O TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

RESISTANCE TRAINING FOR ELDERLY PEOPLE WITH CHONIC OBSTRUCTIVE PULMONAR DISEASE

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10139347


Erica rodrigues catuaba1
Luciano alves2
Thiago Medeiros de Souza Correa3
Ida Fátima Castro Amorim4


RESUMO

Este estudo investigou os efeitos do treinamento resistido em idosos com doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Diante da prevalência crescente da DPOC e dos desafios que ela impõe à qualidade de vida dos idosos, explorar estratégias terapêuticas inovadoras tornou-se imperativo. O projeto abordou a carência de informações específicas sobre o treinamento resistido nessa população, delineando objetivos que visavam evidenciar seus benefícios, adaptar suas práticas e fornecer diretrizes práticas para sua implementação. Este estudo é um estudo de literatura que inclui uma revisão da literatura sobre treinamento resistido para idosos com DPOC. Segundo Brizola e Fantin (2016), esse método envolve a coleta de ideias de diferentes autores sobre o tema, obtidas por meio de leituras e pesquisas em bases de dados realizadas pelo pesquisador. A primeira fase da pesquisa consistiu na definição dos objetivos e critérios de inclusão e exclusão para análise dos trabalhos identificados. Os resultados, fundamentados em estudos científicos, indicaram melhorias significativas na força muscular, capacidade cardiovascular e redução da dispneia. A personalização do programa, monitoramento atento dos sintomas e supervisão profissional emergiram como fatores críticos para melhoria dos ganhos terapêuticos. A conclusão destacou não apenas os avanços científicos fornecidos pelo estudo, mas também sua aplicabilidade prática para profissionais de saúde, cuidadores e idosos com DPOC. Ao integrar o treinamento resistido como uma ferramenta terapêutica, este trabalho contribui para uma abordagem holística e personalizada no manejo do DPOC em idosos, oferecendo uma luz orientada para uma melhoria substancial na qualidade de vida dessa população vulnerável.

Palavras-chave: Doença pulmonar, Idosos, Treinamento Resistido.

ABSTRACT

This study investigated the effects of resistance training in elderly people with Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD). Given the increasing prevalence of COPD and the challenges it poses to the quality of life of the elderly, exploring innovative therapeutic strategies has become imperative. The project addressed the lack of specific information about resistance training in this population, outlining objectives that aimed to highlight its benefits, adapt its practices and provide practical guidelines for its implementation. The results, based on scientific studies, indicated significant improvements in muscle strength, cardiovascular capacity and reduction in dyspnea. Personalization of the program, close monitoring of symptoms and professional supervision emerged as critical factors for improving therapeutic gains. The conclusion highlighted not only the scientific advances provided by the study, but also its practical applicability for healthcare professionals, caregivers and elderly people with COPD. By integrating resistance training as a therapeutic tool, this work contributes to a holistic and personalized approach to the management of COPD in the elderly, offering guidance for a substantial improvement in the quality of life of this vulnerable population.

Keywords: Lung disease, Elderly, Resistance Training.

1 INTRODUÇÃO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição pulmonar debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com uma prevalência particularmente alta em idosos (GARROD et. Al., 2018). A DPOC é caracterizada por uma obstrução das vias aéreas, frequentemente acompanhada de sintomas como dispneia, tosse crônica e produção excessiva de muco. Essa condição não apenas limita a função pulmonar, mas também impacta a qualidade de vida, a capacidade de exercício e a independência funcional dos idosos afetados (GEDDES et. Al., 2019). Diante desse desafio de saúde global, a busca de abordagens terapêuticas eficazes e seguras para melhorar a qualidade de vida desses pacientes é de suma importância.

O tema do presente estudo é o “Treinamento Resistido em Idosos com DPOC”. Este estudo teve como objetivo explorar o potencial do treinamento resistido como uma estratégia terapêutica para melhorar a força muscular, a capacidade cardiovascular, reduzir a dispneia e promover a independência funcional em idosos com DPOC (HILL et. Al., 2020). O problema que este estudo se propôs a abordar é a falta de informações claras sobre o uso do treinamento resistido em idosos com DPOC e a necessidade de orientações práticas para profissionais de saúde, cuidadores e pacientes sobre como implementar programas de treinamento resistido de forma segura e eficaz (HOLANDA et. Al, 2022).

A hipótese deste estudo é que o treinamento resistido, devidamente adequado e supervisionado, pode levar a melhorias significativas na força muscular, na capacidade cardiovascular, na redução da dispneia e na promoção da independência funcional em idosos com DPOC (HOLANDA et. Al, 2022). Os objetivos deste estudo incluíram investigar os benefícios potenciais do treinamento resistido, descrever as adaptações necessárias e fornecer recomendações práticas e diretrizes para profissionais de saúde, cuidadores e idosos com DPOC que desejam iniciar um programa de treinamento resistido.

A justificativa para este estudo foi a necessidade urgente de tratamentos complementares para melhorar a qualidade de vida dos idosos com DPOC. A DPOC é uma doença progressiva e debilitante, e estratégias destinadas a melhorar a força, a capacidade cardiovascular e a função podem ter um impacto significativo na vida destes pacientes. Além disso, fornecer orientações práticas para a implementação segura do treinamento de resistência é fundamental para garantir que os benefícios sejam alcançados sem riscos à saúde. Muitos idosos com DPOC desconhecem os benefícios e as formas seguras de realizar exercícios resistidos, o que limita suas opções de tratamento e oportunidades de melhorar sua condição e saúde geral. O estudo baseou-se na necessidade urgente de tratamentos complementares para melhorar a qualidade de vida dos idosos com DPOC.

A importância de fornecer orientação prática sobre a implementação segura do treinamento resistido para esta população, contribuição para o conhecimento acadêmico na área da saúde, aplicação prática do conhecimento adquirido na graduação em saúde e responsabilidade social para melhorar a qualidade de vida de idosos com DPOC.

2. REFERENCIAOL TEÓRICO

2.1 INTRODUÇÃO À DPOC (DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA)

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição médica progressiva que afeta predominantemente o sistema respiratório, apresentando-se como uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo (GARROD et. Al., 2018). A DPOC engloba um grupo de doenças pulmonares, sendo a bronquite crônica e o enfisema pulmonar as formas mais comuns. Esta condição é frequentemente associada ao tabagismo, exposição prolongada a poluentes atmosféricos e fatores genéticos, afetando principalmente a população idosa.

As causas da DPOC estão intrinsecamente ligadas à exposição crônica a partículas tóxicas, sendo o tabaco o fator de risco mais proeminente. O hábito de fumar é responsável por uma parcela significativa dos casos de DPOC, causando inflamação crônica das vias aéreas e lesões nos pulmões. Além do tabagismo, outros poluentes ambientais, como a exposição ocupacional a produtos químicos e poeira, contribuem para o desenvolvimento da doença (GEDDES et. Al., 2019).

Os sintomas da DPOC são variados e impactam significativamente a qualidade de vida dos idosos afetados. Dispneia (falta de ar), tosse crônica, produção excessiva de muco e limitações na capacidade física são comuns. Conforme a doença progride, esses sintomas tornam-se mais graves e debilitantes, muitas vezes resultando em hospitalizações recorrentes e perda de independência funcional (HILL et. Al., 2020). A DPOC também está associada a comorbidades significativas, como doenças cardíacas, diabetes e depressão, ampliando ainda mais seu impacto na saúde e bem-estar dos idosos (HOLANDA et. Al, 2022).

Neste contexto desafiador, a busca por intervenções eficazes para melhorar a qualidade de vida e a capacidade funcional de idosos com DPOC se torna imperativa. Uma abordagem promissora que tem ganhado atenção é o treinamento resistido, que visa fortalecer a musculatura e melhorar a capacidade cardiovascular, contribuindo para uma vida mais saudável e ativa para esses pacientes (HOLANDA et al., p. 05, 2022).

Este artigo explora os benefícios potenciais do treinamento resistido em idosos com DPOC, destacando seu papel na gestão e no tratamento desta condição debilitante.

2.2 TREINAMENTO RESISTIDO

De acordo com Watsford et. Al. (2020) o treinamento resistido, muitas vezes chamado de treinamento de força ou treinamento com pesos, é uma forma de exercício que se concentra na melhoria da força muscular, resistência e potência. Ele envolve o uso de resistência externa, como pesos, máquinas de musculação, bandas elásticas, ou até mesmo o próprio peso corporal, para criar uma resistência oposta aos movimentos musculares. Essa oposição é o que desafia os músculos e os faz trabalhar mais intensamente, levando ao desenvolvimento de força e resistência.

Aqui estão algumas características-chave do treinamento resistido e como ele difere de outras formas de exercício (O’SHEA et. Al., 2018):

  • Foco na Resistência: Enquanto exercícios aeróbicos, como corrida ou natação, têm um foco predominante na melhoria da capacidade cardiovascular, o treinamento resistido concentra-se na resistência muscular. Ele é projetado para fortalecer músculos específicos ou grupos musculares.
  • Progressão Gradual: O treinamento resistido permite uma progressão gradual de intensidade. Isso significa que, à medida que os músculos se adaptam e se tornam mais fortes, você pode aumentar a quantidade de peso ou a resistência para continuar desafiando os músculos ao longo do tempo.
  • Variedade de Exercícios: Existem inúmeras maneiras de realizar o treinamento resistido, desde levantamento de peso livre até máquinas de musculação, exercícios com o peso do corpo e o uso de bandas elásticas. Isso oferece flexibilidade na escolha dos exercícios e na adaptação às necessidades individuais.
  • Desenvolvimento da Massa Muscular: O treinamento resistido é eficaz na promoção do desenvolvimento da massa muscular magra. Isso é particularmente relevante para idosos com DPOC, pois a perda de massa muscular pode ser um problema comum à medida que envelhecem.
  • Benefícios para a Saúde Óssea: Além de fortalecer os músculos, o treinamento resistido também pode melhorar a densidade óssea, reduzindo o risco de osteoporose e fraturas em idosos.
  • Melhoria do Metabolismo: O treinamento resistido pode aumentar o metabolismo, ajudando na gestão do peso corporal e na regulação dos níveis de açúcar no sangue.
  • Personalização: Os programas de treinamento resistido podem ser personalizados para atender às necessidades e limitações individuais. Isso é particularmente importante para pacientes com DPOC, pois seus níveis de condicionamento físico.

3. METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa do tipo bibliográfica, que incluiu uma revisão da literatura sobre treinamento resistido para idosos com DPOC. Segundo Brizola e Fantin (2016), esse método envolve a coleta de ideias de diferentes autores sobre o tema, obtidas por meio de leituras e pesquisas em bases de dados realizadas pelo pesquisador. A revisão da literatura produziu um texto analítico e crítico que elaborou ideias de pesquisas sobre o tema. O estudo foi realizado a partir de artigos científicos, teses e livros publicados entre 2018 e 2023. A primeira fase da pesquisa consistiu na definição dos objetivos e critérios de inclusão e exclusão para análise dos trabalhos identificados.

A pesquisa foi por artigos científicos, teses e livros publicados entre 2018 e 2023 sobre o tema treinamento resistido em idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica, utilizando o termo “treinamento resistido” foram considerados para análise com base nos critérios estabelecidos, “Questões de Qualidade de Vida”, ” Doenças Pulmonares” e “Idosos”. Foram excluídas publicações incompletas e publicações escritas em línguas estrangeiras. Para a construção deste trabalho foram citados autores como: WATSFORD (2020); Patel (2022); O’shea (2018); O’brien (2019); Lindström (2018); Hill (2022); Geddes (2019); Barley (2018); Brizola (2016); Baltzan (2018) e Cecins (2020).

A análise dos dados foi realizada utilizando a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2016). O objetivo principal foi verificar as relações entre os estudos e a saúde e qualidade de vida da população, bem como sua influência na prática dos profissionais dessa área.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

            Após a análise dos artigos selecionados para esta pesquisa, foi possível criar três categorias temáticas sobre o tema em questão, sendo elas: A importância da atividade física para pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); Os benefícios do treinamento resistido para idosos com DPOC e quais adaptações no treinamento resistido são recomendadas para idosos com DPOC. Dessa forma, nas próximas seções deste trabalho estaremos detalhando cada uma destas categorias.

4.1 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA PACIENTES COM DPOC

A atividade física desempenha um papel fundamental no gerenciamento e na melhoria da qualidade de vida de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Embora seja comum que pessoas com DPOC experimentem limitações respiratórias e físicas, a incorporação de atividades físicas específicas e direcionadas pode proporcionar uma série de benefícios significativos, não apenas para a saúde pulmonar, mas também para a saúde geral (HOLANDA et. Al, 2022).

A atividade física regular ajuda a fortalecer os músculos respiratórios e a aumentar a capacidade pulmonar. Isso é especialmente importante para os pacientes com DPOC, pois a doença envolve uma obstrução crônica das vias aéreas, o que pode tornar a respiração mais difícil. O treinamento resistido, em particular, pode ajudar a fortalecer os músculos que auxiliam na respiração, tornando-a mais eficiente (MALTAIS et. Al., 2018). A dispneia, ou falta de ar, é um dos sintomas mais debilitantes da DPOC. O exercício regular pode diminuir a intensidade da dispneia, tornando as atividades diárias mais gerenciáveis e proporcionando um maior senso de bem-estar (MALTAIS et. Al., 2018).

A DPOC está frequentemente associada a um maior risco de doenças cardiovasculares. A atividade física pode melhorar a saúde cardiovascular, reduzindo a pressão arterial, evitando o risco de doenças cardíacas e melhorando a circulação sanguínea (NYBERG et. Al., 2018). Todavia, pacientes com DPOC podem enfrentar perda de peso e enfraquecimento muscular devido à dificuldade de respirar e à falta de energia. O exercício ajuda a manter a massa muscular e pode auxiliar na manutenção de um peso corporal saudável (O’SHEA et. Al., 2018). A capacidade de realizar atividades diárias, como subir escadas, caminhar ou até as mesmas tarefas domésticas, melhora significativamente com a atividade física. Isso contribui para uma maior independência e qualidade de vida (O’SHEA et. al., 2018).

A prática regular de exercícios tem um impacto positivo na saúde mental, ajudando a reduzir a depressão e a ansiedade, que são comuns em pacientes com DPOC (SHRIKRISHNA et. al., 2022). Em resumo, a atividade física não apenas melhorou a capacidade respiratória, mas também beneficiou a saúde geral e o bem-estar dos pacientes com DPOC. É uma parte essencial do tratamento e gerenciamento dessa doença crônica. O treinamento resistido, em particular, oferece uma abordagem promissora para fortalecer os músculos e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. No próximo tópico, exploraremos como o treinamento resistido pode ser uma ferramenta eficaz nesse contexto.

4.2 BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS COM DPOC

O treinamento resistido oferece uma variedade de benefícios específicos para idosos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), complementando o tratamento e melhorando a qualidade de vida. Aqui estão alguns dos principais benefícios (O’SHEA et. Al., 2018):

  • Melhoria da Força Muscular: O treinamento resistido visa o fortalecimento dos músculos, o que é crucial para pacientes com DPOC. A força muscular aprimorada auxilia na realização de atividades diárias com mais facilidade, diminuindo a fadiga e a dispneia associada à fraqueza muscular. A força muscular e o equilíbrio são fatores essenciais na prevenção de quedas em idosos. O treinamento resistido ajuda a melhorar esses aspectos, o que pode reduzir o risco de lesões relacionadas a quedas.
  • Aumento da Tolerância ao Exercício: O treinamento resistido ajuda os pacientes a desenvolver resistência muscular, o que pode se traduzir em maior tolerância ao exercício. Isso significa que atividades físicas cotidianas, como subir escadas ou caminhar, podem ser realizadas com menos esforço e desconforto.
  • Melhoria da Qualidade de Vida: A capacidade de realizar atividades diárias com mais autonomia e menos desconforto leva a uma melhoria significativa na qualidade de vida. Isso pode resultar em maior independência e participação social.
  • Redução da Fadiga: O treinamento resistido pode ajudar a reduzir a fadiga relacionada ao DPOC, tornando as atividades diárias menos exaustivas e mais gerenciáveis.
  • Controle do Peso: O treinamento resistido, ao aumentar a massa muscular, contribui para o aumento do metabolismo e, potencialmente, para o controle do peso corporal. Isso é importante, pois o excesso de peso pode agravar os sintomas da DPOC.
  • Melhoria na Saúde Óssea: A DPOC está associada a uma maior probabilidade de osteoporose e fraturas. O treinamento resistido pode melhorar a densidade óssea, reduzir o risco de problemas ósseos.
  • Maior Independência e Autonomia: A capacidade de realizar atividades físicas com menos dificuldade contribui para a independência e a sensação de controle sobre a própria vida, o que é especialmente valioso para idosos com DPOC.
  • Redução de Comorbidades: O treinamento resistido também pode ajudar a controlar comorbidades, como diabetes e doenças cardiovasculares, que frequentemente acompanham a DPOC.
  • Melhoria da Saúde Mental: O exercício, incluindo o treinamento resistido, tem benefícios comprovados na redução do estresse e na promoção da saúde mental, o que é crucial para pacientes que enfrentam desafios emocionais associados ao DPOC.
  • Redução da Dispneia: A dispneia, ou falta de ar, é um dos sintomas mais debilitantes da DPOC. O treinamento resistido ajuda a reduzir a intensidade da dispneia, pois fortalece os músculos respiratórios e melhora a capacidade do corpo de usar o estresse de forma mais eficaz. Isso permite que os pacientes realizem suas atividades diárias com menos desconforto.
  • Promoção da Independência Funcional: À medida que a força muscular e a resistência aumentam, a capacidade de realizar tarefas diárias, como subir escadas, levantar objetos pesados, caminhar ou se vestir, melhora consideravelmente. Isso leva a uma maior independência funcional e ajuda a manter a autonomia, algo de grande valor para os idosos com DPOC.
  • Melhoria da Qualidade de Vida: A combinação de força muscular aprimorada, capacidade cardiovascular melhorada e redução da dispneia contribui para uma melhoria geral na qualidade de vida. Os pacientes podem participar de mais atividades sociais, desfrutar de hobbies e manter um estilo de vida mais ativo.

Esses benefícios do treinamento resistido são especialmente importantes para idosos com DPOC, pois essa população frequentemente enfrenta limitações de mobilidade e fraqueza muscular. Ao incorporar o treinamento resistido como parte de um programa de gerenciamento do DPOC, os pacientes podem experimentar uma melhoria substancial na sua qualidade de vida e na capacidade de enfrentar os desafios pela doença (NYBERG et. Al., 2018).

Em resumo, o treinamento resistido é uma abordagem eficaz para ajudar idosos com DPOC a fortalecer seus músculos, melhorar sua resistência e qualidade de vida, e gerenciar os sintomas da doença (MALTAIS et. Al., 2018). Ao complementar o tratamento médico adequado, o treinamento resistido pode ser uma ferramenta valiosa na gestão do DPOC e na promoção da saúde geral de idosos afetados por essa condição crônica.

4.3 ADAPTAÇÕES POSSÍVEIS NO TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS COM DPOC

É fundamental considerar que idosos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) podem apresentar diferentes necessidades e limitações em comparação com indivíduos saudáveis. Portanto, ao implementar o treinamento resistido para essa população, é necessário considerar uma série de adaptações específicas para garantir a segurança e a eficácia do exercício (MALTAIS et. Al., 2018). Antes de iniciar qualquer programa de treinamento resistido, os idosos com DPOC devem passar por uma avaliação médica completa para avaliar seu estado de saúde e determinar quais adaptações são de fácil execução.

Isso é crucial para identificar eventuais contraindicações ou restrições ao exercício (MALTAIS et. Al., 2018). O treinamento resistido deve ser supervisionado por um profissional de saúde ou um fisioterapeuta especializado em reabilitação pulmonar. Esses profissionais podem desenvolver um programa de exercícios personalizado e garantir que os exercícios sejam realizados de forma segura (O’SHEA et. Al., 2018). Durante o treinamento resistido, é importante monitorar perto dos sintomas, como a dispneia e a fadiga. Os pacientes devem ser incentivados a comunicar qualquer desconforto ou piora dos sintomas para que as adaptações possam ser feitas em tempo hábil.

A intensidade do treinamento resistido deve ser adaptada às capacidades individuais do paciente. Isso pode envolver a redução da carga, o aumento dos intervalos de descanso e a restrição da frequência e duração do exercício, especialmente durante os estágios iniciais do programa. Incorporar exercícios de fortalecimento dos músculos respiratórios, como a respiração diafragmática, pode ajudar os pacientes com DPOC a melhorar sua capacidade pulmonar e a lidar com a dispneia (O’SHEA et. Al., 2018).

Incluir um aquecimento adequado antes do treinamento resistido é fundamental para evitar lesões musculares e articulares. Um aquecimento suave pode ajudar a preparar o corpo para o exercício e melhorar a circulação sanguínea, incorporar exercícios de flexibilidade e alongamento pode melhorar a amplitude de movimento das articulações, o que é importante para manter a mobilidade e a funcionalidade (MALTAIS et. Al., 2018). Garantir que os pacientes tenham perdas adequadas para recuperação entre as séries de operações é essencial. Isso ajuda a prevenir a exaustão e permite que os músculos se recuperem. Incentivar a hidratação adequada é importante, especialmente porque os pacientes com DPOC podem ficar desidratados mais facilmente devido à dispneia e à perda de líquidos (MALTAIS et. Al., 2018).

Em casos de DPOC avançado, pode ser necessário o uso de oxigênio suplementar durante o treinamento. Isso deve ser discutido e prescrito pelo profissional de saúde. É fundamental adaptar o treinamento resistido para atender às necessidades e especificações específicas de cada paciente com DPOC (GARROD et. Al., 2018). Cada indivíduo pode apresentar um nível diferente de condicionamento físico e gravidade da doença, portanto, a abordagem deve ser altamente individualizada para garantir os melhores resultados e a segurança durante o exercício.

4.4 METODOLOGIA DO TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS COM DPOC

Aqui estão alguns estudos que exploram os efeitos do treinamento resistido em idosos com DPOC.

  • Estudo de Maltais et al. (2008): Este estudo examinou os efeitos de um programa de treinamento resistido de 12 semanas em pacientes com DPOC moderadamente a grave. Os resultados obtidos foram aprimorados na força muscular, na capacidade de exercício e na qualidade de vida, reduzindo os benefícios do treinamento resistido.
  • Revisão de Watsford et al. (2010): Esta revisão abordou a eficácia do treinamento resistido em pacientes com DPOC. Os autores concluíram que o treinamento resistido pode ser uma intervenção eficaz para melhorar a força muscular e a capacidade funcional em pacientes com DPOC.
  • Estudo de O’Shea et al. (2018): Este estudo investigou os efeitos de um programa de treinamento resistido supervisionado em pacientes com DPOC. Os resultados mostraram melhorias significativas na força muscular, na resistência e na qualidade de vida, mostrando que o treinamento resistido pode ser uma abordagem eficaz no manejo do DPOC.
  • Revisão de Geddes et al. (2016): Esta revisão sistêmica avaliou os efeitos do treinamento resistido em pacientes com DPOC. Os autores encontraram evidências consistentes de que o treinamento resistido pode melhorar a força muscular, a resistência e a qualidade de vida em pacientes com DPOC.
  • Estudo de Nyberg et al. (2015): Este estudo investigou os efeitos do treinamento resistido em idosos com DPOC grave. Os resultados mostraram melhorias significativas na força muscular, na função cardiovascular e na dispneia, proporcionando os benefícios do treinamento resistido mesmo em pacientes com DPOC avançado.

Esses estudos e revisões fornecem evidências consistentes de que o treinamento resistido pode ser uma abordagem eficaz para melhorar a força muscular, a resistência, a capacidade de exercício e a qualidade de vida em idosos com DPOC. No entanto, é importante destacar que a supervisão profissional e a personalização do programa são cruciais para garantir a segurança e a eficácia do treinamento resistido em pacientes com DPOC (SOCIEDADE TORÁCICA AMERICANA, 2023).

Diante do exposto, a pesquisa destaca a importância de seguir uma metodologia bem estruturada ao desenvolver um programa de treinamento resistido para idosos com DPOC. As diretrizes recomendam uma frequência inicial de duas a três vezes por semana, com possibilidade de aumentar para até quatro vezes por semana conforme a resistência do paciente melhora. A intensidade do treinamento deve ser ajustada de acordo com a capacidade do paciente, utilizando pesos ou resistência adequada. A duração das sessões deve variar entre 30 minutos e 1 hora, incluindo aquecimento e resfriamento.

É fundamental incluir exercícios que trabalhem diferentes grupos musculares, como pernas, braços, costas, peitorais e núcleo. A progressão gradual é importante para obter resultados contínuos. O aquecimento e resfriamento adequados são essenciais para preparar e recuperar o corpo. O programa de treinamento resistido deve ser acompanhado por um profissional de saúde para garantir a segurança e fazer ajustes conforme necessário. Seguir essas diretrizes específicas é crucial para garantir a eficácia e segurança do programa de treinamento resistido para pacientes com DPOC.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, a investigação sobre os resultados do treinamento resistido em idosos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) revelou-se uma jornada esclarecedora e promissória. Ao abordar a lacuna de conhecimento na implementação dessa modalidade de exercício em uma população frequentemente negligenciada, este estudo proporcionou insights cruciais. A DPOC, uma condição progressiva e desafiadora, apresenta uma complexidade que transcende a esfera pulmonar, afetando significativamente a qualidade de vida e a funcionalidade dos idosos.

Os objetivos delineados neste projeto buscaram vender os benefícios potenciais do treinamento resistido, adaptar suas práticas às necessidades específicas dos idosos com DPOC e oferecer diretrizes práticas para profissionais de saúde, cuidadores e os próprios pacientes. Os resultados, respaldados por evidências científicas e estudos relevantes, destacam a eficácia do treinamento resistido na melhoria da força muscular, na capacidade cardiovascular e na redução da dispneia, contribuindo para a promoção da independência funcional.

Diante da importância clínica dessas descobertas, esta pesquisa fornece uma base sólida para a integração do treinamento resistido como uma estratégia terapêutica complementar no manejo da DPOC em idosos. A capacidade de adaptar o programa de treinamento às necessidades individuais, monitorar de perto os sintomas e promover uma abordagem segura e personalizada emergem como elementos fundamentais para otimizar os benefícios dessa intervenção.

Na última análise, este estudo não apenas preenche uma lacuna no conhecimento científico, mas também oferece uma luz orientada para profissionais de saúde, cuidadores e idosos com DPOC que buscam melhorar a qualidade de vida e enfrentar os desafios impostos por essa condição pulmonar crônica. A incorporação do treinamento resistido não apenas como um exercício físico, mas como uma ferramenta terapêutica integral, sinalizando um avanço significativo no cuidado holístico e personalizado a essa população vulnerável.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do curso de Educação Física – Bacharelado na Universidade Nilton Lins – UNL. 

2 Discente do curso de Educação Física – Bacharelado na Universidade Nilton Lins – UNL.

3 Docente do curso de Educação Física – Bacharelado na Universidade Nilton Lins UNL. E-mail: Thiago.correa@uniniltonlins.edu.br

4 Colaboradora Profa. Dra. do curso de Educação Física – Bacharelado na Universidade Federal do Amazonas – UFAM