REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7259452
Fernanda Lima Dantas1
Orientador: Prof. Victor Hugo Cordeiro Rosa2
Coorientador: Prof. Vanessa Rodrigues3
RESUMO
O dano tecidual causado pelo UVB na pele gera o envelhecimento cutâneo e estudos mostram que a utilização de antioxidante pode amenizar esse processo. Dessa forma, as azeitonas têm demonstrado efeitos antioxidantes, também fortalecem o sistema imunológico e aumentam os níveis de energia, e tem sido relatado que são eficazes no tratamento de doenças respiratórias e feridas na pele. infecções e no alívio dos sintomas do resfriado. Os principais compostos identificados nas folhas de oliveira são os do grupo dos fenólicos simples e flavonóides. As características dos extratos das folhas de oliveira têm ganhado grande interesse na comunidade científica por apresentar inúmeros benefícios devido ao seu potencial antioxidante e por seu potencial de consumo como Nutracêutico e aproveitados pela indústria farmacêutica para fabricação de remédios de cunho estético tendo como meio a extração de seus compostos. Devido a sua composição, sua utilização é vinculada como um grande componente natural antiinflamatório que apresentam modificações positivas nos danos causados à pele exposta diariamente à raios ultravioletas e atenuação de melasma. Assim, o objetivo desta pesquisa é realizar uma revisão da literatura acerca dos benefícios da oleuropeína na saúde cutânea. O presente estudo será realizado a partir de uma revisão na literatura feita nas bases eletrônicas Google Acadêmico, Scielo, PubMed, usando os termos: oleuropeína, folhas de oliveira, compostos fenólicos e envelhecimento cutâneo, além de seus nomes traduzidos para o inglês: oleuropein, olive leaves, phenolic compounds and skin aging. Foram considerados artigos publicados a partir do ano 2012 para a inclusão nessa revisão, excluindo, consequentemente, artigos publicados antes desse período. A oleuropeína é um dos principais compostos da folha de oliveira, tem chamado a atenção das pessoas desde o início do século 20 devido às suas propriedades antivirais, antibacterianas e antifúngicas. Vários estudos descobriram que a oleuropeína, que é um polifenol, é um poderoso antioxidante que ajuda a reduzir a pressão arterial naturalmente e prevenir doenças cardiovasculares. A oleuropeína também mostrou funções anticancerígenas quando fez com que tumores em animais regredissem ou desaparecessem. A oleuropeína é o principal componente fenólico presente na polpa das azeitonas verdes, as folhas de oliveira também contêm a oleuropeína como principal componente. Pode ser encontrado no azeite extravirgem ao qual confere seu sabor amargo.
Palavras-chave: Azeite de Oliva Extra Virgem. Polifenóis. Oleuropeína. Envelhecimento. Saúde da pele,
ABSTRACT
The tissue damage caused by UVB in the skin generates skin aging and studies show that the use of antioxidants can mitigate this process. In this way, olives have been shown to have antioxidant effects, they also strengthen the immune system and increase energy levels, and have been reported to be effective in treating respiratory ailments and skin wounds. infections and relief of cold symptoms. The main compounds identified in olive leaves are those from the group of simple phenolics and flavonoids. The characteristics of olive leaf extracts have gained great interest in the scientific community for presenting numerous benefits due to their antioxidant potential and for their consumption potential as a Nutraceutical and used by the pharmaceutical industry for the manufacture of aesthetic remedies using the extraction of its compounds. Due to its composition, its use is linked as a great natural anti-inflammatory component that presents positive changes in the damage caused to the skin exposed daily to ultraviolet rays and attenuation of melasma. Thus, the objective of this research is to review the literature on the benefits of oleuropein on skin health. The present study will be carried out from a literature review carried out in the electronic databases Google Scholar, Scielo, PubMed, using the terms: oleuropein, olive leaves, phenolic compounds and skin aging, in addition to their names translated into English: oleuropein, olive leaves, phenolic compounds and skin aging. Articles published from 2012 onwards were considered for inclusion in this review, consequently excluding articles published before that period. Oleuropein, one of the main compounds in olive leaf, has been drawing people’s attention since the early 20th century due to its antiviral, antibacterial and antifungal properties. Several studies have found that oleuropein, which is a polyphenol, is a powerful antioxidant that helps lower blood pressure naturally and prevent cardiovascular disease. Oleuropein also showed anticancer functions when it caused tumors in animals to regress or disappear. Oleuropein is the main phenolic component present in the pulp of green olives, olive leaves also contain oleuropein as a main component. It can be found in extra virgin olive oil, which gives it its bitter taste.
Keywords: Extra Virgin Olive Oil. Polyphenols. Oleuropein. Aging. skin health,
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento foi e continua a ser uma constante histórica. Alguns autores a definem como um processo progressivo, irreversível, intrínseco e universal que todo ser vivo sofre, como expressão da interação entre a genética do indivíduo e seu ambiente . Prevenir o envelhecimento tem sido uma das maiores ambições do ser humano, pelo que o combate ao envelhecimento representa um desafio para a medicina atual (COPPA, 2016). Com o passar do tempo, a maioria das funções dos diversos órgãos e tecidos do corpo diminuem sua atividade, seja por alterações na atividade metabólica celular, seja por processos que afetam essas células.Todos os sistemas do indivíduo apresentam esse processo, mas em cada um deles ele se desenvolve de forma diferente, o que caracteriza a velhice com grande variabilidade biológica (COPPA, 2016).
Todos querem ter um rosto perfeito, como o de nossas celebridades favoritas, mas não importa quantos truques de beleza usemos, existem muitas razões que nos impedem de atingir esse objetivo. O stress da rotina ou a poluição fazem com que a pele precise de um “empurrãozinho” para se manter perfeitamente hidratada (LEAL, 2012). O envelhecimento da pele refere-se a um fenômeno em que as células são incapazes de se regenerar ou funcionar adequadamente como resultado da perda celular ou deterioração funcional. Existem várias causas biológicas, químicas e físicas do envelhecimento; o envelhecimento da pele como resultado da exposição contínua à radiação ultravioleta é chamado de fotoenvelhecimento da pele (LEAL, 2012).
A exposição da pele a um alto nível de raios ultravioleta causa citotoxicidade direta e subsequente apoptose. Quando os raios ultravioletas são irradiados em fibroblastos incubados in vitro ou tecidos vivos, a expressão da matriz metalopeptidase aumenta e a geração de colágeno diminui; isso acaba danificando os tecidos conjuntivos na camada dérmica da pele (LEAL, 2012).
O dano tecidual causado pelo UVB na pele gera o envelhecimento cutâneo e estudos mostram que a utilização de antioxidante pode amenizar esse processo. Dessa forma, as azeitonas têm demonstrado efeitos antioxidantes, também fortalecem o sistema imunológico e aumentam os níveis de energia, e tem sido relatado que são eficazes no tratamento de doenças respiratórias e feridas na pele, infecções e no alívio dos sintomas do resfriado. As folhas de oliveira são consideradas como o melhor complexo de polifenóis com superpolifenóis balanceados como hidroxitirosol, tirosol, ácido cafeico e oleuropeína (SILVA, 2021).
Os principais compostos identificados nas folhas de oliveira são os do grupo dos fenólicos simples e flavonóides (TALHAOUI et al., 2015). As características dos extratos das folhas de oliveira têm ganhado grande interesse na comunidade científica por apresentar inúmeros benefícios devido ao seu potencial antioxidante e por seu potencial de consumo como Nutracêutico e aproveitados pela indústria farmacêutica para fabricação de remédios de cunho estético tendo como meio a extração de seus compostos . Devido a sua composição, sua utilização é vinculada como um grande componente natural antiinflamatório que apresentam modificações positivas nos danos causados à pele exposta diariamente à raios ultravioletas e atenuação de Melasma.
O estudo se justifica por analisar uma temática atual, que tem relevância social a acadêmica, por analisar oleuropeina na nutrição funcional e estética. Como hipótese tem que as culturas tratadas com oleuropeína exibem um atraso no aparecimento da morfologia da senescência e sua vida útil é estendida, o que se demonstra o efeito benéfico da oleuropeína nos fibroblastos humanos em senescência replicativa e fornecem novos insights para o aprimoramento dos mecanismos antioxidantes celulares por compostos naturais que podem ser facilmente absorvidos pela dieta normal.
2. OBJETIVOS
Assim, o objetivo desta pesquisa é realizar uma revisão da literatura acerca dos benefícios da oleuropeína na saúde cutânea.
Os objetivos específicos são:
- Identificar o mecanismo de ação da oleuropeína na saúde cutânea;
- Identificar os principais fatores de envelhecimento cutâneo;
- Identificar a concentração de oleuropeína eficaz de consumo para atenuar o envelhecimento cutâneo.
3. METODOLOGIA
O presente estudo será realizado a partir de uma revisão na literatura disponível acerca do consumo de oleuropeína, relacionando-a com o envelhecimento cutâneo. Para isso, foram utilizados artigos científicos publicados em revistas, jornais e periódicos. A pesquisa de artigos será feita nas bases eletrônicas Google Acadêmico, Scielo, PubMed, usando os termos: oleuropeína, folhas de oliveira, compostos fenólicos e envelhecimento cutâneo, além de seus nomes traduzidos para o inglês: oleuropein, olive leaves, phenolic compounds and skin aging. Foram considerados artigos publicados a partir do ano 2012 para a inclusão nessa revisão, excluindo, consequentemente, artigos publicados antes desse período.
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1 ENVELHECIMENTO DA PELE
O envelhecimento da pele é produzido, entre outros, por uma série de fatores externos, basicamente a radiação solar, que o acelera, modificando-o não só quantitativamente, mas também qualitativamente. Este envelhecimento tem grande importância social, daí o interesse da cosmética nesta área, embora ao falar de envelhecimento seja conveniente distinguir entre envelhecimento intrínseco e fotoenvelhecimento (COPPA, 2016).
No envelhecimento intrínseco ocorre uma série de alterações morfológicas na pele, rugas finas, neoplasias benignas, diminuição dos queratinócitos basais, o que dificulta a cicatrização de feridas, diminuição do teor de água dos tecidos com a idade, diminuição do estado de hidratação da pele e portanto, sua função de barreira. O controle do conteúdo aquoso cutâneo deve ser um objetivo primordial na prevenção do envelhecimento cutâneo (SANCHO; PASTORE, 2016).
Fotoenvelhecimento é o termo utilizado para descrever os processos clínicos e histológicos produzidos pela exposição solar crônica. Dermatoheliose e heliodermatite têm sido usadas de forma intercambiável, referindo-se à natureza inflamatória do processo. Sua importância dermatológica está relacionada à incidência de alterações cutâneas associadas a esse processo e à grande relação com o câncer de pele. É responsável pela rugosidade da pele, rugas, coloração amarelada, telangiectasias, pigmentação irregular e uma grande variedade de neoplasias benignas, pré-malignas e malignas (COPPA, 2016).
A característica histológica é a elastose dérmica, que se caracteriza pelo desaparecimento das fibras elásticas da derme, diminuição do colágeno e aumento da presença de proteoglicanos, mas não linear para todos eles, pois glicosaminoglicanos, ácido hialurônico (AH) e dermatan diminuem, sendo a diminuição desse AH responsável pela diminuição do turgor e elasticidade da pele, aparecimento de rugas e alterações na microcirculação dérmica. Por outro lado, deve-se notar que na derme existem sete tipos diferentes de colágeno que diferem tanto em sua estrutura quaternária quanto em seu arranjo de aminoácidos. Os mais abundantes são os tipos I e III (DE LIMA PACHECO; LOBO, 2021).
Para explicá-lo, várias teorias são propostas, uma delas é a teoria genética, e a outra é a dos erros metabólicos acumulados, segundo os quais há um acúmulo de moléculas anormais que comprometem a função celular. Na teoria genética, foi proposta a existência de genes que codificam diferentes funções, genes com efeitos benéficos na juventude e efeitos nocivos na velhice (CAO, 2020).
A importância dos radicais livres deve ser notada no estudo do fotoenvelhecimento, uma vez que o aumento na produção de radicais livres produz um aumento na rigidez das membranas celulares e do tecido conjuntivo devido às ligações cruzadas. Isso leva à diminuição do suprimento sanguíneo para os órgãos e tecidos, com a consequente diminuição da perfusão tecidual. Para neutralizar o acúmulo de subprodutos citotóxicos derivados das reações oxidativas necessárias à vida, os organismos vivos desenvolveram processos de desintoxicação, reparo de DNA e antioxidantes naturais, sequestradores de radicais livres, enzimas e sistemas de degradação de proteínas (COPPA, 2016).
Os processos degenerativos associados à idade são em parte o resultado de danos não reparados às macromoléculas pelos radicais livres. 2-5% do oxigênio inalado é convertido em radicais tóxicos de oxigênio. Apesar dessa pequena porcentagem, quando um indivíduo chega aos 70 anos de idade, já produziu mais de 900 kg de radicais de oxigênio. Um radical particularmente tóxico é o radical hidroxila (•OH), pois, devido à sua alta reatividade, ataca todas as moléculas indiscriminadamente (DE LIMA PACHECO; LOBO, 2021).
A maioria das proteínas danificadas pelos radicais livres são enzimas, principalmente enzimas que contêm metais de transição, devido ao seu alto risco de geração de H nas proximidades da proteína. As proteínas danificadas pela oxidação acumulam-se com a idade, sendo estimadas em 30-50% do total de proteínas celulares presentes na velhice. Outro efeito dos radicais livres é a peroxidação lipídica, presente principalmente como destruição oxidativa de ácidos graxos poliinsaturados nas membranas celulares. É um processo de auto oxidação descontrolado que culmina na formação de hidroperóxidos lipídicos e aldeídos (CAO, 2020).
4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS POLIFENÓIS
O extrato de oliveira tem naturalmente polifenóis, entre eles a oleuropeína. Os compostos fenólicos são uma série de metabólitos secundários de plantas cujo nome vem de substâncias que possuem função fenol, o nome comum de hidroxibenzeno. Existem cerca de 8.000 compostos diferentes e tanto humanos quanto animais os adquirem através da dieta. Essa série de metabólitos se comporta nas plantas, intervindo nos processos de reprodução, crescimento e proteção. Por sua vez, esses compostos presentes nos frutos de certas espécies vegetais conferem-lhes características como: cor, sabor, qualidade etc.
A dieta humana é composta por uma quantidade muito variada de alimentos vegetais, como vegetais, frutas e bebidas. Esses alimentos apresentam percentual variável de polifenóis, estimando-se a ingestão diária de polifenóis na dieta humana em 1g/dia. Desta forma, a importância dos polifenóis se deve à abundância desses compostos na dieta, suas características antioxidantes e sua capacidade de regular inúmeros processos biológicos e bioquímicos. Mais de 10.000 compostos fenólicos diferentes foram descritos em plantas superiores. Sob este nome estão agrupados desde grandes polímeros polifenólicos, como os taninos, até moléculas simples, como os ácidos fenólicos (ARRAES; FUNCHAL, 2017).
Os compostos fenólicos são micronutrientes abundantes em nossa dieta, com um consumo médio de 1 grama por dia. O teor de polifenóis de frutas, vegetais e outros alimentos derivados de plantas varia consideravelmente, não apenas entre os diferentes tipos, mas também entre as variedades do mesmo tipo, dependendo das condições de cultivo e da época de colheita. Em várias frutas e hortaliças sua atividade antioxidante é bem conhecida. Frutas e vegetais são fontes particularmente ricas de polifenóis. O conteúdo de polifenóis de algumas frutas e vegetais é comum. Os polifenóis pertencem a uma das principais classes de metabólitos secundários de plantas, incluindo ácidos fenólicos, flavonóides, lignanas, estilbenos, cumarinas e taninos (MORAIS et al., 2021).
Milhares dessas substâncias foram descobertas em plantas comestíveis e são divididas em diferentes grupos de acordo com sua estrutura e complexidade. Essas substâncias alegam proteger as plantas do estresse e da infecção. Portanto, não é surpreendente que essas substâncias possam ter efeitos biológicos em animais e humanos (DE OLIVEIRA et al., 2020).
A estrutura química dos polifenóis difere um do outro. Eles podem ser encontrados desde moléculas simples, como os ácidos fenólicos, até moléculas com alto grau de polimerização, como as proantocianidinas. Os grupos de compostos fenólicos mais abundantes na dieta são flavonóides, ácidos fenólicos, álcoois fenólicos, estilbenos e lignanas. Uma característica comum a todos os compostos fenólicos é que eles possuem um anel aromático e um ou mais grupos hidroxila (ARRAES; FUNCHAL, 2017).
Os mais frequentes que encontramos são os ácidos fenólicos e os flavonóides, que se dividem em inúmeras subclasses, chegando a mais de 6.000 compostos. Os ácidos cafeico, cumárico ou clorogênico são moléculas simples denominadas ácidos fenólicos e representam aproximadamente um terço da ingestão total de polifenóis na dieta. Os dois terços restantes correspondem a flavonóides. Substituições e variantes no anel pirona fazem com que a estrutura flavonóide dê origem a flavonóis, flavonas, isoflavonas, flavanonas, antocianinas e flavanóis (catequinas e proantocianidinas). Dentro dos flavonóides, flavonas, flavonóis e seus glicosídeos são os compostos mais abundantes em vegetais. As estruturas mais complexas são as proantocianidinas, pois são provenientes da polimerização de catequinas (DE OLIVEIRA et al., 2020).
Os ácidos fenólicos são compostos orgânicos que contêm um anel fenólico e um ácido carboxílico. Na natureza, é comum encontrar ácidos fenólicos hidroxilados ligados por ligações éster a polifenóis maiores (como flavonóides) ou a outras moléculas como glicose, ácido quínico, ácido málico, ácido tartárico, terpenos, tornando seus níveis na forma livre muito elevados. Os ácidos fenólicos são divididos em duas classes: ácidos hidroxibenzóicos e ácidos hidroxicinâmicos. Os ácidos hidroxibenzóicos contêm sete átomos de carbono (esqueleto C6-C1). O principal representante é o ácido gálico presente no chá (Figura 1). Esses compostos fazem parte de estruturas complexas como os taninos hidrolisáveis (MORAIS et al., 2021).
Figura 1: Estrutura química de un ácido hidroxibenzoico
Os taninos hidrolisáveis são polímeros heterogêneos formados por ácido gálico ou ácido hexahidroxidifênico, esterificados com açúcares simples, principalmente glicose. Os derivados do ácido gálico são os galotaninos, enquanto os derivados do ácido elágico são os elagitaninos. Os galotaninos estão amplamente distribuídos no reino vegetal, e são consumidos através da dieta com algumas leguminosas como o grão de bico, além de nozes, romãs, amêndoas, em frutas como manga e caqui, em ruibarbos. Os elagitaninos encontram-se em frutos vermelhos como morangos, framboesas e amoras, bem como nos seus derivados (sumos, compotas…), em frutos secos como nozes, pistácios, cajus ou castanhas, e em frutos como romãs ou uvas moscatel. Eles também estão em bebidas como vinho e uísque envelhecidos em barris de carvalho, porque os elagitaninos também estão em madeira de carvalho. Os principais elagitaninos são punicalagina encontrados em romãs, H-6 sanguiin em morangos, pedunculagina em nozes e vescalagin e castalagin em carvalho (ARRAES; FUNCHAL, 2017).
Os ácidos hidroxicinâmicos contêm nove átomos de carbono dispostos em um esqueleto C6-C3 (Figura 2). Dentro deste grupo está o ácido p-cumárico (presente no azeite virgem), o ácido ferúlico (presente nos grãos de cereais) e o ácido cafeico, que está presente em muitas frutas como maçã, ameixa, tomate e uva (LOPES, 2019).
Figura 2: Estrutura química de un ácido hidroxibenzoico
Um dos derivados mais conhecidos dos ácidos hidroxicinâmicos é o ácido clorogênico, que vem da esterificação do ácido cafeico com o ácido quínico. Este composto está presente em muitas frutas e principalmente, em altas concentrações, no café. Outro derivado dessa classe de ácidos fenólicos é a curcumina, que possui duas moléculas de ácido ferúlico ligadas por um grupo metileno, dando origem a uma β-dicetona. A curcumina é um pigmento amarelo encontrado principalmente na cúrcuma, uma especiaria que faz o curry e é extraída do rizoma da planta Curcuma longa (DE MORAES ARNOSO; DA COSTA; SCHMIDT, 2019).
Os flavonóides podem ser subdivididos em seis grupos: flavonóis, flavonas, flavanonas, isoflavonas, antocianinas e flavanóis (catequinas e proantocianidinas). Mais de 4.000 flavonóides foram identificados e mais estão sendo descobertos hoje. Isso se deve à facilidade da molécula em modificar sua estrutura por meio de processos de acilação e glicosilação. Os flavonóis representam o grupo de flavonóides mais abundante nos alimentos, sendo a quercetina o seu composto mais representativo. (LOPES, 2019).
Flavonóis podem ser encontrados em cebolas, couve, mirtilos e brócolis. Chá e vinho também são fontes abundantes de flavonóis com entre 45 e 30 mg/L desses metabólitos. A biossíntese dos flavonóis é estimulada pela luz, portanto sua presença é maior na casca e na casca dos vegetais. Curiosamente, dependendo da orientação luminosa do fruto, pode haver uma maior concentração de flavonóis em diferentes áreas de sua casca ou casca (FURLAN; RODRIGUES, 2016; LOPES, 2019). A estrutura química dos flavonóides é mostrada na figura 3:
Figura 3: Estrutura química dos Principais Flavonóides
De acordo com o padrão de hidroxilação e os substituintes presentes no anel heterocíclico C, existe a possibilidade de classificar os flavonóides em vários subgrupos: antocianinas (delfinidina e pelargonidina), flavanóis (catequina e epicatequina), flavonas (luteolina e apigenina), flavanonas (eriodictiol e naringenina), flavonóis (quercetina, campferol e miricetina) e isoflavonas (genisteína e daidzeína). Os compostos individuais dentro de uma família diferem no padrão de substituintes nos anéis A e B (FURLAN; RODRIGUES, 2016; LOPES, 2019).
Compostos individuais dentro da mesma família diferem no padrão de substituintes dos anéis A e B. A grande maioria dos flavonóides tem o anel aromático B ligado ao heterociclo C na sua posição C2, no entanto, alguns flavonóides, como as isoflavonas, têm o anel B ligado para a posição C3 do heterociclo. As atividades biológicas desses compostos dependem tanto das diferenças estruturais entre os flavonóides quanto do padrão de glicosilação, de modo que suas atividades são dependentes da estrutura (LOPES, 2019).
As diferenças na biodisponibilidade se devem à grande diversidade estrutural entre os polifenóis, uma vez que diferenças podem ser encontradas em sua atividade intrínseca, absorção, metabolismo ou taxa de eliminação. Por sua vez, pode ser encontrada uma atividade biológica diferente dos compostos iniciais devido aos metabólitos encontrados no sangue e nos tecidos. As características físico-químicas dos polifenóis como estrutura química, grau de modificação química (glicosilação, conjugação…), peso molecular, grau de polimerização e solubilidade determinam sua absorção e metabolismo. Desta forma, os ácidos fenólicos são facilmente absorvidos, juntamente com as catequinas, flavanonas e glicosídeos de quercetina, enquanto a absorção de polifenóis maiores, como as proantocianidinas, é muito baixa (DE MORAES ARNOSO; DA COSTA; SCHMIDT, 2019).
Os polifenóis na dieta estão presentes principalmente como polímeros (proantocianidinas), como ésteres (ácidos fenólicos) ou glicosilados (flavonóides e estilbenos), mas podem ser encontrados em sua forma livre (lignanas). Depois de ingeridos por via oral, alguns polifenóis, como a quercetina, daidzeína ou genisteína, mas não seus glicosídeos, são absorvidos diretamente no estômago, assim como algumas antocianidinas ou ácidos fenólicos, como o ácido clorogênico. O resto dos polifenóis, que resistem à hidrólise ácida no estômago, chegam intactos ao intestino delgado, onde são absorvidos (LOPES, 2019).
Os polifenóis na forma glicosilada são muito hidrofílicos. Portanto, a eliminação de seus resíduos de açúcar é essencial para sua absorção no intestino delgado por difusão através do lúmen intestinal. Os polifenóis são hidrolisados por enzimas intestinais humanas endógenas, como lactase florizina hidrolase (LPH) (hidrólise extracelular) ou β-glicosidase (CBG) (hidrólise intracelular). Essas enzimas liberam o polifenol (aglicona) de resíduos de glicona, como glicose, arabinose ou xilose. Resíduos de ramnose não são substratos para essas enzimas, portanto, os polifenóis ligados a esse tipo de resíduo devem ser hidrolisados pelas α-ramnosidases presentes na microbiota colônica. As antocianinas representam uma exceção porque o glicosídeo intacto pode ser absorvido no intestino delgado. Quanto aos polifenóis esterificados, eles só podem ser metabolizados pela microbiota colônica, reduzindo a eficiência de sua absorção (FURLAN; RODRIGUES, 2016; LIMA et al., 2013).
Polímeros e oligômeros maiores que trímeros, como as proantocianidinas, têm absorção limitada no intestino delgado devido ao seu tamanho e alto peso molecular. Como sua absorção é tão baixa, eles exercem sua ação biológica em nível local no trato gastrointestinal. A bioatividade de alguns polifenóis pode ser diminuída, embora o processo enzimático dos polifenóis possibilite melhor absorção e, por sua vez, maior biodisponibilidade, em alguns casos, uma vez que o composto original (ligado a carboidrato, éster ou na forma de polímero) é aquele com a atividade biológica. Existem vários fatores que podem modular a absorção intestinal, dentre os quais se destacam a coexistência de vários compostos no lúmen intestinal, a inibição da atividade de enzimas digestivas e/ou a alteração dos sistemas de transporte (DE MORAES ARNOSO; DA COSTA; SCHMIDT, 2019).
Os polifenóis são inicialmente metabolizados no trato gastrointestinal. Os glicosídeos são hidrolisados em suas agliconas correspondentes antes da absorção. Polifenóis e agliconas de baixo peso molecular são absorvidos diretamente. Aqueles que não são absorvidos diretamente passam para o cólon para serem hidrolisados pela microflora para serem absorvidos como compostos mais simples ou serem eliminados pelas fezes. No processo de absorção, os polifenóis são conjugados no intestino e posteriormente no fígado. Esse processo inclui metilação, glicuronidação e sulfatação, facilitando sua eliminação pela via urinária ou biliar (LOPES, 2019).
Embora alguns polifenóis sofram metabolismo de fase I (compostos que contêm ligações duplas que precisam ser reduzidas), eles são afetados principalmente pelos processos de metabolização de fase II, pois, por serem altamente hidroxilados, são muito hidrofílicos para serem substratos para as enzimas do sistema responsáveis pelos processos de metabolização da fase I. Assim, os processos de conjugação aos quais a maioria dos polifenóis estão sujeitos são reações de fase II, como metilação, sulfatação e glicuronidação ou uma combinação delas. Ao aumentar sua hidrofilicidade, essas reações facilitam a eliminação de polifenóis pelas vias biliar e urinária, sendo o controle dessas reações assumido por enzimas endógenas específicas de cada reação (DE MORAES ARNOSO; DA COSTA; SCHMIDT, 2019).
As principais vias de metabolismo dos polifenóis são a glucuronidação e a sulfatação. Os conjugados obtidos são muito hidrofílicos para se difundirem através da membrana plasmática e precisam ser excretados no espaço extracelular por meio de transportadores de membrana como MRPs (transportador associado a proteínas multirresistentes), Pgp (P-glicoproteína), BCRPs Transportadores Associados a Proteínas de Resistência ao Câncer), ou OATs (Transportadores de ânions orgânicos) (LOPES, 2019).
O local primário de metabolismo é determinado pela dose e via de administração utilizada. Assim, os polifenóis administrados em altas doses e/ou por via intravenosa são metabolizados principalmente no fígado, enquanto os polifenóis administrados em baixas doses e por via oral podem ser metabolizados pela mucosa intestinal através do fígado. Este processo de metabolização é altamente eficiente, com derivados conjugados de polifenóis encontrados no sangue e nenhuma ou muito baixa concentração de polifenóis em sua forma natural. Isso pode alterar sua atividade biológica. Os responsáveis pela baixa biodisponibilidade dos polifenóis se devem ao extenso metabolismo ao qual são submetidos e à rápida excreção dos metabólitos produzidos (FURLAN; RODRIGUES, 2016).
5. OLEUROPEÍNA E SAUDE CUTÂNEA
O Azeite de Oliva Extravirgem (AOV) fornece uma grande variedade de vitaminas que possuem essa função, incluindo a vitamina A, que é responsável por aumentar a regeneração celular, reduzir linhas de expressão, rugas e imperfeições, melhorar o tom e a textura da pele; vitamina E, que hidrata, protege dos radicais livres, ajuda na produção de colágeno e estimula a elasticidade. Além disso, ajuda a aliviar os danos causados pelo sol na pele (SCHNEIDER; TIBURI; DA ROCHA, 2021).
De acordo com o Acordo Internacional do Azeite de 1986, o AOV é o sumo oleoso obtido por prensagem do fruto da oliveira, Olea Europea L., em perfeitas condições de maturação, de uma oliveira sã, que não foi tratada nem manipulada mecanicamente, fisicamente ou termicamente, para que a natureza química de seus componentes não seja alterada. Isso implica que os únicos procedimentos utilizados para o obter são prensagem, lavagem, decantação, centrifugação e filtração. Excluem-se desta qualificação os óleos obtidos com solventes, por processos de reesterificação ou após mistura com óleos de outra natureza (BÖHMER, 2018).
É importante destacar que o AOV extra é um óleo obtido de forma semelhante ao AOV, que difere apenas em suas propriedades físico-químicas e sensoriais (acidez menor que 1º), ou seja, em sua qualidade superior. Quando falamos de azeite comum, estamos nos referindo a um azeite composto por uma mistura de AOV e azeite refinado, em que o teor de componentes menores diminuiu consideravelmente após o processo de refino. Por fim, destacamos o óleo de bagaço, obtido por meio de solventes do bagaço, subproduto da azeitona que fica após a extração do azeite virgem (que contém restos de pele, osso e polpa) que é novamente prensado ou centrifugado. Este processo de preparação significa que o óleo de bagaço contém poucos componentes minoritários da polpa da azeitona, polifenóis, mas é enriquecido nos componentes presentes na pele e no osso, principalmente ácidos triterpênicos (SALGADO, 2017).
O VOO é formado principalmente por uma fração saponificável formada por triacilglicerídeos (97-99%), em que o principal ácido graxo é o ácido oleico (C18:1 n9) que se encontra esterificando essas moléculas entre 68 e 81,5%. Por outro lado, o azeite contém uma fração menor (2%), não saponificável, que inclui mais de 230 compostos, como vitaminas e alguns antioxidantes7, que além de conferirem aroma, sabor e cor ao azeite, são responsáveis para a maioria de suas atividades biológicas e propriedades funcionais. Dentre os componentes minoritários, os mais conhecidos por suas propriedades antioxidantes, são os compostos fenólicos, comumente chamados de “polifenóis” (SCHNEIDER; TIBURI; DA ROCHA, 2021).
O teor de polifenóis de um AOV varia de acordo com a variedade da azeitona, sua maturidade no momento da colheita, a área de cultivo, o clima e o tipo de processo usado para produzi-la. extrair o óleo. Como regra geral, o teor de polifenóis de um AOV é superior ao do azeite comum ou do óleo de bagaço. Por outro lado, além dos polifenóis, o AOV contém outros componentes menores que também estão sendo investigados por seus potenciais efeitos à saúde, como os ácidos triterpênicos, que estão presentes principalmente na pele e caroço da azeitona e, portanto, passam a fazer parte do o óleo de bagaço, que se caracteriza por ter um alto teor desses ácidos triterpênicos e poucos polifenóis (BÖHMER, 2018).
É muito difícil identificar todos os compostos presentes nesta fração minoritária, não só devido à sua baixa concentração e natureza química complexa, mas também porque muitos deles são eliminados durante o processamento e armazenamento do óleo. Dentro desta fração temos dois grupos: um derivado de ácidos graxos, como fosfolipídios, ceras e ésteres de esteróis, e outro que não inclui ácidos graxos em suas estruturas, como fenóis hidrofílicos, fenóis lipofílicos, álcoois triterpênicos, álcoois alifáticos, esteróis • ésteres, hidrocarbonetos, pigmentos (clorofilas e carotenóides) e compostos voláteis livres, não glicéridos. Dada a grande variedade de compostos encontrados nos AOVs, nesta revisão vamos nos concentrar nos principais componentes bioativos que demonstraram exercer efeitos benéficos à saúde, que são fenóis hidrofílicos e derivados de terpeno (SALGADO, 2017).
Também fornece vitamina K, que pode ser encontrada em vegetais como couve ou espinafre e alguns cereais, e que ajuda a fortalecer a barreira natural da pele e melhora o processo de cicatrização, e vitamina D – mas devemos ter em mente que o sol A proteção afeta o grau de vitamina D que a pele recebe – essencial para a mineralização dos ossos, pois auxilia na absorção de cálcio e fósforo (COPPA, 2016).
Essas vitaminas não são os únicos componentes do azeite extravirgem que se tornam aliados essenciais para a nossa pele. A eles se somam os polifenóis, antioxidantes muito poderosos que também são responsáveis pela proteção contra os radicais livres. Entre eles estão a oleuropeína, que age diretamente na pele, destruindo os radicais livres causados pelos raios UV e pela poluição ambiental, que ajuda a frear os sinais do envelhecimento como rugas, flacidez e manchas (COPPA, 2016).
Os compostos hidrofílicos de fenol são característicos do AOV e não estão presentes em outros óleos vegetais. A sua concentração situa-se entre 40 e 1000 ppm e são responsáveis pela maior parte das propriedades antioxidantes atribuídas a este óleo. São moléculas que possuem pelo menos um anel aromático ligado a um ou mais grupos hidroxila, em formas simples ou formando polímeros. Eles podem ser divididos em várias classes: a) Ácidos fenólicos presentes em pequenas quantidades, que podem ser da série dos ácidos benzóicos (ácido benzóico, ácido p-hidroxibenzóico, ácido protocatequínico, ácido gálico, ácido vanílico e ácido siríngico) e ácidos cinâmicos (cinâmico, p-cumárico, o-cumárico, cafeico, felulico, u sinapico), b) álcoois fenólicos como (p-hidroxifenil)etanol ou tirosol, (3,4-dihidroxifenil)etanol ou hidroxitirosol, e (3,4 – dihidroxifenil)etanol-glicósido, ec) secoiridóides caracterizados pela presença de ácido elenólico ou um dos seus derivados (SCHNEIDER; TIBURI; DA ROCHA, 2021).
Dentre eles, destaca-se a oleuropeína, molécula responsável pelo amargor do AOV, que é formado pela união do ácido elenólico ao hidroxitirosol, por ligação éster, e à glicose, por ligação glicosídica; sua hidrólise libera hidroxitirosol. Encontramos também a aglicona oleuropeína e outros glicosídeos. Finalmente, devemos destacar o oleocanthal, um éster de tirosol responsável pela coceira causada pelo AOV na garganta, que recentemente tem sido alvo de muitas pesquisas devido às suas excelentes propriedades funcionais (BÖHMER, 2018).
Em humanos, a absorção de compostos fenólicos de AOVs, especialmente hidroxitirosol e tirosol, é de pelo menos 55-66% da dose de VOC e depende da dose e da matriz alimentar: maiores porcentagens de excreção urinária foram observadas após a ingestão de hidroxitirosol como componente natural dos AOVs (42% do hidroxitirosol ingerido) do que como componente adicionado a outros alimentos. Uma vez absorvidos, são metabolizados no intestino e no fígado e eliminados na urina de forma conjugada, principalmente conjugados com glicuronídeos ou, em menor grau, sulfatados. Considerando esse forte metabolismo, alguns autores propuseram que a atividade biológica do hidroxitirosol e do tirosol poderia ser devido aos seus metabólitos. Recentemente foi demonstrada a biodisponibilidade dos triterpenos AOV, que também são metabolizados, após absorção, e eliminados na urina (SALGADO, 2017).
O azeite extravirgem confere uma série de benefícios quando utilizado na pele. O referido uso pode ser feito tanto em peles sãs como feridas, ao mesmo tempo em que seu uso pode ser feito sozinho ou combinado com outros produtos. Na pele saudável tem sido utilizado como nutriente e como agente anti-envelhecimento, conferindo-lhe brilho, textura suave e elasticidade com as suas propriedades. Na pele lesionada, é utilizado como veículo de limpeza e/ou arraste de detritos e restos orgânicos, pois possui alta viscosidade e desempenha essas funções sem danificar feridas ou lesões e ao mesmo tempo proteger a pele perilesional, sem causar maceração (SCHNEIDER; TIBURI; DA ROCHA, 2021).
A pele, com o tempo, sofre deterioração tanto interna quanto externamente. A interna deriva do processo natural de envelhecimento fisiológico, que leva a um progressivo dano estrutural e funcional da pele; e a deterioração externa seria consequência das múltiplas agressões que recebe em seu papel de tela protetora do nosso corpo. Em nível interno, as mudanças negativas que está sofrendo lentamente são as seguintes (BÖHMER, 2018):
• O número de estruturas onde o colágeno é renovado (fibroblastos) diminui.
• O colágeno é a principal proteína da pele responsável pela sua elasticidade, à medida que esta estrutura diminui, a pele perde elasticidade.
• O processo de melanogênese aumenta, mas não de maneira uniforme, de modo que a pigmentação anárquica causa hiper, hipopigmentação e acromia.
• A fragilidade dos capilares que povoam a derme aumenta, aparecendo vermelhidão em algumas áreas, como nariz ou bochechas (couperose).
• A sua hidratação é progressivamente reduzida.
• Diminui a espessura da derme.
• O cálcio extracelular dérmico é reduzido, sendo essencial no processo de contração-expansão das fibras.
Em suma, a deterioração interna da nossa pele produz um afinamento da camada dermo-epidérmica, elastose, fibrose do colágeno e perda da capacidade defensiva e reparadora. Sinais óbvios disso são as manchas e rugas que aparecem lentamente, mas inexoravelmente. A deterioração externa da nossa pele tem a ver com fatores como o clima (radiação solar, chuva, vento, neve, frio, calor etc.) falamos de lesões, sejam cirúrgicas, acidentais ou outras (SALGADO, 2017).
Mas de todos esses fatores que afetam a deterioração e, portanto, o envelhecimento da pele, um dos mais importantes é a formação de radicais livres. Os radicais livres são moléculas altamente reativas, e a consequência dessas reações gera uma desorganização nas membranas celulares do nosso corpo. Tal desordem é letal para a célula. Eles são produzidos na maioria das células do corpo através do metabolismo da própria célula e também pela ação de agentes tóxicos. Existem dois tipos de radicais livres: os internos que são produzidos com exercícios muito intensos; o estresse; os das reações metabólicas. As externas que são produzidas com uma má alimentação (má alimentação); uso do tabaco; consumo de álcool; os medicamentos; a contaminação; exposição excessiva ao sol (SERRELI; DEIANA, 2020).
Quando os radicais livres estão presentes no organismo em quantidades adequadas, proporcionam benefícios como combater bactérias e vírus, regular a estrutura e função das proteínas, controlar o tônus muscular, etc. O problema aparece quando a concentração desses radicais livres é muito alta. As consequências do excesso de radicais livres no organismo afetam diretamente nosso estado de saúde, acelerando o envelhecimento devido ao seu acúmulo ao longo dos anos (CASAMENTI; STEFANI, 2017).
Como consequência disso, as membranas das células epiteliais são modificadas, dificultando a nutrição da pele e, por outro lado, as fibras de colágeno e elastina também são danificadas, fazendo com que a pele perca firmeza e elasticidade. O radical livre é um átomo de O2 com 7 elétrons (o átomo de oxigênio estável tem 8 elétrons e se torna instável quando perde 1 elétron), faltando esse elétron, ele o toma emprestado da membrana celular e assim produz outro radical livre, dando origem a um reação em cadeia. Essa reação em cadeia é combatida com a ação de antioxidantes, que neutralizam os átomos de oxigênio.
Para neutralização, existem antioxidantes endógenos e exógenos: os endógenos são as enzimas (proteínas) com capacidade antioxidante, que não são consumidas ao reagir com os radicais livres e são dependentes de seus cofatores como cobre, ferro, zinco, magnésio e selênio; os exógenos vêm da dieta e, ao contrário das enzimas, são consumidos reagindo com os radicais livres, devendo ser substituídos (SERRELI; DEIANA, 2020).
Estão divididos de acordo com a zona onde actuam: os que exercem a sua acção ao nível da membrana lipídica são: vitamina e; os carotenos; polifenóis e flavonóides; ubiquinol 10 (reduzido por q10). E os que atuam em meio aquoso: ácido ascórbico; os relacionados a metais pesados: ferritina; transferrina; lactoferrina; ceruloplasmina (CASAMENTI; STEFANI, 2017).
Embora as células sejam dotadas de mecanismos que neutralizam sua ação, é possível reduzir o dano celular usando inibidores que reduzem o risco. Um desses inibidores, de natureza natural, é o azeite virgem extra, “com um perfil lipídico muito semelhante ao da pele humana”, o chamado “ouro líquido”, foi, é e será um ingrediente chave para ao tentar aliviar os problemas dos tecidos da pele devido às suas inúmeras propriedades hidratantes, antioxidantes, suavizantes e protetoras. Atualmente, em grande parte da Espanha, mas especialmente na Andaluzia, é muito comum espalhar a pele com azeite para aliviar todos os tipos de lesões cutâneas em bebês por nossas avós ou mães, em patologias como eczema de fraldas, picadas de insetos, queimaduras , atopia da pele, etc., com resultados verdadeiramente excepcionais (RIGACCI; STEFANI, 2016).
São as propriedades mencionadas acima e as inúmeras investigações com excelentes resultados sobre seu uso na pele, que fizeram do azeite, especialmente extra virgem, um dos ingredientes mais apreciados na indústria cosmética, sendo utilizado em inúmeras máscaras capilares, em cremes hidratantes, esfoliantes, para deixar as pestanas mais fortes e brilhantes ou para tratar as mãos danificadas. Uma fonte natural de benefícios muito próxima dos nossos hábitos e da nossa cultura. Um mundo de propriedades. São muitas as qualidades que fazem do azeite um excelente aliado para a saúde dos tecidos do corpo (SALGADO, 2017):
• Protege a pele contra fatores ambientais externos, hidrata e mantém toda a estrutura da derme, permitindo uma melhor regeneração e, portanto, maior firmeza.
• É uma fonte muito rica de ácidos graxos essenciais que ajudam a restaurar os níveis naturais de umidade da pele.
• O principal componente do óleo, o ácido oleico, é um constituinte das membranas celulares e da pele.
• O azeite de oliva é um útil emoliente corporal, inclusive utilizado em massagens terapêuticas.
• Tem um notável efeito tonificante na epiderme.
• Há milhares de anos, o azeite é usado para ungir qualquer parte do corpo antes de aplicar uma massagem, pois facilita o relaxamento dos músculos e nervos.
• O azeite também fortalece as unhas e suaviza as cutículas.
• Seu uso é notavelmente eficaz em problemas do couro cabeludo, devolvendo força, nervos e brilho aos cabelos, bem como a umidade do couro cabeludo.
• É um ótimo calmante nas sensações de coceira e queimação.
• Alivia a dor em úlceras e feridas.
• Na limpeza de detritos, esfacelos e restos orgânicos ou sujeiras em úlceras e feridas, é um dos melhores produtos para varrê-los sem danificar as áreas teciduais recém-criadas, respeitando e preservando de forma excelente as áreas perilesionais.
• Ao contrário do que se possa pensar, não macera lesões ou áreas periféricas, mas as preserva em perfeito estado. 78
• Nos períodos pós-cicatriciais, o uso do azeite em forma de massagens restaura gradualmente a textura e elasticidade da pele, que são muito semelhantes ao que tinham antes de sofrer as feridas ou lesões.
No azeite existem várias substâncias antioxidantes (dentro dos chamados componentes menores) que estão em maior concentração quando o azeite é extra virgem: flavonoides, polifenóis e vitamina E. Está cientificamente comprovado que consumir duas colheres de sopa deste azeite cobre metade da as necessidades diárias de vitamina E. E se todos esses benefícios não bastassem, os especialistas recomendam para melhorar e aliviar dermatites causadas pelo frio, secura do ambiente ou excesso de calor, espalhe azeite de oliva na pele, pois possui propriedades hidratantes (SERRELI; DEIANA, 2020).
Da mesma forma, a vitamina E neste produto acelera a cicatrização de queimaduras que a pele pode sofrer e em patologias dermatológicas como a psoríase pode ajudar a prevenir a descamação e melhorar a aparência da pele. Por todos esses benefícios, os especialistas recomendam incluir o consumo regular de azeite de oliva em sua dieta diária. Este alimento tem um efeito positivo em uma ampla gama de doenças e uma grande possibilidade de prevenir muitas delas. O azeite extravirgem, além dos polifenóis, possui maior proporção de vitamina E, principal fonte de proteção contra os radicais livres que provocam a oxidação celular, assim como as vitaminas A, D e K. Por isso, é um bom adjuvante de terapêutica em processos dermatológicos como acne necrótica, psoríase e eczema seborreico» (RIGACCI; STEFANI, 2016).
O azeite tem propriedades que têm efeitos muito benéficos para os seres humanos, como tivemos oportunidade de verificar. Essas propriedades benéficas podem ser obtidas de duas maneiras diferentes, seja ingerindo-o oralmente ou usando-o topicamente. A nível interno podemos ver que a utilização do azeite deixou de ser uma simples gordura vegetal, para ser um aditivo alimentar, um alimento em si, um excipiente para medicamentos, um adjuvante para medicamentos e, finalmente, podemos ousar dizer sem nenhum rubor que estamos falando de um remédio de verdade ou melhor dizendo, um alimento/remédio. Tanto as investigações nacionais como as internacionais, especialmente as dos últimos 50 anos, qualificaram-no pela primeira vez como o rei da dieta mediterrânica, que por sua vez é provavelmente a mais adequada para a nutrição humana (SERRELI; DEIANA, 2020).
Mas foi nestas últimas décadas que as investigações realizadas cimentaram aquelas propriedades terapêuticas a que aludimos e que ajudam a combater ou atenuar problemas importantes como o cancro, o colesterol, as doenças coronárias, etc. Ao nível da pele e em alguns centros populacionais (Andaluzia, principalmente) tem sido utilizado aproveitando os seus benefícios. Não é estranho ver como tem sido usado topicamente em um grande número de doenças da pele, especialmente em eczemas, erupções cutâneas, etc., que causavam irritação e coceira, observando-se uma notável melhora (CASAMENTI; STEFANI, 2017).
Esta forma de agir de pessoas que nada têm a ver com a profissão de saúde e mesmo assim obtiveram resultados excepcionais em patologias da pele, despertou o interesse tanto dos laboratórios farmacológicos como da saúde em geral, ávidos por investigar quais as qualidades e propriedades tópicas que valorizava. até aquele momento tinha sido considerado como um alimento. Os resultados da utilização do azeite virgem em patologias da pele na Consulta de Dermatologia pela Enfermagem têm sido imbatíveis, sendo o mais gratificante o reconhecimento que os próprios doentes fizeram do nosso trabalho (RIGACCI; STEFANI, 2016).
Dito de forma muito básica, em uma porcentagem muito alta, somos o que comemos, portanto a patologia e as complicações de feridas e úlceras têm muito a ver com nossa dieta e feridas acidentais, traumáticas ou cirúrgicas se beneficiam se houver um hábito alimentar de consumir azeite e muito mais se também o aplicarmos topicamente, pois combatemos os radicais livres tanto interna como externamente. De tudo isto conclui-se que uma forma de demonstrar cientificamente este potencial da casuística poderia ser a realização de estudos comparativos de curas feitas com azeite virgem e com outros produtos e medicamentos habituais para demonstrar estas propriedades com variáveis como eficácia na limpeza e arraste de detritos, minimização da dor durante as curas, excelente tratamento da pele perilesional, melhor cicatrização e ótimos resultados estéticos.
6. CONCLUSÃO
A pele tem quatro causas principais de deterioração: envelhecimento relacionado à idade, envelhecimento ou diminuição hormonal, fotoenvelhecimento causado pela radiação ultravioleta do sol e aquele causado diretamente pelas condições climáticas, bem como por feridas e/ou agressões, sejam cirúrgicas, acidentais, traumática ou de qualquer outra natureza ou patologia. Como já sabemos devido a sua extensão e sua função de camada protetora, é o órgão do corpo mais exposto e, portanto, o que mais sofre agressões no ser humano.
Os cuidados com a pele devem ser endógenos e exógenos. A pele em perfeitas condições é o resultado de uma alimentação equilibrada, que lhe fornecerá os nutrientes necessários, bem como de cuidados externos que proporcionam ao mesmo tempo hidratação, elasticidade e um toque macio e suave. O primeiro cuidado que a pele deve ter é a hidratação. Ter a pele bem hidratada é essencial na profilaxia de patologias cutâneas e sistêmicas.
A oleuropeína é um dos principais compostos da folha de oliveira, tem chamado a atenção das pessoas desde o início do século 20 devido às suas propriedades antivirais, antibacterianas e antifúngicas. Vários estudos descobriram que a oleuropeína, que é um polifenol, é um poderoso antioxidante que ajuda a reduzir a pressão arterial naturalmente e prevenir doenças cardiovasculares. A oleuropeína também mostrou funções anticancerígenas quando fez com que tumores em animais regredissem ou desaparecessem. A oleuropeína é o principal componente fenólico presente na polpa das azeitonas verdes, as folhas de oliveira também contêm a oleuropeína como principal componente. Pode ser encontrado no azeite extravirgem ao qual confere seu sabor amargo.
A oleuropeína presente no Azeite de Olive Extravirgem é um polifenol e, como tal, é um poderoso antioxidante natural. Assim, uma das grandes propriedades das folhas de oliveira é a sua ação antioxidante. Os polifenóis das folhas de oliveira combatem os radicais livres externos, favorecendo a saúde das nossas células e da nossa pele.
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1Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição da Universidade Iguaçu como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Nutrição.
2Orientador:
3Coorientador