O USO DA BOLA SUÍÇA ASSOCIADA OU NÃO A OUTROS RECURSOS NÃO FARMACOLÓGICOS NA REDUÇÃO DO QUADRO ÁLGICO DURANTE O TRABALHO DE PARTO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

DAIANA ARAUJO DA SILVA
LUCICLÉIA RAMOS DE ANDRADE

RESUMO

Introdução: O parto de via vaginal está associado a uma dor que gera sofrimento que é de difícil qualificação, pelo caráter fisiológico do evento. Como opção de recurso não farmacológico no alivio da dor do parto, a bola suíça vem sendo empregada no trabalho de parto com a finalidade de aliviar tensões nervosas, promovendo uma boa postura e estabilização e relaxamento pélvico, além de favorecer e proporcionar a diminuição do uso de métodos farmacológicos. O uso da bola suíça é efetivo durante o trabalho de parto por via vaginal, por facilitar a saída do feto e a diminuição do quadro álgico durante o trabalho de parto em decorrência da postura vertical. Entretanto associá-la a outros recursos não farmacológicos potencializa os resultados. Em decorrência de não haver muitos estudos descrevendo o uso da bola suíça e sua associação a outros recursos, este estudo buscou juntar o maior número possível de artigos científicos que abordasse o assunto, para auxiliar os profissionais na determinação do uso adequado da bola suíça, bem como a sua finalidade de reduzir o quadro álgico no trabalho de parto. Objetivo: Revisar a literatura científica sobre os efeitos do uso da bola suíça na redução da dor durante o trabalho de parto. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica, sendo a pesquisa elaborada a partir da análise de material cientifico disponível nas bases de dados indexadas: como SCIELO, LILACS, Pubmed, COCHRANE e BIREME. Os critérios de inclusão para o estudo foram ensaios clínicos randomizados ou estudos observacionais, que incluíram o uso da bola suíça como recurso não farmacológico para redução da dor durante o trabalho de parto. Foram excluídos estudos que incluíam grávidas que apresentaram alto grau de risco durante o trabalho de parto.
Resultados: Foram incluídos 4 artigos, no total de 151 mulheres e observou-se que o uso da bola suíça associado a outros recursos não farmacológicos é mais efetivo, do que o uso isolado da bola suíça.Conclusão: Os estudos selecionados para esta pesquisa abordaram o uso da bola suíça de forma isolada e associada a outros recursos como banho quente e massagens como métodos não farmacológicos de alívio de dor. Verificou-se que a associação de técnicas promove maior alívio de dor.

Palavras Chaves: trabalho de parto; recurso não farmacológico; dor; bola suíça.

ABSTRACT

Introduction: Vaginal delivery is associated with a pain that generates suffering that is difficult to qualify because of the physiological nature of the event. As a non-pharmacological option in the relief of labor pain, the Swiss ball has been used in labor to relieve nervous tension, promoting good posture and stabilization and pelvic relaxation, as well as favoring and reducing use of pharmacological methods. The use of the Swiss ball is effective during vaginal labor, facilitating the exit of the fetus and the decrease of pain during labor as a result of vertical posture. However, associating it with other non-pharmacological resources boosts the results. As there were not many studies describing the use of the Swiss ball and its association with other resources, this study sought to bring together as many scientific articles as possible, to assist the professionals in determining the proper use of the Swiss ball as well as its purpose of reducing the pain in labor. Objective: To review the scientific literature on the effects of using the Swiss ball in reducing pain during labor. Methodology: This is a bibliographical review, being the research elaborated from the analysis of scientific material available in the databases indexed: as SCIELO, LILACS, Pubmed, COCHRANE and BIREME. Inclusion criteria for the study were randomized clinical trials or observational studies, which included the use of the Swiss ball as a non-pharmacological resource for pain reduction during labor. We excluded studies that included pregnant women who presented a high degree of risk during labor. Results: Four articles were included in a total of 151 women and it was observed that the use of the Swiss ball associated with other non-pharmacological resources is more effective than the Swiss ball alone. Conclusion: The studies selected for this research addressed the use of the Swiss ball in isolation and associated with other resources such as hot bath and massages as non-pharmacological methods of pain relief. It was found that the association of techniques promotes greater pain relief

Key Words: labor; non-pharmacological resource; pain; swiss ball.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BIREME Biblioteca Regional de Medicina
cm Centímetro
EVA Escala Visual Analógica
GB Grupo Bola
GC Grupo Controle
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
ID Idade
IG Idade Gestacional
OMS Organização Mundial de Saúde
PAISM Programa de Atenção à Saúde da Mulher
SCIELO Scientific Eletronic Library Online

INTRODUÇÃO

A gestação é um momento único e complexo na vida de uma mulher, pois, uma cascata de sentimentos intensos ocorre ao longo da progressão do ciclo gravídico, momento do parto e pós-parto. Sendo a gravidez uma condição que se faz necessário cuidados especiais, por se tratar de um momento especial e emotivo na vida da parturiente (BRAZ, 2014).
O momento do parto, ainda é qualificado mesmo nos tempos atuais como uma situação que gera sentimentos de medo, angústia e fantasias por parte da gestante. Entretanto, os profissionais de saúde estão progressivamente deixando a atitude passiva perante a dor do parto e procurando formas de amenizá-las (OLIVEIRA; CRUZ, 2014).
Dessa forma, a dor, no âmbito fisiológico, é descrita como uma estratégia de alerta do corpo. No contexto obstétrico, a dor no trabalho de parto, não está associada às enfermidades, mas a um processo biológico reprodutivo natural do corpo feminino (SCHVARTZ et al., 2016).
O parto de via vaginal está filiado a uma dor que gera sofrimento que não seria possível qualificá-la, pelo caráter fisiológico do evento. Elucidada na sociedade como “fisiológica”, ou seja, como parte da natureza da ocorrência do parto. Ao avaliar possíveis níveis de problemas nesta grávida, é possível verificar conflitos de natureza afetiva, emocional e metabólica, sendo assim exemplificada, a crença de que a cesárea decidida e agendada com antecedência proporcionará um parto sem dor (ARAÚJO et al., 2018).
Medidas que agreguem no conforto e reduzissem a apreensão durante todas as fases de trabalho de parto deveriam ter seu início durante a gestação, por meio da educação e aconselhamento durante o pré-natal, possibilitando que as mulheres estejam aptas ao fazer suas escolhas (HENRIQUE et al., 2016).
Com o intuito de auxiliar nas demandas da saúde da mulher, o Ministério da Saúde, desenvolveu o Programa de Atenção à Saúde da Mulher (PAISM) integrando princípios e diretrizes da descentralização, hierarquização, regionalização dos serviços, integralidade e equidade da atenção, incluindo ações de educação, prevenção, diagnóstico, tratamento e recuperação (SILVA, V. 2018).
Estratégias não farmacológicas com o intuito de expandir e beneficiar a mobilidade da grávida no trabalho de parto, não somente elevam a tolerância à dor, mas favorece de forma positiva a diminuição do uso de fármacos, beneficia a evolução da dilatação e regressão da duração da fase ativa do trabalho de parto. A bola suíça, instrumento terapêutico habitualmente usado pela fisioterapia, foi inserida em centros de partos normais como um auxiliar na adoção das posturas verticais e no auxílio para outras técnicas como a massagem e a terapia manual (GALLO et al., 2014).
A massagem é muito válida na melhora do fluxo sanguíneo venoso, desta maneira assume um papel importante na diminuição da dor. A massagem e a terapia manual ajudam a cessar o ciclo da dor por seus efeitos mecânicos e reflexos além de promover uma melhora na circulação, promovendo o alongamento do tecido, reduzindo assim, a contração prolongada. (VALENCIANO; RODRIGUES, 2015)
As posturas verticais durante o processo de concepção apresentam vantagens tanto do ponto de vista gravitacional como no aumento dos diâmetros pélvicos maternos promovendo uma retificação do canal de parto e alinhamento do feto na bacia materna, maximizando os puxos expulsivos maternos e facilitando o desprendimento fetal, devendo, portanto ser adotada preferencialmente na assistência ao parto, Uma das maneiras de incentivar as posturas verticais pode citar a bola do nascimento (BARACHO, 2007).
Bola do nascimento é o termo usado em obstetrícia para bola suíça que foi descoberta em 1989, por fisioterapeutas americanos logo após se atentarem na utilização e benefícios na Suíça. Sendo inserida no Brasil nas maternidades e centros de parto normal como um recurso que proporcionava alívio de quadros álgicos e contrações durante o trabalho de parto (SILVA, J. 2018).
A bola suíça vem sendo empregada no trabalho de parto com a finalidade de aliviar tensões nervosas, promovendo uma boa postura e estabilização e relaxamento pélvico, além de favorecer e proporcionar a diminuição de métodos farmacológicos auxilia também, na adoção de posturas verticais em conjunto de outras técnicas como o alongamento e mobilidade pélvica, sendo uma técnica que visa aliviar os quadros de dor e redução da diminuição do tempo de trabalho de parto a qual a gestante se encontra (SILVA, V. 2018; CARRIÈRE, 1999).
Sendo a assistência fisioterapêutica na saúde da mulher, reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional como especialidade pela Resolução 372 de 06 de novembro de 2009 e Resolução 401 de 18 de agosto de 2011, sendo responsável pela avaliação, prevenção, promoção através de condutas fisioterapêuticas nas alterações cinesiofuncionais advindas do ciclo menstrual, climatério, parturientes, puérperas e secundários ao comprometimento oncológico.
O profissional fisioterapeuta, que estuda em sua formação acadêmica a biomecânica do corpo humano, está apto para prescrever, nestas circunstâncias, o uso de recursos não farmacológicos e não invasivos capazes de facilitar um trabalho de parto ativo, natural, conforme o aconselhado pela OMS (GOUVEIA et al., 2018).
O uso da bola suíça demonstra ser de grande efetividade durante o trabalho de parto por via vaginal, em decorrência de facilitar a saída do feto pelo favorecimento da postura vertical consequentemente facilitando o nascimento. Em decorrência de não haver muitos estudos descrevendo o tema do trabalho, esta revisão buscou facilitar através de uma busca rebuscada, juntar o maior número possível de artigos que abordasse o assunto, pois auxiliará os profissionais na determinação do uso adequado da bola suíça, bem como a sua finalidade de reduzir o quadro álgico no trabalho de parto.
Neste contexto, este estudo visa revisar a literatura científica sobre os efeitos do uso da bola suíça na redução da dor durante o trabalho de parto.

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido a partir do método de revisão bibliográfica, realizada entre fevereiro a maio de 2019. As informações e dados que serviram como base para a elaboração desta pesquisa foi oriunda de artigos científicos publicados nas bases de dados indexadas como SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), PubMed, COCHRANE e BIREME (Biblioteca Regional de Medicina). A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando os seguintes descritores: Trabalho de parto, Recurso não farmacológico, dor, fisioterapia, bola suíça, Labor obstetric, Non-pharmacological resource, pain, physiotherapy, Swiss Ball, publicados nos últimos dez anos (2009-2019). Os critérios de inclusão para o estudo foram ensaios clínicos randomizados ou estudos observacionais, que incluíram o uso da bola suíça como recurso não farmacológico para redução da dor durante o trabalho de parto. Foram excluídos estudos que incluíam grávidas que apresentaram alto grau de risco durante o trabalho de parto.

RESULTADOS

A partir das estratégias de busca, foram identificados 21 artigos, sendo 07 da Scielo, 09 da Bireme, 04 da Pubmed e 01 da Cochrane. Aplicando os critérios exclusão foram removidos 02 artigos por duplicidade, sendo avaliados 19 artigos por completos na íntegra. Ao selecionar para a elegibilidade foram excluídos 02 artigos por não apresentar estudo não compatível com o tema abordado e 03 artigos por não apresentarem desfecho não compatível com os critérios de inclusão. Na elegibilidade do conteúdo foram selecionados 14 artigos onde 09 foram exclusos e 04 artigos atenderam o objetivo proposto (Figura 1).

Figura 1- Fluxograma da seleção das publicações para a revisão da literatura.

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Fonte: Próprio autor

O estudo de Brandolfi et al. (2017) com duas amostras de gestantes em trabalho de parto ativo, onde o grupo 1 recebeu aplicação do protocolo de fisioterapêutico baseado nas condutas de terapia manual, que incluíram deslizamento superficial e profundo associados à massoterapia, e adoção de posturas verticais na bola suíça. O grupo 2 que foi composto pelo grupo placebo, recebeu apenas afago, ou seja, simulação de tratamento sem propriedades terapêuticas. Ao iniciar a aplicação do protocolo cada gestante era submetida à avaliação de dor através da escala de EVA de 30 em 30 minutos, até que o trabalho de parto chegasse ao final, para averiguar se com a aplicação do protocolo proposto, haveria redução do quadro álgico, entretanto, durante a aplicação da EVA houve diminuição perceptível do quadro álgico do grupo 1 a partir dos 60 minutos de intervenção fisioterapêutica durante o trabalho de parto. Barbieri et al. (2013) este estudo foi composto por 15 parturientes de baixo risco obstétrico. Para a randomização as intervenções foram identificadas de 1 a 15, onde foi composto de três grupos de cinco pacientes de forma aleatória. As parturientes do grupo 1 receberam como intervenção: banho de aspersão com água quente, as do grupo 2: exercício perineal com o uso da bola suíça e as do grupo 3: banho e bola simultaneamente. Sendo assim, ao analisar as descrições dos scores de dor informados pelas parturientes, antes e após as intervenções indicavam que houve diminuição do quadro álgico durante a fase ativa do trabalho de parto.
O estudo de Gallo et al. (2014) foram selecionadas para a amostra 40 parturientes, divididas em GC (grupo controle) composto por 20 mulheres e grupo bola (GB) contendo 20 mulheres, todas admitidas no período pré-parto com 37 semanas de gestação, dilatação cervical entre 4 e 5 cm. O grupo controle foi submetido a exercícios de mobilidade pélvica, exercícios ativos de anteversão e retroversão pélvica, lateralização, circundução e propulsão pélvica. Todas as parturientes foram avaliadas quanto à intensidade da dor pela escala categórica numérica, onde houve redução significativa do quadro álgico. Ao avaliar a duração do tempo de trabalho de parto, não houve diferenças entre o grupo controle e grupo que fizeram uso da bola suíça, bem como a velocidade de dilatação e descida fetal.
No estudo de Gallo et al. (2017) foram selecionadas oitenta mulheres para a randomização onde cada mulher era submetida a intervenções de até 40 minutos em cada estágio específico do trabalho de parto: exercício em uma bola suíça com 4 a 5 cm de dilatação cervical, massagem lombossacra com 5 a 6 cm de dilatação e um banho quente com mais de 7 cm de dilatação. O grupo controle recebeu cuidados habituais da maternidade.
Ao avaliar a escala de dor das mulheres do grupo experimental através da escala visual analógica (EVA), houve percepção da diminuição do quadro álgico imediatamente após as intervenções realizadas em cada estágio do trabalho de parto, expulsão mais rápida do feto. O que demonstrou que a sequência de intervenções auxiliava também na dilatação cervical.
Todos os estudos utilizados nesta revisão tiveram como base o uso da bola suíça na redução do quadro de dor da mulher. O quadro 1 apresenta o resumo dos estudos selecionados.

Quadro 1-Descrição dos artigos sobre a efetividade do uso da bola suíça no trabalho de parto.

AUTOR / ANOTIPO DE PESQUISAOBJETIVO DO ESTUDOPROTOCOLO DE INTERVENÇÃOAMOSTRARESULTADOS
Brandolfi et al. (2017)Ensaio clínico randomizado.Observar através da escala visual
analógica (EVA) a possível
redução da dor durante o trabalho
de parto ativo.
Aplicação de técnicas da terapia manual associado ao uso de uma bola suíça. Grupo controle (N=8) e grupo placebo (N=8).16 gestantes em trabalho de parto ativo.Não houve diferença estatística na
redução da dor entre os grupos
durante a aplicação da EVA.
Gallo et al.,
(2017)
Ensaio clínico
randomizado.
Avaliar se a aplicação sequencial
de intervenções não
farmacológicas alivia a dor do
parto, encurtam o trabalho de
parto e retardam o uso de
analgésicos.
Mulheres internadas em trabalho de parto no
final de uma gravidez de baixo risco, onde as
mulheres do grupo experimental receberam
três intervenções: exercícios na bola suíça,
massagem e banho quente. Grupo controle
recebeu cuidados habituais de maternidade.
80 mulheresA sequência de intervenções mostrou
ser efetivo na redução da dor e
dilatação cervical das grávidas.
Gallo et al. (2014)Ensaio clínico
randomizado.
Avaliar o efeito da bola suíça no
alívio da dor e duração da fase
ativa do trabalho de parto em
primigestas.
Primigestas foram divididas em grupo
controle e grupo bola, que realizavam
exercícios de mobilidade pélvica por 30
minutos na fase ativa do trabalho de parto na
bola suíça.
40 primigestas.Foi observada redução significativa
da dor no grupo de estudo. Não houve
diferença entre os grupos quanto à
duração do trabalho de parto.
Barbieri et al.
(2013)
Ensaio clínico
randomizado.
Avaliar de forma isolada e
combinada à utilização do banho
quente de aspersão e exercícios
perineais com bola suíça durante o
trabalho de parto e percepção da
dor.
Para a randomização houve três grupos de
cinco pacientes de forma aleatória. Grupo um
recebeu banho de aspersão com água quente,
as do grupo dois exercícios perineais com
bola suíça e as do grupo três ambas as
intervenções..
15 parturientesA associação das duas intervenções
demonstrou diminuição significativa
do score de dor entre os momentos
antes e após a terapia.
.

Ao avaliar a característica demográfica em relação à média de idade entre as parturientes é possível notar que a média entre elas é de 21,69 anos. (Tabela 1)

Tabela 1-média entre idade (Id)

EstudoID
Brandolfi et al.(2017)24,69
Gallo et al. (2017)21
Gallo et al. (2014)19,4
Barbieri et al.(2013)_
Média de idade 21,69

Ao avaliar a média entre idade gestacional, foi possível identificar que a média entre os autores é de 38 semanas. (Tabela 2)

Tabela 2-Média entre idade gestacional.

EstudoID
Brandolfi et al.(2017)39
Gallo et al. (2017)37
Gallo et al. (2014)37
Barbieri et al.(2013)39
Média gestacional 38 semanas

Ao avaliar o método utilizado na avaliação de quadro álgico na qual a parturiente se enquadra é possível verificar que todos os estudos se preocuparam em mensurar o nível de dor dessas grávidas, entretanto 03 estudos avaliaram através da escala visual analógicos (EVA), a graduação de dor das gestantes durante os procedimentos, representando um percentual de 75% de uso da ferramenta. Entretanto o estudo de Gallo et al. (2014) avaliou a intensidade de dor através da escala categórica numérica. (Tabela 3)

EstudoUtilizou a EVA para avaliar dor
Brandolfi et al.(2017)Sim
Gallo et al. (2017)Sim
Gallo et al. (2014)
Barbieri et al.(2013)Sim
Percentual de uso do EVA75%

Quando se verifica a associação entre recursos utilizados para o quadro álgico referente à amostra da pesquisa, é possível identificar que 75% dos estudos abordados, fizeram uso de associações entre a bola suíça e outro recurso que serão citados na tabela a baixo. (Tabela 4).

Tabela 4-Associação da bola suíça com outros recursos não farmacológicos.

EstudoRecursoGrávidas (n)
Brandolfi et al.(2017)Terapia manual e Bola suíça16
Gallo et al. (2017)Bola suíça+ Massagem+Banho quente80
Gallo et al. (2014)Bola suíça40
Barbieri et al.(2013)Banho quente + Bola suíça15
Média de associações 75%

Na avaliação do tempo de uso de cada recurso não farmacológico não foi possível mensurar em porcentagens em decorrência dos autores não terem essa preocupação em quantificar este dado, entretanto ao mensurar quantas grávidas fizeram uso de analgésicos ou de recursos terapêuticos, é possível averiguar que todas optaram em apenas fazer uso da bola suíça e os recursos não farmacológicos associados, representando uma média de 100% de aceitação, não sendo eles farmacológicos. (Tabela 5)

Tabela 5- Percentual de escolha medicamentosa e Recursos.

SemanasDilatação CervicalUso remédioRecurso
374-5 cmSim
37-42Sim
3-8 cmSim
Média (n)0%100%

DISCUSSÃO

Das quatro publicações incluídas nesta revisão dois artigos associaram a bola suíça com banho quente, um artigo avaliou a bola suíça associada com algum tipo de terapia manual, outro artigo avaliou abola suíça associada a massagens e apenas um artigo avaliou o uso da bola suíça de forma isolada.
O estudo de Gallo et al. (2014) selecionou 40 mulheres onde as submetiam a intervenções de 30 minutos em cada estágio específico do trabalho de parto o qual era sujeitas a exercícios de mobilidade pélvica na bola suíça, o estudo evidenciou redução do quadro álgico nas parturientes (p<0,001).

Quando comparado o estudo Gallo et. al. (2014) com o Gallo et al. (2017) onde selecionou 80 mulheres que se submetiam a intervenções de até 40 minutos em cada estágio específico do trabalho de parto e realizavam exercícios em uma bola suíça quando apresentavam dilatação cervical entre 4 a 5 cm, massagem lombossacra com 5 a 6 cm de dilatação e um banho quente com mais de 7 cm de dilatação. Concluindo que o estudo de Gallo et al. (2017) tem mais efetividade devido à sequência de associações de outras técnicas não farmacológicas, quando comparado ao uso isolado da bola suíça.
Segundo Pimentel (2016) sendo a massagem um método utilizado amplamente no contexto do parto, quase que instintivamente, o suporte contínuo a paciente com a aplicação da massagem terapêutica diminui significativamente a duração da primeira e segunda fase do trabalho de parto. A massoterapia isolada ou combinada a outros métodos vem sendo cada vez mais utilizada por profissionais e acompanhantes em obstetrícia, por ser uma técnica simples e não precisar de equipamentos mais sofisticados, sendo de baixo custo. Brandolfi et al. (2017) trabalhou com um total de 16 gestantes em trabalho ativo de parto, foram divididas em dois grupos sendo G1: que recebeu medidas fisioterapêuticas com o uso de terapias manuais que incluía deslizamentos superficiais e profundos, massoterapia e posturas verticais na bola suíça. O G2 grupo placebo, que recebeu apenas afago, sem nenhum método terapêutico, com isso verificou-se que houve uma diferença significativa entre os dois grupos, sendo o que usou o protocolo fisioterapêutico houve uma redução do quadro álgico a partir dos 60 minutos de intervenção, já o grupo placebo não souberam informar o limiar de dor por ser fisiológico e de intensidade dolorosa multidimensional. Já o estudo de Oliveira e Cruz (2014), afirma que as estratégias não medicamentosas para o conforto e o alívio da dor durante o trabalho de parto, são usualmente utilizadas, conforme indica uma pesquisa bibliográfica, na qual relatou que a bola suíça também pode ser usada como recursos fisioterapêuticos durante o primeiro estágio do trabalho de parto, melhorando a tensão, promovendo o relaxamento global da mulher e possibilitando a posição vertical, sendo um recurso a mais que deve ser incentivado por profissionais de saúde capacitados.
Barbieri et al. (2013) e Santana (2016) apontam benefícios para a parturiente quanto ao uso da bola suíça durante o trabalho de parto, pelo fato de reduzir a dor na região lombar promovendo conforto e relaxamento, os exercícios utilizados da bola suíça demonstraram eficácia durante a fase ativa do trabalho de parto, podendo facilitar o período de dilatação.
Dentre os benefícios obtidos encontra-se no fato da parturiente ficar em posição vertical promovendo a força da gravidade ao promover o alinhamento do eixo fetal, fazendo com que haja a descida e a progressão do parto, permitindo à mulher assumir diferentes posições. Outro estudo conduzido por Henrique et al. (2016), cita que exercícios perineais realizados na bola, durante o trabalho de parto são uma estratégia na prática obstétrica como terapia auxiliar para a promoção do conforto e alívio da dor, progressão do trabalho de parto e favorecimento da posição vertical que propiciam menor uso de medicalização e parto cesariano. A compreensão dos benefícios relacionados ao uso da bola suíça encontra-se no fato da posição vertical favorecer a força da gravidade e o alinhamento do eixo fetal com a pelve materna, a descida e progressão fetal no canal do parto, auxiliada pelo relaxamento causado pelo exercício da musculatura do assoalho pélvico, no que tange ao tempo empregado não houve consenso, entretanto o uso da bola é indicado a partir de uma dilatação cervical entre 4 a 7 cm.
O estudo de Barbieri et al. (2013) com uma amostra de 15 parturientes de baixo risco obstétrico foram submetidas a intervenções não farmacológicas. As mulheres foram divididas em três grupos de cinco gestantes. As parturientes do grupo 1 receberam como intervenção: banho de aspersão com água quente, as do grupo 2: exercício perineal com o uso da bola suíça e as do grupo 3: banho e exercícios na bola simultaneamente. Foi possível identificar que o uso da bola suíça quando associado a outras técnicas apresenta mais efetividade quando avaliado o quadro álgico dessa grávida, pelo fato do banho de água quente promover relaxamento muscular e associado aos exercícios na bola promovendo aceleramento do processo de parturição. Em resultado dos estudos de Silva et al. (2011) sobre o uso da bola suíça associado ao banho quente como abordagem não farmacológica, percebe-se que a aplicação da associação de técnicas favorece o processo de trabalho de parto por permitir movimentos da cintura pélvica em posição vertical, e a prática do banho quente estimular as contrações uterinas, proporcionando a sensação de relaxamento e amenizando os quadros de dores lombossacrais. Araújo et al. (2018) define que o banho funciona por meio do estímulo que a água quente faz nos termo receptores da epiderme, estimulando a chegada da mensagem de forma mais rápida ao cérebro do que o estímulo da dor, fazendo assim que exista um bloqueio de forma efetiva. O calor promove o aumento da circulação sanguínea e inibe os agentes estressores motivados pela contração durante o trabalho de parto, devido ao contato com o tecido de proporcionar melhora no metabolismo e da elasticidade reduzindo o prelúdio da dor. Para Melo et al. (2017) e Katzer (2016) o profissional que assiste a mulher no processo de parturição deve conhecer e compreender que este momento pode causar medo e insegurança, sendo assim, o mesmo deve respeitar suas vontades e escolhas, praticando assim, a assistência humanizada, em concordância as evidências científicas. Visto que há boas práticas frente à parturiente, de forma a incentivá-la às posições verticalizadas, deambulação, massagens e banhos como métodos não farmacológicos para o bem-estar e alívio da dor nas parturientes.
Todavia a ressalva a ser feita é que tanto o uso da bola suíça isolada, quanto associada a outros métodos não farmacológicos trazem resultados satisfatórios e benefícios na redução do quadro álgico das parturientes. Entretanto quando associamos a bola suíça a outros recursos não farmacológicos, como banho quente, massagens e terapias manuais, podemos afirmar que potencializa os seus efeitos na redução do quadro álgico dessa parturiente.

CONCLUSÃO

Os estudos selecionados para esta pesquisa abordaram o uso da bola suíça de forma isolada e associada a outros recursos como banho quente e massagens como métodos não farmacológicos de alívio de dor no trabalho de parto. Foi possível concluir, com este estudo, que a implementação de métodos não farmacológicos como bola suíça, massagens, banho quente e terapia manual muito utilizada na aceleração do trabalho de parto, está cada vez mais sendo utilizados como primeira opção pelas parturientes em decorrência da prática humanista. Sendo a mulher a protagonista do seu próprio parto, ela é a pessoa mais indicada a fazer escolhas de como será seu processo de parturição, não sendo uma coadjuvante passiva às ordens da equipe de saúde. É necessário que sejam realizados mais estudos quanto ao tema em questão, com a finalidade de explorar métodos e sua eficácia na diminuição do quadro álgico o qual a grávida se encontra, em que por muitas vezes se torna um momento traumático e de constante aflição.

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