REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7512652
FABIO JOSÉ ANTONIO DA SILVA1; VINICIUS DA SILVA FREITAS2; MICHEL DA COSTA3; AMANDA BARBOSA DA SILVA4; VANESSA SERAFIM DA SILVA5; FABIANO RODRIGUES MARQUES6; GLEDSON DE PAIVA FERREIRA7; GISELE MARIA DE SOUSA8; OSÉIAS SILVA COSTA9; MIKAEL DE LIMA FREITAS10; UILLIANE FAUSTINO LIMA11; DIOGO MAGALHÃES DE BARROS12; LUIS CARLOS FERREIRA OLIVEIRA13; MARCONDES INÁCIO DA SILVA14; IVANILTON NEVES DE LIMA15; JEFFERSON FLORENCIO ROZENDO16
RESUMO
Uma nova epidemia de pneumonia viral respiratória aguda foi descoberta na China central no final de 2019. A doença recebeu o nome de doença de coronavírus 2019 (COVID-19), e o vírus que causou essa doença era conhecido como coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). O estudo irá abordar como principal foco a importância do profissional de Educação Física, focando subsequentemente no papel do profissional do frente a pandemia, nesse sentido serão abordados pontos acerca de como a atividade física pode favorecer positivamente um indivíduo em face a pandemia, elencando a esse assunto o auxílio da AF em relação a questões de saúde física e mental em todo e qualquer indivíduo. A metodologia escolhia é a revisão bibliográfica, sendo que está será realizada por meio de busca eletrônica de artigos, teses e dissertações publicados entre 2012 e 2022, contudo foram aceitos livros publicados nos últimos 20 anos, utilizando a base de dados do Google Acadêmico, Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e ScienceDirect.A Atividade Física regular, pode ser vista como uma alternativa forma, eficaz e integradora, forneceu uma contribuição essencial na proteção da saúde mental das sociedades durante o surto em curso. Dada a relação linear entre atividade física e estado de saúde. Portanto, está claro que o exercício é essencial para uma saúde ótima. Regular a atividade física deve ser incentivada, aumentando a consciência social para proteger, manter e melhorar a saúde dos indivíduos tanto no surto da doença como no processo normal. Se faz necessário compreender e desenvolver pesquisas acadêmicas que falem da importância do profissional de Educação Física diante de tempos tão difíceis, sendo ele um caminho a ser usado para desenvolver e fortalecer a saúde e o sistema imunológico por meio de atividades físicas, sendo um dos profissionais chamados para linha de frente, porém não sendo devidamente valorizado e conhecido em meio ao cenário mundial.
Palavras-chave: Educação Física; Atividade Física; COVID-19.
1. INTRODUÇÃO
No final de dezembro de 2019, uma série de casos inexplicáveis de pneumonia foram relatados na cidade de Wuhan, China (TANG et al., 2020 apud POMBO et al., 2020). Em 30 de janeiro, 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou esta epidemia como uma emergência de saúde pública de interesse internacional, (ZHU et al.,2020; HUANG et al., 2020 apud POMBO et al., 2020) e no dia 11 de fevereiro, a OMS classificou a doença como coronavírus doença 2019 (COVID-19).
Nesse mesmo dia, o estudo do Coronavírus pelo Grupo do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus denominou-o de síndrome respiratória aguda grave de coronavírus 2 (SUN et al., 2020 apud POMBO et al., 2020), (SARS-CoV-2), representa um importante desafio para o sistema de saúde em todo o mundo. A rápida disseminação é atribuída à alta infectividade, mesmo na fase assintomática, ainda tem capacidade de se espalhar e virulência relativamente baixa (LI et al., 2020 apud MATTIOLI et al., 2020).
Em 12 de março de 2020, a OMS definiu a infecção por COVID-19 como uma pandemia (WHO ANNOUNCES, 2020 apud MATTIOLI et al., 2020). O isolamento e o isolamento são duas medidas que podem prevenir ou minimizar o impacto de surtos de doenças infecciosas. Na prática de saúde pública, “área de quarentena” refere-se ao isolamento de pessoas (ou comunidades) que foram expostas a doenças infecciosas. Ao contrário, “quarentena” se aplica à separação de infecções conhecidas (PARNET; SINHA, 2020 apud MATTIOLI et al., 2020).
O termo quarentena vem do italiano quarentena, que significa “quarenta dias”. Era usado na linguagem dos venezianos do século 14 ao 15, refere-se ao período em que todos os navios devem ser colocados em quarentena antes que os passageiros e a tripulação desembarquem como na epidemia de peste negra (MACKOWIAK, 2002 apud MATTIOLI et al., 2020).
Em condições de isolamento social, a atividade física dos indivíduos é também comportamentos restritos e sedentários, como sentar, deitar, jogar, assistir televisão e aumentar o uso do celular dispositivos de comunicação resultam em menor atividade física e redução de energia soma e, consequentemente, aumentam o risco de condições crônicas de saúde. Esta situação também afeta negativamente a qualidade de vida (ZHANG; LIU, 2020 apud OZDEMIR et al., 2020).
O objetivo de minimizar problemas mentais e físicos causados pelas restrições do COVID-19 também deram origem a novas questões psicológicas, onde a Atividade Física (AF) foi apontada como estratégia para ajudar a minimizar o nível físico e mental problemas de saúde (CARRIEDO et al., 2020).
Sabe-se que os níveis de atividade física de os indivíduos são afetados negativamente devido a restrições durante o período de quarentena (MEYER et al.,2020 apud OZDEMIR et al., 2020). Além disso, um estudo realizado na China relatou que indivíduos que eram fisicamente ativos antes da pandemia apresentaram mudaram significativamente em seu estado de saúde mental durante o processo de pandemia (ZHANG et al., 2020 apud OZDEMIR et al., 2020).
A pandemia COVID-19 causada pelo SARS-CoV-2 representou uma ameaça devastadora para a saúde, economia e estilo de vida da sociedade humana. Embora o vírus geralmente invada, infecte os pulmões e os tecidos do trato respiratório primeiro, em casos extremos, sabe-se que quase todos os principais órgãos do corpo têm um efeito negativo, geralmente levando a uma grave insuficiência sistêmica em algumas pessoas (WOODS et al., 2020).
A pandemia de COVID-19 junto as medidas restritivas da saúde pública têm muitos efeitos sobre a atividade física (AMINI et al., 2020). Uma resposta emergencial de saúde pública à propagação lenta do COVID-19 foi necessária, no entanto, essas medidas interrompem as atividades diárias, incluindo os padrões de atividade física (AF) (CHEN et al., 2020 apud MCCOMARK et al., 2020). Nos poucos estudos existentes, há evidências de que as epidemias de saúde pública e as respostas às epidemias afetam a AF (BALANZA-MARTINEZ et al., 2020; LAU et al., 2003; TAN et al., 2004 apud MCCOMARK et al., 2020).
O estudo irá abordar como principal foco a importância do profissional de Educação Física, focando subsequentemente no papel do profissional do frente a pandemia, nesse sentido serão abordados pontos acerca de como a atividade física pode favorecer positivamente um indivíduo em face a pandemia, elencando a esse assunto o auxílio da AF em relação a questões de saúde física e mental em todo e qualquer indivíduo.
O presente trabalho tem o objetivo de compreender a importância do profissional de Educação Física frente a pandemia de COVID-19, levando em consideração a saúde física e mental. A metodologia escolhia é a revisão bibliográfica, sendo que está será realizada por meio de busca eletrônica de artigos, teses e dissertações publicados entre 2012 e 2022, contudo foram aceitos livros publicados nos últimos 20 anos, utilizando a base de dados do Google Acadêmico, Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e ScienceDirect.
2. CORONAVÍRUS: UMA REVISÃO
A Organização Mundial da Saúde declarou uma epidemia em 30 de janeiro de 2020, após o surto do vírus SARS-CoV-2 em Wuhan, província de Hubei, China, e sua rápida disseminação para 25 países. Isso aconteceu apenas 1 mês após o anúncio do primeiro caso da doença em 31 de dezembro de 2019 (XU et al., 2020).
Os coronavírus são vírus de RNA de cadeia simples positivos que pertencem à família dos coronavírus e são geneticamente classificados em quatro gêneros: α, β, γ e δ coronavírus (HEYMANN, 2020). A base do coronavírus SARS-CoV-2 está no gênero beta-coronavírus. Esses vírus geralmente infectam animais como aves e mamíferos e geralmente causam infecções respiratórias leves em humanos (HEYMANN, 2020).
Devido ao conteúdo de RNA do SARS-CoV-2 e seu alto potencial de emergência, infecções respiratórias causadas pelo vírus levaram recentemente a endemias mortais em humanos, como SARS e sarampo. O agente causador desses dois tipos de doenças por coronavírus é zoonótico e pertence ao gênero β-coronavírus da família coronaviridae (ZUMLA; HUI; PERLMAN, 2015).
O primeiro caso de síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) foi observado na Arábia Saudita em 2011-2012, dos quais 2.495 casos foram relatados desde então, dos quais 858 casos foram associados à morte e a taxa de mortalidade foi estimada em 34,4%. Embora nenhum novo caso de MERS-CoV tenha sido relatado desde 2004, o surto de SARS-CoV-2 ocorreu inesperadamente em 2020 (BOCCIA; RICCIARDI; IOANNIDIS, 2020).
O SARS-CoV-2 é o sétimo membro da família dos coronavírus, que, como o MERS-CoV, o SARS-CoV causa doenças respiratórias em humanos com um tamanho de genoma de 27 a 35 kb e pertence à espécie beta-coronavírus. Como outros coronavírus, ele codifica várias proteínas estruturais e não estruturais. A glicoproteína de pico (S) e a proteína do nucleocapsídeo (N), a proteína de membrana (M) e a proteína de revestimento (E) estão entre suas proteínas estruturais (LU et al., 2020).
O revestimento do vírus é um dos revestimentos mais duros da família dos coronavírus, e parece que o SARS-CoV-2 é mais resistente a fluidos corporais e ao meio ambiente do que outros vírus de sua família, incluindo MERS-CoV e SARS-CoV, e tem um prazo de entrega maior. MERS-CoV e SARS-CoV permanecem fora do ambiente e requerem menos partículas virais para infecção (GOH et al., 2015).
2.1. Origem e disseminação do COVID-19
Os coronavírus, que são vírus de RNA de fita simples e de sentido positivo, têm o genoma mais longo de qualquer vírus de RNA conhecido, com um conteúdo genômico (GC) variando de 32 a 43% (YE; REN, 2020). Eles têm uma forma esférica com ramos salientes e uma coroa, e essa forma espacial levou à denominação dessa família viral como coronavírus. A raiz deste nome é derivada da palavra latina corona, que significa coroa (FILATOV et al., 2020). Os coronavírus causam 15% das doenças respiratórias e geralmente não causam uma forma aguda da doença, mas podem causar infecções respiratórias superiores leves. Esta família viral infecta uma ampla variedade de animais (mamíferos) e humanos (FILATOV et al., 2020).
De acordo com pesquisas sobre coronavírus desde 1965, esses vírus têm o potencial de infectar animais e humanos, e alguns têm a capacidade de transmitir de animais para humanos ou vice-versa (NICKBAKHSHM et al., 2020). Estudos desde a epidemia de SARS mostraram que os morcegos carregam vários coronavírus com potencial para infectar humanos (FILATOV et al., 2020).
Os pesquisadores extraíram o material genético do novo vírus de pessoas que o estudaram e descobriram que o novo vírus corona teve uma origem semelhante ao vírus SARS e pode ter se originado em morcegos ou cobras, mas que outros animais ainda podem ser hospedeiros mediados. Esses vírus mudam no corpo do morcego, e o próprio morcego não apresenta nenhum sinal de doença, facilitando a transmissão do vírus (NICKBAKHSHM et al., 2020).
Normalmente, em vírus que são transmitidos de animais para humanos, outras transmissões de humano para humano não ocorrem ou ocorrem raramente, mas há exceções. Alguns vírus animais que podem ser transmitidos de humano para humano, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o vírus Ebola (EBOLA) e alguns coronavírus, podem causar doenças mais mortais. Quando esses vírus infectam a sociedade humana pela primeira vez, geralmente não há cura ou vacina contra eles; assim, as primeiras gerações do surto podem ser fatais e causar baixas significativas, como foi observado durante as epidemias de HIV e EBOLA (FILATOV et al., 2020).
2.2 Características clínicas
Os sinais clínicos mais comuns da infecção por COVID-19 são febre (9,87%), tosse (7,67%) e fadiga (1,38%); diarreia (7,3%) e vômitos (5%) são sintomas raros e semelhantes a outros coronavírus de origem animal. A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) ocorre cerca de 9 dias após o início da infecção. Com exceção dos pulmões, o vírus danifica outros tecidos, incluindo coração, rins, fígado, olhos e sistema nervoso (GANJI et al., 2020).
Tontura, esquecimento, enfraquecimento e desaparecimento do olfato e do paladar, dores nos nervos até convulsões e derrames estão entre os sintomas neurológicos desse vírus, relacionados à hipóxia e à inflamação do cérebro. A inflamação do cérebro pode ser causada indiretamente por uma tempestade de citocinas (encefalite autoimune) ou causada diretamente por uma barreira hematoencefálica rompida por um vírus (encefalite viral) (WAN et al., 2020).
A COVID-19 também causa complicações cardiovasculares ao causar trombose nas artérias e veias. O mecanismo da trombose nessa doença é inflamação, ativação plaquetária, disfunção vascular e vasoconstrição. Com base nisso, drogas antitrombóticas são prescritas aos pacientes (WAN et al., 2020). Algumas pessoas com COVID-19 também apresentam outras infecções virais, sendo as mais comuns o vírus sincicial respiratório, rinovírus, enterovírus e SARS-CoV-2 coronaviridae (SUN et al., 2020).
Linfopenia, trombocitopenia, níveis elevados de D-dímero, proteína c-reativa (PCR), velocidade de hemossedimentação (VHS), lactato desidrogenase (LDH), creatina quinase (CK), ferritina e tempo prolongado de protrombina (PT) são observados em um número significativo de pacientes, enquanto níveis elevados de transaminases, enzimas cardíacas e creatinina são menores. Trombocitopenia e altos níveis de dímero D aumentam a necessidade de um ventilador, internação em UTI e mortalidade (SUN et al., 2020).
Níveis elevados de interleucina 6 (IL-6) e IL-10, bem como níveis baixos de células T CD4 + e CD8 + T, são consistentes com a gravidade da doença. As células T CD8 +, que são as células destruidoras de vírus mais importantes no sistema imunológico, aumentam o número de marcadores CD8 + em sua superfície para compensar seu declínio para maximizar sua atividade. As células T CD8+ funcionam com antígeno leucocitário humano (HLA) classe I e as células T CD4+ funcionam com HLA classe II. O HLA é herdado dos pais e torna as pessoas mais suscetíveis ou resistentes a certos patógenos. A diminuição do número de células T CD4+ pode interferir na produção de células B de memória (SUN et al., 2020).
Nesta doença, o período de janela dura cerca de 7 dias e é quando o anticorpo ainda não foi produzido. A IgM é sintetizada como primeiro anticorpo no sétimo dia e desaparece por volta do 21º dia da doença. A IgG começa a ser sintetizada no dia 14 e a produção continua. O período assintomático é do momento da infecção até o quinto dia e o período de início dos sintomas clínicos é do quinto ao oitavo dia. A doença começa a diminuir no dia 14, que corresponde ao início de uma mudança da resposta imune humoral de IgM para IgG (SUN et al., 2020).
Nem todos os anticorpos produzidos contra o corona vírus estão neutralizando ou neutralizando o vírus e, em alguns casos, até aumentam a infecção de células receptoras de anticorpos (FcR), incluindo macrófagos. Anticorpos disfuncionais (não neutralizantes) se ligam ao vírus por meio de seu próprio Fab e por meio de seu Fc a células com FcR. De fato, o complexo anticorpo com FcR mimetiza o papel do receptor do vírus para que o vírus entre na célula (SUN et al., 2020).
2.3. Epidemiologia e Patogênese
O coronavírus aumentou a transmissão interespecífica devido à sua extensa diversidade genética e frequente recombinação (ZHOU et al., 2020). O hospedeiro natural do vírus é o morcego, e pinguins e cobras atuam como hospedeiros intermediários. A primeira transferência ocorreu por meio do uso de hosts e interfaces naturais. Gotas de contato direto e respiratório são as formas mais comuns de transmissão do vírus na sociedade. Tem um período médio de incubação de 3 dias (variando de 0 a 24 dias), e o tempo médio desde o aparecimento do primeiro sintoma até o óbito é de 14 dias (ZHOU et al., 2020).
Felizmente, a transmissão intrauterina do vírus de uma mãe infectada para o feto não foi relatada (LAI et al., 2020). O COVID-19 é revestido e menos estável do que os vírus descobertos no trato gastrointestinal e, portanto, menos propenso a contaminar as águas superficiais e subterrâneas. O risco de transmissão do vírus pelas fezes de uma pessoa infectada também é baixo. Altas temperaturas, pH baixo ou alto e luz solar reduzem o número de vírus.
A taxa de sobrevivência do vírus varia em diferentes níveis entre 2 h e 9 dias. Os fatores que afetam a sobrevivência do vírus são o tipo de superfície, a temperatura e a umidade relativa. Desinfetantes comuns como o etanol matam 70% e o hipoclorito mata 0,1% do vírus em 1 min. Os portadores assintomáticos desempenham um papel importante na transmissão da doença de pessoa para pessoa (LAI et al., 2020).
As informações sobre portadores da doença que não apresentam sintomas são limitadas. Pessoas com menos de 15 anos constituem uma porcentagem significativa desses portadores. Os sinais clínicos e as imagens tomográficas não auxiliam muito na distinção de portadores assintomáticos, e a melhor forma de distinguir esses indivíduos é com PCR em tempo real, pois a maioria deles não apresenta sinais clínicos e tem imagem tomográfica normal (LAI et al., 2020).
3. COVID-19 E EDUCAÇÃO FÍSICA
A pandemia de COVID-19 enfatizou a importância da saúde física como um objetivo educacional central. A atividade física (AF), em particular, foi identificada como altamente benéfica para reduzir a gravidade da doença e a saúde geral (HALL et al., 2021). Nas escolas, a promoção da AF é considerada uma prioridade, estando este objetivo inserido na disciplina de EF (Educação Física) (SALLIS et al., 2012). Apesar disso, havia uma incerteza significativa em torno da entrega on-line de EP durante períodos de bloqueio, com exemplos de sessões virtuais de PA on-line sendo usadas para preencher o vazio para muitos. Dadas as descobertas emergentes que sugerem que os jovens praticam menos AF no confinamento, nunca foi tão urgente encontrar maneiras inovadoras de oferecer educação física (SALLIS et al., 2012).
À medida que o setor educacional considera a melhor forma de recuperar e reconstruir após o(s) bloqueio(s), é particularmente importante abordar como a EF avança de seu paradigma tradicional baseado em técnicas. De fato, esse modelo tradicional falha em motivar uma proporção significativa de jovens no clima atual a se engajar em estilos de vida ativos e saudáveis (CASEY E KIRK, 2021).
Além disso, o foco contemporâneo na saúde e no bem-estar oferece uma oportunidade aprimorada para os educadores físicos considerarem formas inovadoras de promover o amor pelo movimento e o (re) envolvimento na AF regular. Após o levantamento das restrições, muitas escolas agora retornaram às práticas que mais se assemelham à educação física pré-COVID-19. Ao fazer isso, é fundamental refletir cuidadosamente sobre algumas das principais lições aprendidas durante a pandemia (BLAIN; STANDAGE; CURRAN, 2022).
4. EF E AF
EF é a aprendizagem que ocorre dentro do currículo escolar onde o contexto de aprendizagem é os objetivos específicos envolvendo os alunos ‘aprender a se mover’ (ou seja, desenvolver competências) e ‘se mover para aprender’ (ou seja, aprender através do movimento). De fato, o foco na promoção da participação com níveis de AF que melhoram a saúde em termos imediatos e mais prolongados (ou seja, mais tarde na vida) tornou-se cada vez mais uma prioridade central para o assunto (ASSOCIATION FOR PHYSICAL EDUCATION, 2020).
A recuperação da recente pandemia global apenas aumentou a importância da educação física focada na saúde. No entanto, juntamente com esses objetivos, acredita-se que a EF efetivamente entregue seja capaz de alcançar uma ampla gama de resultados de aprendizagem em vários domínios (BLAIN; STANDAGE; CURRAN, 2022).
AF diz respeito a qualquer movimento corporal que resulte em gasto de energia. Para obter os benefícios associados à saúde, as diretrizes sugerem que crianças e adolescentes participem de pelo menos 60 minutos de AF moderada a vigorosa por dia (OMS, 2020). Também é recomendado que exercícios vigorosos de AF e fortalecimento muscular e ósseo sejam realizados três dias por semana (OMS, 2020). Além de ser imediatamente benéfico para a saúde física e mental, a participação em AF quando jovem também tem potenciais benefícios de longo prazo por meio do rastreamento do comportamento de AF mais tarde na vida e por ser protetor contra futuras comorbidades (POITRAS et al., 2016).
Atualmente, muitos jovens não praticam as quantidades recomendadas de AF. Isso se deve em grande parte ao fato de a AF ser projetada em muitas partes da vida, inclusive em ambientes sociais e na casa da família. A inatividade dos jovens levou a apelos recentes para ações urgentes, particularmente durante a adolescência. Em relação a essas chamadas, o surgimento da pandemia de coronavírus reverteu/interrompeu qualquer progresso que estava sendo feito (HALL et al., 2021).
A EF tem um potencial significativo para promover o envolvimento da AF, mas o impacto é frequentemente considerado impedido pelo tempo limitado do currículo concedido ao assunto e práticas ineficazes que tradicionalmente tiveram um alcance limitado gama de foco, entregue em uma cultura altamente performativa. Apesar dos desafios, permanece a firme crença de que a educação física pode desempenhar um papel influente na promoção de estilos de vida saudáveis e ativos (OMS, 2018).
A recente pandemia global apenas aumentou esse entusiasmo e essa necessidade. A educação física agora constitui uma oportunidade estruturada chave para todos os jovens se envolverem em experiências de AF lideradas por indivíduos treinados. Além disso, a AF é considerada um elemento vital para combater os problemas significativos de saúde mental associados às restrições necessárias impostas às vidas pela pandemia (MCCARTAN et al., 2021). À medida que avançamos além das restrições pandêmicas, influenciar o comportamento de AF em prazos mais longos (ou seja, envelhecimento saudável) deve ser considerado um objetivo principal para a educação física.
Para promover a AF, as perspectivas comportamentais-epidemiológicas e socioecológicas sugerem que, em vez de focar no impacto direto do comportamento, é necessário direcionar os fatores associados à AF (ou seja, correlatos e determinantes) para promover a mudança sustentada de comportamento. No entanto, até o momento, há uma falta de consenso sobre os correlatos (ou seja, variáveis associadas ou correlacionadas com a AF) e determinantes (ou seja, variáveis causalmente relacionadas à AF) da AF em jovens, em grande parte devido à complexidade que resulta do número de componentes interativos envolvidos em múltiplos níveis de influência (. Como tal, sugere-se que abordagens teóricas e baseadas em evidências sejam usadas para identificar a melhor forma de apoiar o envolvimento sustentado com AF (MOORE E EVANS, 2017).
5. EDUCAÇÃO FÍSICA E ALFABETIZAÇÃO FÍSICA
A alfabetização física ganhou atenção significativa como uma aptidão que está diretamente relacionada ao envolvimento em AF ao longo da vida. Embora tenham surgido muitas versões/sabores de alfabetização física, uma das definições mais amplamente adotadas a descreve como a ‘motivação, confiança, competência física, conhecimento e compreensão para valorizar e assumir responsabilidade pelo engajamento em atividades físicas para toda a vida’ (INTERNATIONAL PHYSICAL LITERACY ASSOCIATION, 2017).
A partir dessa perspectiva, a alfabetização física tem sido mais amplamente aplicada como um conjunto de atributos considerados de forma holística e isolada, pelo que Young et al. (2020, pág. 9) denomine um ‘nível médio de abstração’. A maior conscientização em torno da alfabetização física resultou em sua proposta como um resultado curricular básico para educação física. Embora a pesquisa empírica ainda não tenha explorado diretamente a relação entre alfabetização física e comportamento de AF longitudinalmente, descobertas transversais recentes demonstram uma associação positiva entre alfabetização física e AF geral e exercícios de lazer em amostras de jovens (BELANGER et al., 2018).
Pesquisas recentes também identificaram uma associação entre alfabetização física e saúde mental dos jovens (BLAIN et al., 2021). Como tal, uma consideração dos constructos englobados na conceituação de alfabetização física parece central para apoiar os jovens a serem mais ativos fisicamente e saudáveis (INTERNATIONAL PHYSICAL LITERACY ASSOCIATION, 2017). No entanto, dado que a pesquisa relacionada à alfabetização física está em sua infância, é necessário adotar teorias mais bem estabelecidas associadas à condução de AF por meio de maior alfabetização física.
6. SUPORTE BÁSICO DE NECESSIDADES PSICOLÓGICAS
Existe um corpo significativo de trabalho sobre como apoiar as necessidades psicológicas básicas de jovens em contextos de AF. Em primeiro lugar, e dado o foco na EF neste artigo, o professor de EF representa um agente social chave e altamente influente na promoção de experiências positivas de EF de motivação autônoma para crianças e sua alfabetização física. Evidências de meta-análises e estudos experimentais mostram efeitos positivos de professores que adotam estratégias de apoio às necessidades (VASCONCELLOS et al., 2020). De fato, muitos estudos demonstraram como o treinamento de professores para implementar estratégias de apoio às necessidades leva a uma ampla gama de resultados adaptativos para os alunos (REEVE E CHEON, 2021).
Especificamente, e por meio de um programa sistemático de trabalho, Reeve e colegas (REEVE E CHEON, 2016) identificaram sete comportamentos instrucionais de apoio à autonomia (ASIB) que os professores podem adotar apoiar o desenvolvimento da motivação autónoma em ambientes educativos.
Os professores são encorajados a adotar comportamentos instrucionais que adotem as perspectivas dos alunos, convidem os alunos a buscar seus interesses, apresentem atividades de aprendizado de maneira a satisfazer as necessidades, forneçam justificativas explicativas, reconheçam sentimentos negativos, confiem na linguagem convidativa e demonstrem paciência. É importante ressaltar que esse corpo de trabalho também demonstra como o uso do apoio à autonomia pelos professores pode ser facilitado e aprimorado por meio de intervenções de ‘ensinar o professor’ (REEVE E CHEON, 2021).
Além de explorar a gama de comportamentos de apoio às necessidades em contextos educacionais, o trabalho no contexto da saúde é altamente relevante para a oferta de educação física nas escolas. Recentemente, a gama de estratégias de apoio às necessidades usadas para promover comportamentos de saúde e motivação foi sistematicamente reunida em uma taxonomia motivacional e de mudança de comportamento (TEIXEIRA et al., 2020). Esta taxonomia fornece uma forma sistemática e unificada de identificar e avaliar as estratégias de intervenção utilizadas e a utilizar nos programas de EF (TEIXEIRA et al., 2020). Juntos, este trabalho fornece uma base de evidência central para informar o desenvolvimento de programas de educação física que são ricos em recursos de suporte às necessidades.
Além do professor de educação física, a pesquisa também apóia o efeito influente dos amigos na motivação e na alfabetização física. Por exemplo, em uma amostra de adolescentes americanos, descobriu-se que o apoio de amigos estava significativamente relacionado à AF do adolescente (ZHANG et al., 2012). A pesquisa também mostrou que os membros da família desempenham um papel influente na motivação e nos comportamentos de AF dos jovens. Em um estudo prospectivo de três ondas, descobriu-se que o apoio à autonomia dos pais estava relacionado à motivação autônoma dos jovens para AF de lazer (BLAIN; STANDAGE; CURRAN, 2022).
Além disso, McDavid et al. (2012) explorou o papel de múltiplos agentes sociais na motivação, relatando que o apoio social (ou seja, na forma de apoio à autonomia, envolvimento e modelagem percebida) de mães, pais e do professor de educação física previu positivamente a motivação autônoma diretamente e o comportamento auto-relatado de AF indiretamente (BLAIN; STANDAGE; CURRAN, 2022).
Mais recentemente, Emm-Collison et al. (2016) descobriram que amigos, familiares e professores de educação física foram influentes no apoio à satisfação das necessidades psicológicas dos adolescentes e à motivação autônoma em contextos de exercícios. Coletivamente, este trabalho forma o pano de fundo para modelar o potencial de abordagens gamificadas combinadas como o futuro pós-COVID-19 da PE.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Atividade Física (AF) foi apontada como uma estratégia para minimizar aspectos físicos, mentais e problemas de saúde decorrentes das restrições do COVID-19, todavia, a AF pode ter sido reduzida em decorrência da quarentena e isolamento.
A Atividade Física regular, pode ser vista como uma alternativa forma, eficaz e integradora, forneceu uma contribuição essencial na proteção da saúde mental das sociedades durante o surto em curso. Dada a relação linear entre atividade física e estado de saúde. Portanto, está claro que o exercício é essencial para uma saúde ótima. Regular a atividade física deve ser incentivada, aumentando a consciência social para proteger, manter e melhorar a saúde dos indivíduos tanto no surto da doença como no processo normal.
Os benefícios do exercício físico estão relacionados à sua prática, suas propriedades têm impacto direto e de longo prazo na saúde além de reduzir os efeitos negativos associados à falta de mobilidade, também ajuda a controlar doenças crônicas e comorbidades relacionadas, tem resultados positivos em relação a parte imunológica e de infeção, promove ganhos funcionais globais, melhora a qualidade de vida e ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, que são sintomas comuns em uma quarentena, sendo que a mesma traz alguns efeitos negativos devido a redução da atividade física.
Se faz necessário compreender e desenvolver pesquisas acadêmicas que falem da importância do profissional de Educação Física diante de tempos tão difíceis, sendo ele um caminho a ser usado para desenvolver e fortalecer a saúde e o sistema imunológico por meio de atividades físicas, sendo um dos profissionais chamados para linha de frente, porém não sendo devidamente valorizado e conhecido em meio ao cenário mundial.
REFERÊNCIAS
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BLAIN, D. O. et al. Correlatos psicológicos e comportamentais da alfabetização física dos primeiros adolescentes. Journal of Teaching in Physical Education 40(1): 157–165, 2021.
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1DOUTOR EM EDUCAÇÃO FISICA – UNIVERSIDADE NORTE DO PARANA/PR
2DOUTORANDO EM CIENCIAS DA REABILITAÇÃO – CENTRO UNIVERSITARIO AUGUSTO MOTTA/RJ
3DOUTOR EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – UNIVESIDADE METROPOLITANA DE SANTOS/SP
4DOUTORANDA EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO – UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA/SC
5DOUTORANDA EM EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS/RJ
6ESPECIALISTA EM FISIOLOGIA – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DO TOCANTINS/TO
7MESTRANDO EM PRÁTICAS DOCENTES NO ENSINO FUNDAMENTAL – UNIVERSIDADE MEROPOLITANA DE SANTOS/SP
8DOUTORANDA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UTIC/PY – INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR/MG
9DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC
10DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC/PY
11DOUTORANDA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC/PY
12DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC/PY
13DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC/PY
14DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC/PY
15DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA INTERCONTINENTAL – UTIC/PY
16DOUTORANDO EM EDUCAÇÃO – ABSOLUTE CHRISTIAN UNIVERSITY/EUA