O PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM FRENTE A ASSISTÊNCIA NA SAÚDE DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

THE NURSING PROFESSIONAL IN FRONT OF HEALTH CARE FOR CHILDREN WITH AUTISM
SPECTRUM DISORDER: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7937471


Patrícia Batista de Almeida1
Lucas Pereira da Costa2
Vanderson Gabriel Souza Torres3
Thayanne Sá Bezerro Guerreiro4


RESUMO

O objetivo do presente estudo é descrever a atuação dos enfermeiros na assistência da saúde da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, referente a trabalhos publicados entre 2015 e 2022, em português, com descritores em inglês e espanhol. O levantamento será realizado nas bases de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO). 

Palavras-chave: transtorno autístico; enfermagem; saúde da criança.

ABSTRACT

The objective of this study is to describe the role of nurses in health care for children with Autistic Spectrum Disorder (ASD). This is an integrative literature review, referring to works published between 2019 and 2022, in Portuguese and English. The survey will be carried out in the databases of the Scientific Electronic Library Online (SciELO).

Keywords: autistic disorder;nursing;childhealth.

INTRODUÇÃO

Conforme a Lei nº12.764 (27 de dezembro de 2012),o Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta as seguintes características: déficit contínuo da comunicação verbal, não verbal e da relação social; dificuldade em desenvolver e preservar relações pertinentes ao seu grau de desenvolvimento; padrões restritos e frequentes de comportamentos motores ou verbais característicos ou ações sensoriais incomuns; demasiada aderência a condutas e padrões de comportamentos habituais e interesses restritos e fixos (BRASIL, 2012). Sujeitos com Transtorno Autístico (TA) e, consequentemente, seus familiares, sofrem com o preconceito e estigma social da doença, por ser uma síndrome que afeta as áreas de desenvolvimento psiconeurológico da criança, comprometendo seu desenvolvimento cognitivo, social e comportamental, interferindo diretamente no convívio e no estabelecimento de relações sociais com outras pessoas, dificultando sua adaptação ao meio em que vive. As características específicas de comportamento das pessoas com autismo juntamente com o grau de severidade do transtorno, podem contribuir para o aumento de estressores em potencial para familiares (SCHMIDT C, 2013).

O enfermeiro é um dos profissionais de saúde responsável pelo acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Estratégias Saúde da Família (ESF). A Consultas de Enfermagem é uma   atividade desenvolvida para uma melhor assistência à saúde utiliza componentes do método científico para identificar situações de saúde-doença, prescrever implementar medidas de enfermagem que contribuam para a proteção, promoção, recuperação, reabilitação da saúde do indivíduo (BARBIANI et al., 2016).

O profissional enfermeiro pode colaborar de forma positiva para o diagnóstico e acompanhamento do TA, através de observações comportamentais de crianças, mediante a consulta para analisar o crescimento e o desenvolvimento, como também, podem auxiliar os progenitores dando apoio e informando-os quanto aos desafios e procedimentos assistenciais que os mesmos utilizaram no processo de cuidar da criança com autismo.

No âmbito da saúde da criança, o enfermeiro acompanha o crescimento e o desenvolvimento, para que o indivíduo alcance a vida adulta sem influências desfavoráveis e problemas herdados da fase infantil. Por intermédio de consultas, suas ações priorizam a saúde no lugar da doença; logo, esse profissional pode ser o primeiro a identificar qualquer característica relacionada ao autismo (DELCIAMPO, 2006). Nesse cenário, a relevância desse estudo se alicerça na dificuldade dos enfermeiros em atuar e saber como lidar com a criança com Transtorno do Espectro Autista, até mesmo por falta de conhecimentos acerca do tema, o qual leva a uma estagnação profissional e má serviço prestado. Destaca-se a necessidade de um processo de construção pessoal, interpessoal e intergrupal permanente destes profissionais para que saibam exercer sua função com essa população. O objetivo central é construir conhecimentos acerca da atuação do enfermeiro no processo de cuidado infantil, com vistas à garantia de uma assistência de qualidade dentro das competências necessárias desses profissionais. 

        Ademais, se faz necessário a abertura de espaço para discussão da assistência de enfermeiros a pessoa com autismo, colaborando para um diagnóstico da realidade local, identificando as fragilidades e proporcionando a oportunidade de se repensar a prática profissional. Outrossim, ressalta-se a escassez em material bibliográfico acerca dessa temática na área da saúde, como também, destaca-se a complexidade do tema abordado em consonância do objeto de estudo, por ser revestido de tabus e estigmatização. Destarte, o objetivo do estudo foi descrever a participação dos profissionais Enfermeiros na assistência prestada às crianças com Transtorno do Espectro Autista.

JUSTIFICATIVA

É de suma importância saber a real importância acerca do desenvolvimento a ser trabalhado durante todo o tratamento realizado na interação social do autista, tendo como objetivo principal aplicação da equipe de enfermagem no diagnóstico precoce. Ademais, maioria dos casos os pais por falta de informação não estão atentos aos sinais e sintomas do autismo por isso é de extrema importância o papel da equipe de enfermagem frente ao paciente autista estimulando, e realizando terapias e tratamentos, quando o profissional assim, por meio de métodos específicos consegue identificar de maneira precoce os parâmetros necessários. Sendo assim, observa-se que a maior parte dos casos autista tem dificuldade de interagir com o meio social, na fala, gestos repetitivos, por isso cabe à equipe de enfermagem estar atenta aos sinais. Todavia, nem toda equipe de enfermagem sabe lidar com o tema ou tem conhecimento acerca do mesmo, chegando a uma conclusão ao qual tem-se uma fragilidade de ordem teórica e prática do profissional atuante. Para tanto, nesse estudo mostra as possíveis interações e cuidados que devemos prestar ao paciente. Por meio de tais fatores conclui-se a relevância da continuidade da realização dessa pesquisa.

OBJETIVOS GERAIS

• Caracterizar, conforme a bibliografia, o manejo profissional do Enfermeiro frente a criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

•      Investigar o papel do Enfermeiro frente ao diagnostico precoce da criança autista;

•      Conhecer o referencial teórico e prático adquirido da equipe de Enfermagem sobre o autismo;

•      Identificar as fragilidades da atuação profissional da Enfermagem diante a crianças com transtorno do Espectro Autista (TEA).  

METODOLOGIA 

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, desenvolvido a partir de artigos originais e relatos publicados no período de 2015 a 2022. O levantamento bibliográfico foi realizado nos meses de abril a maio de 2023, nas bases de dados da Literatura Scientific   Electronic   Library   Online (SCIELO). Para a respectiva busca online utilizou-se descritores em português, inglês e espanhol:  autismo e enfermagem e/ou diagnóstico de autismo por meio da enfermagem, nursing care, atención de enfermería, combinados com os seguintes termos:  transtorno autístico e/ou autismo infantil, autistic disorder, transtorno autístico. Descartaram-se estudos com mais de 20 anos de publicação, artigos que não abordavam a temática proposta, artigos de revisão, teses de especialização, mestrado e doutorado e os estudos que não estivessem disponíveis gratuitamente na íntegra nas bases de dados selecionadas. Será realizada a leitura detalhada dos resumos dos artigos, a fim de selecionar aqueles que abordam exclusivamente a temática em questão.  Excluídos os resumos que não versavam sobre o tema, os textos completos foram avaliados e os que se enquadraram nos critérios de inclusão foram inseridos como resultado da busca.  Por fim, a análise de conteúdo dos estudos encontrados e os dados foram agrupados de forma qualitativa e apresentados, para melhor organização e compreensão, na forma de tabela com a descrição das seguintes características:  Autor/Ano; Título e resultados baseados em evidências.  A primeira fase do estudo deu-se partindo do conceito e orientado por Souza et al.

(2010). Para tanto, definiu-se a questão que norteou o estudo “Qual a contribuição da prestação de serviços da área de assistência de Enfermagem e o papel do enfermeiro à criança com Transtorno do Espectro Autista”.?  

Na segunda fase do estudo elencou-se os critérios de inclusão e exclusão como mencionado anteriormente.

As pesquisas catalogadas possibilitaram um acesso gratuito de 36 artigos com os descritos utilizados. A terceira fase deu-se com a leitura dos artigos através dos títulos e resumos, nessa etapa foram selecionados 10 artigos. Permaneceram 06 artigos dentro dos critérios estabelecidos no estudo. Este processo está estabelecido na figura 01.

Fonte: Elaborado pelos autores (2023)

Por fim, os artigos selecionados foram lidos e categorizados na quarta etapa do estudo. Os mesmos foram usados na aquisição de informações para a construção da discussão. De acordo com o modelo ratificado por Ursi (2005) elaborou-se um quadro como mencionado anteriormente a fim de facilitar a compreensão dos dados.  

A análise, interpretação e discussão dos resultados ocorre na quinta fase, com base em técnicas de análise de conteúdo, que possibilitam a criação de categorias sobre o tema da discussão. A análise das informações foi realizada em etapas, a saber: Pré-análise (artigos selecionados para análise); exploração do material (onde foi registada a composição da unidade e iniciada a construção das categorias de análise); tratamento dos resultados (conceitos combinados com informações dos artigos selecionados e interpretações de ideias foram colocados na análise) (BARDIN, 2011). Na sexta e última etapa, a avaliação compreensiva é interpretada em conjunto com a discussão dos conhecimentos adquiridos com o estudo.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os artigos incluídos para a pesquisa estão disponíveis na íntegra na base de dados citada. Através de uma extensa leitura minuciosa e conforme as tabelas 1, 2 e 3, cada publicação científica selecionada é organizada em uma tabela resumo com informações sobre autor/ano de publicação e resultados baseados em evidências. Os textos apresentados na pesquisa são de estudos atuais e diretamente relacionados com a temática proposta da assistência fornecida pelos enfermeiros frente à criança autista. Da análise emergiram as seguintes categorias: Enfermeiros e o Diagnóstico do

Transtorno do Espectro Autista atuando de maneira precoce; Teoria do Autocuidado e Importância da Enfermagem para a Saúde da Criança com Autismo; Identificação das fragilidades profissionais e conhecimento teórico prático do profissional enfermeiro, discutidas a seguir. 

O papel do Enfermeiro frente ao diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista.

Nesta primeira categorização, aborda-se e discute-se o principal manejo ou ferramentas que possam atuar como facilitadoras e contribuições do enfermeiro no processo, afinal, esse profissional pode intervir desde a atenção primária, principalmente no reconhecimento e tratamento desse transtorno. 

Tabela 1 – Autores, ano de publicação e síntese dos resultados dos artigos selecionados

AUTOR, ANORESULTADOS EM EVIDÊNCIAS
 SEIZE; 2017    “A escassez de ferramentas que permitam identificar sinais precoces do autismo faz com que muitas crianças permanecem sendo diagnosticadas tardiamente”
MAGALHÃES et al. 2020 “A assistência holística realizada pela enfermagem à criança com TEA é evidenciada por uma posturahumanizada, empatia e escutaqualificada dos profissionais capaz de considerar a inserção dosfamiliares/cuidadores como parteindispensável no cuidado à essascrianças”

          Fonte: Elaborado pelos autores (2023)

Seize e Borsa (2017) acrescentam que o diagnóstico de TEA só pode ser feito após os três anos de idade, mas que a avaliação do risco de autismo deve ser feita precocemente e que a atuação do enfermeiro nesse processo é fundamental. Nesse contexto, embora existam diferentes ferramentas para auxiliar na identificação desse transtorno, no Brasil a ferramenta mais utilizada é a recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que é o checklist revisado para autismo em crianças (M-CAT). Este não é um modelo padrão utilizado por todos os profissionais da área da saúde, pois cada estado e município tem autonomia para escolher o seu próprio atendimento durante a identificação precoce e implementação de ações para melhorar a qualidade de vida das crianças.

Magalhães et al. (2020) na atuação do enfermeiro centrado no cuidado com a criança com TEA, os profissionais de enfermagem desempenham funções, que contribuem para o crescimento, desenvolvimento, aceitação e acompanhamento da criança durante a consulta e análise das intervenções baseadas no cuidado e na integridade familiar, isso possibilita uma prestação de assistência mais holística.

Com base nesse tópico conclui-se a imprescindibilidade do apoio prestado pela equipe assistencial à criança com TEA na promoção e reabilitação, pois proporciona um atendimento integral, permitindo a identificação dos sintomas. Isso permite diagnóstico e tratamento precoces para diminuir o impacto na vida diária.

A teoria do autocuidado e a importância do enfermeiro na saúde da criança com autismo

Tabela 2 – Autores, ano de publicação e síntese dos resultados dos artigos selecionados.

AUTOR, ANORESULTADOS EMEVIDÊNCIAS
SOELTL et al. 2021“O cuidado baseado em valores humanísticos altruístas, a sensibilidade, a valorização da expressão de sentimentos, a promoção do ensino-aprendizagem intra e interpessoal são fundamentais aos profissionais de enfermagem na assistência destinada ao autismo infantil.”
RODRIGUES et al. 2017“A inter-relação da teoria de Orem com Social Stories mostrou-se uma estratégia eficaz ao estímulo do autocuidado a ser praticado pela criança”.

                  Fonte: Elaborado pelos autores (2023)

O interesse é baseado em valores humanos e comportamentos altruístas, que são desenvolvidos por meio de um exame da própria consciência, crenças, interações com outras culturas e experiências do desenvolvimento pessoal de cada indivíduo (SOELTL et al., 2020). Os autores dos artigos analisados concordam que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento marcado por desenvolvimento atípico, por manifestações comportamentais repetitivas, por déficits na comunicação, e também por dificuldades de interação social.

A enfermagem caracteriza-se pelo cuidado que presta a pessoas em diferentes situações clínicas. A Teoria do Cuidado Humano é a ciência que promove o cuidado de qualidade, digno e personalizado, levando em consideração a singularidade de cada pessoa. Ao cuidar de uma criança com autismo, o enfermeiro deve ter um olhar humano e identificar as principais queixas de cada paciente, sabendo que o transtorno se manifesta de forma diferente em cada pessoa (SOELTL et al., 2020).

A Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem, publicada por volta de 1980, afirma que os enfermeiros devem estar cientes das limitações dos pacientes nos cuidados pessoais e serem capazes de apoiar e promover atividades de autocuidado do paciente. A teoria geral de enfermagem é composta por três teorias: teoria da falta de autocuidado (os enfermeiros devem intervir quando percebem que suas necessidades de autocuidado excedem sua capacidade de autocuidado); a Teoria do sistema de enfermagem (estado atual de autocuidado do paciente e de como o mesmo precisa dos cuidados de enfermagem. Os grupos de cuidado (enfermeiros que prestam assistências diretas) apoiam diretamente os indivíduos de modo a ensinar, potencializando e no desenvolvimento do conceito de autocuidado do indivíduo.

Rodrigues et al. (2017) realizaram um estudo incorporando intervenções domiciliares em planos de cuidados para crianças com autismo. Eles começam a intervir em áreas difíceis da vida da criança. Nesse caso, os mesmos vão sozinhos realizar tarefas que requerem a ajuda de um adulto. Nesse contexto, os livros didáticos de histórias sociais (social stories), uma técnica eficaz para aprender e praticar novas habilidades, podem ajudar a entender e desenvolver o repertório comportamental de uma criança. Os benefícios dessa ferramenta incluem melhorar as habilidades sociais e são eficazes na educação, mas há pouca informação na literatura científica sobre os benefícios da conversa social. A pesquisa mostrou um aumento do cuidado por meio do cuidado pessoal e da higiene pessoal (esta é uma conquista da autossuficiência, pois agora é feito sem assistência, destacando a importância do papel da família). 

Por fim, com base nos estudos, crianças diagnosticadas com TEA apresentam certas características, como: tendência ao isolamento, comprometimento cognitivo e função da linguagem. No entanto, a intervenção precoce nas unidades de saúde, domiciliares e escolares, utilizando-se de estratégias utilizadas pelos enfermeiros de forma sistemática e participativa, é importante para o progresso psicológico e sociobiológico da criança.

Identificação das fragilidades profissionais e conhecimento teórico prático do profissional enfermeiro

Tabela 3 – Autores, ano de publicação e síntese dos resultados dos artigos selecionados.

AUTOR, ANORESULTADOS EM EVIDÊNCIAS
BARBOSA, NUNES; 2019“A assistência ao autismo infantil é um desafio para o enfermeiro que deve atender e orientar a família e o paciente, buscando a melhoria da qualidade de vida, considerando a individualidade, características peculiares e desenvolvimento da criança, para que se tenha maior êxito na terapia”.
SENA, et al. 2015“Prática e conhecimento dos enfermeiros sobre o autismo infantil”

                            Fonte: Elaborado pelos autores (2023)

A partir da atenção básica, a equipe da Unidade Básica de saúde (USB), composta principalmente por enfermeiros, é responsável por realizar atividades especializadas relacionadas à assistência humanizada, amenizando problemas e promovendo a melhoria da qualidade de vida. Realizar avaliações da criança e da família, crescimento e desenvolvimento infantil. Um dos principais pontos abordados pelos autores é a dificuldade que esses profissionais enfrentam devido a falta de protocolos especializados para manejo específicos e a falta de promoção, palestras e difusão acerca da participação do enfermeiro frente à criança com TEA (BARBOSA; NUNES, 2019).

Sena, et al. (2015) elenca o conhecimento prático e o referencial teórico dos enfermeiros sobre o autismo infantil. Percebe-se um grande déficit de conhecimento desses profissionais acerca do autismo infantil, haja vista as poucas características relatadas pelos mesmos sobre esta patologia. Isso tem relação direta visto que, o autismo apresenta uma grande variedade de sinais e sintomas em graus diferentes e com etiologias diferentes. 

Todavia, os resultados desses estudos mostraram de maneira bem expressiva que as grades curriculares da área de enfermagem pouco trabalham o tema, ou não o expõe de maneira clara, como sendo uns dos desafios que o enfermeiro enfrenta no cotidiano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas últimas duas décadas, o Brasil publicou poucos artigos sobre a assistência de enfermagem à criança portadora do autismo. Isso mostra que a falta de conhecimento/preparo dos profissionais da saúde é uma realidade científica que pode prejudicar as pessoas portadoras de autismo e seus familiares. No entanto, de acordo com os estudos disponíveis, percebe-se que a enfermagem pode utilizar diversas áreas e modalidades como forma de apoio, utilizando histórias e brincadeiras lúdicas para ensinar o autocuidado, atuando fora de espaços de atenção à saúde, como em escolas que acolhem alunos com autismo. Além disso, esse profissional é altamente capaz de identificar precocemente esse transtorno e elaborar protocolos e planos de cuidados individualizados ao paciente e estendendo-se à família. Uma vez que esse profissional consegue identificar essa patologia juntamente com a equipe multiprofissional ao apoio do diagnóstico da criança, certamente isso terá influência direta na eficácia do tratamento e no plano de cuidado. A teoria do autocuidado de Dorothea Orem, dentro dessa estrutura, apoia e orienta os cuidados de enfermagem para crianças com autismo. Este estudo determinou que o cuidado integral prestado pela equipe de saúde leva a uma atitude humanizada, empatia e escuta qualificada por parte dos profissionais que possam considerar a inclusão dos membros família/cuidadores são elementos essenciais no cuidado dessas crianças. Por fim, uma limitação deste estudo é o limitado acervo bibliográfico acerca do tema, quando comparado com as demais patologias de natureza psiquiátricas, apesar de o índice de TEA aumentar exponencialmente no Brasil, desse modo infere-se que as grandes áreas da saúde como enfermagem abordam os cuidados de enfermagem à criança com autismo desde a graduação até a área profissional atuante. 

Através da realização deste trabalho espera-se que se tenha mais estudos e que o assunto seja mais difundido dentro da área científica, acadêmica, social para atuarem com crianças autistas. 

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, M.C.S.et al. Autocuidado da criança com espectro autista por meio das Social Stories. Revista enfermagem Escola Anna Nery, v.21,n.1, 201;

BARBIANI,R.;NORA, C. R.D.SCHAEFER,R.Práticas Enfermeiro no contexto da atenção básica: scoping review. Rev. Latino-Am. Enfermagem,

Ribeirão Preto,  v. 24,e2721,2016.    DOI: http://dx.doi.org/10.1590/15188345.0880.2721.;

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011;

BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista;ealterao§ 3ºdo art.98 daLeinº8.112, de 11 de dezembro de 1990. Diário Oficial da República Federativa do Brasil:Brasília,DF, 2012;

DEL CIAMPO, L. A. O Programa de Saúde da Família e a Puericultura. Ciênc. Saúde Coletiva,Rio de Janeiro,v.       11,       n.       3,       p.       739-743, 2006.DOI:http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232006000300021.;

MAGALHÃES, J. M. Assistência de enfermagem à criança autista: revisão integrativa. Enferm. Glob. Murcia, v. 19, n. 2, p. 531-559, 2020.;

RODRIGUES, P. M. S.et al.Autocuidado da criança com espectro autista por meio das Social Stories. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 1-9, 2017.;

SCHMIDT C, BOSA C. A investigação do impacto do autismo na família: revisão crítica da literatura e proposta de um modelo. Interação psicol. [internet]. 2003 [cited 2014  july 31];7(2):111-120.Available                         from: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/3229/2591;

SEIZE, M. M.; BORSA, J. C. Instrumentos para Rastreamento de Sinais Precoces do Autismo: revisão sistemática. Psico-Usf, Itatiba, v. 22, n. 1, p. 161-176, 2017;

SENA, R. C. F.; REINALDE, E. M.; SILVA, G. W. S.; SOBREIRA, M. V. S. Prática e conhecimento dos enfermeiros sobre o autismo infantil. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 7, n. 3, p. 2707-2716, 2015;

SOELTL, S. B.etal. O conhecimento da equipe de enfermagem acerca dos transtornos autísticos em crianças à luz da teoria do cuidado humano. ABCS Health Sci, v. 46.2021;

SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, São Paulo, v. 1, n. 8, p.102-106, 2010;

URSI, E. S. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. 2005. 130 f. Dissertação(Mestrado em Enfermagem) -Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2005.


1Discente em Enfermagem Pela Universidade Nilton Lins – UNL;
2Enfermeiro pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM; Residente do Programa Pós-graduação em Enfermagem em
Terapia Intensiva no Formato de residência no Hospital Adventista de Manaus – HAM;
3Discente em Farmácia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM;
4Docente, orientadora da Universidade Nilton Lins – UNL.