PELVIC FLOOR MUSCLE TRAINING (PFMT) AS A MEANS TO STRENGTHEN THE PELVIC FLOOR IN WOMEN DIAGNOSED WITH STRESS URINARY INCONTINENCE: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411231413
Adrielle Paiva Brandão
Mirian Pereira dos Santos
Maria Eduarda Pacheco Sobral
Orientador (a): Dra. Thaiana Bezerra Duarte
Resumo
Introdução: A incontinência urinária de esforço (IUE) é uma disfunção do assoalho pélvico (DAP) em que ocorre uma perda involuntária de urina resultante do aumento da pressão intra-abdominal, causada por qualquer atividade que exija esforço. Essa condição afeta principalmente o sexo feminino devido às questões anatômicas, como processo fisiológico e senescência, causando impacto significativo no aspecto da qualidade de vida (QV) dessas mulheres devido ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico (MAP). Objetivo: Realizar uma revisão de literatura para entender como o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP) pode influenciar no fortalecimento do MAP de mulheres com IUE. Materiais e método: Revisão de literatura. A pesquisa foi realizada nas bases de dados: PubMed, Scielo, Lilacs e foram selecionados artigos publicados nos últimos 10 anos em inglês e português. Resultados: Foram incluídos 6 estudos que demonstraram acerca dos benefícios do TMAP na IUE em mulheres, onde foi possível obter informações das condições do assoalho pélvico quanto ao fortalecimento, resistência e melhoria da QV dessas mulheres incontinentes. Conclusão: O TMAP é altamente eficaz no fortalecimento e na melhora da resistência dos MAPs, e influencia diretamente na melhora QV das mulheres incontinentes.
Palavras-chave: Incontinência urinária de esforço.Qualidade de vida.Mulher incontinente.Assoalho pélvico.Fortalecimento.
Abstract
Background: Stress urinary incontinence (SUI) is a pelvic floor dysfunction (PFD) characterized by the involuntary loss of urine due to increased intra-abdominal pressure from any activity involving exertion. This condition primarily affects women, owing to anatomical, physiological, and age-related factors, significantly impacting their quality of life (QoL) through the weakening of pelvic floor muscles (PFM). Pourpose: To conduct a literature review to understand how pelvic floor muscle training (PFMT) influences PFM strengthening in women with SUI. Methods: This literature review involved searches in the PubMed, Scielo, and Lilacs databases, including articles published in the last 10 years in English and Portuguese.Results: Six studies were included, highlighting the benefits of PFMT for women with SUI. The review provided insights into the condition of the pelvic floor, focusing on improvements in muscle strength, endurance, and QoL for these women. Conclusion: PFMT is highly effective in enhancing PFM strength and endurance and directly contributes to improved QoL in women with incontinence.
Keywords: Stress urinary incontinence.Quality of life.Incontinent women.Pelvic floor. Strengthening.
1 INTRODUÇÃO
A incontinência urinaria (IU) é descrita como a perda de urina de forma involuntária. Sua causa é multifatorial que incluem em sua maioria aspectos relacionados às alterações anatômicas e fatores hormonais que ocorrem no sexo feminino, tornando uma condição mais comum em mulheres e que afeta diretamente a qualidade de vida (QV). É classificada de acordo com seus sintomas, basicamente em: Incontinência urinaria de esforço (IUE), incontinência urinaria de urgência (IUU), incontinência urinaria mista (IUM) (Aoki et al., 2017).
Dos subtipos de IU classificados, o mais comum é a IUE, que tem como características a perda de urina mediante esforços que gerem pressão abdominal, tendo como principais fatores: a idade, multiparidade, sobrepeso, status menopausal, histerectomia, além das alterações hormonais e no assoalho pélvico feminino contribuindo para que a IUE seja um dos sintomas mais comuns do trato urinário inferior em mulheres (Shin et al., 2015).
Grande parte das mulheres incontinentes se apresentam mais deprimidas e acabam se isolando socialmente, pois a junção de sintomas dessa disfunção corrobora para a diminuição na qualidade de vida no aspecto social, sexual, psicológico, atividades da vida diária e financeiro; por isso a importância da busca pelo tratamento pós diagnóstico (Saboia et al., 2017).
A fisioterapia é indicada no tratamento conservador, que possui entre seus métodos e técnicas o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP), considerado padrão ouro, promovendo força, potência e resistência aos músculos do assoalho pélvico (MAP), mostrando o quanto possui influência positiva no fortalecimento do assoalho pélvico e na qualidade de vida (Bottini et al., 2024).
O TMAP é a principal abordagem conservadora no tratamento das IU, dentre elas, IUE é a forma mais comum encontrada, sendo um problema de saúde pública que acarreta malefícios à essas mulheres acometidas pela IUE. Por isso, a importância dessa revisão para reafirmar e elucidar o TMAP como métodos que produz resultados favoráveis e eficazes, trazendo melhor qualidade de vida e fortalecendo a musculatura do assoalho pélvico (Ptak et al., 2017).
Sendo assim, este estudo, através de revisão de literatura tem como objetivo mostrar a eficácia do TMAP sobre a perspectiva do fortalecimento no assoalho pélvico de mulheres diagnosticadas com IUE.
2 MATERIAIS E MÉTODO
Essa pesquisa trata-se de uma revisão de literatura, cuja função foi observar, extrair e analisar dados. Quanto aos meios, foram realizados através de referências bibliográficas, publicados nos idiomas espanhol, inglês e português que foram consultados por meio das bases de dados PubMed, SciELO e LILACS, que buscou temas relacionados ao treinamento muscular do Assoalho Pélvico (TMAP) e sua influência na incontinência urinária de esforço em mulheres. Os descritores utilizados foram os seguintes: incontinência urinaria de esforço, treinamento muscular do assoalho pélvico, fortalecimento muscular, que foram pesquisadas nos idiomas espanhol, inglês e português. O período da pesquisa nas bases de dados foi julho de 2024.
Tiveram como critério de inclusão artigos publicados dos últimos 10 anos, do tipo ensaio clinico randomizado, estudo de caso, nos idiomas espanhol, inglês e português, que incluíram mulheres com incontinência urinaria de esforço e que foram submetidas a técnica do treinamento muscular do assoalho pélvico.
Os critérios de exclusão foram artigos que não estavam disponíveis na íntegra, e estudos duplicados.
Os resultados dessa revisão foram expressados por meio de texto e fluxograma.
3 RESULTADOS
Foram encontrados no total 186 artigos nas bases de dados. Leu-se 186 títulos e resumos, e desses foram excluídos 78 artigos por não estarem incluídos nos últimos 10 anos, e 64 foram excluídos por se tratarem de estudo de revisão, 34 foram excluídos por não abordarem o tema e 4 foram excluídos por não estarem disponíveis na integra. Foram lidos 10 artigos na íntegra, dos quais 6 foram incluídos na revisão, conforme figura 1.
Figura 1. Fluxograma da pesquisa
Os resumos dos artigos selecionados para revisão encontram-se no quadro 1.
Quadro 1. Síntese dos estudos incluídos nessa revisão.
A descrição dos estudos da revisão que incluiu 671 mulheres, com média de idade de 48,69 anos e suas intervenções fisioterapêuticas no tratamento da incontinência urinária de esforço (IUE), se encontram no quadro 2.
Quadro 2. Descrição do número de mulheres incluídas no estudo, média de idade e intervenção fisioterapêutica.
Dos estudos que usaram apenas o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP), um deles (Wang et al. 2020) a intervenção foi realizada através de orientação por aplicativo. Dois dos estudos (Dumoulin et al, 2020; Belushi et al, 2020), avaliaram, além da força, a qualidade de vida (QV). Todos incluíram exercícios de contração dos músculos do assoalho pélvico (MAP) e relaxamento. Os três estudos tiveram como resultado a melhora na incontinência urinária de esforço (IUE) e na força dos MAP. Dois estudos avaliaram que o TMAP teve resultado positivo na QV.
Os três estudos que utilizaram o TMAP associado a outras técnicas, dois (Berttoto et al, 2017; Bottini et al, 2024), consistiram entre 8 e 26 sessões duas vezes por semana em atendimento individual. Ambos estudos apresentaram resultados significativos no controle da incontinência urinária (IU), fortalecimento e QV. Já o estudo de Furst et al. (2014) consistiu em uma proposta de 3 meses que incluiu 48 mulheres divididas, onde 24 foram submetidas à estimulação elétrica vaginal (EEV) e 24 ao EEV+ TMAP, mostrou que a adição do TMAP à EEV no tratamento da IUE não obteve resultados significativos a longo prazo, apresentando resultados semelhantes.
4 DISCUSSÃO
. No presente estudo, a partir da revisão dos estudos selecionados, observou-se que o protocolo fisioterapêutico proposto, usando a técnica do treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP), obteve resultado positivo no fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico (MAP) das mulheres diagnosticadas com incontinência urinária de esforço (IUE), e foi possível observar o impacto positivo direto na qualidade de vida (QV) dessas mulheres. No estudo de Dumoulin et al. (2020), eles avaliaram a eficácia do TMAP individual comparando ao TMAP em grupo em mulheres idosas com incontinência urinária de esforço IUE , usando exercícios que tiveram como alvo a força, potência e resistência dos músculos do assoalho pélvico MAP, e tiveram como resultado a não superioridade do TMAP em grupo em relação ao individual, enquanto que no estudo de Wang et al. (2020), foi utilizado o TMAP através de orientação de áudio, aplicado em primíparas, com exercícios que também focaram na força dos MAP, tendo resultado mais eficaz e melhor na IUE do que o TMAP convencional em casa. Já no estudo de Belushi et al. (2020), o estudo visou determinar a eficácia do TMAP em casa na redução da gravidade dos sintomas e na qualidade de vida QV em mulheres com IUE, que assim como os dois estudos citados, avaliou a força, tendo melhora nos sintomas e na QV dessas mulheres através do TMAP.
O estudo de Dumoulin et al. (2020) está de acordo com o resultado de um ensaio controlado randomizado de Camargo et al. (2009) que objetivou comparar o TMAP em grupo e individual utilizando um esquema de avaliação PERFECT. Mulheres de 30 a 75 anos com IUE foram selecionadas e, ao final, ambos os grupos experimentaram reduções significativas no vazamento urinário, como melhorias tanto na força muscular quanto na QV. No entanto, atestaram que não houve diferença significativa entre os grupos. Ao passo que, o estudo de Wang et al. (2020), apresentou seu resultado análogo a de um estudo semelhante de Asklund et al. (2017) que avaliou o efeito do TMAP na IUE em mulheres, através de aplicativo móvel. Ao final, o aplicativo móvel se mostrou clinicamente relevantes na IUE, podendo aumentar o acesso ao tratamento de primeira linha e a adesão eficaz.
No estudo de Bertotto et al. (2017), foi comparado o TMAP com e sem biofeedback eletromiográfico (BFEMG) para avaliar o impacto do BFEMG na força muscular e na pré-contração do assoalho pélvico. O grupo com BFEMG utilizou uma tela para monitorar os exercícios. Concluiu-se que em ambos o grupo houve melhora na força dos MAP e melhorou a qualidade de vida, no entanto, o grupo TMAP combinado com BFEMG apresentou resultados significativamente superior na melhoria da força muscular, pré-contração ao tossir e na contração voluntária máxima, em comparação ao TMAP isolado. O resultado se assemelha ao estudo de Fitz et al. (2012) que realizou um estudo piloto prospectivo, randomizado e controlado que objetivou verificar o efeito da adição do BFEMG ao TMAP para o tratamento da IUE, e no resultado concluiu que a adição do BFEMG ao TMAP para IUE é capaz de contribuir para a melhora da função dos MAP, na redução dos sintomas urinários e para a melhora da qualidade de vida.
Já no estudo de Furst et al. (2014), a comparação foi entre a estimulação elétrica vaginal (EEV) e o TMAP no tratamento da incontinência urinária de esforço IUE. O estudo concluiu que a adição do TMAP à EEV não trouxe resultados significativos a longo prazo, sendo que a EEV isolada teve eficácia semelhante.
O estudo de Furst et al. (2014) está de acordo com o resultado do estudo de Padilha et al. (2022) o estudo experimental transversal comparou os efeitos imediatos de sessões de TMAP e de EEV no tratamento da incontinência urinaria (IU) em 20 mulheres, randomizadas em dois grupos. A função dos MAP foi avaliada por palpação vaginal e manometria antes e após a intervenção. No grupo TMAP, foram realizadas contrações sustentadas e rápidas em diferentes posições. No grupo EEV, a estimulação elétrica teve parâmetros ajustados à sensibilidade das participantes. Conclui-se que TMAP e EEV têm efeitos semelhantes na IU.
O estudo de Bottini et al. (2024) destacou que o TMAP é mais eficaz que a Ginástica Abdominal Hipopressiva (GAH) no tratamento da IUE, pois o TMAP enfatiza a contração direta dos músculos do assoalho pélvico (MAP), proporcionando uma ativação mais direcionada e eficiente para a redução da incontinência. Já a GAH, embora ative o MAP indiretamente por meio de exercícios abdominais e respiratórios, demonstrou ser menos eficaz devido à menor intensidade dessa ativação em comparação ao TMAP.
O estudo de Bottini et al. (2024) está de acordo com o estudo de Moraes et al. (2021) o ensaio clínico randomizado comparou o impacto da GAH versus TMAP sobre a função sexual de mulheres no período de climatério. As mulheres envolvidas no estudo foram divididas aleatoriamente em dois grupos, ambos os grupos foram submetidos ao protocolo de exercícios por 26 sessões 2 vezes por semana. Concluiu-se que o TMAP proporciona maior benefício do que a GAH sobre a função sexual feminina.
Os estudos demonstram que a prática de exercícios do TMAP, realizadas com exercícios de contração e relaxamento, sendo contrações lentas e sustentadas a partir de 3 a 10 segundos, aumentando a sustentação gradualmente de acordo com a evolução, contribui para o aumento da força muscular, da resistência e da coordenação dos MAP, prevenindo e tratando disfunções como a IUE. Além disso, a melhoria da força e resistência muscular facilita a capacidade de sustentar contrações por mais tempo. Os estudos de Bertotto et al. (2017), Furst et al. (2014) e Bottini et al. (2024) revelam uma média de intervenção de 12 sessões fisioterapêuticas necessárias.
Os resultados desta revisão afirmam a eficácia do TMAP e sua superioridade, e está de acordo com um estudo retrospectivo de Pierantozzi et al. (2018) descritivo e analítico, realizado no período de 2014 a 2015 em um centro urológico na Argentina e publicado em 2018, que teve como objetivo avaliar a qualidade de vida QV de mulheres com diversos tipos de incontinência urinária IU após a utilização de um programa de TMAP. O estudo revelou a eficácia da terapia no tratamento dos diversas tipos de IU, o que proporcionou impacto favorável na QV, além do que mostrou também uma melhora no controle da bexiga e uma melhora na força dos MAP dessas mulheres acometidas com essa condição.
Deste modo, esta revisão de literatura confirma a eficácia do TMAP como uma intervenção terapêutica fundamental no tratamento da IUE em mulheres, evidenciando que a prática regular do TMAP fortalece a musculatura do assoalho pélvico e melhora a qualidade de vida das pacientes.
Os estudos analisados Bertotto et al. (2017), Bottini et al. (2024), Belushi et al. (2020) e Wang et al. (2020) evidenciam a eficácia do TMAP no tratamento da incontinência urinária de esforço em diversas populações, destacando sua flexibilidade na aplicação, seja em formato individual ou em grupo. A inclusão de tecnologias, como biofeedback e aplicativos de orientação, mostra-se promissora para aumentar a adesão e a eficácia dos tratamentos. Apesar de algumas combinações com outras intervenções não terem apresentado resultados superiores, como no estudo de Furst et al. (2014), onde os resultados dos testes foram similares, o TMAP se mantém como uma abordagem superior. Futuras pesquisas devem explorar combinações do TMAP com outras modalidades terapêuticas e investigar sua eficácia em populações mais diversas, visto que o estudo de Bottini et al. (2017) teve como resultado que o TMAP associado ao BFEMG foi superior do que somente o TMAP, portanto, mais pesquisas que abordam a temática são necessárias pois a continuidade da pesquisa neste campo é fundamental para aprimorar as práticas clínicas, ajudando as mulheres a enfrentar a IU de forma mais eficaz e a levar uma vida mais digna e confortável.
5 CONCLUSÃO
Esta revisão demonstrou que o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP) é superior a outras técnicas quando se trata de incontinência urinaria de esforço (IUE), contudo, quando associado a outro recurso como o biofeedback eletromiográfico (BF EMG), tem seu efeito potencializado. Revelou ainda, que o TMAP é altamente eficaz no fortalecimento e na melhora da resistência dos músculos do assoalho pélvico (MAP), que desempenham papel crucial no suporte dos órgãos pélvicos, no controle da incontinência urinária (IU), além da função sexual.
O estudo buscou investigar a relevância do TMAP no assoalho pélvico e, a partir disso revelou que o TMAP é uma intervenção fisioterapêutica não invasiva eficaz no tratamento da IUE em mulheres, tendo dentre os resultados o aumento da força dos MAPs e assim, causando um impacto positivo direto na qualidade de vida dessas mulheres com essa condição.
REFERÊNCIAS
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1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2Coorientadora, Bacharel em Fisioterapia-UNINORTE
3Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara.