O USO DA CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DE CICATRIZES HIPERTRÓFICAS DE PACIENTES QUEIMADOS

THE USE OF CARBOXITHERAPY IN THE TREATMENT OF HYPERTROPHIC SCARS IN BURNED PATIENTS


CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – UNINORTE
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO SUPERIOR DE FISIOTERAPIA


Autoras:
Lana Beatriz da Silva Queiroz1
Esp. Natália Gonçalves2
Prof. Bárbara Bahia3

1Discente do Curso Superior de Fisioterapia UNINORTE.
2Especialista em neurofuncional. Docente do Curso Superior de FISIOTERAPIA – UNINORTE.
3Docente do Curso Superior de FISIOTERAPIA – UNINORTE.


RESUMO

As queimaduras possuem diversos agentes causadores, que podem ser: Físicos; químicos; radioativos ou biológicos. As lesões podem ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau. Sendo que as de primeiro grau atingem a camada superficial da pele, a epiderme, as de segundo grau atingem a epiderme e parte da derme, já as de terceiro grau ocasionam a destruição de todas as camadas da pele, incluindo as terminações nervosas. A Cicatriz hipertrófica é definida como uma lesão elevada que não ultrapassa os limites da ferida inicial, apresentando tendência a regressão e geralmente é proveniente de lesões por queimaduras de terceiro grau. A carboxiterapia é uma técnica invasiva, definida pela aplicação de dióxido carbônico purificado nas vias subcutâneas, o gás é incolor, inodoro e atóxico. A principal colaboração do dióxido de carbono (CO2) quando aplicado de forma subcutânea, é estimular a microcirculação sanguínea no local da aplicação e tecidos adjacentes. O objetivo deste estudo é evidenciar os benefícios que a carboxiterapia pode trazer à pacientes pós queimados. Foi realizado um estudo descritivo por meio de uma revisão literária. Pode-se concluir que a carboxiterapia ocasiona a melhor oxigenação dos tecidos cutâneos possibilitando assim a remodelação do colágeno e o descolamento de possíveis aderências em cicatrizes hipertróficas.

Palavras-chaves:Queimaduras. Carboxiterapia. Cicatriz hipertrófica. Dióxido de Carbono.

ABSTRACT

Burns have several causative agents, which can be: Physical; chemicals; radioactive or biological. Lesions can be classified into first, second and third degree. The first degree affects the superficial layer of the skin, the epidermis, the second degree affects the epidermis and part of the dermis, while the third degree causes the destruction of all layers of the skin, including the nerve endings. Hypertrophic scarring is defined as an elevated lesion that does not exceed the limits of the initial wound, with a tendency to regression and usually originates from third-degree burn injuries. Carboxitherapy is an invasive technique, defined by the application of purified carbon dioxide in the subcutaneous routes, the gas being colorless, odorless and non-toxic. The main contribution of carbon dioxide (CO2) when applied subcutaneously is to stimulate blood microcirculation at the application site and adjacent tissues. The aim of this study is to demonstrate the benefits that carboxytherapy can bring to post-burn patients. A descriptive study was carried out through a literature review. It can be concluded that carboxytherapy leads to better oxygenation of skin tissues, thus enabling collagen remodeling and detachment of possible adhesions in hypertrophic scars.

Keywords: Burns. Carboxytherapy. Hypertrophic scar. Carbon dioxide.

1. INTRODUÇÃO

Segundo dados, no Brasil ocorrem por volta de um milhão de acidentes por queimadura. Isso significa que esses acidentes trazem um agravamento à nossa saúde pública, provocando sequelas tanto físicas quanto psicológicas.

Queimaduras são injúrias causadas no sistema tegumentar por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, causando disfunções estéticas e patológicas. A gravidade e o prognóstico são definidos pela avaliação do agente causal, profundidade, extensão da superfície corporal queimada, localização, idade, doenças preexistentes e lesões associadas (BRITO et al., 2018.). As queimaduras classificam-se em primeiro, segundo e terceiro grau. De acordo com as classificações, as queimaduras de primeiro grau são consideradas mais simples pois atingem somente a epiderme e causam vermelhidão, e dor; as de segundo grau atingem a epiderme e parte da derme e podem causar bolhas, hematomas e dor, já as de terceiro grau atingem todas as camadas e anexos da pele e na fase primária são indolores.

Durante o processo de cicatrização de queimaduras, pode ocorrer uma desordem na remodelação de colágeno, resultando na formação de uma cicatriz hipertrófica. Partindo dessa problemática fisiológica, este artigo busca diagnosticar as cicatrizes hipertróficas provenientes de queimaduras e apresentar a carboxiterapia como uma forma eficaz no tratamento de tal afecção.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A cicatriz hipertrófica é definida como uma lesão elevada, que não ultrapassa os limites da ferida inicial, ou seja, respeita a extensão original da lesão, e apresentam tendência a regressão. É uma resposta exacerbada do tecido conjuntivo cutâneo a ferimentos, intervenções cirúrgicas, queimaduras ou quadros inflamatórios. (MOREIRA DA CRUZ et al., 2019).

O processo de cicatrização da pele se inicia sempre que sua integridade é alterada e pode ser dividido em 3 fases: inflamatória, proliferativa e de maturação, que são ativadas por um conjunto de mediadores químicos, fragmentos e matriz celular e alterações físico-químicas. (MONISE GABRIELA et al., 2012.)

O tempo de cicatrização é o fator primordial para desenvolvimento de possíveis complicações e pode sofrer intervenção de fatores tanto locais como sistêmicos como: suporte nutricional, oxigenação tecidual inadequada, necrose, infecção, desidratação, extensão da lesão, idade do paciente, imunossupressão e ainda outras enfermidades. (TEIXEIRA DA SILVA et al., 2017).

Nas queimaduras profundas e/ou extensas observa-se que as cicatrizes hipertróficas podem desenvolver-se em pessoas que nunca apresentaram tendência a esse tipo de cicatrização. Este fato é devido, provavelmente, ao aumento em todas as direções da tensão cutânea na região queimada, e pela perda do tecido por ação do calor. Ainda, a detecção em pacientes queimados de níveis séricos de alfa-globulinas aumentados até 60 dias após a queimadura, parece favorecer a hipertrofia dessas cicatrizes, por inibição da colagenase. (MOREIRA DA CRUZ et al., 2019).

A fisioterapia a cada dia que passa ganha espaço na equipe multidisciplinar do tratamento de queimados, sendo coadjuvante na cura do paciente, acompanhando desde a fase inicial do tratamento hospitalar, evitando complicações pulmonares, prevenindo deformidades e ainda atuando juntamente no processo cicatricial dessa pele, até a completa maturação desse tecido e acompanhamento na reconstrução estética e funcional desse paciente. Um exemplo dessa espécie de tratamento é a carboxiterapia. (TEIXEIRA DA SILVA et al., 2017).

A carboxiterapia constitui-se de uma técnica que poderá ser utilizada na área da estética, sobretudo nas disfunções dermatológicas. A mesma é caracterizada pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal, sendo ele injetado no tecido subcutâneo, promovendo efeitos fisiológicos e tendo como um dos objetivos uma vasodilatação periférica. O gás carbônico, no qual vai ser injetado, ele é classificado como um gás inodoro, incolor e atóxico, além de ser um produto de naturalidade do metabolismo, que é produzido no organismo em quantidade alta e sendo eliminado pelos pulmões no decorrer da respiração. O mesmo teve início na França em 1932, e era utilizado de forma transcutânea (BORGES et al., 2016).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este artigo se trata de uma revisão literária, que teve como aliada a análise de artigos científicos publicados entre os anos de 2012 e 2019, nos idiomas inglês e português nas bases de dados SCIELO, LILACS, Google Scholar. Foram utilizados como critérios de inclusão, a questão investigada, tendo como palavras chaves: cicatrizes hipertróficas, queimaduras, carboxiterapia.

4 RESULTADOS

Autor/AnoTítulo de PesquisaMétodo da PesquisaConclusão
Lyra/2012Tratamento de queimaduras de carboxiterapia em modelo experimentalEstudo experimental/ Revisão BibliográficaApresentou alteração na perfusão tecidual e nas fibras colágenas.
Brenno Ferreira/ 2019Efeitos da carboxiterapia na cicatrização de feridas cutâneas em ratosEstudo experimentalA carboxiterapia pode ser uma boa opção de tratamento de feridas cutâneas, principalmente, em lesões com dificuldade de cicatrização devido ao déficit micro circulatório.
Baltazar/2016Atuação da carboxiterapia no tratamento de pacientes queimados: uma revisão literáriaRevisão BibliográficaA melhora do fluxo de nutrientes, que são necessários para que haja remodelação dos componentes da matriz extracelular e facilitar o processo de cicatrização tecidual. O que promoverá um incremento de fibras colágenas, apresentara também melhora do efeito mecânico, melhora da qualidade da cicatriz, elasticidade e irregularidade da pele.
Gislaine Moreira/ 2019Carboxiterapia no tratamento da cicatriz hipertrófica em pós queimado
Estudo de maneira bibliográfica, retrospectiva, descritiva e documentalNão foi encontrado estudos científicos de cicatriz hipertrófica em pós queimado com o tratamento de carboxiterapia, mas é utilizada em cicatrizes hipertróficas comuns, neste contexto, é necessário maiores estudos clínicos na área de queimados com o tratamento pela carboxiterapia.

5. DISCUSSÃO

5.1 QUEIMADURAS

Ao longo deste artigo científico, podemos perceber que as queimaduras em sua maior partem são decorrentes de acidentes e situações evitáveis. A lesão causada por uma queimadura desencadeia uma série de complicações fisiológicas e principalmente psicológicas e deve também ser abordado como um problema social. Além da classificação de graus que as lesões por queimadura possuem, existem também a classificação e acordo com a extensão da parte do corpo afetada.

O processo de reabilitação psicológica de pacientes queimados pode ser bastante complexo. As lesões, sobretudo aquelas em regiões corpóreas expostas, provocam diminuição da autoestima e da segurança, além de sintomas como sentimento de impotência e culpa pelo acidente ocorrido. Quanto mais extensa a superfície corpórea queimada, maiores serão as dificuldades de reabilitação destes pacientes, em âmbito psicoemocional. O estado de saúde mental anterior ao evento que repercute na queimadura e a capacidade de enfrentamento de situações inusitadas, estão intimamente relacionados neste processo de reabilitação psicológica (GONÇALVES N, et al., 2011)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que anualmente cerca de 130 mil pessoas sofrem algum tipo de acidente por queimadura. No Brasil, ocorrem cerca de 100 mil notificações de casos de queimaduras por ano, com aproximadamente 3.000 mil pessoas que evoluem para o óbito após o trauma (BARCELLOS LG, et al., 2018). Estes dados evidenciam a necessidade de investimento constante por parte do sistema de saúde em ações de prevenção e manejo adequado das vítimas de queimaduras.

Em relação à gravidade, são consideradas queimaduras graves as lesões com extensão maior que 20% em adultos ou maior que 10% em crianças; as originadas por fontes elétricas ou químicas; as que envolvem vítimas com mais de 65 anos ou menos que 3 anos de idade; e as que geram lesão inalatória ou lesões em regiões nobres do corpo, como em face e em pescoço (LOPES et al., 2016).

O método mais rápido para a determinação da área queimada é constituído pela “regra dos nove”, desenvolvido por Polaski&Tennison, o qual divide a superfície corporal em segmentos que equivalem a aproximadamente 9% do total. Então, cada segmento corresponde a um percentual, ou seja, o corpo é dividido em múltiplos de nove. (MOREIRA DA CRUZ et al., 2019).

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Fonte: Enfermagem UNIRB – 2018

Após sofrer uma injúria do tipo queimadura apele inicia o processo de cicatrização, que ocorre quando a lesão envolve tecidos mais profundos que a epiderme. Esse processo se divide em três fases: a fase inflamatória, a fase proliferativa e a fase reparadora.

A fase inflamatória dura de 3 a 5 dias e reúne todos os sinais flogísticos como: eritema, algia, edema, calor e redução da amplitude de movimento.

Na fase proliferativa O colágeno é depositado aleatoriamente e junto com este, forma-se o tecido de granulação que por sua vez é composto por novos vasos sanguíneos que trazem suprimento para a área da ferida. Esta fase tem duração de 6 dias a 3 semanas. (MOREIRA DA CRUZ et al., 2019).

Após a terceira semana do ferimento inicia-se a fase reparadora, e de acordo com o grau da lesão ela pode se estender por até dois anos. Nesta etapa existem muitos fatores que interferem na cicatrização como a deficiência de proteínas e vitaminas que ajudam na síntese do colágeno e também fatores como a idade, infecções e desnutrição por exemplo.

Em casos de queimaduras mais profundas da pele a recuperação dependerá também de procedimentos de cirurgia plástica e períodos de preparação, adaptação, regeneração e reabilitação da função da pele. (MOREIRA DA CRUZ et al., 2019).

5.2 CICATRIZ HIPERTRÓFICA

A cicatriz hipertrófica é fre­­­quentemente confundida com o queloide; contudo, a cicatriz hipertófica não ultrapassa a direção da ferida inicial, apresenta tendência a regressão e tem melhor prognóstico após a ressecção. (HOCHMAN et al., 2012).

As cicatrizes hipertróficas aparecem precocemente, limitam-se às áreas da lesão da pele, nunca ultrapassam as margens da injúria tissular inicial, são assintomáticas e tendem a estabilização ou à regressão com o tempo. Podem ser dolorosas e de difícil de tratamento, causar coceira, incômodo, e ainda aumentar de tamanho num período de 3 a 6 meses regredindo em seguida. (PEREIRA FURTADO GUEDES et al, 2014)

As cicatrizes hipertróficas caracterizam-se por uma neoformação de colágeno preponderante que não se orientam ao longo das linhas da fenda como em uma cicatriz normal, mas sim projetando-se em espiral sobre a superfície da pele, constituindo desta forma um problema estético e funcional importante. (PEREIRA FURTADO GUEDES et al., 2014).

Hochman et al. (2012), relata que as cicatrizes do tipo hipertróficas têm maior densidade de fibras nervosas que as cicatrizes normotróficas. Salientam que as cicatrizes hipertróficas e os queloides caracterizam-se por síntese de colágeno com fibras que não se orientam ao longo das linhas de fenda, mas sim em espiral.

Diversos fatores, tanto locais quanto sistêmicos, podem influenciar o processo de reparação tecidual, provocando desfechos desfavoráveis, como cicatrizes hipertróficas e queloides ou mesmo úlceras crônicas, como úlceras de perna, úlceras de decúbito e mau perfurante plantar. […] sabe-se, por exemplo, que, pela riqueza de anexos cutâneos, as lesões de face cicatrizam mais rapidamente que lesões localizadas nos pés. Baixas temperaturas ou deficiências no suprimento sanguíneo também podem comprometer o processo de cicatrização (PEREIRA FURTADO GUEDES et al, 2014.)

Ausência de equilíbrio entre as fases anabólicas e metabólicas até as 3-4 semanas, com aumento contínuo da produção de colágeno, superior à quantidade que se degrada. A ferida se expande em todas as direções, elevando-se sobre a pele, de forma profunda. Cicatrizes hipertróficas são mais frequentes que os queloides. Constataram que diferentemente dos queloides, as cicatrizes hipertróficas têm involução progressiva de seis meses a dois anos. (PEREIRA FURTADO GUEDES et al, 2014).

5.3 CARBOXITERAPIA

Registros comprovam que as primeiras aplicações de carboxiterapia não são tão recentes. Esta técnica foi manuseada pela primeira vez em 1932, na França, em arteriopatias periféricas, mas, somente em 1953, na região subcutânea (FERREIRA et al., 2012).

É importante mencionar que a carboxiterapia tem como finalidade proporcionar os efeitos fisiológicos para o aumento da circulação e da oxigenação tecidual (BANDEIRA, 2013).

O dióxido de carbono (CO2), gás utilizado nas sessões de carboxiterapia. É o produto endógeno natural do metabolismo das reações oxidativas celulares, produzido no organismo diariamente em grandes quantidades e eliminado pelos pulmões durante a respiração. (MILANI et al., 2020)

O gás carbônico comumente utilizado na carboxiterapia no Brasil possui cerca de 99,9% de pureza, portanto, próprio para uso terapêutico, e além de seu uso nesta técnica, também é empregado em videolaparoscopia para insuflação a fim de facilitar manipulações de estruturas intra-abdominais, para controle de pH em incubadoras, para formação de atmosfera controlada em estufa, nas técnicas ginecológicas de criocauterização do colo uterino, etc.

O volume de gás introduzido nos procedimentos é menor ou igual à quantidade encontrada no organismo humano. Ademais, é importante destacar que não causa embolia nem efeitos colaterais sistêmicos e é um procedimento de fácil aplicação, que pode ser utilizado em qualquer área do corpo (BORGES et al., 2019).

A carboxiterapia, através da infusão de CO2, permite uma vasodilatação persistente identificada por videolaparoscopia e um aumento significativo da concentração de oxigênio (O2) local. Segunda grande parte dos autores, a ação da carboxiterapia melhora o fluxo sanguíneo, verificado através da dopllerfluxometria.

O objetivo da carboxiterapia é melhorar a microcirculação. O dióxido de carbono melhora a perfusão tecidual e é parcialmente responsável pelo aumento da concentração de oxigênio devido à hipercapnia (aumento da pressão parcial do dióxido de carbono). Também causa uma diminuição no consumo de oxigênio e uma mudança na curva de dissociação de oxigênio (efeito Bohr). Isso significa que quanto mais CO2 está presente nos tecidos, mudanças nos componentes da pele. Na avaliação clínica, constatou-se que a textura e a densidade da pele melhoraram (El-Fakahany et al., 2016).

Há um consenso entre autores de que há um aumento significativo da concentração de oxigênio (O2) local após a infusão subcutânea de CO2, consequentemente há um aumento da pressão parcial de O2. Os autores relataram ainda que há diminuição da afinidade da hemoglobina pelo O2 na presença de gás carbônico disponibilizando mais oxigênio às células, o que favoreceria o metabolismo dos tecidos da região tratada (potencialização do efeito Bohr).

Em seu estudo, Brandi et al. (2011) estudaram 70 pacientes com úlceras crônicas de etiologia traumática, venosa e arterial, divididos em dois grupos: um grupo realizando tratamento com aplicação de carboxiterapia subcutânea e curativos habituais, e o outro grupo se valendo apenas da aplicação de curativos. Os resultados mostraram cicatrização em 71% das úlceras tratadas com carboxiterapia, resultado superior aos 51% das úlceras tratadas apenas com curativos.

Piazzolla (2011), em seu estudo em humanos, estudou o efeito da carboxiterapia na redução do diâmetro e área das úlceras vasculares em 32 pacientes com 39 úlceras por meio de aplicações semanais de injeções subcutâneas de gás carbônico, nas bordas da úlcera. As úlceras eram fotografadas antes e após o tratamento. Houve redução da área e dos diâmetros das úlceras. A cicatrização completa ocorreu em 38% dos pacientes. O tecido fibroso das úlceras vasculares reduziu de 71% para 20%. A carboxiterapia mostrou-se eficaz, reduzindo a área da ferida, melhorando a cicatrização. Essa pesquisa mostra que úlceras crônicas de difícil podem ser beneficiadas com a carboxiterapia.

Essa pesquisa teve resultado estatisticamente significativo para o grupo tratado com carboxiterapia quanto a formação de novos vasos sanguíneos na área da lesão. Esse resultado é de grande importância, pois a cicatrização inadequada de feridas crônicas ocorre em decorrência de déficit de perfusão sanguínea na ferida e nos tecidos próximos. Isso mostra que a terapia com dióxido de carbono aplicado artificialmente tem o potencial de melhorar a perfusão e a oxigenação dos tecidos, portanto, é útil para a cicatrização de feridas crônicas (FINZGAR, 2015).

Diante das afirmações apresentadas é possível identificar a eficácia da carboxietrapia no tratamento de uma cicatriz hipertrófica de um paciente pós-queimado, pois ela atua na melhora da circulação sanguínea estimula a remodelação de colágeno, melhorando ainda mais o prognóstico.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As queimaduras estão cada vez mais decorrentes no mundo e principalmente em nosso país, acidentes que acabam por ocasionar essas queimaduras trazem traumas significativos de caráter físico e principalmente de caráter emocional, visto que promovem cicatrizes não agradáveis aos acidentados e que na sua grande maioria se desconhecem tratamentos capazes de promover uma melhora estética.

As cicatrizes hipertróficas são exemplos dessas formas de cicatrizes mencionadas anteriormente, são geralmente ocasionadas em queimaduras de terceiro grau e trazem processos de cicatrização anormais resultando na ocorrência de uma desordem na remodelação de colágeno. Mediante a vários artigos pesquisados, tem – se como conclusão que o uso do dióxido de carbono apresenta um aumento na microcirculação e oxigenação do tecido a partir do efeito do descolamento da pele, diante disso pode- se constatar uma melhora na textura e densidade da pele.

A partir do estudo das literaturas, conclui-se que a carboxiterapia possui amparo e seu uso é seguro e proporciona garantias estéticas.

No entanto não foram encontrados estudos que abordam o uso efetivo da carboxiterapia em pacientes pós queimados, porém o seu uso tem trago soluções em pacientes com cicatrizes hipertróficas comuns. Mediante esse contexto, entende-se necessário um estudo maior e mais direcionado na área de queimados com a utilização do tratamento pela carboxiterapia.

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