THE EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF TUBERCULOSIS/HIV CO-INFECTION IN THE POPULATION OF PIAUÍ FROM 2012 TO 2022.
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10055515
Leticia Kisley Leite de Carvalho¹
Romulo Ayres Dias Pinheiro ²
Gerardo Vasconcelos Mesquita³
RESUMO
A Tuberculose (TB) é considerada a doença mais prevalente em todo o mundo, nos últimos anos superou o HIV e se tornou a doença mais infecciosa do mundo. Os riscos de infecção são mais expressivos quando secundários a imunodeficiência por HIV/Aids. No Brasil, a incidência da coinfecção TB/HIV cresceu vertiginosamente. O estudo tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico da coinfecção tuberculose/HIV na população do Piauí no intervalo do ano de 2012 a 2022. Trata-se de um estudo epidemiológico, quantitativo, do tipo descritivo e retrospectivo que analisou o perfil epidemiológico na população do Piauí no intervalo do ano de 2012 a 2022. Entre os anos de 2012-2021 no Piauí, houve maior incidência de casos de coinfecção HIV/TB em pacientes do sexo masculino, autodeclarados pardos, na faixa etária de 35 a 44 anos, da zona urbana. A região registrou o maior número de notificações de caso novo, a forma clínica pulmonar foi a mais incidente através da confirmação laboratorial com o teste de sensibilidade, regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO). As maioria das notificações faziam uso do antirretroviral. No desfecho na situação de encerramento, tem-se que a proporção de cura para a coinfecção tuberculose-HIV no Piauí diante da proporção da transferência. Ao analisar a associação da TB/HIV com outras doenças e agravos foi verificado a predominância da diabetes e doença mental. Através do estudo constatou-se a necessidade de medidas de prevenção e controle desta patologia com adoção de estratégias específicas, com o objetivo de melhorar o nível de atenção nos serviços de saúde, assim reduzir a coinfecção tuberculose/HIV e garantir a qualidade de vida da população.
Palavras-chave: Tuberculose/HIV; Epidemiologia; Coinfecção.
ABSTRACT
Tuberculosis (TB) is considered the most prevalent disease worldwide, in recent years it has surpassed HIV and has become the most infectious disease in the world. The risks of infection are more significant when secondary to immunodeficiency due to HIV/AIDS. In Brazil, the incidence of TB/HIV co-infection has increased dramatically. The study aims to describe the epidemiological profile of tuberculosis/HIV co-infection in the population of Piauí from 2012 to 2022. This is an epidemiological, quantitative, descriptive and retrospective study that analyzed the epidemiological profile in the population of Piauí from 2012 to 2022. Between 2012 and 2021 in Piauí, there was a higher incidence of HIV/TB co-infection cases in male patients, self-declared brown, aged 35 to 44 years, in the urban area. The region recorded the highest number of new case notifications, and the pulmonary clinical form was the most common through laboratory confirmation with the susceptibility test, Directly Observed Treatment (DOT) regimen. Most of the notifications used antiretroviral drugs. In the outcome of the closure situation, the proportion of cure for tuberculosis-HIV co-infection in Piauí is based on the proportion of transfer. When analyzing the association of TB/HIV with other diseases and conditions, the predominance of diabetes and mental illness was verified. The study revealed the need for prevention and control measures of this pathology with the adoption of specific strategies, with the objective of improving the level of care in health services, thus reducing tuberculosis/HIV co-infection and ensuring the quality of life of the population.
Key-words: Tuberculosis/HIV; Epidemiology; Co-infection.
1. INTRODUÇÃO
A Tuberculose (TB) é considerada a doença mais prevalente em todo o mundo, nos últimos anos superou o HIV e se tornou a doença mais infecciosa do mundo (Batista, 2021). A infecção por tuberculose, está entre entre as doenças de emergência global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), possui uma prevalência de 32% (Massabni, 2019).
A tuberculose é uma das 10 principais causas de morte no mundo, onde o Brasil se encontra entre os 30 países com as maiores taxas de coinfecção por tuberculose e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) (Santos Júnior; Rocha; SOARES, 2019). Ao falarmos de HIV no Brasil, o primeiro caso ocorreu no ano de 1982, um ano após o primeiro caso nos Estados Unidos. Os Centros de Controle de Doenças (CDC), caracterizavam a doença em um primeiro momento como exclusiva entre pessoas jovens, homossexuais e sadias. Causada por um vírus que gera a chamada Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), é o foco de pesquisa em todo o mundo. Se tornou um grave problema de saúde pública e recebeu até o ano de 2016, o título de doença com o maior número de vítimas mortais em todo o mundo (Tavares, et al., 2021)
É de pleno conhecimento que doenças infecciosas apresentam alto risco quando combinadas com doentes portadores do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Com a imunidade deprimida, os pacientes ficam sujeitos a doenças que estão se espalhando pelo meio ambiente, o que para estes pacientes é fatal. Essas doenças conhecidas como oportunistas, aproveitam de uma fraca resposta imunológica para causar infecções, piorando o quadro do paciente (Dias et al., 2020).
No ano de 2020, o Brasil notificou 66.819 novos casos de tuberculose, tendo um coeficiente de 31,6 por 61 mil habitantes e na estratificação por unidades federativas as regiões com maiores incidências são Rio de Janeiro, Acre e Amazonas com 51 casos por 100 mil habitantes (Brasil, 2021). Os riscos de infecção são mais expressivos quando secundários a imunodeficiência por HIV/Aids. No Brasil, a incidência da coinfecção TB/HIV cresceu vertiginosamente entre os anos de 2010 a 2018. Em 2019, foram notificados 91.056 casos de Tuberculose, desses são também portadores de HIV/Aids 4.230 pessoas. Dentre as pessoas com coinfecção TB-HIV no Brasil, em 2019, apenas 47,5% realizaram terapia antirretroviral (TARV) durante o tratamento da TB (Sousa, et al., 2020).
Durante muitos anos, a ciência conseguiu intervir o alto grau de infecção por Tuberculose em todo o mundo, porem com a problemática da imunodepressão, principalmente ocasionado pelo HIV, essa doença começou a se alastrar, gerando o atual estado de coinfecção por Tuberculose em todo o país. Se faz necessário conhecer com qual velocidade, a Tuberculose se alastrou nos últimos anos e assim, conseguir compreender a melhor forma de cuidar e prevenir pacientes tanto para a Tuberculose como para o HIV.
Assim, o objetivo do trabalho descrever o perfil epidemiológico da coinfecção tuberculose/HIV na população do Piauí no intervalo do ano de 2012 a 2022.
2. METODOLOGIA
A pesquisa fundamenta-se, de uma análise epidemiológica, quantitativa, do tipo descritivo e retrospectivo da coinfecção da Tuberculose – HIV no estado do Piauí e no Brasil.
Baseada com coletas de informações em dados secundários, notificados e registrados no Sistema de Informação e Agravo e Notificação (SINAN), pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), relativo ao período de 2012 a 2022. A pesquisa epidemiológica realizada pode mostrar a distribuição de determinantes de doenças ou condições relacionadas à saúde em uma população específica, para descrever a análise de dados dentro de um determinado período de tempo. Os Métodos quantitativos utilizados são usados através de dados matemáticos usando percentuais, relativos aos dados obtidos pelo site do DATASUS.
Aplicando como indicadores: taxa de incidência e percentual de coinfecção TB-HIV. Foram incluídos os pacientes com diagnóstico confirmatório de tuberculose e reagente positivos para o HIV. Não se encaixa os pacientes dados como negativos, não realizados, em branco ou em andamento. As variáveis aplicadas para os casos de coinfecção foram: sexo, raça, faixa etária, zona de residência, benefício do governo, tipo de entrada, forma, confirmação laboratorial, antirretrovial, teste de sensibilidade, TDO realizado, situação de encerramento, alcoolismo, diabetes, doença mental,drogas ilicitas, outras doenças.
As pesquisas sobre os números de casos confirmados de tuberculose-HIV, e a população utilizada foi calculada através da incidência de (100.000 habitantes). Esses dados cadastrados encontram-se no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O resultado é baseado no programa TabNet, utilizado cálculos de frequência relativa e absoluta, para tratamento de dados no programa do Excel 2019.
3. RESULTADOS
Para iniciarmos a análise de dados específicos de coinfecção de TB-HIV, é necessário se compreender os dados de progressão da Tuberculose no estado do Piauí ao longo de 2012 a 2022 que estão em análise. Os dados fornecidos pelo DATASUS, estão em constante atualização, é sempre necessário analisar os dados e se esperar por uma variação futura, seja para mais ou para menos.
Nos últimos 10 anos, houveram um total de 737 novos casos de Tuberculose no Piauí. Ao analisarmos os dois primeiros anos (2012-2020), houve uma diferença com uma queda no ano de 2019 e alavancando ainda mais em (2021-2022), representando um aumento, não houve alteração de forma brusca no estado, porém, o número de casos aumentou gradativamente. (Tabela 1)
Gráfico 1. Casos confirmado de TB/HIV notificados no SINAN no Piauí e Brasil por ano, 2012 a 2022.
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan
Verifica-se novos casos anualmente, percebe-se uma progressão variada de TB/HIV, com anos de pico e meses de decaimento no Brasil e Piauí. Para essa análise, totalizamos o número de casos por mês ao longo dos últimos dez anos, dessa forma constatou-se que no ano de 2022 com maior taxa de prevalência no Brasil com 10.353 casos e 86 casos em 2018 no Piauí (Gráfico 1)
Tabela 1. – Caracterização epidemiológica de casos de TB/HIV no Piauí e Brasil de 2012 a 2022.
Sexo | ||||
Feminino | 180 | 24,4 | 30192 | 28,3 |
Masculino | 558 | 75,6 | 76387 | 71,6 |
Ignorado | – | – | 21 | 0,1 |
Raça | ||||
Branco | 69 | 9,3 | 32.752 | 30,7 |
Preta | 105 | 14,2 | 16409 | 15,4 |
Amarelo | 3 | 0,4 | 582 | 0,5 |
Parda | 538 | 72,9 | 48.514 | 45,5 |
Indígena | 3 | 0,4 | 358 | 0,3 |
Ignorado/branco | 20 | 2,7 | 7955 | 7,5 |
Faixa etária (anos) | ||||
0 a 14 | 10 | 1,4 | 918 | 0,9 |
15 a 24 | 57 | 7,7 | 9182 | 8,6 |
25 a 34 | 197 | 26,7 | 31407 | 29,5 |
35 a 44 | 249 | 33,7 | 34337 | 32,2 |
45 a 54 | 145 | 19,6 | 20726 | 19,5 |
55 a 64 | 56 | 7,6 | 7719 | 7,2 |
65 ou mais | 24 | 3,3 | 2234 | 2,1 |
Zona de residência | ||||
urbana | 271 | 36,7 | 35390 | 33,2 |
rural | 42 | 5,7 | 1460 | 1,4 |
periurbano | – | – | 367 | 0,3 |
Ignorado/branco | 425 | 57,6 | 69353 | 65,1 |
Benefício do governo | ||||
Sim | 56 | 7,6 | 4257 | 4,0 |
Não | 391 | 53,0 | 43.299 | 40,6 |
Ignorado/branco | 291 | 39,4 | 59.014 | 55,4 |
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan
De acordo com a Tabela 1, ao analisar o sexo dos indivíduos com TB/HIV no Piauí e Brasil, observou-se que no variável sexo que há maior número de casos em indivíduos do sexo masculino, com total de 558 (75,06%) das notificações realizadas durante os 10 anos analisados no Piauí e 76.387 (71,06%). Nos dados referentes aos casos de coinfecção TB/HIV notificados no período de 2012 a 2022, dispostos com maior prevalência na cor parda no Piauí de 538 (72,9%) e no Brasil com 48.514 (45,5%) de casos registrados no período, sendo a faixa etária de 35 a 44 anos mais acometida pelas coinfecções, com 249 (33,37%) no Piauí e 34.337 (32,2%) no Brasil.
Quanto a zona de residência dos acometidos, destaca-se que o maior número de casos registrados no período do estudo na zona urbana com 271 (36,7%) no Piauí e 35.390 (33,2%) no Brasil. Em relação a ser beneficiário do governo houve o predomínio de 291 (39,4%) de casos que não recebem no Piauí e 43.299 (40,6%) no Brasil e apenas 56 (7,6%) no Piauí e 4.257 (4,0%) no Brasil que declaram que recebem um benefício do governo.
Tabela 2. – Caracterização clínica de casos de TB/HIV no Piauí e Brasil de 2012 a 2022.
Piauí (738) | Brasil (106.570) | |||||||
n | % | n | % | |||||
Tipo de entrada | ||||||||
Caso novo | 566 | 76,7 | 73.085 | 68,6 | ||||
Recidiva | 29 | 3,9 | 10.595 | 9,9 | ||||
Reingresso após abandono | 72 | 9,8 | 16.909 | 15,9 | ||||
Não sabe | 4 | 0,5 | 612 | 0,6 | ||||
Transferência | 60 | 8,1 | 4.376 | 4,1 | ||||
Pós óbito | 7 | 0,9 | 993 | 0,9 | ||||
Forma | ||||||||
Pulmonar | 491 | 66,5 | 74.989 | 70,4 | ||||
Extrapulmonar | 175 | 23,7 | 20.632 | 19,4 | ||||
Pulmonar + extrapulmonar | 72 | 9,8 | 10.945 | 10,3 | ||||
Confirmação laboratorial | ||||||||
Sim | 340 | 46,1 | 49.883 | 46,8 | ||||
Não | 398 | 53,9 | 56.687 | 53,2 | ||||
Antirretroviral | ||||||||
Sim | 316 | 42,8 | 39.714 | 37,3 | ||||
Não | 102 | 13,8 | 15.975 | 15,0 | ||||
ignorado/branco | 320 | 43,4 | 50.880 | 47,7 | ||||
Teste de sensibilidade | ||||||||
Resistente a isoniazida | – | – | 473 | 0,4 | ||||
Resistente a rifampicina | – | – | 311 | 0,3 | ||||
Resistente a isoniazida e rifampicina | – | – | 334 | 0,3 | ||||
Resistente a drogas de 1ª linha | 4 | 0,5 | 389 | 0,4 | ||||
Sensível | 40 | 5,4 | 10.064 | 9,4 | ||||
Em andamento | 11 | 1,5 | 1.835 | 1,7 | ||||
Não realizado | 60 | 8,1 | 29.531 | 27,7 | ||||
Ignorado/branco | 623 | 84,4 | 63.632 | 59,7 | ||||
TDO realizado | ||||||||
Sim | 294 | 39,8 | 27.533 | 25,8 | ||||
Não | 195 | 26,4 | 42.020 | 39,4 | ||||
ignorado/branco | 249 | 33,7 | 37.017 | 34,7 | ||||
Situação de encerramento | ||||||||
Cura | 283 | 38,3 | 45.285 | 42,5 | ||||
Abandono | 66 | 8,9 | 19.453 | 18,3 | ||||
Óbito por TB | 34 | 4,6 | 3.624 | 3,4 | ||||
Óbito por outra causa | 156 | 21,1 | 17.340 | 16,3 | ||||
Transferência | 149 | 20,2 | 9.674 | 9,1 | ||||
Mudança de diagnóstico | – | – | – | – | ||||
TB-DR | 4 | 0,5 | 1.402 | 1,3 | ||||
Mudança de esquema | 8 | 1,1 | 1.401 | 1,3 | ||||
Falência | – | – | 74 | 0,1 | ||||
Abandono primário | 5 | 0,7 | 1.314 | 1,2 | ||||
Ignorado/branco | 33 | 4,5 | 7.003 | 6,6 | ||||
Alcoolismo | ||||||||
Sim | 145 | 19,6 | 24.737 | 23,2 | ||||
Não | 505 | 68,4 | 73.002 | 68,5 | ||||
ignorado/branco | 88 | 11,9 | 8.831 | 8,3 | ||||
Diabetes | ||||||||
Sim | 18 | 2,4 | 3.177 | 3,0 | ||||
Não | 641 | 86,9 | 95.125 | 89,3 | ||||
ignorado/branco | 79 | 10,7 | 8.268 | 7,8 | ||||
Doença mental | ||||||||
Sim | 22 | 3,0 | 3.428 | 3,2 | ||||
Não | 628 | 85,1 | 94.256 | 88,4 | ||||
ignorado/branco | 88 | 11,9 | 8.886 | 8,3 | ||||
Drogas ilícitas | ||||||||
Sim | 91 | 12,3 | 22.120 | 20,8 | ||||
Não | 400 | 54,2 | 57.232 | 53,7 | ||||
ignorado/branco | 247 | 33,5 | 27.218 | 25,5 | ||||
Outras doenças | ||||||||
Sim | 55 | 7,5 | 10.568 | 9,9 | ||||
Não | 446 | 60,4 | 56.178 | 52,7 | ||||
ignorado/branco | 237 | 32,1 | 39.824 | 37,4 |
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan
Quando analisados o tipo de entrada associado à coinfecção em questão, pode-se observar o predomínio de caso novo de 566 (76,7%) no Piauí e 73.085 (68,6%) no Brasil, seguida pelo reingresso após abandono com 72 (9,8%) no Piauí e 16.909 (15,9%) no Brasil, por transferência 60 (8,11%) no Piauí e 4.376 (4,1%) no Brasil, Reicidiva com 29 (3,9%) e 10.595 (9,9%), pós óbito 7 (0,9%) no Piauí e 993 (0,9%) no Brasil, e por que afirmaram que não sabe 4 (0,5%) no Piauí e 612 (0,6%) no Brasil.
Quanto a apresentação clínica da tuberculose, obteve-se a forma pulmonar como a mais prevalente. Dos 491 (66,5%) no Piauí e 74.989 (70,4%) no Brasil apresentou a forma pulmonar da TB no Piauí, 175 (23,7%) a forma extrapulmonar no Piauí e 20.632 (19,4%) no Brasil e apresentaram a forma pulmonar + extrapulmonar 72 (9,8%) no Piauí e 10.945 (10,3%) no Brasil.
O diagnóstico da TB pode ser feito em conjunto ou de forma isolada, sendo no estudo identificado através da confirmação laboratorial por 340 (46,1%) no Piauí e 49.883 (46,8%) no Brasil.
Ainda no âmbito do diagnóstico o teste de sensibilidade foi apontado sensível em 40 (5,4%) casos no Piauí e 10.064 (9,4%) no Brasil. O tratamento para a tuberculose é preferencialmente realizado em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO), que se refere a principal ação de apoio e monitoramento para os pacientes com a infecção foi investigado no recorte temporal do estudo, sendo assim, verificado em 294 (39,8%) no Piauí e em 27.533 (25,8%) no Brasil.
O uso do antirretroviral foi identificado em 316 (42,8%) caso no Piauí e 39.714 (37,3%) ao mesmo tempo que foi apresentado que 102 (13,8%) no Piauí e 50.880 (47,7%) no Brasil não faz uso, o que pode gerar consequências.
Quanto ao desfecho na situação de encerramento, segundo a Tabela 2, tem-se que a proporção de cura para a coinfecção tuberculose-HIV foi de 283 (38,3%) no Piauí e 42.285 (42,5%) no Brasil, enquanto que esse resultado teve influência na situaçao de cura, diante da proporção da transferência que tem 149 (20,2%) no Piauí e 9.674 (9,1) no Brasil.
Quando analisados doenças e agravos associados à coinfecção em questão, pode-se observar o predomínio do uso de álcool, com um total de 145 (19,6%) de notificações no Piauí, 24.737 (23,2%) no Brasil, seguida por uso de drogas ilícitas, com 61 (12,3%) de casos no Piauí, 22.120 (20,8%) no Brasil, doença mental com 22 (3,0%) no Piauí e 3.428 (3,2%) no Brasil, Diabetes com 18 (2,4%) no Piauí e 3.177 (3,0%) no Brasil e outras doenças com 55 (7,5%) no Piauí e 10.568 (9,9%) no Brasil.
4. DISCUSSÃO
Considerando a coinfecção HIV/TB como um real problema de saúde pública, é fundamental a realização de estudos que apresentem as principais características epidemiológicas associadas à essa condição de saúde. Para tanto, é possível consultar a fonte de informação SINAN, de acesso fácil, rápido e eficiente para a obtenção de dados e informação em saúde, apesar de ser, ainda, uma base de dados pouco explorada e analisada como ferramenta para ações de saúde. Ressalta-se, no entanto, que a veracidade e confiabilidade dos dados depende do acompanhamento até encerramento das investigações, da completitude dos campos essenciais das fichas de notificação e investigação, dos indicadores epidemiológicos definidos pelas áreas técnicas do Ministério da Saúde, da regularidade do envio de lotes do SINAN ao Ministério da Saúde e da tabulação de dados do Sinan por meio do TabNet.
O presente estudo revelou um elevado índice nos anos de 2014 (n=10.072) e no ano de 2022 (n=10.353) ao longo dos 10 anos em estudo (2012-2022) no Brasil e no Piauí a maior prevalência foi no ano de 2016 com 81 casos e 2018 com 86 casos. Tais achados são semelhantes aos de Costa et al., (2020) aos de outros estudos como o realizado no Ceará. No ano de 2017, foram contabilizados um total de 70,4% de exames diagnosticados para tuberculose em pacientes vivendo com HIV, comparando com 2013, sofreu um acréscimo de 8,9%. Ao analisarmos os dados por unidade federativa, o Ceará se encontra em 17° colocado na realização de exames diagnósticos para HIV porem ainda é menor que a média de 77,8. Ao identificar a capital do Ceará, Fortaleza se encontra em 21° colocado entres o número de exames diagnósticos para HIV, com 70% dos casos, também menor que a média de 76,9%. Ao se atualizar os dados e comparar com os últimos 10 anos, percebesse um aumento de 118% na realização de exames para HIV em pessoas com tuberculose, indo de 36,5% para 79,7%, e a coinfecção indo de 3,6% para 6,6%.
Em relação ao sexo dos indivíduos com TB/HIV no Piauí e Brasil, observou-se que no variável sexo, o maior índice foi atribuído ao o masculino. A prevalência no sexo masculino também é vista no estudo realizado por Vital Júnior et al (2020), que que essa maior ocorrência se dá ao fato do afastamento existente entre os homens e os serviços de saúde, a dificuldade no autocuidado e as condições socioeconômicas. Assim, a combinação de fatores responsáveis pela diferença social entre homens e mulheres, decorrentes de distinções comportamentais e culturais podem estar relacionados a este aumento.
No que diz respeito a raça e cor, ocorreu um maior índice da cor parda. Os dados desta pesquisa corroboram o que foi demonstrado por Silveira et al., (2022) ao analisar coinfecção tuberculose/HIV segundo o sexo em um município da Amazônia Ocidental que apresentou a raça/cor parda (79,5%), fato que pode ser associado ao perfil étnico da população da grande maioria das regiões do país, uma vez que a grande maioria da população se autodeclara parda, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Quando se trata da faixa etária prevaleceu a faixa etária de 35 a 44 anos mais acometida pelas coinfecções. Nos estados federativos observa-se que varia a faixa etária de coinfecção com HIV/tuberculose, como apontou o estudo realizado por Santos et al., (2020) no estado do Alagoas que identificou 730 casos com 20-39 anos, seguidos de 483 na faixa etária de 40-59 anos.
Quando se trata da zona de residência, o presente estudo mostrou percentual de 33,2% dos casos na zona urbana. Pode-se inferir que é uma característica do TB-HIV estão concentradas em áreas de pobreza, onde os recursos para diagnóstico, tratamento e controle da infecção são mínimos. Sendo assim corroborado com o grande índice de pessoas que não são beneficiários do governo conforme, contribuindo para o agravamento das condições sociais e econômicas se traduz em aumento da vulnerabilidade e, risco de adoecimento por tuberculose-HIV (Gioseffi; Batista; Brignol, 2022).
No grupo de pessoas consideradas vulneráveis, destaca-se as pessoas em privação de liberdade e pessoas em situação de rua. A população de rua se enquadra nessa categoria por conta de sua condição precária de vida, sem alimentação adequada, muitas vezes sem assistência à saúde, sem acesso a informação, o que contribui para a coinfecção em questão. Já a população carcerária, se torna vulnerável por conta da decadência do sistema prisional brasileiro. A superlotação de celas e más condições de estrutura física dos presídios tornam a população privada de liberdade altamente susceptível à tuberculose, principalmente na sua forma pulmonar (Fontes et al., 2019; Allgayer et al., 2019).
Quando analisados o tipo de entrada associado à coinfecção em questão, pode-se observar o predomínio de caso novo mais susceptível à coinfeção por HIV/TB no Piauí. Resultado semelhante em estudo realizado na capital do Pará por Ferreira et al., (2021) que identificou que 79,08% (n=2053) foram de casos novos, que assim como no Piauí o maior índice em relação ao tipo de entrada. Esse cenário coloca a TB como uma das principais comorbidades associadas ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), favorecendo o surgimento de formas clínicas mais graves da doença, maior frequência de internação, maior número de retratamentos e maior taxa de abandono do tratamento e óbito (Magnabosco et al., 2019).
Quanto a apresentação clínica da tuberculose, obteve-se a forma pulmonar como a mais prevalente no Piauí. Sendo resultado associado ao estudo de Ferreira et al., (2022) quando se trata de dividir o território nacional por regiões, a região Nordeste se apresenta como a 3° colocada em taxa de incidência no país, apresentando um valor de 33 à cada 100 mil habitantes. Ainda em análise por região, o Nordeste apresenta o 2° colocado, com 24,7% de novos casos de tuberculose pulmonar confirmados laboratorialmente. Como pode ser também constatado no estudo que no Piauí que o diagnóstico da TB pode ser feito em conjunto ou de forma isolada, sendo no estudo identificado através da confirmação laboratorial por 340 (46,1%) no Piauí e 49.883 (46,8%) no Brasil.
Os aspectos relacionados ao diagnóstico o teste de sensibilidade foi apontado a sensível na maioria dos casos, destacados na literatura, seguem um padrão, sendo observada quando relacionado ao método de detecção do bacilo com base na baciloscopia, a cultura do bacilo possui maior especificidade e sensibilidade no diagnóstico da tuberculose (Santos et al., 2023).
Do total dos casos notificados no Piauí entre os anos de 2012 e 2022, foi apresentado em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO) com maior relevância. Em contraponto, a pesquisa de Pereira; Gomes; Rodrigues (2022) ao analisar o perfil de pacientes com TB no município de Porto Velho, no período de 2010 a 2020 encontrou que 65,6,6% dos indivíduos com TB/HIV não realizado.
No que diz respeito o uso do antirretroviral, os dados desta pesquisa corroboram o que foi demonstrado por Araújo et al., (2022) que identificou que a grande maioria faz uso da terapia antirretroviral, revelando que o uso de forma regular da terapia antirretroviral pode prevenir tanto a coinfecção TB-HIV quanto desfechos desfavoráveis como a multidrogarresistência e óbitos.
Quanto ao desfecho na situação de encerramento, tem-se que a proporção de cura para a coinfecção tuberculose-HIV no Piauí e no Brasil, enquanto que esse resultado teve influência na situaçao de cura, diante da proporção da transferência. O Ministério da Saúde preconiza uma taxa de abandono inferior a 5,0% e uma taxa de cura de 85,0% para a TB no Brasil (Ministério da Saúde, 2022). Este estudo apontou para uma taxa de cura entre os casos de TB/HIV abaixo do recomendado, assim como taxas de abandono de tratamento e de mortalidade por TB/HIV elevadas. Resultados similares foram encontrados em estudos feitos por Severino Neto; Costa; Marques (2023) aponta que o número elevado de mortes por TB é um indicador de um sistema de saúde com problemas de eficiência, pois a TB é uma doença tratável, se houver diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Quando analisados doenças e agravos associados à coinfecção em questão, pode-se observar o predomínio do uso de álcool e drogas ilícitas, de notificações no Piauí e no Brasil. O uso de drogas ilícitas e álcool é um fator bastante relevante no perfil epidemiológico de pessoas com a coinfeção HIV/TB. Esse achado condiz com o estudo realizado por Piran et al., (2023) que alega que o uso de drogas ilícitas, de álcool e cigarro e poderiam explicar, em parte, as altas taxas de abandono de tratamentos. Semelhante ao encontrado por Silva et al., (2022), em um estudo realizado no âmbito de dez anos no estado do Pará (2010-2020), quanto aos fatores associados à coinfecção TB-HIV, verificou-se que 16,8% (n= 722) havia dependência ao álcool e 9,4% (n= 403) eram tabagistase 8,7 (n= 376) tinha o consumo de drogas ilícitas.
Ao analisar a associação da TB/HIV com outras doenças e agravos foi verificado a predominância da diabetes e doença mental. Com isso, este estudo consegue fortalecer um importante elo entre a coinfecção TB-HIV e outras patologias, que tem grande potencial para reduzir a qualidade de vida, aumentar a mortalidade e, portanto, diminuir as taxas de sobrevida dos pacientes que sofrem dessas comorbidades, como aponta Soares et al., (2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, com o objetivo de conhecer o perfil epidemiológico da coinfecção tuberculose/HIV na população de Teresina-PI no intervalo do ano de 2012 a 2022, baseado em dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os dados demonstraram um padrão de ocorrência que corrobora com resultados evidenciados na literatura em nível nacional, por região ou estado. Assim, infere-se que a doença atinge principalmente indivíduos do sexo masculino, pessoas em faixa etária produtiva, de raça parda e residentes na zona urbana.
A Tuberculose, durante longos anos, foi considerada a doença mais perigosa entre tantas outras, ainda hoje é. O comprometimento com a sua erradicação, levou a muitos profissionais engajados em seu estudo a procurarem os melhores métodos para o seu tratamento e consequente controle. Dessa forma muitas medidas foram tomadas e hoje, a mesma se encontra entre as doenças consideradas sentinelas, cujo os casos são controlados.
No Piauí, entre os anos de 2012 e 2022, houve maior incidência de casos de coinfecção HIV/TB em pacientes do sexo masculino, autodeclarados pardos, na faixa etária de 35 a 44 anos, da zona urbana. A região registrou o maior número de notificações de caso novo, a forma clínica pulmonar foi a mais incidente através da confirmação laboratorial com o teste de sensibilidade, regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO). As maioria das notificações faziam uso do antirretroviral. No desfecho na situação de encerramento, tem-se que a proporção de cura para a coinfecção tuberculose-HIV no Piauí diante da proporção da transferência. Ao analisar a associação da TB/HIV com outras doenças e agravos foi verificado a predominância da diabetes e doença mental.
Os achados apontam a necessidade de medidas de prevenção e controle desta patologia com adoção de estratégias específicas, com o objetivo de melhorar o nível de atenção nos serviços de saúde, assim reduzir a coinfecção tuberculose/HIV e garantir a qualidade de vida da população. Em última instância, é necessário garantir a expansão, se possível, de um movimento educativo que englobe todas as classes sociais e faixas etárias, explicando os fatores que podem causar a coinfecção e que os profissionais envolvidos no diagnóstico e tratamento olhem a todo momento mais detalhado e claro para esta coinfecção.
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1 Graduanda em Bacharelado em Medicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI. E-mail: leticiakisley@icloud.com
2 Graduando em Bacharelado em Medicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI. E-mail: romulo.a1310@gmail.com
3 Orientador. Mestre e Doutor em Cirurgia, pela Universidade Federal de Pernambuco. Especialista na área de Acupuntura pela Universidade Federal de Pernambuco e Medicina do Esporte pela Universidade de Pernambuco. E-mail: gvmesquita@uol.com.br