THE VITAL ROLE OF NUTRITIONAL STATUS ASSESSMENT N HEART FAILURE: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410281958
Izaura Geovana Albuquerque Viana de Sousa1
Laryssa Fernandes de Souza Coelho2
RESUMO
A insuficiência cardíaca afeta profundamente o estado nutricional dos pacientes, exacerbando suas condições clínicas e dificultando a recuperação. Este estudo destaca a importância de uma avaliação nutricional abrangente em pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca, enfatizando a necessidade de intervenções nutricionais personalizadas. Desnutrição e sarcopenia são comuns nessa população e estão associadas a um aumento na mortalidade e nas taxas de readmissão hospitalar. Ferramentas como o Índice Nutricional Prognóstico (PNI) e o Índice de Risco Nutricional Geriátrico-Hemoglobina (H-GNRI) são essenciais para identificar deficiências nutricionais e prever desfechos clínicos adversos. A implementação dessas avaliações permite o desenvolvimento de intervenções nutricionais direcionadas, como dietas ricas em proteínas, suplementação de micronutrientes e programas de reabilitação personalizados. Essas estratégias visam não apenas corrigir a desnutrição, mas também promover a recuperação da função muscular e melhorar a resposta imunológica, o que pode resultar em uma redução significativa na mortalidade e nas readmissões hospitalares. Assim, uma abordagem integrada e personalizada à nutrição é crucial para otimizar o tratamento e melhorar os resultados clínicos em pacientes com insuficiência cardíaca.
Palavras-chave:. Avaliação Nutricional, Insuficiência Cardíaca
ABSTRACT
Heart failure profoundly impacts the nutritional status of patients, exacerbating their clinical conditions and hindering recovery. This study highlights the importance of comprehensive nutritional assessment in hospitalized patients with heart failure, emphasizing the need for personalized nutritional interventions. Malnutrition and sarcopenia are common in this population and are associated with increased mortality and hospital readmission rates. Tools such as the Prognostic Nutritional Index (PNI) and the Hemoglobin-Geriatric Nutritional Risk Index (H-GNRI) are essential for identifying nutritional deficiencies and predicting adverse clinical outcomes. Implementing these assessments allows for the development of targeted nutritional interventions, such as high-protein diets, micronutrient supplementation, and personalized rehabilitation programs. These strategies aim not only to correct malnutrition but also to promote muscle function recovery and improve immune response, potentially leading to significant reductions in mortality and hospital readmissions. Thus, an integrated and personalized approach to nutrition is crucial for optimizing treatment and improving clinical outcomes in patients with heart failure.
Keywords: Nutritional Status, Heart Failure
INTRODUÇÃO
A insuficiência cardíaca não se limita apenas às óbvias limitações cardiovasculares, mas também impacta significativamente o estado nutricional dos pacientes. Em indivíduos hospitalizados após um episódio de insuficiência cardíaca, a relação entre a má saúde nutricional e os desfechos clínicos não é uma coincidência, mas sim uma conexão profunda e interdependente. Este estudo tem como objetivo investigar a importância de uma avaliação nutricional abrangente, que englobe a ingestão alimentar, marcadores bioquímicos e indicadores físicos, para o desenvolvimento de intervenções nutricionais personalizadas. Ao avaliar cuidadosamente esses componentes, os profissionais de saúde podem formular estratégias que visem melhorar a saúde geral e a recuperação desses pacientes.
Embora pareça simples abordar a desnutrição, o verdadeiro desafio reside na compreensão necessária para adaptar intervenções às necessidades médicas e nutricionais específicas de cada paciente. Portanto, uma análise focada dessa interação entre nutrição e desfechos clínicos destaca o papel essencial do atendimento personalizado na melhoria das trajetórias de recuperação de pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca.
Compreender o impacto da insuficiência cardíaca sobre o estado nutricional evidencia a necessidade de uma abordagem diferenciada para melhorar os resultados desses pacientes. Pacientes internados com insuficiência cardíaca frequentemente sofrem de desnutrição e sarcopenia, condições que agravam suas vulnerabilidades clínicas e dificultam o processo de recuperação. Segundo Hersberger et al. (2021), aproximadamente 64% dos pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca também enfrentam comorbidades, o que eleva o risco de deficiências nutricionais. Uma avaliação abrangente, que inclua a análise da ingestão alimentar, marcadores bioquímicos e a avaliação da condição física, pode ser uma estratégia eficaz para personalizar as intervenções nutricionais voltadas para essa população (de Jorge-Huerta et. al., 2024). Considerando fatores como o edema, que pode alterar as leituras do índice de massa corporal, os profissionais de saúde podem utilizar métodos alternativos, como a análise de impedância bioelétrica (BIA) ou ultrassom clínico, para obter medições mais precisas (Benitez-Velasco et. al., 2024). Essas ferramentas diagnósticas permitem a detecção tanto de deficiências nutricionais evidentes quanto sutis. Conforme apontado por de Jorge-Huerta et al. (2024), abordar a sarcopenia e a desnutrição com estratégias nutricionais personalizadas e regimes de exercícios não apenas melhora a massa muscular, mas também reduz as taxas de mortalidade associadas à insuficiência cardíaca.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, desenvolvida a partir da proposta de Mendes et al. (2008) que estabelece seis etapas: (1) identificação do tema e seleção da hipótese/questão de pesquisa; (2) estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de estudos/busca na literatura; (3) definição das informações a serem extraídas dos estudos; (4) avaliação dos estudos; (5) interpretação dos resultados; e (6) apresentação da revisão. A partir do tema deste estudo, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: “Quais são as ferramentas adequadas para a avaliação nutricional de paciente com insuficiência cardíaca segundo a literatura científica?”A busca de dados foi realizada entre agosto e setembro 2024, sendo utilizadas três bases de dados: MEDLINE, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para a busca foram considerados os seguintes descritores combinados com operadores booleanos AND e OR, na seguinte forma: “Nutritional Status” AND “Heart Failure”
Como critérios de inclusão para o estudo delimitaram-se apenas artigos que correspondem à questão de pesquisa, restringindo-se a estudos posteriores a 2019 (últimos cinco anos). Para critérios de exclusão definiram-se os artigos que não abordavam a temática deste estudo, não abordaram a avaliação nutricional, assim como aqueles que não estavam disponíveis para acesso.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Foram identificadas ao total 358 publicações. Foram excluídos 169 estudos anteriores a 2019. Na etapa de leitura dos títulos e resumos, foram excluídos 164 estudos, permanecendo 25. Na etapa de leitura do artigo na íntegra, foram excluídos 5 artigos que não estavam disponíveis para livre acesso nas bases de dados e 8 que não traziam em seu conteúdo relevância para o objetivo dessa pesquisa. Por fim, restaram 12 artigos que compuseram a amostra final deste estudo (Figura 1).
Figura 1: Fluxograma referente às etapas da seleção dos estudos pelos revisores
Fonte: elaborado pelos autores
Intervenções nutricionais personalizadas, fundamentadas em avaliações abrangentes, oferecem uma abordagem promissora para melhorar a recuperação e o prognóstico geral de pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca. Diante da necessidade de avaliações nutricionais precisas nesses pacientes, é fundamental reconhecer que o comprometimento do estado nutricional pode influenciar significativamente os desfechos clínicos. Pacientes internados com insuficiência cardíaca frequentemente apresentam desnutrição, como destacado por Benitez-Velasco et al. (2024), agravada por processos inflamatórios que afetam tanto o peso corporal quanto os parâmetros nutricionais. Isso exige o uso de técnicas diagnósticas abrangentes, como a análise de impedância bioelétrica (BIA) e a absorciometria de raios X de dupla energia (DXA), que demonstram ser métodos confiáveis para avaliar a composição corporal (Benitez-Velasco et al., 2024). Essas técnicas são essenciais para identificar com precisão a desnutrição e diferenciá-la de outros marcadores de gravidade da doença, permitindo assim intervenções direcionadas.
Driggin et al. (2022) ressaltam que a implementação de modificações dietéticas, como uma dieta com baixo teor de sódio, tem implicações significativas na redução das taxas de mortalidade e hospitalização em pacientes com insuficiência cardíaca. O uso de avaliações detalhadas, incluindo marcadores bioquímicos como a albumina sérica e os níveis de proteína C-reativa, proporciona uma compreensão mais profunda das necessidades nutricionais específicas de cada paciente (Abe et al., 2024). Dessa forma, intervenções nutricionais personalizadas, baseadas nessas avaliações abrangentes, não apenas ajudam a mitigar os efeitos adversos da desnutrição, mas também promovem uma melhor recuperação e resultados de saúde em longo prazo para pacientes com insuficiência cardíaca.
Ao aprofundar essa discussão, é essencial abordar a complexa relação entre o estado nutricional comprometido e os desfechos clínicos em pacientes com insuficiência cardíaca por meio de uma abordagem de avaliação multifacetada. Como discutido por Sargento, Longo e Lousada (2014), pacientes com insuficiência cardíaca frequentemente apresentam desnutrição e caquexia, complicando ainda mais seu prognóstico geral e aumentando a necessidade urgente de intervenções nutricionais oportunas. A incorporação de avaliações abrangentes de ingestão alimentar, marcadores bioquímicos e indicadores físicos permite que os profissionais de saúde formulem estratégias nutricionais mais eficazes e individualizadas, respondendo às necessidades específicas de cada paciente (Li et al., 2024). Essas avaliações devem priorizar a compreensão do impacto da insuficiência cardíaca na absorção de nutrientes e na taxa metabólica, frequentemente distorcidas pelos efeitos fisiopatológicos da doença.
Por exemplo, ao avaliar os níveis de albumina sérica e estudos de equilíbrio de nitrogênio, os profissionais podem identificar com precisão a desnutrição proteico-energética, permitindo intervenções alimentares ou suplementações apropriadas (Li et al., 2024). Além disso, ferramentas clínicas como a Avaliação Global Subjetiva (SGA), em conjunto com medidas objetivas, como testes de força de preensão manual, oferecem insights valiosos sobre a deterioração da função muscular frequentemente observada em pacientes com insuficiência cardíaca (Li et. al., 2024). Focando nas deficiências de macronutrientes e micronutrientes por meio de intervenções personalizadas, como dietas ricas em proteínas ou suplementos vitamínicos específicos, os profissionais de saúde podem não apenas melhorar o estado nutricional desses pacientes, mas também promover a recuperação da função cardíaca e a melhora geral do quadro clínico.
Portanto, um protocolo de avaliação detalhado e integrado emerge como uma pedra angular na otimização do tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca. Este protocolo, ao ser implementado de maneira sistemática e personalizada, pode levar a melhores resultados clínicos e a uma melhora significativa na qualidade de vida desses indivíduos. Ao adotar uma abordagem nutricional personalizada, baseada em avaliações abrangentes e multidimensionais, os profissionais de saúde estão melhor equipados para enfrentar os desafios impostos pela insuficiência cardíaca, garantindo que cada paciente receba o cuidado necessário para uma recuperação mais eficaz e duradoura.
Com base nessa abordagem abrangente ao cuidado do paciente, é igualmente essencial integrar o valor preditivo do Índice Nutricional Prognóstico (PNI) e dos níveis séricos de cloreto nos protocolos de avaliação para pacientes com insuficiência cardíaca. O PNI, que considera as concentrações séricas de albumina e as contagens totais de linfócitos, tem se mostrado uma métrica valiosa na avaliação do estado nutricional desses pacientes (Wenyi Gul et al., 2024). Segundo a pesquisa de Hauptman et al. (2008), a desnutrição é um problema prevalente entre pacientes com insuficiência cardíaca, frequentemente associada a maiores taxas de mortalidade e piores desfechos clínicos. Ao combinar o PNI com as medições séricas de cloreto, os profissionais de saúde podem aumentar a precisão prognóstica para pacientes com insuficiência cardíaca descompensada aguda (ADHF), já que esses biomarcadores, juntos, demonstram um valor preditivo maior para mortalidade por todas as causas em comparação com os fatores de risco tradicionais isolados (“Heart and Vessels”, 2024). Essa avaliação dupla não só permite intervenções nutricionais mais específicas, mas também auxilia na adaptação dos tratamentos médicos, considerando tanto os desequilíbrios eletrolíticos quanto a desnutrição. A implementação de tais medidas diagnósticas sofisticadas permite uma abordagem proativa no manejo da insuficiência cardíaca, assegurando que os déficits nutricionais sejam prontamente identificados e tratados. Estudos recentes destacam que pacientes nos quartis mais baixos do PNI enfrentam riscos de mortalidade significativamente maiores, sublinhando a necessidade de estratégias de intervenção oportunas e precisas (Wenyi Gul et al., 2024). Assim, integrar a avaliação do PNI e dos níveis de cloreto sérico nas avaliações de rotina melhora o atendimento ao paciente, fornecendo uma visão holística do estado nutricional e clínico, o que, em última análise, leva a melhores resultados de recuperação e a uma redução nas readmissões hospitalares.
Além disso, pacientes internados com insuficiência cardíaca frequentemente apresentam comprometimento do estado nutricional, que impacta significativamente seus desfechos clínicos, exigindo uma avaliação abrangente da ingestão alimentar, dos marcadores bioquímicos e dos indicadores físicos para guiar intervenções nutricionais personalizadas e melhorar a recuperação. AR Vest et al. (2019) destacam que pacientes com insuficiência cardíaca estão em alto risco de desnutrição devido a fatores como apetite reduzido, metabolismo alterado e efeitos colaterais de medicamentos. Para enfrentar essa questão multifacetada, é crucial incorporar ferramentas robustas como o Índice de Risco Nutricional Geriátrico (GNRI), que demonstrou valor preditivo superior para desfechos clínicos adversos em comparação com outros índices (Zhang et al., 2024). A integração do GNRI permite que os médicos identifiquem pacientes com alto risco nutricional e implementem intervenções oportunas, que podem incluir dietas especializadas ou suplementos nutricionais. Biomarcadores como os níveis séricos de albumina e pré-albumina oferecem insights críticos sobre a desnutrição proteico-energética, que pode agravar os sintomas de insuficiência cardíaca se não for adequadamente manejada. Avaliações físicas, incluindo testes de força muscular e análise da composição corporal por meio de análise de impedância bioelétrica (BIA), ajudam ainda mais a quantificar a extensão da desnutrição e a orientar terapias nutricionais direcionadas (Yuxiu et. al., 2024). Adaptar essas intervenções para atender às necessidades individuais do paciente não só mitiga os efeitos adversos da desnutrição, mas também otimiza os desfechos clínicos ao melhorar a função cardíaca e a qualidade de vida em geral. Portanto, uma abordagem detalhada e integrativa à avaliação nutricional se destaca como uma pedra angular no manejo da insuficiência cardíaca, garantindo que as intervenções sejam precisas e eficazes na promoção da recuperação do paciente.
Igualmente importante é o papel dos níveis de hemoglobina e dos índices de risco nutricional geriátrico na modelagem de estratégias clínicas para pacientes internados com insuficiência cardíaca, um ponto sublinhado por Price et al. (2007) em seu estudo abrangente. O Índice de Risco Nutricional Geriátrico-Hemoglobina (H-GNRI), que combina medições de hemoglobina com o GNRI, demonstrou ser um preditor robusto de desfechos em pacientes, incluindo declínio funcional, tempo de internação hospitalar e mortalidade (Tohyama et. al., 2023). Ao categorizar os pacientes em grupos de baixo, intermediário e alto risco nutricional com base nas pontuações do H-GNRI, os profissionais de saúde podem adaptar as intervenções de forma mais eficaz. Por exemplo, pacientes identificados como de alto risco frequentemente apresentam valores significativamente mais baixos no Índice de Barthel na alta hospitalar e maiores taxas de incapacidade associada à hospitalização, indicando a necessidade de suporte nutricional intensivo e medidas de reabilitação (Tohyama et al., 2023). A integração das avaliações H-GNRI na prática clínica de rotina permite a identificação precoce da desnutrição e o início oportuno de terapias direcionadas, como dietas ricas em proteínas, suplementação de micronutrientes ou alimentação enteral, quando apropriado. Essa abordagem não apenas trata das deficiências nutricionais que exacerbam os sintomas da insuficiência cardíaca, mas também promove melhores trajetórias de recuperação, fortalecendo a função muscular, melhorando a função imunológica e reduzindo a carga geral da doença (Price et al., 2007). Portanto, aproveitar o H-GNRI como parte de uma estratégia de avaliação nutricional holística é crucial para otimizar os resultados clínicos e promover a recuperação sustentável em pacientes com insuficiência cardíaca.
Continuando nessa linha, o impacto do estado nutricional comprometido em pacientes internados com insuficiência cardíaca necessita de uma avaliação completa incorporando ingestão alimentar, marcadores bioquímicos e indicadores físicos para orientar intervenções nutricionais personalizadas. No contexto do tratamento da insuficiência cardíaca, a pesquisa tem mostrado consistentemente que a desnutrição influencia significativamente os resultados clínicos, incluindo taxas de hospitalização e mortalidade (F Bilgen et al., 2020). Por exemplo, a pontuação Controlling Nutritional Status (CONUT) foi validada como uma ferramenta prognóstica essencial na avaliação da desnutrição entre adultos mais velhos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp), correlacionando-se fortemente com a mortalidade por todas as causas (Chen et al., 2023). Ao integrar esses índices em protocolos de avaliação de rotina, os profissionais de saúde podem identificar precisamente os pacientes em risco de resultados ruins devido à desnutrição. Essa abordagem holística permite que os médicos implementem planos nutricionais individualizados que podem envolver modificações alimentares específicas, suplementação e monitoramento contínuo de marcadores bioquímicos como albumina sérica e contagem total de linfócitos. Além disso, indicadores físicos como força muscular e análise da composição corporal fornecem dados inestimáveis para avaliar a gravidade da desnutrição e orientar intervenções. Conforme destacado por estudos recentes, pacientes com pontuações CONUT mais altas apresentam maiores taxas de readmissão e riscos de mortalidade, ressaltando a necessidade crítica de suporte nutricional precoce e direcionado (Chen et al., 2023). Portanto, uma estratégia abrangente e integrativa na avaliação e abordagem do estado nutricional é fundamental para melhorar as trajetórias de recuperação e reduzir as readmissões hospitalares de pacientes com insuficiência cardíaca.
Além da utilização de índices nutricionais abrangentes, a integração dos níveis de hemoglobina e do Índice de Risco Nutricional Geriátrico (GNRI) desempenha um papel fundamental na otimização de estratégias clínicas para pacientes internados com insuficiência cardíaca. Como Uysal et al. (2020) ressaltam, os pacientes frequentemente suportam regimes terapêuticos complexos e hospitalizações frequentes que exacerbam suas vulnerabilidades nutricionais. O Índice de Risco Nutricional Geriátrico-Hemoglobina (H-GNRI), que combina sinergicamente as medições de hemoglobina com o GNRI, surgiu como um formidável preditor de resultados do paciente, incluindo declínio funcional, tempo de internação hospitalar e mortalidade (Tohyama et al., 2023). Ao estratificar os pacientes em categorias de baixo, intermediário e alto risco nutricional com base nas pontuações do H-GNRI, os profissionais de saúde podem implementar intervenções mais personalizadas e eficazes. Por exemplo, aqueles identificados como de alto risco geralmente apresentam valores significativamente mais baixos do Índice de Barthel na alta e uma maior incidência de hospitalização deficiências associadas, enfatizando a necessidade de suporte nutricional intensivo e medidas de reabilitação. Incorporar avaliações H-GNRI na prática clínica de rotina facilita a detecção precoce da desnutrição e o início oportuno de terapias direcionadas, como dietas ricas em proteínas, suplementação de micronutrientes ou alimentação enteral quando apropriado (Tohyama et. al., 2023). Essa abordagem não apenas aborda as deficiências nutricionais subjacentes que podem exacerbar os sintomas de insuficiência cardíaca, mas também promove melhores trajetórias de recuperação ao aumentar a força muscular, a função imunológica e a qualidade de vida geral. Portanto, alavancar as capacidades preditivas do H GNRI como parte de uma estratégia de avaliação nutricional holística é crucial para otimizar os resultados clínicos e promover a recuperação sustentável em pacientes com insuficiência cardíaca.
Dando continuidade a essa intrincada interação de níveis de hemoglobina e avaliações de GNRI, a questão urgente do comprometimento do estado nutricional entre pacientes internados com insuficiência cardíaca necessita de uma avaliação multifacetada e detalhada para informar intervenções nutricionais precisas. Pacientes internados com insuficiência cardíaca frequentemente enfrentam diminuição da ingestão alimentar e má absorção, que, juntamente com as demandas metabólicas de sua condição, levam à desnutrição pronunciada que impacta significativamente os resultados clínicos (Billingsley et al., 2020). A integração de avaliações abrangentes que abrangem avaliações de ingestão alimentar, marcadores bioquímicos como albumina sérica e pré-albumina e indicadores físicos como massa muscular e força é crítica. Estudos demonstraram que o aconselhamento nutricional personalizado com base nessas avaliações multidimensionais melhora substancialmente as trajetórias de recuperação do paciente. Por exemplo, Billingsley e colegas (2020) descobriram que pacientes internados randomizados para receber seis meses de orientação nutricional personalizada apresentaram melhorias marcantes no estado nutricional e taxas reduzidas de re-hospitalização em comparação com aqueles sem tais intervenções. Essas descobertas se alinham com o estudo retrospectivo de Abe et al. (2023), que destacou o valor prognóstico da intervenção nutricional precoce para pacientes em recuperação de infarto agudo do miocárdio, ressaltando ainda mais a importância do suporte nutricional oportuno e direcionado. Ao estabelecer planos alimentares individualizados que incorporam suplementação de macro e micronutrientes quando necessário, os médicos podem abordar as deficiências específicas que contribuem para as exacerbações da insuficiência cardíaca. Além disso, o monitoramento consistente por meio de marcadores bioquímicos auxilia no ajuste dinâmico desses planos, garantindo a absorção e utilização ideais de nutrientes.
Essa abordagem holística não apenas atenua os efeitos adversos da desnutrição, mas também melhora a função muscular, a resposta imunológica e a qualidade de vida geral, reduzindo, em última análise, a mortalidade e melhorando os resultados de saúde a longo prazo para pacientes com insuficiência cardíaca (Billingsley et al., 2020; Abe et al., 2023). Portanto, uma estratégia nutricional integrativa e baseada em evidências é essencial para promover a recuperação eficaz e garantir a saúde sustentável nessa população vulnerável.
Com base nessas descobertas, é evidente que o estado nutricional comprometido em pacientes internados com insuficiência cardíaca exige uma avaliação completa e multifacetada para orientar intervenções nutricionais eficazes. Pesquisas indicam que pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca frequentemente apresentam deficiências nutricionais significativas, impactando sua recuperação e prognóstico geral (T Kawata, A Ikeda, H Masuda, S Komatsu, 2022). A avaliação da desnutrição deve incluir uma análise abrangente da ingestão alimentar, marcadores bioquímicos e indicadores físicos, como massa muscular e força. Por exemplo, o Índice Nutricional Prognóstico (PNI) foi identificado como uma ferramenta prognóstica vital para avaliar a desnutrição em pacientes com insuficiência cardíaca, correlacionando-se fortemente com resultados clínicos, como duração da hospitalização e taxas de mortalidade (Barbosa et al., 2022).
Ao utilizar índices como o PNI em conjunto com avaliações dietéticas detalhadas, os profissionais de saúde podem identificar com precisão os pacientes em risco e implementar intervenções nutricionais personalizadas. Essas intervenções podem incluir modificações dietéticas específicas, o uso de suplementos ricos em nutrientes e o monitoramento contínuo de marcadores bioquímicos, como albumina sérica e pré-albumina, para garantir a absorção ideal de nutrientes. Além disso, indicadores físicos como força de preensão e análise da composição corporal fornecem insights essenciais sobre a gravidade da desnutrição e auxiliam na elaboração de programas de reabilitação personalizados. Essas estratégias melhoram coletivamente os resultados dos pacientes ao aprimorar a função imunológica, a integridade muscular e a qualidade de vida geral.
Revisitar a intrincada ligação entre o estado nutricional e os resultados da insuficiência cardíaca ressalta a indispensabilidade de uma abordagem abrangente e individualizada para o atendimento ao paciente. A intersecção da desnutrição com limitações cardiovasculares afeta intrinsecamente as trajetórias de recuperação, onde intervenções nutricionais personalizadas, baseadas em avaliações meticulosas, podem melhorar significativamente o prognóstico geral. Ao integrar avaliações de ingestão alimentar, marcadores bioquímicos e indicadores físicos, como edema, os profissionais de saúde podem desenvolver estratégias direcionadas que atendam às necessidades únicas de cada paciente. Essa precisão no gerenciamento nutricional não só alivia a sarcopenia e a desnutrição, mas também reduz substancialmente as taxas de mortalidade associadas à insuficiência cardíaca.
Conforme evidenciado por ferramentas avançadas de diagnóstico, como análise de impedância bioelétrica e absorciometria de raios X de dupla energia, a identificação precisa da desnutrição prepara o cenário para intervenções eficazes adaptadas a perfis clínicos individuais.
Portanto, adotar uma compreensão diferenciada dessa interação é fundamental para promover melhor recuperação e resultados de saúde a longo prazo em pacientes com insuficiência cardíaca. Essa perspectiva holística eleva o atendimento ao paciente além dos métodos convencionais, defendendo um paradigma em que avaliações nutricionais detalhadas são essenciais para combater os desafios multifacetados impostos pela insuficiência cardíaca.
Faz-se mister ainda discutir sobre a paucidade de dados disponíveis na literatura de ciências da saúde a respeito deste tópico. Enquanto a discussão sobre a terapia nutricional na cardiologia é bastante abundante, ainda existem muitas lacunas na pesquisa clínica sobre a avaliação de estado nutricional. Está revisão conseguiu identificar 12 trabalhos, que elencaram uma gama de ferramentas para avaliação nutricional do paciente com insuficiência cardíaca, mas ainda são necessários estudos para expandir o conhecimento dos profissionais de nutrição e cooperar para o melhor cuidado dos pacientes.
Taxonomia para Contribuição de Autores (Credit):
– Autor 1: Contribuiu para a concepção e design do estudo, coleta de dados, redação do artigo, análise, interpretação e discussão dos dados.
– Autor 2: Contribuiu para a concepção e design do estudo, coleta de dados, redação do artigo, análise, interpretação e discussão dos dados
– Autor 3: Contribuiu para a análise e interpretação dos dados, revisão crítica do conteúdo intelectual e aprovação final da versão a ser publicada.
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1 Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – Escola Superior de Ciências da Saúde, DF, Brasil E-mail: geoalbuqv@gmail.com
2 ORCID: http://orcid.org/0000-0001-5505-5891
Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – Escola Superior de Ciências da Saúde, DF, Brasil E-mail: laryssafsc.nutricao@gmail.com