Nathalia gama de Souza¹ Douglas Silva Ataide²
- Discente finalista do curso de Fisioterapia do centro universitário-FAMETRO
- Docente e orientador do curso de Fisioterapia de centro universitário-FAMETRO
RESUMO
Atualmente, a incidência do linfedema tem reduzido devido às novas técnicas empregadas no tratamento de câncer de mama, como a drenagem linfática manual (DLM) que auxilia o sistema linfático na ativação da circulação da linfa, atua nos trajetos dos vasos linfáticos, promovendo a reabsorção e a condução de líquido através das anastomoses. Objetivos: Verificar os efeitos da drenagem linfática manual no pós operatório de mulheres que passaram por mastectomia radical. Métodos: Foi realizado uma busca nas bases de dados Scielo, PubMed e PEDro onde foi identificado ensaios clínicos randomizados que utilizaram a DLM como método de tratamento para o linfedema observado em mulheres mastectomizadas. Critérios de inclusão: artigos de 2010 a 2020 que abordassem assuntos relacionados aos descritores neoplasia mamária, linfedema, fisioterapia dermatofuncional, critérios de exclusão: artigos dos grupos que não se encaixem no critério de sujeito da pesquisa, não possuem comprovação científica. Resultados: 10 estudos foram incluídos, na qual verificou-se que a amostra estudada apresentava perfil de adultos na sua maioria mulheres com a faixa etária entre os 30-60 anos, deixando evidente que a DLM apresentou resultados significativos na prevenção de linfedema quanto na diminuição do mesmo, além de ter aumento na amplitude de movimento, com menor grau de dor, volume do braço afetado. Conclusão: A utilização da Drenagem linfática manual como método de tratamento em mulheres que apresentaram linfedema após passarem por mastectomia radical, se mostrou eficiente na maioria dos casos, na prevenção de linfedema quanto na diminuição do mesmo, além de ter aumento na amplitude de movimento, com menor grau de dor, volume do braço afetado sendo potencializa quando associada a técnicas de terapia compressiva e/ou exercícios.
Palavras chave: Mastectomia, Drenagem Linfática Manual, Linfedema.
ABSTRACT
Currently, the incidence of lymphedema has reduced due to new techniques used in the treatment of breast cancer, such as manual lymphatic drainage (DLM) that helps the lymphatic system in activating the lymph circulation, acts in the pathways of the lymphatic vessels, promoting resorption and the conduction of liquid through the anastomoses. Objectives: To verify the effects of manual lymphatic drainage in the postoperative period of women who underwent radical mastectomy. Methods: A search was carried out in the Scielo, PubMed and PEDro databases, where randomized clinical trials were identified that used DLM as a treatment method for the lymphedema observed in mastectomized women. Inclusion criteria: articles from 2010 to 2020 that addressed issues related to the keywords breast cancer, lymphedema, dermatofunctional physiotherapy, exclusion criteria: articles from groups that do not fit the research subject criterion, do not have scientific proof. Results: 10 studies were included, in which it was found that the sample studied had a profile of adults, mostly women aged between 30-60 years, making it evident that MLD showed significant results in preventing lymphedema and in decreasing of the same, besides having an increase in the range of motion, with less degree of pain, volume of the affected arm. Conclusion: The use of Manual lymphatic drainage as a treatment method in women who presented with lymphedema after undergoing radical mastectomy, proved to be efficient in most cases, in preventing lymphedema and in decreasing it, in addition to increasing the range of motion, with a lower degree of pain, the volume.
Keywords: Mastectomy, Manual Lymphatic Drainage, Lymphedema.
INTRODUÇÃO
No século passado o procedimento evoluiu consideravelmente, das descrições de Halsted e Meyer, no meio da década de 1890. Em 1894, Willian Stewart Halsted publicou as experiências do Johns Hopkins Hospital com a mastectomia radical, relatando uma ótima taxa de controle locorregional de 73% sem mortalidade operatória. A taxa de sobrevida era o dobro daquela das pacientes não tratadas, com uma taxa de sobrevida em 5 anos de 40% apesar do estádio avançado de muitos tumores e da ausência de qualquer terapia adjuvante (HARRIS et al., 2014).
Atualmente, a incidência do linfedema tem reduzido devido às novas técnicas empregadas no tratamento de câncer de mama como o linfonodo sentinela, que ajuda a preservar os linfonodos axilares. Não há estatística exata da prevalência do linfedema no Brasil, estudos locais como o do Hospital Luiza Gomes de Lemos/Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Rio de Janeiro mostram que a prevalência de linfedema entre 394 mulheres pós-câncer de mama oscilou entre 16,2% e 30,7% (valores variaram conforme método de investigação do linfedema) (ALEGRANCE, SOUZA e MAZZEI, 2010). Outros fatores incluem a exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 40 anos, a ingestão regular de bebida alcoólica, mesmo que em quantidade moderada (30g/dia), obesidade, principalmente quando o aumento de peso se dá após a menopausa, e sedentarismo (OHI et al, 2016).
Segundo Luz e Lima (2011) o linfedema é uma falha ou desequilíbrio no sistema linfático em quadro crônico e progressivo pós-mastectomia radical, provocando fibroses linfostáticas, déficit no equilíbrio das trocas de líquidos no interstício que apresenta sensação de peso, limitação de movimento, dor, risco de infecções, alterações sensitivas, podendo surgir em qualquer período póscirurgia, em pós-operatório imediato até pós-operatório tardio.
A etiologia e os fatores de risco para o desenvolvimento do linfedema em pacientes no pós-operatório de câncer de mama parecem ser multifatoriais e ainda não foram completamente compreendidos. O risco para o aparecimento do linfedema está associado a dissecção axilar, radioterapia axilar, obesidade, extensão da técnica cirúrgica, infecção, idade, número de linfonodos dissecados, número de linfonodos comprometidos e nível de retirada dos linfonodos. No entanto, estas associações não se mantiveram em outros estudos (REZENDE et al., 2011).
Segundo Borato e Santos (2013) a drenagem linfática manual auxilia o sistema linfático na ativação da circulação da linfa, atua nos trajetos dos vasos linfáticos, promovendo a reabsorção e a condução de líquido através das anastomoses, principalmente em pacientes que manifestam uma circulação lenta, assim reduzindo o linfedema sendo aplicada com movimentos suaves e rítmicos.
O objetivo geral desta revisão foi verificar o efeito da drenagem linfática manual no linfedema pós-mastectomia radical. Conhecer sobre o linfedema é oportuno para que possamos criar estratégias de plano de tratamento fisioterapêutico para qualidade de vida das portadoras. Este estudo se torna significativo para os fisioterapeutas, pois com a técnica drenagem linfática manual podemos melhorar a forma de lidarmos com a patologia, e assim poder tratar, fazendo com que a patologia seja prejudicial ao longo da descoberta, diminuindo as dores ao longo do tratamento, trazendo a funcionalidade do paciente e orientando a mesma das possíveis complicações e das precauções que ela deve ter com a doença.
METODOLOGIA
Este artigo trata-se de uma revisão de literatura baseada dos dados disponibilizado por plataformas digitais disponíveis, como Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Cochrane Library, Physiotherapy Evidence Database (Pedro), National Library of Medicine (PubMed), revistas cientificas e livros, do período de 2010 a 2020.
Aplicando os seguintes descritores: Fisioterapia, neoplasia mamária, mastectomia, linfedema, drenagem linfática manual; para escolhas dos estudos mais relevantes para o desenvolvimento dessa revisão, com o tema proposto, foram selecionadas bases no grau de importância e na presença de palavras chaves. Decorrente a isso, foi realizado leitura atenta dos matérias, proporcionando a captura da base que condiz com o objetivo do estudo.
Para afunilamento mais expressivo das informações, foram empregados os critérios: artigos em outros idiomas (espanhol, inglês e português), que debatem o temo proposto e outras profissões; excluindo artigos de metodologias questionáveis, artigos incompletos, artigos que se tratem de revisão de literatura com a intenção de evitar o possível conflito entre as ideias e através desses descritores certificar a eficácia do estudo.
Foram inclusos estudos que expusessem o resultado do uso da drenagem linfática manual em paciente pós-mastectomia radical com linfedema, os dados efeitos ratificados de importância para estudo, expostos por intermédio de tabela que contribuíram para os dados eletivos da pesquisa e seguiram para elaboração do artigo através de fichamento. Para que se possa ser considerado para melhor visualização e realização da discussão.
RESULTADOS
AUTOR/ANO | METODOLOGIA | RESULTADO |
Lacomba et al., 2010 | Ensaio Clinico Randomizado. Os autores dividiram em dois grupos. Grupo de fisioterapia precoce incluindo drenagem linfática, massagem de cicatriz, progressivo ativo e ação assistida versus Grupo de controle que recebeu a estratégia educacional 3 sessões semanais por 3 semanas. | O método usado no grupo experimental é eficaz na prevenção de linfedema. |
Martín et al., 2011 | Ensaio clínico randomizado. Foi feito com 58 mulheres com linfedema pós-mastectomia. O grupo controle inclui 29 pacientes com tratamento padrão (cuidados com a pele, exercícios e medidas de compressão, bandagens para um mês e, posteriormente, vestimentas de compressão). O grupo experimental inclui 29 pacientes com tratamento padrão mais Drenagem Linfática Manual. | O grupo que incluiu a DLM obteve resultados significativos para redução do volume do braço afetado e melhora da sintomatologia quando comprado ao grupo controle. |
Uzkeser et al., 2011 | Ensaio clínico controlado. 31 pacientes com linfedema de membros superiores participaram do estudo, sendo divididos em 2 grupos. O grupo de fisioterapia descongestiva complexa (FDC) (grupo 1, n = 15) recebeu tratamento DLM, bandagens compressivas e exercícios. O outro grupo teve FDC combinado com uma bomba de compressão pneumática intermitente (grupo 2, n = 16). | Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos. |
Leal et al., 2011 | Ensaio clinico randomizado. A drenagem linfática manual teve duração de aproximadamente 50 minutos duas sessões por semana durante sete semanas. | O acréscimo da DLM a uma terapia não trouxe evidência de melhores efeitos sobre o linfedema e quando diferentes técnicas foram comparadas (FDC, DLM e automassagem + exercícios), não houve diferença entre elas em relação à redução do linfedema. |
Cecconello et al., 2013 | Ensaio clínico randomizado. Foi utilizado a Drenagem linfática manual, Mobilização escapular, exercícios de ADM e fortalecimento do MMSS com progressão de carga para os fortalecimentos e exercícios com respiração diafragmática para diminuição de edema e aumentar de força. | Constatou-se diminuição do linfedema e aumento da amplitude articular, com menor grau de dor. |
Buragadda et al., 2015 | Ensaio clinico randomizado. 60 pacientes pós-mastectomia foram alocados aleatoriamente e designados para um convênio grupo de tratamento opcional (n = 30) ou um grupo de terapia descongestiva completa (TDC) (n = 30). O tratamento convencional grupo mento recebeu drenagem linfática manual e exercícios já o grupo controle recebeu CDT 5 dias por semana durante 6 semanas. | A comparação revelou que houve uma melhora significativa em as circunferências. O grupo CDT mostrou melhoria na dor, pontuação DASH e volume do braço. |
Cho et al., 2015 | Ensaio clinico randomizado. O grupo Fisioterapia + DLM recebeu adicionalmente 30 minutos de DLM diariamente 5 vezes por semana durante 4 semanas, durante a semana 1, durante as semanas 2 a 4. | Na avaliação inicial, não houve diferenças significativas entre os grupos. Além disso, sintomas de braço e mama, musculares, volume do braço também não foram significativamente diferentes entre os grupos. |
Lijuan et al., 2016 | Ensaio clinico randomizado Pacientes foram divididas em dois grupos para receber ou exercício (grupo EF) ou DML, bem como exercício físico (grupo DLM). No grupo DLM, após a remoção da sutura e fechamento da incisão, os pacientes foram treinados a realizar auto – DLM três vezes por dia por 30 minutos cada sessão. | O grupo DLM teve menos formação de tecido cicatricial e ULL, e melhor função do ombro, durante o período de acompanhamento de 1 ano. |
Melam et al., 2016 | Ensaio clinico randomizado. O grupo de terapia convencional TC receberam drenagem linfática manual e mobilizações já DT grupo recebeu drenagem linfática manual, compressão vestimenta usada 23 horas diárias, exercícios corretivos. Ambos os grupos receberam tratamento 5 vezes por semana em 6 semanas. | Neste estudo, exercícios corretivos e programa domiciliar, além de drenagem linfática manual e a bandagem de compressão resultou em melhora da qualidade de vida. |
Há et al., 2017 | Ensaio clínico randomizado. Os pacientes com diagnóstico de linfedema de membro superior foram divididos em três grupos: grupo de reabilitação FNP, grupo de tratamento DLM, e grupo de tratamento FNP+DLM. Foram submetidas ao programa 3 vezes por semana durante 16 semanas durante 16 semanas com sessões de 30 minutos. | Uma redução significativa e imediata no tamanho do linfedema foi observada no grupo FNP+DLM após tratamento de 4 semanas e diminuiu até 26% após 16 semanas. Nos grupos de FNP e DLM, o volume do linfedema em ambos grupos começou a diminuir 8 semanas depois e diminuiu continuamente até 16 e 13% após 16 semanas. |
DISCUSSÃO
Após o levantamento de dados de 10 estudos, verificou-se que a amostra estudada apresentava perfil de adultos na sua maioria mulheres com a
faixa etária entre os 30-60 anos, sendo o linfedema e perda da amplitude de movimento a principal manifestação quanto ao nível funcional dentre os indivíduos que passaram pela mastectomia radical.
De acordo com dados apontados no estudo de Lacomba et al., (2010), a aplicação fisioterapia precoce incluindo drenagem linfática manual, massagem de cicatriz com progressão ativa de carga e ação assistida, se mostrou eficaz na prevenção de linfedema.
Da mesma forma que Lejuan et al., (2016), obteve resultados significativos em seu estudo quando aplicou a DLM em mulheres pós mastectomia, tendo assim, menos formação de tecido cicatricial, e melhor função do ombro, durante o período de acompanhamento de 1 ano.
Em concordância, os autores Ceconello et al., (2013), e Buragadda et al., (2015), obtiveram como resultado uma diminuição do linfedema e aumento da amplitude articular, com menor grau de dor após utilizar a combinação de Drenagem linfática manual e exercícios específicos. Além disso, a comparação feita por Buragadda (2013) revelou que houve uma melhora significativa nas circunferências, pontuação DASH e volume do braço após o tratamento.
Em contra partida, Oliveira et al., (2014), mostrou que protocolo de DLM 48hrs horas após a cirurgia com sessões de 40 minutos, duas vezes por semana, por 30 dias não resultou em diferenças significativas entre os grupos, e que a incidência de seroma, número de punções realizada, ADM e infecção foi semelhante em ambos os grupos.
Em acordo com Oliveira (2014), o autor Cho et al., (2015), na avaliação inicial, pode observar que não houve diferenças significativas entre os grupos. Além disso, os sintomas vistos no braço, mama, na musculatura e no volume do braço também não foram significativamente diferentes entre os grupos.
Da mesma forma, Uzkeser et al., (2011), certificou que DLM associada com técnicas de bandagens compressiva e exercícios é comparada com DLM + com uma bomba de compressão pneumática intermitente, não houve diferenças significativas entre os grupos controle e experimental.
Por outro lado, Leal et al., (2011), em seu estudo, apontou que o acréscimo da DLM a uma terapia não trouxe elucidação de melhores efeitos sobre o linfedema e quando diferentes técnicas foram comparadas (FDC, DLM e automassagem + exercícios), não houve diferença entre elas em relação à redução do linfedema.
Já Martin et al., (2011), retratou em seu estudo que Drenagem linfática manual tem resultados significativos para redução do volume do braço afetado e melhora da sintomatologia quando comprado ao grupo que recebeu tratamento padrão (cuidados com a pele, exercícios e medidas de compressão e bandagens.
Da mesma forma que, Há et al., (2017), tendo como a evidência mais recente, denotou uma redução significativa e imediata no tamanho do linfedema no grupo FNP+DLM após tratamento de 4 semanas e diminuiu até 26% após 16 semanas, além de obter resultados positivos nos grupos FNP+ DLM para o volume do linfedema com diminuição em 8 semanas depois e diminuiu continuamente até 16 e 13% após 16 semanas.
CONCLUSÃO
Portanto, conclui–se que a utilização da Drenagem linfática manual como método de tratamento em mulheres que apresentaram linfedema após passarem por mastectomia radical, se mostrou eficiente na maioria dos casos, sendo potencializa quando associada a técnicas de terapia compressiva e/ou exercícios, obtendo – se assim, ganhos valiosos tanto prevenção de linfedema quanto na diminuição do mesmo, além de ter aumento na amplitude de movimento, com menor grau de dor, volume do braço afetado e melhora da funcionalidade nessa população.
REFERÊNCIAS
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BURAGADDA et.al, Journal of Physical Therapy Science. Effect of complete decongestive therapy and a home program for patients with post mastectomy lymphedema, 2015.
BORATO et.al, Rev. Bras. Terap. e Saúde. Efeito da drenagem linfática na redução de edema de membro inferior: estudo de caso em pré e pósoperatório de abdominoplastia.
CHO et.al, Effects of a physical therapy program combined with manual lymphatic drainage on shoulder function quality of life, lymphedema incidence, and pain in breast câncer patients with axillary web syndrome following axillary dissection, 2015.
CECCONELL et.al, FisiSenectus. Intervenção fisioterapêutica em uma paciente com mastectomia radical direita no pós-operatório tardio: estudo de caso, p. 35-42, 2013.
HÁ et.al, Frontiers in Physiology. Synergistic Effects of Proprioceptive Neuromuscular Facilitation and Manual Lymphatic Drainage in Patients with Mastectomy-Related Lymphedema. 2017.
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