REIKI AS A CARE STRATEGY AT UNIVERSITY: PARTICIPANTS’ PERCEPTIONS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412191526
Juliana Ribeiro da Silva [1]
Gabriel Vieira de Aguiar [1]
Déborah Rodrigues da Silva [1]
Nunila Ferreira de Oliveira[2]
Calíope Pilger[2]
Resumo: O Reiki é uma terapia complementar baseada na imposição de mãos, que visa estabelecer o equilíbrio físico, mental e espiritual dos indivíduos. Este estudo teve como objetivo analisar a percepção dos participantes sobre as repercussões desta prática no seu corpo físico, mental e emocional após receber o Reiki no ambiente acadêmico. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa, que contou com 14 participantes que realizaram cinco sessões de Reiki. Os resultados indicaram uma redução nos níveis de estresse e ansiedade, além de melhorias nas dores físicas, sensação de relaxamento e bem-estar emocional. O estudo destaca o potencial do Reiki como uma prática integrativa e complementar eficaz no contexto acadêmico, proporcionando benefícios significativos para o bem-estar dos envolvidos.
Palavras chave: Reiki. Terapias Complementares. Qualidade de vida. Promoção da Saúde. Estudantes
Abstract: Reiki is a complementary therapy based on the laying on of hands, which aims to establish physical, mental and spiritual balance in individuals. This study aimed to analyze the participants’ perception of the repercussions of this practice on their physical, mental and emotional bodies after receiving Reiki in an academic environment. This is a descriptive and exploratory study, with a quantitative approach, which included 14 participants who underwent five Reiki sessions. The results indicated a reduction in stress and anxiety levels, as well as improvements in physical pain, feelings of relaxation and emotional well-being. The study highlights the potential of Reiki as an effective integrative and complementary practice in the academic context, providing significant benefits to the well-being of those involved.
Keywords: Reiki. Complementary Therapies. Quality of Life. Health Promotion. Students.
INTRODUÇÃO
Práticas Integrativas e Complementares em saúde (PICS) são recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais e milenares utilizados na prevenção de doenças, na promoção e na recuperação da saúde, e em diversos casos como por exemplo a depressão, Hipertensão Arterial Sistêmica, também em tratamentos paliativos e doenças crônicas (Brasil, 2022). Estudos científicos mostram que as PICS proporcionam benefícios juntamente com o tratamento convencional, e é importante destacar que o número de profissionais capacitados e habilitados nesta área está crescendo a cada dia, o que resulta na valorização desses conhecimentos (Brasil, 2022).
As PICS foram instituídas no Sistema Único de Saúde – SUS através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) que foi aprovada através da Portaria GM/MS nº 971 em 3 de maio de 2006 na qual esta política é considerada um progresso na saúde pública do Brasil por contribuir com novas formas de cuidado, renovando a estrutura de saúde vigente no país, que é o modelo de assistência médica curativa e hospitalocêntrica. Esta mudança proporciona às pessoas uma assistência humanizada e centrada na integralidade do indivíduo através da promoção, manutenção e recuperação da saúde e prevenção de doenças, além de contribuir para a construção e o fortalecimento do SUS, garantindo que os pacientes possam usufruir de serviços que antes eram de caráter privado (Dacal; Silva 2018).
A PNPIC incluiu primeiramente algumas práticas como a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, Medicina Antroposófica, Termalismo (Crenoterapia). Devido à alta demanda dos municípios brasileiros, em 2017 e em 2018 o Ministério da Saúde (MS) ampliou a PNPIC publicando duas portarias: GM nº 849/2017 e GM nº 702/2018 que inclui 24 práticas sendo elas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, yoga, aromaterapia, apiterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais totalizando em 29 práticas integrativas e complementares em saúde (Dacal; Silva 2018).
Visando a expansão das PICS no meio acadêmico e na comunidade externa na cidade de Catalão-GO, foi criada a Liga de Práticas Integrativas e Complementares – LAPIC do Departamento de Enfermagem, do Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal de Catalão – UFCAT, que é um projeto de extensão criado por professores e estudantes no ano de 2014, e que tem como objetivo divulgar as PICS, por meio de encontros quinzenais, vivências e oferta das PICS nos serviços de saúde, escolas, eventos sociais, que promovem a promoção da saúde, prevenção de doenças e autocuidado para os participantes. Além disso, junto com a LAPIC há outros projetos como PICS no SUS e na Universidade e o Reiki na Universidade, que ofertam estas práticas para a comunidade, como a auriculoterapia e o Reiki.
O Reiki é uma terapia de origem oriental japonesa que significa: rei (um espírito universal) e ki (energia vital universal), que se caracteriza na canalização e transferência de energias através da imposição de mãos com o objetivo de reestabelecer e harmonizar a saúde e equilíbrio energético (Souza, 2021). Esta técnica funciona de maneira inter relacional entre os chakras (do sânscrito “roda”) e as glândulas endócrinas e dessa forma envolve o físico, o mental e o energético no processo de melhoria e bem-estar ao indivíduo, sendo que, os chakras que são centros de energia do ser humano recebem energia vital e repassam ao corpo, pois, cada chakra está ligado a um órgão ou região anatômica, influenciando na função dos mesmos (Freitag, 2018).
Sendo assim, o Reiki é uma técnica relaxante e que não possui efeitos colaterais, proporciona alívio da dor, bem-estar, melhora na qualidade do sono, sendo a sua utilização uma possibilidade um cuidado de forma simples, segura e não invasiva por ser considerada uma terapia de baixo risco, sendo vista como uma estratégia de cuidado de enfermagem não farmacológica. O Reiki possui inúmeros benefícios no cuidado ao sofrimento mental, reduzindo níveis de ansiedade e depressão, principalmente relacionado ao trabalho, proporcionando relaxamento e melhorando o humor dos estudantes universitários, também foi bem evidenciado em casos de tratamentos de doenças crônicas associado à música, em casos de HIV e pacientes que realizam quimioterapia (Santos, et al; 2021).
Neste sentido justifica-se a construção do presente estudo, que tem como objetivo analisar a percepção dos participantes sobre as repercussões desta prática no seu corpo físico, mental e emocional após receber o Reiki no ambiente acadêmico.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa. Os participantes do estudo foram acadêmicos, funcionários, professores e membros da comunidade da UFCAT, que participaram do projeto de extensão intitulado “Reiki na Universidade”. Os critérios de inclusão do estudo foram as pessoas que se enquadraram na faixa etária acima de 18 anos; com compatibilidade aos dias e horários de atendimento e não terem realizado a técnica Reiki no último mês. Como critério de exclusão, foram as pessoas que não completaram o ciclo de cinco atendimentos de Reiki durante o período da coleta de dados.
Para a coleta dos dados da pesquisa utilizou-se as fichas de atendimentos do projeto supracitado, nas quais continha as percepções, os dados sociodemográficos e de saúde dos participantes do estudo, como idade, sexo; etnia; estado civil; nível de escolaridade; religião/doutrina; presença de doenças; realização de tratamento médico; autopercepção sobre estresse. Ainda possuía dados relacionados a técnica Reiki e ao atendimento ofertado no projeto como: realização prévia de tratamento com as PICS, motivo da procura desta prática; e expectativa com relação às sessões de Reiki. Após cada sessão também foi questionado para cada participante, de forma individual e em ambiente restrito sobre a(s) percepção(ões) durante o atendimento e sobre como foi receber o Reiki na universidade e registrados na mesma ficha de atendimento.
Os atendimentos ocorreram entre abril e novembro de 2018, e para cada participante da pesquisa foi ofertado a possibilidade de passar por cinco sessões de Reiki, uma vez por semana, previamente agendadas em horário comercial em turnos matutino ou vespertino de acordo com a disponibilidade do participante e do terapeuta. Cada atendimento durou em média 30 minutos e as sessões foram ofertadas por estudantes, professores, sendo estes membros da LAPIC ou voluntários da comunidade externa que possuíam formação em Reiki. Em suma, todas estas pessoas foram previamente orientadas quanto aos procedimentos do projeto de pesquisa, aspectos éticos e o preenchimento do formulário de coleta de dados (fichas de atendimento) e os passos para a realização da técnica.
Ao final do projeto foram acompanhadas 59 pessoas no projeto Reiki na Universidade, com os atendimentos registrados e, considerando o total de 59 fichas, obteve-se 14 concluídas, 34 não concluídas e 11 em atendimento. Devido a necessidade de todos os dados completos utilizou-se como amostra para este estudo as 14 fichas concluídas com cinco atendimentos.
Os dados foram organizados em planilhas do programa Excel for Windows e posteriormente foram realizadas análises estatísticas descritivas (frequência relativa e absoluta). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Catalão, com parecer (n°2.458.476/2017), como também todos os participantes receberam orientações sobre a pesquisa, consentiram em participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
RESULTADOS
Na caracterização dos participantes da presente pesquisa, conforme a tabela 01, pode-se perceber maior prevalência do sexo feminino sendo 12 (86%.. Em relação à etnia, a maioria, 9 (64%) se autodeclarou branca e parda 5 (36%). No que se refere ao estado civil 14 (100%) eram solteiros. O nível de escolaridade foi unanimemente maior que oito anos de estudo (100%). No que se refere à religião/doutrina, notou-se que 6 (42,85%) eram católicos, 3 (21,42%) eram espíritas, 3 (21,42%) relataram ser de designações diferentes das que foram questionadas e 2 (14,28%) eram evangélicos.
Quando questionados sobre “possuir doenças”, 9 (64%) relataram não possuir e 5 (36%) relataram possuir, e apenas 4 (28,57%) relataram que fazem tratamento médico, 1 (7,14%) relatou que não faz nenhum tratamento e 6 (43%) dos participantes relataram que sentem dor e 8 (57%) relataram que não. Com relação a prática de exercícios físicos, 5 (35,71%) disseram que realizam e 9 (64,28%) não. Ao serem perguntados se bebem bastante água, 9 (64,28%) disseram que sim, 5 (35,71%) disseram que não; quanto à alimentação, 12 (85,72%) consideram que comem pouco, 1 (7,14%) consideram que comem razoável, 1 (7,14%) consideram que comem muito. Em relação a se considerarem pessoas estressadas com uma vida agitada, 13 (92,85%) relataram que sim e 1 (7,14%) consideram que não (Tabela 01).
Na tabela 2 estão descritas as percepções do tratamento com as PICS. Com relação ao tratamento com outras práticas, 1 (7,14%) já praticou massagens e 1 (7,14%) já praticou yoga, e sobre o motivo da procura da prática do Reiki, 1 (7,14%) relatou que busca melhorar a ansiedade e 2 (14,28%) buscam melhorar o nervosismo/estresse. Ainda 5 (35,71%) responderam que esperam alívio da ansiedade após a sessão de reiki, 4 (28,57%) espera alívio do estresse e nervosismo, e 2 (14,28%) esperam relaxamento e tranquilidade.
Na tabela 03, estão descritas as médias das percepções relacionadas à dimensão emocional / mental e dimensão física nas cinco sessões de Reiki. Pode-se perceber que na primeira sessão da dimensão física o que apresentou maior porcentagem foi a percepção de relaxamento com 7 (50%), 4 (28,47%) na segunda sessão, 6 (43%) na terceira sessão, 4 (28,47%) na quarta sessão e 5 (36%) na quinta sessão, seguido pela percepção de tranquilidade com 5 (36%) na primeira sessão, 3 (21,14%) na segunda sessão, 2 (14,28%) na terceira e 3 (21,14%) na quarta e na quinta sessão. Outra percepção física descrita pelos participantes foi alívio da tensão/estresse com 3 (21,14%) na terceira e na quarta sessão, alívio da dor com 3 (21,14%) na quarta sessão, e calor/vibração sendo 3 (21,14%) na primeira à terceira sessão.
Observa-se que em relação à dimensão emocional, a categoria descrita como percepções subjetivas apresentou 3 (21,14%) na primeira sessão, terceira e quarta sessão, e na última 43,00%. Ainda 9 (64,28%) perceberam que a técnica proporcionou tranquilidade, calma e paz na segunda sessão e 7 (50%) na quinta sessão. Já 2 (14,28%) descreveram que houve melhora da ansiedade na quarta sessão, e que proporcionou melhora do bem-estar mental 3 (21,14%) na quarta sessão. Observa-se que 6 (43%) na primeira sessão, 4 (28,47%) na segunda sessão, 5 (36%) na terceira sessão, 7 (50%) na quarta sessão e 4 (28,47%) na quinta proporcionaram relaxamento/alívio de dor psicológica (Tabela 03).
DISCUSSÃO
Esta pesquisa analisou a percepção dos participantes sobre as repercussões do reiki ofertado em ambiente acadêmico, no seu corpo físico, mental e emocional. Houve uma predominância de participantes que se autodeclararam mulheres (86%), de etnia branca (64%), solteiras (100%), com nível de escolaridade maior que oito anos de estudo (100%), e católicas (42,85%).
Considerando a caracterização das participantes, alguns estudos demonstram que as mulheres procuram mais os serviços de promoção e prevenção em saúde do que os homens, procurando realizar exames periódicos ginecológicos, as tornando mais frequentes em serviços de saúde, com a justificativa de que elas adotam estilos de vida mais saudáveis e alternativos (Gonçalves, Faria, 2016).
Segundo Gonçalves e Faria (2016), a procura e a utilização de serviços de saúde é menor entre os homens e isso se dá por uma perspectiva sociocultural, em que acreditam que não precisam realizar exames preventivos, pois consideram que “não adoecem”. Ainda de acordo com Nierotka e Trevisol (2016) em sua pesquisa demonstra que a maioria dos estudantes ingressantes em Instituições de Ensino Superior (IES) são do sexo feminino, correspondendo a (63,5%), sendo um número bastante expressivo.
De acordo com Trevisol, 2016 quanto à etnia, há um índice maior de pessoas brancas nas universidades, sendo elas 85,5% dos estudantes que se autodeclaram brancos e 14,5% se autodeclaram pretos, pardos, indígenas ou amarelos e acima de 90% são pessoas oriundas de escolas públicas e que pertencem à famílias que possuem baixa escolaridade, sendo apenas 4,9% e 7,9% dos pais e mães que possuem ensino superior. Contudo, há uma pesquisa conduzida pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (Fonaprace), vinculado à Andifes que indica que esse perfil tem mudado, pois indicam que os estudantes brancos que antes representavam 59,4% do total, passaram a constituir 43,3% em 2018. Isso se dá devido ações afirmativas que abrem espaço aos jovens de camadas populares à universidade buscando corrigir as desigualdades sociais, sendo que, após 14 anos do início dessas ações afirmativas nas universidades, negros e pardos agora são maioria nas universidades federais do Brasil constituindo 51% do total. Esse dado é apresentado pela Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior (Brasil, 2019).
A predominância de participantes que referem possuir uma vida estressada, má alimentação, estresse e sedentarismo coincidem com as afirmações de Xavier et al., (2020), os quais relatam que há uma relação do estresse e o comportamento alimentar, pois as escolhas alimentares são maneiras de aliviar o estado do estresse, e que o excesso de estresse devido às adversidades do cotidiano, podem provocar mudanças no estilo alimentar onde consequentemente o sujeito começa a se alimentar de forma inadequada, assim prejudicando e reduzindo sua qualidade de vida de modo geral. Os autores também explicam que o sedentarismo demonstra ser um risco para a saúde, pois pode aumentar a sensibilidade entre o corpo e mente (Xavier et al., 2020).
Para complementar este achado Rank et al, (2020) descrevem em seu estudo que muitos estudantes percebiam-se estressados e seus padrões de nutrição, atividade física e controle do estresse estavam indesejáveis. Ainda que a jornada acadêmica pode ser considerada como sendo estressante, devido à dificuldade de conciliação de compromissos e emoções, falta de suporte familiar sendo um fator que afeta os comportamentos dos estudantes, e de que ser da área da saúde é um fator extra, pois os mesmos lidam de frente com pacientes com doenças graves e morte, sendo situações que aumentam o estresse do estudante.
Leite et al (2024) identificaram relação direta entre situações de estresse, depressão e risco de suicídio com a diminuição da atenção plena disposicional, que se articula com preceitos do mindfulness e seus direcionamentos em termos de consciência na experiência do presente, “aqui e agora”, necessária para o bom desempenho em atividades acadêmicas.
De acordo com Albuquerque et al (2020), as terapias com PICS podem ser uma abordagem eficaz para reduzir o estresse entre os universitários. A meditação, Reiki, acupuntura, yoga, massagem terapêutica, aromaterapia são exemplos de PICS que podem ser usadas com essa finalidade. Essas estratégias podem ser ensinadas e aplicadas em sessões individuais ou em grupo, nos campus universitários ou em clínicas externas, dependendo da disponibilidade de recursos e da demanda dos estudantes. De acordo com este autor, as terapias com PICS podem ser seguras e eficazes na redução do estresse e na melhora da qualidade de vida dos universitários.
Segundo Ruela., et al (2019), apesar de todas suas potencialidades, as PICS ainda encontram dificuldades para serem acessadas e reconhecidas, e isso se dá a alguns fatores apontados por gestores, como a resistência por parte de alguns profissionais na implementação somada à falta de conhecimento e entendimento dos profissionais de saúde a respeito dessas práticas para que possam indicar para população ou mesmo aplicá-las. Isso reflete no número de participantes da pesquisa que não realizam tratamentos com esta nem com outras práticas (7,14%). Entretanto, percebe-se que a população tem se tornado cada vez mais aberta a novas formas complementares de cuidados, que possuem efeito natural, que sejam compatíveis com as crenças e filosofias de saúde e de vida do usuário de saúde, e representam estratégias potenciais para redução no consumo de medicamentos.
Os participantes desta pesquisa perceberam que a técnica proporcionou tranquilidade, calma e paz, que houve melhora da ansiedade, melhora do bem-estar mental, ainda o Reiki proporcionou relaxamento/alívio de dor psicológica. Segundo Santos, (2021) o Reiki é uma técnica relaxante e que não possui efeitos colaterais, proporciona alívio da dor, bem-estar, melhora na qualidade do sono, e essa afirmação desse autor vai de encontro com os resultados encontrados em nossa pesquisa na qual os participantes que relataram sentir tranquilidade, calma, bem-estar mental, relaxamento e melhora na ansiedade.
Pesquisa realizada com idosos institucionalizados mostrou que o Reiki foi eficaz na redução dos níveis de ansiedade com um protocolo semelhante ao do estudo em questão, que consistia em três sessões de Reiki de 30 a 40 minutos por semana (Santos et al, 2021).
Na perspectiva de alguns autores como Federizzi (2017) e Cordeiro (2016) o Reiki demonstra-se como uma técnica de diversos benefícios e importante no cuidado, como sendo efetivo na diminuição da ansiedade e estresse e intensidade da dor e se mostra uma terapia potente que contribui para a saúde psicológica sendo tão essencial quanto os benefícios físicos, sendo que ambos caminham juntos e são relevantes para a qualidade de vida dos pacientes.
Federizzi (2017) traz que há alguns benefícios relatados por participantes com Hipertensão Arterial Sistêmica após receberem uma sessão de reiki, que foram: relaxamento, descanso do corpo e da mente, alívio de dores, bem como sentimento de leveza.
No artigo de Santos, et al (2020), é evidenciado que o reiki é usado como forma de relaxamento, pois auxilia promovendo melhorias na qualidade de vida, e o autor relata que os resultados demonstraram que, após a realização das sessões de Reiki, os participantes afirmaram redução da dores físicas, melhora na qualidade do sono, facilidade na realização de suas tarefas diárias, redução dos níveis de estresse e ansiedade, mudanças no processo de pensamento e melhora no humor, mesmo de forma isolada ou aliada a outro tipo de tratamento.
É importante destacar que o Reiki tem a capacidade de dissolver bloqueios de energia e melhorar o padrão energético do indivíduo, promovendo equilíbrio, saúde e sentimentos positivos. Portanto, pode ser um instrumento útil para alcançar a tranquilidade tanto a nível físico quanto emocional e mental (Santos et al, 2020). Podemos afirmar isso com base na busca dos participantes da pesquisa em conhecer o Reiki, sendo a expectativa da procura de 36% dos participantes para alívio da ansiedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo destacou a relevância das PICS, com ênfase no Reiki, como uma abordagem terapêutica capaz de promover benefícios à saúde e ao bem-estar. Pode-se perceber com os resultados deste estudo que o Reiki é uma terapia integrativa e complementar que melhora a saúde física, mental e emocional do indivíduo, pelos relatos dos participantes da pesquisa como: tranquilidade, calma, paz, melhora na ansiedade e do bem estar mental, bem como relaxamento, alívio de dor psicológica.
Diante disso, a utilização do Reiki em ambientes acadêmicos tem se mostrado bastante relevante para reduzir os sintomas de estresse, ansiedade e depressão, bem como promover a qualidade de vida dos estudantes. Em contextos acadêmicos onde os níveis de estresse e ansiedade tendem a ser elevados, o Reiki se apresentou como uma alternativa viável e acessível que proporcionou impacto positivo tanto para os participantes quanto para a expansão das PICS no âmbito acadêmico. O projeto mostrou-se não apenas como uma intervenção eficaz para o manejo de sintomas físicos e emocionais, mas também como uma ferramenta para fortalecer o autocuidado dos participantes.
Os profissionais de saúde, gestores, usuários dos servicos de saúde e estudantes estão cada vez mais abertos a novas formas de cuidados, e as PICS representam uma estratégia potencial para redução no consumo de medicamentos e melhora da qualidade de vida de forma natural e com baixo custo benefício.
Ainda que foram encontrados desafios durante a realização da pesquisa para execução da coleta de dados, como desistências, não preenchimentos dos questionários, não aplicabilidade das escalas, incompatibilidade de horários dos terapeutas e dos participantes, os resultados positivos reforçam a importância de iniciativas que integrem práticas terapêuticas integrativas ao cotidiano das pessoas. Ainda percebe-se a necessidade de dar continuidade a iniciativas como essa e de fomentar novas pesquisas na área, explorando a aplicabilidade da prática do Reiki em diferentes contextos e grupos populacionais.
Dessa forma, este trabalho contribui para o avanço do conhecimento das PICS no Brasil, abrindo para novas possibilidades de pesquisa, ensino e extensão. É de grande importância o reconhecimento e a valorização de terapias integrativas e complementares como o Reiki, pois, é essencial para o fortalecimento e expansão de uma forma de cuidado integral, alinhado às necessidades atuais da população.
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[1] Discentes do Curso Superior de Enfermagem do Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal de Catalão. E-mail: terapeuta.julianaribeiro@gmail.com, gabrielaguiar.enf@gmail.com, deborah_r_silva@hotmail.com.
[2] Docentes do Curso Superior de Enfermagem do Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal de Catalão. Doutorado em Ciências da Saúde pela EERP-USP. E-mail: nunilaferreira@ufcat.edu.br, cpilger@ufcat.edu.br