O PESCADOR E A PESCA: LIMITES DA PESCA ARTESANAL NA ILHA MAÚBA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10490502


Josivaldo Correia Pantoja
Orientador: Prof. Dr. William Santos de Assis


RESUMO

O objetivo desse trabalho foi de entender os principais fatores que influenciaram os resultados da pesca artesanal na ilha Maúba nos últimos anos. A diminuição de algumas espécies como o Mapará (Hypophthalmus marginatus) e camarão de água doce (Macrobrachium amazonicum) parece ter relação direta com eventos ligados a construção da barragem de Tucuruí. A construção da hidrelétrica acarretou entre outros problemas o assoreamento de várias partes do rio, a mudança no volume de água, a interceptação do deslocamento de várias espécies de peixes. Foram utilizadas diferentes instrumentos de pesquisa, como revisão bibliográfica e entrevistas como os pescadores artesanais desta Ilha. Um dos fatores importantes foi a escassez do pescado e o aumento da população de pescadores, logo ocasionou um processo de migração entre pescadores desta comunidade

Palavras-chave: Pesca artesanal, conhecimento tradicional.

ABSTRACT Theaim of this studywasto understand the main factors that influenced the results of artisanal fishing in Maúba the aim of this study was to understand the main factors that influenced the results of artisanal fishing in Maúba island in recent years. The decline of some species such as mapará ( Hypophthalmusmarginatus ) and freshwater prawn ( Macrobrachiumamazonicum ) seems to be directly related to events related to construction of the Tucuruí dam. The construction of hydroelectric and other problems caused silting of various parts of the river , the change in volume of water , trapping the displacement of several species of fish. We used different research tools , such as literature review and interviews as artisanal fishermen of this island . One factor was the shortage of fish and increased fishing population , soon caused a migration process between fishermen of this community

Key-words: Small-scale fishing, Known traditional

1. INTRODUÇÃO

A região do Baixo Tocantins no Estado do Pará sempre foi conhecida pela sua abundante biodiversidade e principalmente pelos recursos pesqueiros ali existentes. A população local tem no extrativismo vegetal (sendo o Açaí um dos expoentes) e a pesca artesanal suas principais atividades produtivas. Essas atividades e principalmente a pesca artesanal vêm sendo afetadas ao longo dos anos por diferentes fatores. Segundo Furtado (1985), a pesca artesanal vem sofrendo varias modificações nas últimas décadas. Tais mudanças referem-se ao processo produtivo da atividade, a políticas gerais do Estado visando à construção de infraestrutura, bem como às políticas públicas para o setor da pesca.

A política mais global do governo de incentivo a implantação de infraestrutura na Amazônia e em especial a construção de hidrelétrica tem afetado a região de várias maneiras. No caso do Baixo Tocantins e das comunidades pesqueiras dessa região a proximidade com a hidrelétrica de Tucuruí tem provocado impactos negativos. Autores como Vilhena (2010) Santos e Jegu (1984), Santos e Mérona (1996) e outros têm discutido problemas relacionados à escassez de pescado nessa região decorrente da construção da hidrelétrica de Tucuruí. Na comunidade Maúba, local onde se desenvolveu este estudo, os pescadores já percebem a diminuição de algumas espécies como o Mapará (Hypophthalmus marginatus) e camarão de água doce (Macrobrachium amazonicum) (PANTOJA et al, 2014).  A diminuição do pescado é o resultado de um conjunto de outros problemas acarretados pela construção da hidrelétrica como o assoreamento, a mudança no volume de água, a interceptação do deslocamento de espécies dentre outros. Segundo, Colares (1996) a construção de barragens tem como objetivo a produção de energia elétrica ou suprir projetos de irrigação associada ao desmatamento às margens dos rios. Com isso ocasiona problemas para população aquática.

O objetivo desse estudo é de entender os principais fatores que influenciam os resultados da pesca na Ilha Maúba. Visando alcançar esse objetivo definimos os seguintes objetivos específicos: a) Descrever os principais tipos de pesca praticados pelos pescadores artesanais na Ilha Maúba; b) Analisar os entraves técnicos e econômicos da pesca na Ilha Maúba; c) Discutir de forma exploratória os principais limites para a reprodução das principais espécies de peixes da região da Ilha Maúba.

Para esse estudo utilizamos a definição de pescador artesanal conforme descrito por Diegues (1973), onde considera que:

Os pescadores artesanais são aqueles que, na captura e desembarque de todas as classes aquáticas trabalham sozinhos e/ou utilizam mão-de-obra familiar ou não assalariada, explorando ambientes ecológicos. Esses atores sociais são proprietários de um grande conhecimento que lhe foi transmitido geracionalmente. (DIEGUES, P. 73.1973)

Também levamos em consideração aspectos legais como a Lei 11.958/2009, que define a pesca artesanal da seguinte maneira:

Pesca artesanal: quando praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte.

Segundo Moreira e Rocha (1995), essa atividade vem sofrendo com os impactos violentos da modernização e da economia (p. 63). Isso está relacionado com a modificação do habita natural dos peixes, que teve a intervenção direta do Estado na construção da hidrelétrica de Tucuruí. Logo as populações dos pescadores artesanais tiveram que se adaptara esse novo sistema de produção. Como o plantio do açaí e trabalho nas olarias produzindo tijolos e telhas.

2. MATERIAIS METODOLOGIA

2.1 Localizações da área de estudo

A Ilha Maúba está situada no limite de Abaetetuba e Igarapé-Miri, na Mesorregião Nordeste e Microrregião de Cametá do Estado do Pará, estão a 101 e 130 quilômetros respectivamente de Belém, a capital do Estado. Segundo o instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) a população urbana de Abaetetuba era de 82.998 hab. e a rural era de 58.102 hab. Já a população urbana de Igarapé-Miri era de 26.205 hab. e a rural era de 31.872 hab.

O Rio Maúba banha as duas ilhas, Maúba e Parurú, as quais abrigam os Projetos de Assentamentos Agroextrativistas (PAE) Maúba e Parurú respectivamente. Além deste rio, a Ilha Maúba ainda é banhada pelo rio Pará (Figura 01).

O presente trabalho está concentrado no Projeto de Assentamento Agroextrativista do Rio Maúba. No entanto, os pescadores e pescadoras artesanais do PAE Maúba têm uma relação muito grande com algumas famílias do PAE da Ilha Parurú, mantendo relações sociais e produtivas entre essas comunidades.

Figura 01: Mapa da localidade.

2.2 Coletas de dados

No primeiro momento o trabalho de campo foi realizado no mês de outubro de 2013. Durante esse período foi utilizada a ferramenta do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) pelo grupo de alunos do curso de Pós-graduação Lato Sensu Agricultura Familiar e desenvolvimento agroambiental na Amazônia, no primeiro tempo-comunidade. O objetivo da aplicação dessa ferramenta foi de coletar informação sobre o processo histórico da localidade.

No segundo momento foram realizadas entrevistas com algumas famílias escolhidas, buscando caracterizar o sistema de produção e suas modificações ao longo do tempo. Essa etapa foi realizada em de abril de 2014.

No terceiro momento, através de aplicação de questionário, foram coletadas informações mais detalhadas somente com os pescadores da Ilha Maúba.

Neste momento foram realizadas 35 entrevistas individuais com os pescadores e pescadoras artesanais da ilha Maúba no município de Igarapé-Miri, estado do Pará.  Com o objetivo de obter subsídio para elaboração da monografia e entender os principais fatores que influenciam os resultados da pesca e os impactos ambientais ocasionados pela construção da barragem de Tucuruí, assim como os fatores sociais e econômicos entre os pescadores e pescadoras artesanais na Ilha Maúba. No período de agosto a outubro de 2014. O questionário aplicado conteve 25 perguntas com questões estruturadas a respeito do dia-a-dia do pescador.

Os dados quantitativos da ilha Maúba foram agrupados e tabulados com o auxílio de um programa de planilha eletrônica, o Excel.

3. O PESCADOR E A PESCA

Pretendo nesse segmento descrever as principais características dos pescadores da Ilha Maúba e os principais tipos de pesca.

3.1.  Características dos pescadores

Os pescadores artesanais da Ilha Maúba possuem uma relação muito estreita com a natureza, mais especificamente com a água, terra e floresta. Os mesmos dependem desses recursos naturais para garantir alimento e recursos para outras necessidades de reprodução da família e da atividade produtiva, a pesca. Isto também lhes garante uma relativa autonomia econômica. Esses profissionais são detentores de conhecimentos específicos sobre a atividade pesqueira e uma compreensão muito grande dos fenômenos naturais. Conhecimento esse que foi repassado por várias gerações (experiência) e que na literatura aparece como saber local, como o descrito por Toledo e Barrera Bassols (2008):

As sabedorias tradicionais baseiam-se nas experiências que se têm sobre o mundo, seus efeitos e significados, e sua valorização de acordo com o contexto natural e cultural onde se desdobram. Os saberes (ambientais) são então uma parte ou fração essencial da sabedoria local. (TOLEDO; BARRERA BASSOLS, 2008; p. 36).

Para uma pessoa chegar a ser considerado um pescador artesanal profissional, requer muitos anos de vivência com pescadores experientes. É preciso entender os aspectos biofísicos do seu território e dominar o conjunto de conhecimentos e técnicas utilizados nos diferentes tipos de pesca. Um dos elementos importantes no conjunto de conhecimentos dominados pelos pescadores artesanais é a cosmologia. Por meio desse conhecimento o homem se relaciona com a natureza e consegue compreender a influencia das marés e da lua na atividade pesqueira.

Alguns exemplos desses conhecimentos foram relatados pelos pescadores. Saber identificar a maré Tapacuema, por exemplo, que significa dominar horários de alta e baixa das marés, as fases da lua e a articulação desses elementos. Em dia de maré Tapacuemaa água começa a encheras06h00min da manhã e 18h00min do mesmo dia. Nesse dia a maré é boa para colocar matapí e a lua está na fase de quarto crescente. Já a maré de quarto que é quando ela vaza as 06h00min da manhã e as 18h00min nesse dia a lua é minguante.

Esse tipo de conhecimento só é possível de se reproduzir por meio da transmissão geracional, como é o caso do Sr. Manuel de Jesus Cardoso que pescou com seu avô e hoje pesca com seu neto. Em seu relato afirmou que é muito importante essa transmissão de conhecimentos que ele herdou dos seus familiares. Isto também permite um aprendizado coletivo e garante a preservação da memória social da comunidade ribeirinha.

Os pescadores da Ilha Maúba são todos filhos da região. Do total dos entrevistados 97% nasceram no município de Igarapé Miri e 3% nasceram no município vizinho, Cametá, com o qual os pescadores mantêm muitas relações.

Gráfico 01: Das origem dos pescadores entrevistados

No que se refere ao grau de escolaridade o estudo mostrou que apenas 74% dos pescadores tiveram acesso a estudos regulares, sendo que 68% não chegaram a concluir o ensino fundamental e apenas 6% concluíram o ensino fundamental. Do total de pescadores entrevistados, 26% não são alfabetizados. Os dados podem ser verificados no gráfico 02.

Gráfico 02: Grau de escolaridade dos pescadores entrevistados.

Fonte: Trabalho de campo.

Outro aspecto observado no estudo foi a idade dos pescadores. Pode-se observar que existem atualmente na Ilha Maúba pescadores jovens. Do total de entrevistados 23,5% estão na faixa de 10 a 20 anos, 14,7% estão na faixa de 21 a 30 anos, 35,3% na faixa de 31 a 40 anos, 11,7% estão na faixa de 41 a 50 anos, 3% estão na faixa de 51 a 60 nos e 11,7% estão na faixa de mais de 60 anos. Chama atenção duas coisas nesses números, a grande presença de pescadores jovens (entre 10 e 40 anos) e um número relativamente elevado de pescadores com mais de 60 anos (11,7%). Isto faz muito sentido quando observamos que a transmissão de conhecimento se faz basicamente pela via oral e pela prática. A presença de pessoas mais idosas é a garantia que os jovens recebem ensinamentos consolidados pela prática dessas pessoas. Todos os dados podem ser observados no gráfico 02.

Gráfico 03: Distribuição da idade dos pescadores entrevistados por faixa etária.

Fonte: Trabalho de campo.

Vale ressalta, os pescadores artesanais são assegurados especiais, e já conquistaram alguns direitos. Entre eles estão à aposentadoria por idade que para o homem é 60 anos e a mulher 55 anos de idade. Outro direito bem disputado é o seguro defeso que inicia no mês de novembro e se estende até fevereiro, período de reprodução de alguma espécie, entre ela o mapará (Hypophthalmus marginatus). Esse seguro da direito a um salario mínimo por mês. Para usufruir desse direito ele tem que está inscrito no INSS e obter o numero de identificação do trabalhado (NIT).

3.2 Descrições dos tipos de pesca

O estudo mostrou que os principais tipos de pesca praticados na Ilha Maúba são: a pesca do borqueio, a pesca com matapi, a pesca com malhadeira, a pesca com espinel, a pesca com caniço. Além desses tipos foi observada ainda a pesca com puçá e gapuia.

3.2.1 Pesca do Borqueio

É uma forma de pesca artesanal que atravessa gerações e tem uma importância fundamental na organização social da comunidade. Entre os relatos destacamos o da senhora Avelina Fonseca que tem 103 anos de idade, moradora dessa comunidade, em seu processo de rememoração nos contou que seu pai confeccionava seus instrumentos para esse tipo de pesca, como a tala da palmeira de paxiúba (Socrateaexorrhiza) e sonda dechumbo, como o observado na figura 02.

Figura 02: Sonda, instrumento utilizado para localizar cardumes de mapará.

Fonte: Autor

Esse tipo de pesca é realizado preferencialmente para a captura do Mapará (Hypophthalmus marginatus) é realizada no período de março a novembro de cada ano, e é constituída pelo coletivo de homens que é denominada de “borqueio ou torma.” Os borquiadores são aproximadamente vinte homens que trabalham nessa atividade incluindo, jovens e idosos, que são os taleiro, os mergulhadores os mopunqueiros e os jogadores de redes e são divididos de acordo com a experiência de cada indivíduo. Os pescadores mais experientes são chamados de “taleiros”, normalmente tem quatro profissionais que se dividem em quatro cascos em duplas. O taleiro com uma simples tala ou vara, e uma sonda que é pedaço de chumbo amarrado com nylon em uma boia ou “buía” de isopor, com o conhecimento que foi herdado do seu pai ou até de alguém do grupo familiar a que pertence, consegue identificar o cardume dos peixes, principalmente do mapará.

Essas duas ferramentas são fundamentais para identificar as espécies, a quantidade e o tamanho dos peixes. Isso é fruto de muitos anos de dedicação nesse tipo de pescaria. Os mergulhadores e os jogadores de rede são divididos em dois cascos, que em cada um tem seis pescadores e utilizam redes grandes de nylon. Após um taleiroidentificar o cardume, ordena para que a rede seja lançada, com isso capturando os peixes. Temoutra equipe que é da mopunga ou carolina que são pessoas que entram na água para fazer barulho e assustar os peixes para que eles se movimentem em direção à rede. O produto do trabalho coletivo, isto é, o pescado, é dividido em três partes: a primeira é distribuída para as pessoas que moram na comunidade, elas participam do borqueio, ajudando a puxa a corda no momento final dessa atividade, a segunda para os borqueiadores são os autores responsáveis por esse tipo de pescaria que alguns deles levam para sua própria alimentação e dos seus familiares e a terceira parte é destinada para ser comercializado na localidade e nos municípios de Abaetetuba e Igarapé-Miri. A venda dessa produção é distribuída entre todos os borquiadores. Com isso eles garantem o sustento de sua unidade familiar

Os moradores desta comunidade não vão para o borqueio apenas para a captura do pescado, mas também para fortalecer os laços afetivos, as relações de cordialidade e valorizar o saber popular, garantindo a sua “transmissão” para as gerações mais jovens; assim como valorizar as trocas de saberes culturais importantes para a organização social, econômica e cultural da comunidade.

Como se observa na figura 03 a comunidade reunida no momento da socializaçao do mapará.

Figura 03: separação do pescado após o borqueio.

Fonte: Autor

3.2.2 Pesca com Matapí

O matapi é uma armadilha (apetrecho)1 feita artesanalmente por pescadores ou pescadoras para captura o camarão da água doce (Macrobrachium amazonicum). Sua matéria prima é extraída da palmeira do jupati(Raphiataedigera), que são retirados da parte superior da palmeira, ou seja, os braços e depois deles secos, é retirado à tala. O cipó titica (Heteropsisjenmani) é coletado na mata é colocado no sol para secar, e serve para amarar as talas. Um artesão confecciona até cinco unidades por dia, mais depende de sua unidade familiar. O apetrecho é iscado com uma poqueca que é feita com farelo de babaçu (Orbignyaphalerata) embrulhado numa folha de arumã(Ishnosiphon polyphyllus) e amarrado com a envira feita da folhada palmeira do miriti (Mauritia flexuosa).

Esse tipo de o apetrecho é o principal instrumento para a pesca do camarão da água doce (Macrobrachium amazonicum) nesta localidade. E organizado pela unidade familiar dos pescadores artesanal envolvendo todos os membros. Essa pescaria é realizada o ano todo, mesmo no período do defeso. A produção e destinado tanto para alimentação da unidade familiar desses pescadores e também para se comercializado na própria comunidade.

Antes se pescava de dia e a noite, hoje normalmente é a noite que se coloca o matapí, devido à escassez da espécie. Essa atividade é praticada por toda a unidade familiar, onde as crianças contribuem coletando as folhas, as mulheres fazem a poqueca e os homens iscam e procuram o arumãna beira do rio ou igarapé e amarram em estaca ou vara. A outra forma de colocar o matapí é cambão. O cambão é feito de uma corda de nylon ou garachamauma espécie de cipó encontrada na localidade é colocado em linha reta às margens do rioamarado em vara de madeiras. Então são amarrados os matapíem uma distância de aproximadamente cinco metros de um matapi para o outro, como demonstra a figura 04. Nesta localidade existem duas categorias de pescadores de matapí: o pescador que utiliza de dez a quinze unidades para o consumo somente da unidade familiar, e o outro é que pesca com cinquenta a cem matapí, sua produção é tanto para alimentação quanto para ser comercializado na própria localidade.

Figura 04: Pescador com matapi em frente a uma residência.

Fonte: Autor

3.2.3 Pesca com Caniço

É um apetrecho que é confeccionado exclusivamente pelos pescadores ou pescadoras artesanais. Utiliza-se uma vara de madeira roliça que pode medir aproximadamente 1,50m, e uma linha de aproximadamente 20m e um anzol. A sua principal isca é o camarão ou partes de outros peixes. As espécies a ser capturados podem ser observadas no quadro 01:

Quadro 01: Espécies capturadas e tamanho das linhas e anzóis utilizados na pesca de caniço.

Nomes comunsNome CientificaLinhas utilizadas fibra e sua espessuraTamanho dos anzóis
JacundáCrenicichla lenticulata0,30N° 7
JandiáLeiarinusmarmoratus, L pictus.0,30N° 7
TraíraHopliasmalabaricus0,40N° 7 e N° 8
CaratingaEugerres brasilianus0,30N° 8
Pescada BrancaCynoscionmicro lepidotus  0,30N° 7 e N° 8
Tucunaré Cichla spp.0,40 ou 0,50Nº 6 e N° 7
MandiPimelodus maculatus0,30N° 8
MandubéAgeneiosus brevifitus0,30N° 8
Fonte: Trabalho de campo

Hoje na comunidade existem poucos profissionais que praticam esse tipo de pescaria. Vale ressaltar que para cada espécie de peixe tem uma espessura de linha e tamanho de anzóis. De acordo com o conhecimento do pescador ou pescadora, ele sabe qual é a maré boa de cada espécie. A sua produção uma parte é para consumo e a outra é para ser comercializada, com isso se garante o sustento de sua unidade familiar.

3.2.4 Pesca com Malhadeira

É um dos apetrechos mais utilizado pelos os moradores desta comunidade, é muito difícil não encontrar uma malhadeira na casa dos ribeirinhos, e muitos pescadores têm mais de uma. Existem dois tipos de malhadeira uma de nylon e a outra fibra na qual é confeccionada de fibra com uma agulha de madeira, e a de nylon é industrializada. A pesca realizada com a de redes de fibra no local não muito profundo dos rios, medindo aproximadamente 100m de comprimento. Como se observa no quadro 02.

Quadro 02: As principais espécies de peixe capturadas por malhadeira.

Nome comumNome CientificaTipos de malhadeiras
BacuPlatydorascostatusNylon
ArraiaPotamotrygon spp.Nylon
MaparáHypophthalmus marginatusNylon
Filhote  Brachyplathystoma filamentosumfibra
JacundáCrenicichlalenticulataNylon
JandiáLeiarinusmarmoratus, L pictus.Nylon
TraíraHopliasmalabaricusNylon
CaratingaEugerres brasilianusNylon
Caratipioca ou branquinhaCurimata incomptaNylon
  Tainha  Mugil brasiliensis Nylon
SardinhaTriportheus spp.  Nylon
Sanda  Pellona spp. Nylon
Pescada BrancaCynoscion microlepidotus  Nylon
TucunaréCichla spp.Nylon
Dourada  Brachyplatistoma rousseauxii fibra
MandiPimelodus maculatusNylon
MandubéAgeneiosus brevifitusNylon
AcariLoricaria spp.Nylon
ItuíApteronotus albifrons.Nylon
PiabaAstyanax spp.  fibra
Fonte: Trabalho de campo

Essas espécies são para o consumo de alimentação dos pescadores e comercializados na própria localidade ou vendidos na cidade de Abaetetuba. Já a outro tipo de redes denominada de tramalha que são com a malha mais graúda, que serve para capturar peixes de grande porte, como Filhote (Brachyplatystoma filamentosum), Douradas (Brachyplatistoma rousseauxii) e outras espécies. Esses pescadores são conhecidos no baixo Tocantins como os redeiros. O meio de transporte utilizado são os barcos com a capacidade até de cinco toneladas. As tramalhas são confeccionada por pescadores ou pescadoras na unidade familiar destes artesãos.

3.2.5 Pesca com Espinhel

É um tipo de pesca artesanal praticada pelos pescadores desta comunidade que utilizam como apetrecho vários anzóis em uma única linha de nylon. (A pesca de espinhel é dividida em duas categorias: a primeira é da tiradeira fina, que são os pescadores que pescam os peixes de pequeno porte como: Bacú (Platydorascostatus), dourada (Brachyplatistoma rousseauxii)e Pescada Branca(Cynoscionmicro lepidotus) Essa tiradeira tem de 300 a 600 anzóis, que se dividido em 30 anzóis para cada vão. Como demonstra a figura 05. Já a tiradeira grossa serve exclusivamente para capturar a Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum), os peixes de grande porte. Alguns pescadores pescam com as duas tiradeiras compridas, que é colocada no Rio Tocantins pelos pescadores, que utilizam uma embarcação de médio porte que são os cascos. 

Figura 05: pescador iscando o espinhel antes de jogar na água.

Fonte: Autor

A produção é para o consumo familiar, é comercializada na comunidade e no Município de Abaetetuba. O modo de organização é normalmente o familiar ou vizinhança.

Vale ressaltar que esse tipo de pesca tem uma relação muito grande com a natureza e é cheia de superstições a respeito da cosmologia, a lua e a água que são elemento da natureza tem um papel importante na maré boa para a pescaria. Existe um ritual muito importante antes da pescaria: banhar os anzóis com ervas cheirosas e cachaça. Depois de o pescador banhar sua linha e seus anzóis é hora dele tomar seu banho de cheiro com água de colônia. Logo, o pescador está pronto para a pescaria. Nesse tipo de pescaria as mulheres menstruadas não podem

3.2.6 A pesca de Puçá

É um tipo de pesca que vem a cada dia substituindo o borqueio, a forma de pescar é semelhante. O instrumento são sonda e vara de taliar utilizada pelo taleiro, porém não tem muitos segredos, qualquer pescador pode fazer esse tipo de pescaria, diferente dos borquiadores que requer conhecimento dos pescadores mais antigos. O apetrecho utilizado é rede de nylon parecida a do borqueio.  Os puçazeiros não têm os mergulhadores e nem os moponqueiros e as redes são menores. Os atores sociais envolvidos no puçá são os taleiros e os pescadores que jogam as redes, que são os mesmos homens que trabalham no casco. Essa prática de pesca começou na comunidade devidamente a escassez do pescado e o numero de pescadores profissionais reduzidos para trabalhar no borqueio, tendo em vista que aqui não é necessário ter experiência.

Esse tipo de pesca é organizado por um coletivo de homem, que se divide em dois cascos para cerca os cardumes dos peixes, essa forma de pescaria é realizada durante os meses de março a outubro de cada ano. A produção tem como finalidade o consumo da unidade familiar e a comercialização. A comercialização é feita na própria comunidade e nos Municípios de Abaetetuba e Igarapé Miri. As principais espécies captura são:(Hypophthalmus marginatus) Pescada (Cynoscion microlepidotus) e Tainha(Mugil brasiliensis)

3.2.7 A pesca de Gapuia

É uma forma de pesca praticada por pescadores e pescadoras artesanais nesta região do baixo Tocantins a mais de cem anos. O equipamento utilizado para esse tipo de pescaria é um balde ou quaratá extraído da palmeira do anajá (é secada a água até esvaziar o poço). A pesca acontece nos igarapés é organizada por todas as pessoas da unidade familiar e amigos no período que a maré seca, na maré de morta. Os pescadores e pescadoras deixam a água escoar ou escuar, ou seja, quando a maré está bem baixa. Então, eles escolhem a parte mais profunda do igarapé, conhecido popularmente na localidade com poço, tapam as duas partes com uma Mococa2 de barro e pedaços de madeiras, com objetivo de prender a água da parte de cima e esvaziar a parte que foi bloqueada.

Esse tipo de pesca e realizada durante o ano todo, mas acontece com mais frequência no verão, no período que as marés estão com seu volume reduzido. A finalidade principal desta pesca é para alimentação. Podem ser observadas no quadro 02 as principais espécies capturas nessa atividade:

Quadro 02: Nomes de pescado comuns e científicos capturados pela pesca de gapuia.

Nomes comunsNome Cientifica
BacuPlatydorascostatus
ArraiaPotamotrygon spp.
JacundáCrenicichla lenticulata
JandiáLeiarinus marmoratus, L pictus.
TraíraHoplias malabaricus
CaratingaEugerres brasilianus
Caratipioca ou branquinhaCurimata incompta
TainhaMugil brasiliensis
Pescada BrancaCynoscionmicrolepidotus  
MandubéAgeneiosusbrevifitus
AcariLoricaria spp.
ItuíApteronotus albifrons.
Cachorrinho de padre  Tracchycorystes geleatus
Camarão de água doceMacrobrachium amazonicum
Fonte: Trabalho de campo

Portanto, é só coletar os peixes como: Traíra (Hoplias malabaricus), cachorrinho de padre (Tracchycorystes geleatus) e camarão que ficaram no fundo do poço e depois é retirada a Mococa e é limpo o córrego do igarapé.    

4. A PESCA E O PEIXE

Os pescadores artesanais desenvolvem suas atividades nas embarcações de pequeno e médio porte, confeccionada de madeira por carpinteiros, calafate e pintores da própria região. São movidas por motores ou a vela. Com a diminuição do pescador essas embarcações motorizadas tem grande utilidade para esses profissionais.

Para cada tipo de pesca, requer um tipo de embarcação como se observa no quadro 03 e gráfico 03, respectivamente.

Quadro 03: Tipos de embarcações para cada tipo de pesca.

Tipos de pescasTipos de embarcações
BorqueioCascos
MalhadeiraCascos e rabetas
EspinhelCascos
PuçáCascos
Malhadeira/redeirosBarcos
Fonte: Trabalho de campo

Gráfico 04: Embarcações utilizadas pelos Pescadores para a captura do pescado

Fonte: DRP equipe Maúba

Todas as formas de pescarias utilizam as embarcações nas suas atividades, exceto na gapuia que não são necessárias. Esses atores que confeccionam a canoas são normalmente pescadores também.

A pesca teve grandes avanços a partir da segunda guerra mundial, pois as redes que eram feitas de algodão foram substituídas por redes de nylon que tem maior durabilidade, as canoas a remo foram substituídas por canoas motorizadas (DIEGUES, 1983).

Para os pescadores e pescadoras da Ilha Maúba, não foi diferente, segundo Anadir Fonseca (2014) um dos entrevistados durante a pesquisa de campo, ele pescava com seu pai em uma canoa a vela, tinham que sair bem cedo para sua pescaria, pescava de acordo com o vento e a maré. Mas quando retornavam para sua casa traziam peixes em grande quantidade e não precisavam ir muito longe. Hoje a maioria desses pescadores e pescadoras tem sua embarcação motorizada vão muito mais distante e na maioria das vezes, não conseguem capturar nem uma espécie de peixe.

Nesta região existia uma grande variação de espécie de peixes. Mas depois da construção da barragem de Tucuruí esses recursos estão a cada dia mais limitados nessa região. Alguns pescadores tiveram que investir mais na agricultura plantando o açaí e outros estão se adaptando as novas tecnologias na área da pesca. Como motores, redes mais reforçadas e anzóis.

Nesta comunidade pescar não significa que os pescadores e pescadoras pescam somente peixes, um exemplo é dos matapizeiros que pescam o camarão de água doce que é um crustáceo e os tiradores de ostras que mergulham até o fundo do rio para tirar ostra que é um molusco, esses também são considerados na localidade, como pescadores.

A pesca é uma atividade econômica importante para as famílias, do Rio Maúba, devido à mesma está situada em uma região pesqueira e favorável, para o desenvolvimento da pesca.

Mas à cada dia está difícil pesca nesta região, devido a falta de peixe. Hoje para alguns pescadores levo em considerações a produção a crença de cada pescador e sua religiosidade, e a quantidade de apetrechos e outros equipamentos que auxílio esses profissionais como uma boa embarcação motorizada, quantidades de redes e anzóis.  

5. OS LIMITES DA PESCA

 Hoje, a maioria dos pescadores e pescadoras que vive nesta comunidade observa-se a redução dos recursos pesqueiros e conflitos socioambientais tais como a disputa por espaço entre os pescadores da comunidade e os quem vem de outra localidade em torno da pesca artesanal na região do baixo Tocantins. Isso vem ocorrendo desde a construção da hidrelétrica de Tucuruí. Causando ainda diminuição dos pescados e mais alguns impactos ambientais como assoreamento dos rios causado pela construção da barragem da hidrelétrica

A escassez do pescado na região Amazônia é um fato inegável, que está relacionado possivelmente a cinco fatores: primeiro a construção de barragens e represas; segundo a poluição dos rios e lagos; terceira a privatização de terras na orla marítima e fluvial; quarto lugar, a urbanização mercantil e finalmente, em quinto, a sobre pesca e a depredação ambiental (VILHENA, 2011; p.16).   

Levando em consideração depoimentos coletados durante a pesquisa de campo. Essa problemática como o assoreamento, a falta de isca que esta relacionada com, o aumento da população de pescado, a pesca no período do defeso e a barragem de Tucuruí ocorre por diversos fatores como se observa no gráfico. O assoreamento é uma das consequências da barragem de Tucuruí. Já a falta de isca e a escassez dos peixes se relacionam com desrespeito no período de defeso que são influenciados pelo crescimento de pescadores desta região. Portanto está faltando gerenciar melhor esses recursos naturais que são esgotáveis, os dados podem ser verificados no gráfico 05.

Gráfico 05: Principais problemas relacionados à pesca na Ilha Maúba

Fonte: Autor

Como tem muito pescador para pouco pescado, o que está acontecendo nessa comunidade é uma descaracterização da agricultura familiar. Sabe-se que o peixe faz parte da economia do ribeirinho. Com a escassez do pescado, logo esses camponeses que sobreviviam disso, tiveram que buscar outra forma de sustentar sua unidade familiar que foi vender sua força de trabalho para essas empresas em todo o País. Como o observado na figura 06.

Figura 06: Migração dos pescadores da Ilha Mauba

Fonte: Autor

Alguns pescadores que não tem outro meio de produção se reúne em grupo de cinco embarcações, na época de julho a setembro, período esse de grande escassez de pescado na comunidade, eles se descocam para pesca no Baixo Amazonas em busca de peixes nesses municípios de Monte alegre, Almeirim, Prainha, Gurupá, Juruti, Óbidos e Afuá. Eles passam até três meses nessas regiões, longe de seus familiares.

De acordo com as entrevistas, pode-se destacar a participação em organizações políticas desses pescadores. 13 pescadores entrevistados pertencem a colônia dos pescadores do Município vizinho de Abaetetuba, 11 pertence colônia de pescadores do seu próprio Município de Igarapé Miri, 5 pertence ao SINPESPA (Sindicato dos Pescadores e Pescadoras Profissionais Artesanais, Aquicultores e Aquiculturas Familiares e Extrativistas do Município de Abaetetuba) e 6 são crianças e adolescentes que ainda não tem idade de se filiar nessas organizações políticas. Todos esses dados podem ser observados no gráfico 06.

Gráfico 06: Porcentagem de pescadores participantes e não participantes de associações.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

De acordo como foi observado este trabalho os pescadores artesanais estão a cada dia reduzindo suas atividades pesqueiras devido à escassez do pescado nessa região, uns dos motivos abordados por eles foi à redução do volume da água. Isso foi observado durante muitos anos de vivencia nessa localidade. Esses problemas existem, mas a própria comunidade não esta dando devidos tratamentos, na busca de soluções para minimiza esses impactos.

Vale ressaltar que essas diminuições de pescado ocasionam vários conflitos existentes na comunidade é, sobretudo, no que se referem aos aspectos sociais, ambientais, políticos e econômicos. Isso nada mais é do que o reflexo do crescimento desordenado da população lutando por recursos naturais. Um deles é a disputa das organizações no cenário politico e social desta comunidade, devido a mesma esta localizada nas fronteiras de duas colônia de pescadores  a Z- 15 do município de Igarapé Miri e a Z- 14 do Município de Abaetetuba e o mais recente o SINPESPA que foi fundado por um grupo que se desmembro  da  Z-14. Ambos representam uma grande massa de pescadores desta comunidade. Entretanto, muitos dessas organizações não estão preocupados com a diminuição do pescado e a maioria dos pescadores se filia nessas entidades devido o seguro de defeso.    

Mas, uma minoria de pescadores ligado a pastoral social esta se organizando para muda se cenário para garantir o direito pelo seu território e lutar pela conservação e o uso sustentável da biodiversidade regional, através do manejo sustentável dos recursos naturais, que também deve garantir benefícios econômicos e sociais para as populações que dependem desses recursos.

Infelizmente alguns pescadores artesanais estão perdendo sua identidade, devido os seus pais falar que a pesca não da futura. Logo esta ocorrendo uma descaraterização desse profissional. Mas ele é dono de um grande conhecimento, alguns deles fazem questão de expressa a sua satisfação de pertence a está categoria e com toda a dificuldade que ele enfrenta com a diminuição do pescado, mesmo assim queriam que seus filhos fosse pescadores. Isso é indicativo de que as comunidades e as organizações não sabem por onde começar a debater esses problemas

Mas, esses atores sociais, principalmente os mais idosos são capazes de sai de seus domicílios com os olhos vendados em suas embarcações, mais quando chega a sua marcação local esse onde estão costumado pescar é só coloca o sua malhadeira e esperar o peixe. Um exemplo disso é o senhor João Porxis que é deficiente visual a mais de cinco anos, mesmo assim é dos melhores pescadores da localidade. 

Para, ADRÃO (2000, P 70) as marcações são feita a partir de um ponto fixo na terra visto do mar, e de vários ângulos. Na comunidade os pontos de marcação são as árvores mais altas e as ilhas. Cada pescado tem suas marcações é um segredo da unidade familiar desses autores. Esses conhecimentos construídos por esses pescadores é uma síntese desse processo descrito por Edgar Morim, 1999 p 29.

Portanto, essa reflexão é feita a partir da compreensão de cada indivíduo no contexto socioeconômico e político mais amplo, aonde essa transformação da realidade local, não venha causar mais exploração dos recursos pesqueiros. As novas características do contexto regional vêm colocando outras perspectivas aos atores locais e produzindo uma maior diversidade social e ambiental na região.

Enfim, todos esses tipos de pesca estão relacionados às relações sócias existente na comunidade, e a classificação e ordenação da pesca sejam de espécies de peixes e o conhecimento do pescado sobre o ecossistema no qual está inserido.


1Nome dado aos instrumentos e ferramentas de pesca pelos moradores da Ilha Maúba.

2Pequena barreira para impedir a passagem da água.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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