O USO DA CAFEÍNA EM PRODUTOS TÓPICOS NO TRATAMENTO DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7411150


Thalia Rodrigues Soares1
Alex Sandro Rodrigues Baiense2


RESUMO 

A alopecia androgenética (AAG) se caracteriza pelo afinamento progressivo dos fios, a miniaturização folicular e a perda gradual de cabelo. Afeta homens e mulheres, sendo mais prevalente em homens e é também o tipo de alopecia mais comum que atinge ambos os sexos. Essa alteração dermatológica possui um grande impacto negativo na autoestima, emocional e social do paciente. O tratamento ideal da AAG deve incluir o aumento da cobertura do couro cabeludo e melhorar a qualidade e espessura dos fios, desacelerar a evolução da perda definitiva e do afinamento do cabelo. Devido às desvantagens dos medicamentos orais, por consequência dos efeitos colaterais, ocorre uma diminuição da adesão do paciente ao tratamento. Em contrapartida, o uso de formulações tópicas se torna uma alternativa para a efetividade do tratamento. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é apontar os benefícios do uso de produtos tópicos, contendo a cafeína como ativo, no tratamento da alopecia androgenética. Alguns estudos mostraram que a cafeína possui efeitos benéficos em pacientes acometidos por esta condição. A metodologia utilizada neste artigo teve como base a revisão bibliográfica, utilizando materiais encontrados em plataformas científicas.

Palavraschave: alopecia androgenética; cafeína; tratamento; folículo piloso.

ABSTRACT 

Androgenetic alopecia (AGA) is characterized by progressive hair thinning, follicular miniaturization and gradual hair loss. It affects both men and women, being more prevalent in men and is also the most common type of alopecia that affects both sexes. This dermatological change has a major negative impact on the patient’s self-esteem, emotional and social. The ideal treatment for AAG should include increasing the coverage of the scalp and improving the quality and thickness of the hair, slowing down the evolution of permanent hair loss and thinning of the hair. Due to the disadvantages of oral medications, as a result of side effects, there is a decrease in patient adherence to treatment. On the other hand, the use of topical formulations becomes an alternative for the effectiveness of the treatment. Therefore, the objective of this work is to point out the benefits of using topical products, containing caffeine as an active ingredient, in the treatment of androgenetic alopecia. Some studies have shown that caffeine has beneficial effects in patients with this condition. The methodology used in this article was based on a literature review, using materials found on scientific platforms.

Keywords: androgenetic alopecia; caffeine; treatment; hair follicle.

1. INTRODUÇÃO 

De acordo com (SOUZA et al; 2021), a alopecia androgenética provoca a alteração do ciclo capilar, que culmina na miniaturização folicular progressiva com conversão de fios terminais em velo. Ocorre o encurtamento da fase anágena e consequentemente os fios se tornam cada vez mais finos, curtos e menos pigmentados. A AAG pode ser então caracterizada como o afinamento progressivo dos fios (TRUEB, 2002; KRAUSE, 2006). Além disso, é o tipo de alopecia mais comum que atinge homens e mulheres, sendo mais prevalente em homens. Os fatores que mais contribuem para uma maior predisposição a AAG são hereditários, genéticos e hormonais (GRIJÓ, 2020).

Segundo (GRIJÓ et al; 2020) pacientes com alopecia androgenética apresentam níveis elevados de 5α-redutase, DHT em maior produção e maior quantidade de receptores androgênicos no couro cabeludo calvo. Os indivíduos com AAG podem ter a autoestima afetada, gerando um comprometimento na qualidade de vida, pois o cabelo ajuda a definir o estilo próprio. Portanto, o tratamento desta alteração dermatológica é essencial, não só para melhorar a condição física, mas também como forma de contribuir no estado emocional do paciente (FERREIRA et al; 2018).

Em relação aos fatores hormonais, o mecanismo conhecido correlacionado é a ação da di-hidrotestosterona (DHT) nos folículos pilosos. A enzima 5a redutase é responsável pela conversão da testosterona em DHT. Isso provoca um encurtamento da fase anágena, transição dos fios para a fase telógena e miniaturização dos folículos pilosos (FISCHER, 2007). A AAG masculina inicia-se frequentemente após a puberdade e a feminina entre a terceira e a quarta décadas de vida (MULINARI-BRENNER et al; 2011)

Os principais objetivos do tratamento da AAG são aumentar a cobertura do couro cabeludo, melhorando a qualidade e espessura dos fios, retardar a progressão da queda definitiva e afinamento do cabelo. As medidas farmacológicas diferem entre homens e mulheres, sendo finasterida e espinolactona os medicamentos orais mais utilizados. Devido aos efeitos colaterais ligados a feminilização, ocorre a limitação do uso de medicamentos orais em pacientes do sexo masculino (SILVA, 2011). O minoxidil tópico destaca-se por apresentar resultados no tratamento. Ambas alternativas, via oral e tópica, necessitam de uso crônico para resultados satisfatórios (MULINARI-BRENNER et al; 2011).

O uso diário de medicamentos e os efeitos colaterais como fadiga, diminuição da libido, disfunção erétil, irregularidades menstruais e hipotensão postural, são fatores que diminuem a adesão do paciente ao tratamento, devido a inconveniência da utilização, causando a não adesão da terapia. No entanto, o uso de formulações tópicas se torna cada vez mais uma alternativa para o tratamento, incluindo shampoos, tônicos e loções capilares (BENNER, 2011). Apresentando resultados positivos na biodisponibilidade dos ativos pela via folicular, sendo extremamente importante para o tratamento (MARKOVA, 2004).

Alguns estudos, usando a cafeína em uma formulação de shampoo, mostraram efeitos benéficos em pacientes acometidos pela AAG e que a disponibilidade do fármaco na via folicular é um requisito essencial para o tratamento (FERREIRA et al; 2018).

É importante enfatizar que as formulações precisam ser eficazes para garantir a absorção dos ativos na via folicular, sendo necessário que as substâncias estejam em concentração precisa e tamanha molecular ideal, além de serem veiculadas em formulações com condições físico-químicas corretas (PHARM, 2019; DREHER et al; 2002). 

2. OBJETIVOS 

2.1 OBJETIVO GERAL 

Compreender a fisiopatogenia da alopecia androgenética apontando as desvantagens dos efeitos colaterais de algumas terapias escolhidas e propor o uso de produtos tópicos, contendo a cafeína como ativo, como uma opção de tratamento eficaz.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

  • Descrever sobre a estrutura capilar.
  • Apresentar o ciclo fisiológico de crescimento capilar.
  • Identificar a fisiopatogenia da alopecia androgenética.   
  • Mostrar as desvantagens dos tratamentos indicados.
  • Enfatizar o uso da cafeína no tratamento tópico da AAG.

3. METODOLOGIA 

A realização deste trabalho teve como base a pesquisa bibliográfica, que foi realizado no ano de 2022, de julho a setembro, considerando a relevância do tema e a importância do conhecimento sobre a alopecia androgenética, a busca e a seleção foram bem executadas, com intuito de possibilitar a inclusão de estudos relevantes sobre o tema. A elaboração da pesquisa teve como banco de dados Google Acadêmico, Scielo, livros, Periódicos capes e Lilac’s, utilizando como descritores “Alopecia androgenética” e “Produtos tópicos no tratamento da alopecia androgenética”. O método utilizado foi o qualitativo. Como critério de inclusão, foram pré-definidos os materiais em língua portuguesa e inglesa, artigos que descrevem sobre a AAG. Foram excluídos estudos com outros tipos de alopecia que não a androgenética.

4. JUSTIFICATIVA 

O artigo apresenta um importante tratamento tópico, contendo a cafeína como ativo, para pacientes acometidos pela alopecia androgenética. Essa alteração dermatológica possui um grande impacto negativo no emocional e na autoestima das pessoas atingidas. As formulações tópicas permitem maior adesão ao tratamento, visto que, os medicamentos diários e os efeitos colaterais diminuem a adesão do paciente, tornando cada vez mais como alternativa à utilização de formulações tópicas. Além disso, a presença de folículos no couro cabeludo contribui ativamente na absorção dessas substâncias. Sendo assim, é imprescindível comunicar a sociedade sobre como essa patologia atua e indicar uma alternativa tópica eficaz, a fim de evitar a alta exposição a efeitos colaterais causados pelo uso de medicações diárias.

5 REVISÃO DA LITERATURA

5.1 Estrutura Capilar 

O pelo é uma estrutura epitelial constituída por duas porções principais, a raiz e a haste. A haste representa a parte visível do pelo e possui três camadas: cutícula, córtex e medula. A raiz está situada na extremidade inferior do pelo e é composta pelo bulbo, matriz germinativa e a papila dérmica (NANTES et al; 2018).

Para (RIBEIRO, 2017) o fio de cabelo é originado a partir de uma invaginação da epiderme, essa é chamada de folículo piloso. O folículo apresenta o bulbo piloso que é formado de papilas dérmicas ricamente vascularizadas. As papilas são revestidas por células, dando origem à raiz do pêlo. Ainda no folículo se encontra o músculo eretor e a glândula sebácea (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O processo de desenvolvimento do folículo piloso é através de um ciclo capilar em fases cíclicas, alternadas em crescimento e repouso.

5.2 Ciclo Fisiológico do cabelo

De acordo com (TOFFANELLO et al; 2020) no ciclo fisiológico capilar ocorrem três fases evolutivas relacionadas ao nascimento, crescimento e substituição por uma nova haste, sendo elas: anágena, fase de crescimento, onde ocorre uma intensa atividade mitótica no bulbo e pode durar de 3 a 6 anos; catágena, onde as mitoses são interrompidas e é iniciada a apoptose das células da matriz e da bainha interna, resultando na diminuição da porção inferior do folículo e a duração dessa fase é de 2 semanas; telógena, conhecida também como fase de repouso, onde ocorre a queda dos fios e tem duração de 3 meses. Ainda na fase telógena, as células da papila emitem sinais para acionar a atividade mitótica das células-tronco e começar uma nova fase anágena, nova matriz capilar (FOCHESATTO FILHO & BARROS, 2013). O tempo de duração da fase ativa de crescimento, anágena, pode variar em função das características pessoais como genética, idade, sexo, alimentação, qualidade de vida e fatores ambientais (LEONARDI, 2008).

5.3 Fisiopatogenia da Alopecia Androgenética

Alterações no folículo piloso gera como consequência a perda de cabelos, ou alopecia. Se essas alterações forem não destrutivas e transitórias, ocorre um novo crescimento na matriz capilar, porém caso haja destruição da matriz o folículo atrofia e a alopecia é permanente. Apesar de ser uma doença benigna, é importante enfatizar que afeta a qualidade de vida, em aspectos sociais e psicológicos, dos indivíduos (ARANTES et al; 2017).

Conforme (SANTOS et al; 2010) a alopecia androgenética é uma manifestação fisiológica que ocorre em pessoas geneticamente predispostas. A herança genética pode vir tanto do lado materno quanto paterno (PEREIRA, 2001). A testosterona atinge o couro cabeludo e é convertida em di-hidrotestosterona (DHT), através da enzima 5a redutase. É a DHT que age sobre os folículos e promove a diminuição progressiva a cada ciclo dos cabelos, tornando os fios mais finos e menores (DAWBER; NESTE, 1996). O resultado desse processo de diminuição e afinamento dos fios é a calvície (TOFFANELLO, 2020). 

Ribeiro (2017) destaca as observações de Hamilton (1942) que mostravam a testosterona, ou seus metabólitos envolvidos no desenvolvimento da AAG em indivíduos predispostos geneticamente. Ele observou que eunucos e homens castrados antes da puberdade não apresentaram a calvície, e que homens sujeitados a castração por injeção de testosterona com histórico familiar de calvície apresentaram a alopecia (RAMOS, 2013; TRUEB, 2002).

Fatores como idade de início, susceptibilidade, taxa de progressão e padrão são diferentes em ambos os sexos. A idade de início da alopecia androgenética em mulheres é posterior à observada nos homens (QUAN; SINCLAIR, 2007). 50% dos homens com 50 anos e até 70% de todos os homens na vida adulta são afetados pela AAG (TRUEB, 2002). 

Nesse sentido, (ALVES, 2020) informa que nas mulheres a alopecia androgenética é mais espalhada (difusa) e é classificada em 3 graus. No grau I, pode ser vista uma leve diminuição do cabelo; no grau II, a diminuição é mais intensa, sendo possível enxergar o couro cabeludo; no grau III, encontra-se a calvície já instalada. Nos homens, observa-se um aumento dos recessos frontais (entradas) e afinamento de pelos do vertex, podendo alguns casos avançar com ausência total de pelos (PAIVA, 2006).

Özcan (2022) observou que os hormônios androgênicos e a predisposição genética possuem um papel no desenvolvimento da AAG, e por isso, não é esperado em pacientes pré-púberes, aqueles sem níveis irregulares de andrógenio. Porém, no último século houve uma alteração no início da adrenarca e da puberdade nos mais jovens, possivelmente como consequência de uma dieta hiperinsulinêmica e da alta exposição aos hormônios sexuais e ambientais, levando ao desenvolvimento precoce de AAG pediátrica em pacientes geneticamente suscetíveis.

5.4 Diagnóstico e Objetivo do Tratamento

Segundo (VASCONCELOS, 2015, p. 131) o diagnóstico é feito através do exame físico, levando em consideração o padrão e grau de acometimento da alopecia, sendo necessário uma anamnese completa a fim de descartar outras causas. A dermatoscopia oferece informações importantes para o diagnóstico e é um exame rápido, não invasivo. As alterações principais são: pontos amarelos, miniaturização dos fios, redução da densidade capilar e aumento de fios velos. Ainda, segundo o autor, o tratamento para a alopecia androgenética tem, pelo menos, quatro objetivos básicos: prevenir a evolução da alopecia, estabilizar o processo de miniaturização, reverter o processo de miniaturização e aumentar a densidade capilar”.

5.5 Ativos com Atividade Alopécica

Atualmente, duas drogas se destacam por apresentar maiores comprovações de resultados e são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Food and Drug Administration (FDA), sendo a finasterida e o minoxidil. No entanto, ambos precisam de uso contínuo para resultados satisfatórios (NANTES et al; 2018).

A finasterida é o fármaco de ação sistêmica aprovado para tratamento da alopecia androgenética masculina. O mecanismo de ação da finasterida envolve a inibição da enzima 5a redutase, impedindo a conversão da testosterona em DHT nos folículos pilosos. Assim, a concentração de DHT nesse tecido-alvo é diminuída. A utilização desse fármaco em pacientes do sexo feminino não demonstrou diferenças consideráveis (BARAZZETTI et al; 2019). Ademais, o uso da finasterida por mulheres não ser recomendável é por conta dos efeitos teratogênicos, e com relação aos homens, foram encontrados efeitos colaterais como diminuição da libido, distúrbios da ejaculação e disfunção erétil (IAMSUMANG et al; 2020).

O uso do minoxidil é autorizado para homens e mulheres, porém com limitação da concentração, liberando 2% para ambos os sexos e 5% para o sexo masculino, principalmente. Seu mecanismo de ação ainda não é compreensível, mas quanto ao crescimento capilar, sabe-se que o efeito se deve principalmente ao seu metabólito, o sulfato de minoxidil. A sulfotransferase está situada nos folículos capilares e é responsável pela conversão. Embora sendo considerada uma medicação segura e eficaz, apresenta alguns efeitos colaterais como irritação da pele, cefaléia (dor de cabeça), dermatite de contato e sudorese. Quando o tratamento é suspenso, o quadro retorna ao estágio de origem (NANTES et al; 2018) (SUCHONWANIT et al; 2019).

5.6 Cafeína no Tratamento Tópico da AAG

Alguns estudos de acordo com (FERREIRA et al; 2018) mostraram que a cafeína tem efeitos benéficos em pacientes acometidos pela AAG. A cafeína é um alcalóide pertencente ao grupo das xantinas. O mecanismo é a inibição da enzima fosfodiesterase pela cafeína, aumentando os níveis de adenosina 3’, 5’ – monofosfato cíclico (AMPc) nas células. A fosfodiesterase é responsável pela hidrólise do AMPc, causando uma diminuição da sua concentração nas células e diminuindo a proliferação capilar, consequentemente. A inibição dessa enzima pela cafeína aumenta os níveis de AMPc nas células, promovendo a proliferação e estimulando o metabolismo celular. Esse mecanismo vai contra a miniaturização do folículo capilar induzido pelo DHT. A enzima é encontrada nos indivíduos e não tem relação com o aumento de sua atividade em pessoas acometidas pela calvície. São os fatores hormonais e/ ou genéticos que favorecem a apoptose celular e dessa maneira, mais AMPc livres para a ação da fosfodiesterase (BANSAL et al; 2012; SONTHALIA et al; 2016).

No estudo de Otberg e colaboradores foi realizado o fechamento seletivo de orifícios foliculares para comparar as taxas de absorção da cafeína. Uma área delimitada da pele foi bloqueada com uma mistura especial de cera e outra área permaneceu aberta, sendo aplicada a cafeína em solução nessas áreas. O estudo mostrou que a cafeína foi detectada em amostras de sangue 5 minutos após a aplicação tópica, onde os folículos permaneceram abertos e quando os folículos foram bloqueados, a cafeína foi detectada após 20 minutos. Sendo assim, demonstrando que os folículos pilosos são pontos vulneráveis a certos medicamentos hidrofílicos, permitindo uma rápida disponibilidade de substâncias aplicadas topicamente (OTBERG et al; 2008).

Em um ensaio clínico feito com 40 voluntários, utilizaram uma loção contendo cafeína durante 4 meses. Os resultados mostraram uma diminuição da perda de cabelo e aumento da resistência à tração em 75% dos voluntários após 2 meses e em 83% dos voluntários após 4 meses. A eficácia do produto foi confirmada pelo controle dermatológico, com melhora na textura dos cabelos em 53% dos voluntários, diminuição na perda prematura do cabelo em 43% deles e uma melhora nas condições do couro cabeludo como caspa, eritema e secura na maioria dos voluntários que já apresentavam essas anormalidades antes do estudo. A avaliação mostrou então que 80% dos voluntários ficaram realizados com o produto. Por fim, concluíram que a cafeína é uma substância promissora no tratamento da AAG (BUSSOLETTI et al; 2011).

Em outro ensaio clínico, 30 voluntários do sexo masculino com AAG usaram um shampoo contendo a cafeína como ativo. A evolução da calvície não foi consideravelmente alterada após 3 meses de aplicação, porém após 6 meses, a evolução da calvície foi consideravelmente melhorada. A queda de cabelo foi significativamente diminuída após 3 e 6 meses de uso. A avaliação mostrou que 67% dos voluntários estavam satisfeitos com o produto, principalmente após 6 meses do tratamento. Eles relataram melhoria da força e espessura do cabelo, e redução da queda (BUSSOLETTI et al; 2010).

Além disso, conforme (GOMES, 2011) a cafeína pode possuir efeito esfoliante, estimulando a renovação celular e favorecendo a circulação sanguínea, contribuindo na eliminação de células mortas e toxinas, promovendo uma maior absorção e eficácia no tratamento.

Segundo (SOUZA et al; 2021) o tecido epitelial possui funções como: proteção física e biológica; e controle das substâncias que entram e saem do corpo (CAUVILLA et al; 2015). O couro cabeludo é constituído por epiderme, derme e hipoderme, sendo considerada uma pele mais firme do que outras regiões corporais. Por ser uma pele mais espessa, poderia facilmente dificultar a absorção, porém a presença dos folículos pilosos e anexos nesta região facilita efetivamente a absorção de substâncias (WICHROWSKI, 2007; TRAUER et al; 2010). Além disso, a massagem local, frequência de uso, concentração e tamanho molecular são fatores que auxiliam a absorção dos ativos (LAW, 2019; HERMAN, 2012).

A via tópica, através dos folículos pilosos, é considerada a mais rápida, sendo um requisito essencial no tratamento da AAG. A penetração da cafeína pela via folicular ocorreu durante 2 minutos em um estudo, tornando os folículos a única via para absorção rápida do ativo (OTBERG et al; 2008).

6. CONCLUSÃO

Levando em consideração os aspectos analisados, a alopecia androgenética é caracterizada por uma perda parcial ou total dos fios e acomete ambos os sexos, gerando consequências psicológicas negativas o que afeta a autoestima dos indivíduos. Uma vez que a terapia disponível apresenta efeitos colaterais, que dificultam a adesão do paciente ao tratamento, as formulações tópicas tornam-se uma alternativa.

Diante disso, as formulações tópicas com a cafeína como ativo apresentaram efeitos benéficos e promissores no tratamento da AAG, sendo uma nova alternativa para os pacientes que possuem dificuldade de adesão a outras terapias. A biodisponibilidade dos ativos através da via folicular favorece o tratamento tópico, além de ser necessária uma massagem no couro cabeludo para ativar a microcirculação local.

7. REFERÊNCIAS 

Alecrim, Jackeline de Souza; Souza, Mariane Parma Ferreira de . ESTRATÉGIAS GERAIS PARA O USO DE PRODUTOS TÓPICOS NO TRATAMENTO DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA. Medicina: Aspectos Epidemiológicos, Clínicos e Estratégicos de Tratamento. 202ed.: Atena Editora, 2021, v. , p. 133-141.  

AMARAL, A., & FERREIRA, L. (2018). ESTUDO DE PRÉ-FORMULAÇÃO DE SHAMPOO PARA TRATAMENTO DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA CONTENDO CAFEÍNA COMO ATIVO. Psicologia E Saúde Em Debate, 4(1), 147-160.   

ARANTES, A. et al., A utilização de finasterida e Minoxidil no tratamento da alopecia androgenética. Revista Vita et Sanitas da Faculdade União de Goyazes, Trindade (GO), v.11, n.2 Jul/dez, 2017.ISSN 1982-5951, p.72-84   

BARAZZETTI, Daniel Ongaratto; BARAZZETTI, Pedro Henrique Ongaratto; CAVALHEIRO, Lucas Thomé; MATTIELLO, Carlo Mognon; GARCIA, Caio Pundek; ELY, Jorge Bins. Crescimento capilar e o uso de medicamentos no tratamento da alopecia androgênica. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (Rbcp) – Brazilian Journal Of Plastic Sugery, [S.L.], v. 34, p. 142-144, 2019. 

BULLOS, Bruno Silva et al. Alopecia androgenética e seus tratamentos alternativos: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 6, p. e10053-e10053, 2022.    

GRIJO, Leonor; BEIRÃO, Liliana; CARDOSO, Sofia; BEIRÃO, Liliana. Qual o papel dos inibidores da 5α-redutase no tratamento da alopecia androgenética? Uma revisão baseada na evidência. Revista Portuguesa de Clínica Geral, [S.L.], v. 36, n. 2, p. 135-143, 1 mar. 2020.

Iamsumang, W., Leerunyakul, K., & Suchonwanit, P. (2020). Finasteride and Its Potential for the Treatment of Female Pattern Hair Loss: Evidence to Date. Drug design, development and therapy, 14, 951–959.

lima alvesK. M. almeida, & brandão samira negreiros. (2020). USO DE FATORES DE CRESCIMENTO NO MICROAGULHAMENTO PARA TRATAMENTO DA ALOPÉCIA ANDROGENÉTICA. REVISTA CEREUS12(2), 267-276. Recuperado de http://ojs.unirg.edu.br/index.php/1/article/view/2976    

Mulinari-Brenner, F., Seidel G., Hepp T(2011). Entendendo a alopecia androgenética. Surg. Cosmet. Dermatol. 3(4), 329-337    

NANTES, Mariana Correa; PAIVA, Natalia Silveira de; SOARES, André Luiz Faleiro; SANTOS, Jane Luiza dos; ELER, Juliana Franco de Castro; LOPES, Leonardo de Araújo. AÇÃO DO MINOXIDIL E DA FINASTERIDA ATRAVÉS DA INTRADERMOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA: action of minoxidil and finasteride through intradermotherapy in the treatment of androgenetic alopecia. Brazilian Journal Of Surgery And Clinical Research – Bjscr, Ipatinga, v. 24, n. 2, p. 166-175, 24 set. 2018.

Özcan D. Pediatric androgenetic alopecia: a retrospective review of clinical characteristics, hormonal assays and metabolic syndrome risk factors in 23 patients. An Bras Dermatol. 2022;97:166–72.   

Ribeiro, L. G. M. (2017). Tratamentos para alopécia androgenética feminina.    

SANTOS, A. P., ALMEIDA, T., & MOSER, D. K. (2010). Alopecia Feminina: Uma abordagem do processo e tratamentos não convencionais aplicados a esta patologia. Santa Catarina. 

Suchonwanit, P., Thammarucha, S., & Leerunyakul, K. (2019). Minoxidil and its use in hair disorders: a review. Drug design, development and therapy, 13, 2777–2786.Toffanello, A., Correia Gomes, J. P., & Pedriali Moraes, C. A. (2020). Vacuoterapia associada a bioativos cosméticos no tratamento da Alopecia Androgenética. InterfacEHS, 15(1).


 1Graduação em Farmácia na Universidade Iguaçu