscado por procedimentos estéticos que exigem menos tempo de cadeira e menos tempo de recuperação pós operatória, sendo assim, o paciente pode retornar imediatamente às suas atividades rotineiras e ao trabalho, não necessitando de repouso, o que é um grande avanço já que a rotina do dia a dia muitas vezes impede que o paciente faça procedimentos de saúde e estética pois seu trabalho não permite o afastamento pós operatório, e destes procedimentos que não exigem o afastamento um dos procedimentos mais solicitados é o tratamento com toxina botulínica tipo A (TBA). O tratamento de rejuvenescimento e harmonização facial com toxina botulínica é muito eficaz e produz altas taxas de melhora com início rápido e longa duração de ação. A toxina botulínica também tem demonstrado benefícios em tratamento de cicatrizes hipertróficas, rejuvenescimento da região do pescoço, melhora do sorriso gengival e hipertrofia do músculo masseter (GOUVEIA; FERREIRA; SOBRINHO, 2020).

De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, o Brasil ocupa o 2° lugar no ranking de procedimentos estéticos não cirúrgicos, realizados em todos os países, indicando também, que desde 2018 a toxina botulínica é a primeira escolha de material com finalidade em tratamentos estéticos que mais vem sendo utilizada no mundo. Acredita-se que com a autorização de biomédicos, dentistas, e farmacêuticos haja ainda um aumento na procura e na realização destes procedimentos (NASCIMENTO, et al. 2021).

A toxina Botulínica tipo A vem apresentando resultados clínicos muito satisfatórios e significativos para o tratamento de rugas dinâmicas e estáticas que são resultantes de movimentos musculares repetitivos e da estrutura muscular de cada indivíduo.  O uso da toxina botulínica pelos biomédicos vem sendo indicada a partir dos 20-25 anos de idade, pois é nessa fase que começa a ocorrer o envelhecimento cutâneo, sendo assim, a toxina age de forma preventiva das linhas de expressão, gerando produzindo um efeito mais satisfatório a longo prazo. O profissional não deve se esquecer de orientar o paciente que por se tratar de um efeito durável mas que a ação muscular retorna em média após 4 a 6 meses da aplicação, dependendo da resposta biológica do organismo de cada paciente, portanto, nesta fase as rugas podem começar a aparecer, indicando que é o momento de o paciente retornar no consultório para realizar uma nova avaliação, cabendo ao profissional verificar se já é o momento de aplicar novamente a toxina botulínica (MADY, et al. 2021). 

A sociedade em que vivemos está em constante evolução, cada vez mais as pessoas estão preocupadas com a aparência e bem-estar físico e emocional. Vem crescendo e muito a busca por procedimentos estéticos para melhorar a autoestima e convívio social, desta forma se faz necessária a divulgação de informações com a finalidade de ampliar a visão do biomédico para essa nova área de atuação. Além disso, é preciso conscientizar os pacientes, que buscam fazer os procedimentos estéticos em rejuvenescimento facial, sobre a necessidade de escolher um profissional habilitado, somente este profissional poderá decidir sobre o melhor método para atingir o objetivo estético desejado (SILVA, 2022). 

Diante do desenvolvimento humano e das técnicas profissionais que envolvem a área da saúde, as preocupações com a ética e bioética também estão crescendo. O biomédico que realiza procedimentos estéticos, além de ter boas técnicas deve ter conhecimento na legislação, saber seus limites de atuação, além de respeitar os limites de atuação de outros profissionais. Estas leis devem ser claras para os profissionais evitarem problemas judiciais além de descontentamento com o paciente (SOBRINHO; FERRAZ, 2022).

Com a evolução da sociedade é imprescindível que os profissionais que atuam na área da saúde evoluam junto, sendo assim, com tantos estudos e trabalhos mostrando a importância de oferecer tratamentos que busquem não apenas tratar uma doença, mas sim, oferecer ao paciente um tratamento pensando em melhorar o seu bem-estar físico e mental, satisfazendo a saúde e a estética como um conjunto. Ouvindo mais o paciente e entender o que ele busca quando procura um Biomédico esteta, entender suas principais queixas e ser claro naquilo que o tratamento pode oferecer, assim como suas limitações. O Biomédico esteta precisa estar sempre atualizado fazendo cursos e aprimorando seus conhecimentos para poder garantir ao paciente sempre o melhor tratamento possível, pois a cada dia surgem novos materiais e métodos mais modernos em tudo o que engloba a área estética, um biomédico que se atualiza e oferece tratamentos mais modernos certamente se destacará dos outros profissionais que assim não fazem (HULLER; COMPARSI, 2022).

4- DISCUSSÃO 

A aplicação da Toxina Botulínica tipo A é um procedimento não cirúrgico, minimamente invasivo, estético, terapêutico, temporário, seguro e muito eficaz (GOUVEIA; FERREIRA; SOBRINHO, 2020). Concordando com os autores, Perão e Barbosa, em 2015 acrescenta ainda que a utilização da toxina botulínica nos consultórios é muito segura, sendo a aplicação contraindicada apenas para pacientes intolerantes à lactose, mulheres grávidas e em fase de amamentação. 

Segundo Gouveia; Ferreira; Sobrinho, 2020 a toxina botulínica atua diretamente na paralisação do músculo, sendo assim, ela é bastante utilizada no tratamento de rugas existentes, evitando-se também o aparecimento de novas rugas faciais, contribuindo para o rejuvenescimento facial daqueles pacientes que estão sempre preocupados em manter uma boa aparência e com aspectos mais jovens. Já Silva, 2018 afirma que além disso, a toxina botulínica tipo A é muito fácil de ser adquirida pelos profissionais biomédicos que trabalham com a área da estética e por isso estão sempre presentes nos consultórios dos biomédicos. Por estes motivos, a toxina botulínica é a mais utilizada em todo o mundo pelos profissionais da saúde como escolha principal para tratamentos estéticos faciais, afirma Nascimento, et al. (2021).

Os procedimentos que utilizam a toxina botulínica como material para reverter sinais de envelhecimento faciais são seguros, eficazes e duráveis, não são eternos, mas podem ter uma boa longevidade no organismo do paciente caso o profissional utilize materiais de boa qualidade e realize a aplicação nos tecidos faciais de maneira correta e precisa (BRITO; BARBOSA, 2020). Já para Vieira; Júnior, 2018, para que seus resultados sejam seguros, eficazes e duráveis, a técnica do profissional e seu conhecimento em aplicar a toxina botulínica e em reverter o tratamento, quando necessário, deve ser muito assertiva.

Quanto aos efeitos colaterais que podem surgir após a aplicação da toxina podem apresentar-se de forma leves, sendo controlados e revertidos pelo profissional que realiza a aplicação da toxina botulínica (QUEIRÃO, et al. 2019). Conforme Trindade; et al. 2020, os efeitos adversos relacionados com a aplicação da toxina botulínica são raros quando o profissional possui boa experiência e prática clínica.

Já para Bratz; Mallet, 2016, a toxina botulínica pode ser muito eficiente na primeira vez que é injetada no organismo e nas próximas aplicações não ter resultado satisfatório, se o paciente não for orientado corretamente, principalmente sobre o porquê isso acontece, podendo o biomédico ter problemas jurídicos com este paciente. Por este motivo o profissional deve orientar sobre a efetividade do uso da toxina botulínica em cada paciente, além disso, é necessário também que o profissional oriente que há um tempo aproximado de duração dos efeitos, afirma Mady, et al. 2021.

Segundo Silva, 2022 muitos profissionais estão descobrindo uma nova forma de atuação dentro da biomedicina estética, isso se deve ao aumento, do número de pacientes buscando por procedimentos estéticos, subindo também o número de profissionais que se atualizam para poderem oferecer estes procedimentos com mais qualidade, eficácia e segurança. Por isso que muitos materiais e tecnologias estão sendo investidas nessa área para que os profissionais possam executar seus procedimentos, sendo assim, aquele profissional que investir mais na sua carreira irá se destacar dos outros profissionais (FRASSON, 2018). Corroborando com Huller; Comparsi, 2022 que afirmam que somente desta maneira o biomédico esteta pode se destacar dos outros profissionais, com estudos, que proporcionaram qualidade no atendimento e boas técnicas durante os procedimentos realizados. 

Concordando com os autores acima, Dall Magro, et al. (2015), relatam que o uso da Toxina Botulínica tipo A está cada vez mais em alta nos consultórios e clínicas de profissionais que oferecem tratamentos estéticos pois os pacientes cada vez mais procuram por tratamentos rápidos, com valores mais acessíveis que procedimentos cirúrgicos, e que tragam efeitos imediatos. Entretanto, com o aumento na realização destes procedimentos, e principalmente procedimentos realizados em ambiente clínico, o profissional deve estar ciente das limitações em regiões que pode realizar o procedimento, estes limites devem ser bem claros e acima de tudo, respeitados, pois caso não ocorra assim, os pacientes que não ficarem satisfeitos com o resultado estético podem procurar por seus direitos na justiça trazendo grande estresse ao profissional e, em alguns casos, problemas jurídicos mais sérios afirma Sobrinho; Ferraz, (2022).

Sendo assim, Spósito, (2009) afirma que além do preparo por parte do profissional, ele não deve esquecer também de orientar o paciente que o tratamento com a toxina Botulínica tipo A, como o próprio nome já diz é uma toxina e isso pode trazer efeitos colaterais ao paciente. 

Já, Penna, et al. (2010) destacou que todo profissional que realiza estes procedimentos dentro de seus consultórios e clínicas devem estar preocupados constantemente com a biossegurança, tanto do paciente quanto do profissional, em trabalhar em um ambiente limpo e seguro, e sempre realizar ações voltadas para prevenção, minimização e eliminação de riscos de contaminação e contaminação cruzada.

Completando tudo o que os outros autores descrevem acima, Nogueira (2018), conceitua que o profissional Biomédico esteta está preparado para trabalhar com as mais variadas técnicas desenvolvidas no mercado para oferecer o melhor tratamento possível estético aos seus pacientes.

5- CONCLUSÃO

Com a elaboração do trabalho pode concluir que os procedimentos que utilizam a aplicação da toxina botulínica buscam oferecer resultados estéticos seguros, eficientes, devendo o profissional biomédico estar constantemente atualizado, se especializando através de cursos e palestras sobre o tema. A cada dia surgem novos protocolos de atendimento que ainda não são bem definidos e por isso fica a critério do biomédico a escolha da técnica em que mais se sente seguro em utilizar dentro do seu consultório. Estes procedimentos estéticos que utilizam a toxina botulínica tipo A não necessitam ser realizados em ambiente hospitalar e permitem que o paciente retorne imediatamente à sua rotina do dia a dia, isso pode explicar o porquê do aumento crescente na busca por estes procedimentos.

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1 Orientador