REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8040736
Thainara Machado Alfena1
Rodrigo de Magalhaes Vianna2
RESUMO
Introdução: A obesidade é uma grande epidemia mundial, representando um ônus para a sociedade e para o sistema público de saúde por associar-se a importante morbimortalidade, sendo esta uma doença influenciada por fatores genéticos, ambientais, socioculturais e comportamentais, sendo o sedentarismo um fator comportamental de extrema influência. Objetivo: Buscando uma solução para esse cenário, o presente estudo buscou avaliar os possíveis efeitos benéficos do exercício físico no tratamento de indivíduos com obesidade, dando ênfase aos exercícios de força. Metodologia: O presente trabalho trata-se de uma revisão da literatura que incluiu livros texto e artigos publicados entre os anos de 2017 e 2023 que estavam disponíveis ocorreu na base de dados Google Acadêmico Resultados: Os estudos revisados indicam que o exercício de força é uma estratégia eficaz no tratamento da obesidade, promovendo redução da gordura corporal, melhoria da composição corporal, aptidão física e parâmetros bioquímicos relacionados à saúde metabólica. Conclusão: Os achados sugerem que o treinamento de força, seja ele realizado em adultos, crianças, adolescentes ou idosos, apresenta benefícios na redução da gordura corporal, aumento da massa muscular, melhoria da postura e desenvolvimento motor, além de contribuir para o equilíbrio e autonomia.
Palavras-chave: Obesidade; Treinamento resistido; Perda de peso.
ABSTRACT
Obesity is a major global epidemic, representing a burden for society and the public health system due to its association with significant morbidity and mortality. It is a disease influenced by genetic, environmental, sociocultural, and behavioral factors, with sedentary behavior being a behavior of extreme influence. Objective: Seeking a solution to this scenario, the present study aimed to evaluate the potential beneficial effects of physical exercise in the treatment of individuals with obesity, with emphasis on strength exercises. Methodology: This study is a literature review that included textbooks and articles published between 2017 and 2023, available in the Google Scholar database. Results: The reviewed studies indicate that strength exercise is an effective strategy in the treatment of obesity, promoting reduction in body fat, improvement in body composition, physical fitness, and biochemical parameters related to metabolic health. Conclusion: The findings suggest that strength training, whether performed in adults, children, adolescents, or the elderly, provides benefits in reducing body fat, increasing muscle mass, improving posture and motor development, and contributing to balance and autonomy.
Keywords: Obesity; Resistance training; Weight loss.
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma grande epidemia mundial, representando um ônus para a sociedade e para o sistema público de saúde por associar-se a importante morbimortalidade. Em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que aproximadamente 1,6 bilhão de adultos, globalmente distribuídos, apresentavam sobrepeso e pelo menos 400 milhões eram obesos (MANCINI, 2020).
O sobrepeso e a obesidade são os principais fatores para a carga global de morbidade. Em 2016, dados globais mostraram que 39% dos adultos estavam com sobrepeso e 13% com obesidade. A prevalência de excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019 (2,05%/ano). Em homens acima de 25 anos, as prevalências foram maiores que 40,0%; a partir dos 35 anos de idade, observaram-se maiores prevalências entre os de maior escolaridade (SILVA, 2021).
A obesidade é uma doença influenciada por fatores genéticos, ambientais, socioculturais e comportamentais. Dela pode resultar em risco de diabete, síndrome metabólica (SM), intolerância à glicose, diabete tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial, doença cardiovascular, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), síndrome do ovário policístico, infertilidade feminina, hipogonadismo masculino, câncer, apneia obstrutiva do sono, asma, osteoartrite, incontinência urinária de estresse, doença do refluxo gastroesofágico e depressão (CUPARI, 2019).
O treinamento de força (TF) é estabelecido como um método eficaz para o desenvolvimento da aptidão musculoesquelética, melhoria da saúde, aptidão física e qualidade de vida. Esta estratégia de treinamento físico conquistou um grande espaço nos programas voltados para promoção-manutenção da saúde, e também está sendo adotada no tratamento de algumas patologias (MURER, 2019)
Entre os possíveis efeitos benéficos do exercício físico no tratamento de indivíduos com obesidade, estão aumento na taxa de lipólise sem aumento compensatório da ingestão alimentar, aumento na sensibilidade insulínica (SI) e redução dos processos inflamatórios mediados pelo aumento de adiponectina, além de redução de citocinas pró-inflamatórias e excesso de leptina (hiperleptinemia) (MANCINI, 2020).
Diante desta problemática apresentada, o presente trabalho tem como objetivo avaliar quais são os efeitos do treinamento de força na redução de peso em indivíduos obesos e com sobrepeso de acordo com a literatura pesquisada.
METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma de uma revisão bibliográfica da literatura de caráter qualitativo, por meio do levantamento de material bibliográfico eletrônico, que de acordo com Andrade (2017), tanto pode ser um trabalho independente como constituir-se no passo inicial de outra pesquisa, já que todo trabalho científico pressupõe uma pesquisa bibliográfica preliminar. A busca pelo referencial teórico ocorreu na base de dados Google Acadêmico incluindo artigos compreendidos entre os anos de 2016 e 2023, adotando como critérios de inclusão artigos na língua portuguesa que estavam disponíveis na íntegra de forma gratuita, selecionados primeiramente pela leitura do título, depois dos resumos e em seguida pela leitura na íntegra dessa primeira seleção. Foram excluídos estudos internacionais de acesso restrito e artigos de revisão. Além dos artigos encontrados, outras fontes como livros sobre o tema foram utilizados para discussão.
Os descritores de busca foram os termos: treinamento de força, obesidade, redução de peso, combinados e separadamente. Os resultados estão apresentados em quadros identificando, título, a base de dados, ano, autores, metodologia e objetivos dos estudos. A discussão será realizada de acordo com a literatura encontrada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segue abaixo o fluxograma de seleção de artigos e em seguida o quadro com apresentação dos 04 (quadro) estudos selecionados para revisão.
Fluxograma 1 – Processo de seleção dos artigos
Fonte: autores (2023)
Quadro 1- Resultado da pesquisa
Título | Base de dados | Ano de Publicação | Autores | Metodologia | Objetivos do estudo |
Efeito de mudanças graduais de exercício físico e dieta sobre a composição corporal de obesos | Google Acadêmico | 2016 | LOPES, J. F. et al. | Este estudo é um ensaio descritivo, no qual um grupo de voluntários adultos obesos seguiu um protocolo experimental composto por três fases, com duração de dois meses cada. | Avaliar a composição corporal de indivíduos obesos antes e após um programa de 24 semanas, composto por incrementos graduais no volume e tipo de exercício físico e dieta hipocalórica |
Efeito de um programa de treinamento de força na aptidão física funcionalE composição corporal de idosos praticantes de musculação | Google Acadêmico | 2018 | FONSECA, A. I. S. et al. | O presente estudo trata-se de uma pesquisa de caráter longitudinal, quantitativa, descritiva, realizada por meio de 24 sessões de musculação com grupo de idosos voluntários | O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de um programa de treinamento de força nos indicadores de composição corporal e aptidão física funcionalde idosos ativos praticantes de musculação. |
Efeito do treinamento de força com frequência semanal de três e cincoVezes sobre o percentual de gordura em mulheres sedentáriasApós 8 semanas de treinamento | Google Acadêmico | 2018 | PINTO, L. M. et al. | Trata-se de um estudo do tipo ensaioClínico randomizado, com 60 mulheres sedentárias por pelo menos 6 meses e saudáveis, distribuídas aleatoriamente em dois grupos experimentais, mais o grupo controle. | O objetivo do estudo foi verificar o efeito do treinamento de força com sessões de três a cinco vezes semanais sobre o percentual de gordura em mulheres sedentárias após oito semanas de treinamento. |
Efeitos do treinamento de força muscular e da alimentaçãoSobre indicadores antropométricos em idosos de ambos os sexos | Google Acadêmico | 2022 | SANTOS, J. C. F. et al. | Trata-se de um estudo do tipo ensaioClínico randomizado, que teve como amostra indivíduos idosos de ambos os sexos. Foram avaliados 17 idosos, com faixa etária média de 60 anos. | Avaliar os efeitos do treinamento de força tradicional em idosos. |
Fonte: autores (2023)
Seguindo uma ordem cronológica, o trabalho de Lopes e colaboradores (2016), ensaio descritivo, no qual um grupo de voluntários adultos obesos seguiu um protocolo experimental composto por três fases, com duração de dois meses cada. Antes de iniciar a intervenção, todos os voluntários foram submetidos à avaliação do condicionamento físico por meio de um teste de esforço máximo como previamente descrito e o programa de intervenção foi de 24 semanas, sendo dividido em três fases de oito semanas cada.
Após cada sessão de HIIT (High Intensity Interval Training), os voluntários realizaram o treinamento de força. Esse foi composto pelos seguintes exercícios: Leg press horizontal, Pulley, Cadeira extensora, Cadeira flexora, Remada na polia baixa e Tríceps na polia alta. Os principais achados do estudo foram que após seis meses de intervenção os indivíduos obesos apresentaram redução da massa corporal, redução da gordura corporal total e visceral, sem alterações da massa livre de gordura. Sendo que a perda de peso corporal e redução do IMC foram em média 2,9 kg e 1.0 kg•m-2 por voluntário (variando de +2,9 para -5,9 kg e +0,6 para -4,4 kg•m-2, respectivamente) correspondendo a aproximadamente 3% de redução.
Ainda de acordo com o estudo de Lopes e colaboradores (2016), acredita-se que qualquer intervenção de dieta ou exercício que seja capaz de manter a massa livre de gordura ou pelo menos atenuar o seu declínio que segue a perda de peso, poderia ter efeitos significativos no balanço energético total. Esses benefícios não se limitam ao público adulto, o estudo de Souza (2021) buscou avaliar na literatura os benefícios do treinamento de força na redução da obesidade em crianças e adolescentes. De acordo com o autor o treinamento de força possui várias finalidades, podendo ser utilizado para manutenção e aumento do metabolismo, sendo que estes interferem diretamente na manutenção ou aumento de massa muscular, e na redução da gordura corporal.
O emagrecimento induzido pelo treinamento de força proporciona melhoria na postura e aumento de massa muscular, além de contribuir no desenvolvimento motor e psicológico em crianças e adolescentes, sendo eficaz na redução do excesso de gordura. Mas para isso é necessário que esses indivíduos continuem com um estilo de vida mais ativo e saudável, no qual requer uma boa qualidade de sono, evitar o consumo de álcool ou drogas ilícitas, e sempre priorizando uma alimentação física adequada, aliado à prática de exercícios (SOUZA, 2021).
Resultados semelhantes foram encontrados por Fonseca e colaboradores (2018), ao avaliar os efeitos de um programa de treinamento de força nos indicadores de composição corporal e aptidão física funcional de idosos ativos praticantes de musculação. O estudo em questão trata-se de uma pesquisa de caráter longitudinal, quantitativa, descritiva, realizada por meio de 24 sessões de musculação com grupo de idosos voluntários, segundo as diretrizes da Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE). Foram convidados a participar todos os 12 idosos (acima de 60 anos) de ambos os sexos, matriculados na atividade de musculação em uma academia na região norte do país, todos sem limitações físicas e com liberação médica para a prática de atividade física.
As variáveis coletadas foram a Aptidão Física Funcional (ApFF) e a Composição Corporal (CC), por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), Relação Cintura/Quadril (RCQ), perímetro abdominal e percentual de gordura. Os exercícios foram realizados nos aparelhos de musculação Leg Press, Cadeira Extensora, Cadeira Flexora, Supino Vertical, Desenvolvimento e Remada Baixa. As sessões tiveram duração de 50 minutos e foram compostas por 3 séries de 15 repetições, com intervalo padronizado em 90 segundos (FONSECA, 2018).
Em relação aos resultados obtidos com os dados de pré e pós intervenção, foi possível observar que houve melhoria em todas as variáveis avaliadas. Ao analisar os dados de ApFF e CC com o treinamento de musculação, foi possível observar uma melhoria de todos os índices avaliados, sendo assim, a prática de 24 sessões de treinamento de Musculação resultou em efeito positivo sobre os indicadores de CC e na melhoria da ApFF de um grupo de idosos ativos. Esses achados evidenciam que o treinamento periodizado de exercícios de musculação é uma alternativa eficiente no aumento dos índices de ApF e CC dos idosos, o que proporciona melhoria na autonomia e independência dessa população (FONSECA, 2018).
Uma revisão realizada por Melo (2020) confirma esses achados, o presente estudo teve como foco analisar os efeitos do treinamento de força na composição corporal em mulheres idosas com obesidade e demonstrou que o treinamento de força, prescrito de maneira segura e eficiente, é capaz de reduzir a gordura corporal de mulheres idosas com obesidade. Além de reduções significativas em massa gorda total absoluta e percentual de gordura corporal, Os resultados foram capazes de mostrar melhorias foram observadas em parâmetros bioquímicos, tais como: IL-6, TNF-α, HDL-C, LDL-C, PCR e glicose para o (GT) apresentando forte correlação com redução de gordura de tronco e gordura total do corpo.
Ao avaliar um grupo de 60 mulheres saudáveis, sedentárias por pelo menos 6 meses, Pinto et al. (2018) encontraram resultados que vão de encontro a esses achados. No seu estudo as participantes foram distribuídas igualmente em dois grupos experimentais, um com frequência semanal de 3 vezes (GT3: n = 20) e outro com 5 vezes (GT5: n = 20) e um grupo controle (GC: n = 20) que não participou do treinamento. Durante a aplicação do programa, as participantes foram orientadas a não realizar qualquer outro tipo de treinamento, com o intuito de tornar o estudo mais fidedigno e aumentar a sua confiabilidade. O programa de treinamento foi composto por exercícios multiarticulares envolvendo todos os grupos musculares e a intensidade utilizada foi de 60% de 1 RM mantida do início ao fim do estudo, com séries de 15-20 repetições na primeira e segunda semana de treinamento e séries de 10-15 repetições da terceira até a oitava semana e com intervalo 60 segundo entre as séries e as variáveis, antropométricas, composição corporal e a força máxima foram realizadas no início e no fim do estudo.
Este estudo teve como objetivo verificar o efeito do treinamento de força com sessões de três e cinco vezes semanais sobre o percentual de gordura em mulheres sedentárias e os resultados apontaram uma redução significativa no percentual de gordura no GT5 após 8 semanas de treinamento, não ocorrendo modificações significativas nas variáveis massa corporal, estatura e IMC em todos os grupos. Com isso, conclui-se, portanto, que 8 semanas de treinamento de força, com frequência semanal de 5 vezes foram suficientes para reduzir a gordura corporal, sem, contudo, alterar o peso corporal, demonstrando estar relacionado com o aumento de massa muscular (PINTO et al., 2018) .
O estudo de Santos et al. (2022) também mostra um caminho promissor com suas pesquisas, o seu trabalho trata-se de um estudo do tipo ensaio clínico randomizado, que teve como amostra indivíduos idosos de ambos os sexos, onde foram avaliados 17 idosos, com faixa etária média de 60 anos. A amostra foi composta por 30 indivíduos de ambos os sexos com uma perda amostral de 13 indivíduos, 12 mulheres e 05 homens, com idade acima de 65 anos, que foram submetidos a 40 sessões de TF com duração de cinquenta minutos acompanhados por pessoal qualificado em Educação Física.
No presente estudo que avaliou as adaptações morfológicas pós exercício físico em idosos submetidos ao treinamento de força foram observadas redução no percentual de gordura e melhora na força e equilíbrio. Os dados deste estudo evidenciaram que o treinamento de força resultou em redução do percentual de gordura de forma significativa (p=0,037) para os idosos, além de melhorar no condicionamento físico, auxiliando em atividades diárias essenciais. O protocolo utilizado foi o do American College of Sports Medicine, no qual consta inicialmente de um aquecimento prévio com realização de 10 repetições com carga leve e, após 5 minutos de recuperação, foram feitos os testes de carga para 1RM (Repetição Máxima). Ao verificar o percentual de gordura, dobra cutânea triciptal e suprailíaca e equilíbrio foram vistos resultados significantes nos sujeitos submetidos ao treinamento de força.
Pode-se observar ainda que na média pré e pós dos dados de dobra cutânea subescapular e força nos membros inferiores, houve uma melhora ao término das sessões. Com isso, a prática de exercício físico como promotor de melhora da qualidade de vida mostrou que é eficaz para aumentar a massa muscular, força muscular, aumentar o equilíbrio e melhorar a coordenação motora, aumentando a qualidade de vida dos idosos (PINTO et al., 2018).
Uma das justificativas relatadas pelo qual o treinamento de força contribui na redução da gordura corporal e consequentemente, no emagrecimento, é por estar diretamente relacionado com o aumento do Consumo Máximo de Oxigênio Pós Exercício (EPOC), causando um desequilíbrio homeostático, devido às alterações hormonais que acontecem e aumento na concentração do lactato sanguíneo aumentando a taxa metabólica basal e a oxidação de maior quantidade de gordura após o término do exercício (PINTO et al., 2018).
Resultados semelhantes foram verificados por Rossini (2021), ou investigar e demonstrar o impacto da atividade física na vida da população obesa e sua eficácia no tratamento dessa doença. Ele mostra que a atividade física regular oferece proteção contra doenças associadas à obesidade, que são geralmente caracterizadas pela inflamação sistêmica decorrente do acúmulo de tecido adiposo. O exercício promove a diminuição de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) e interleucina- 1beta (IL-1β) e o aumento de citocinas anti-inflamatórias, como a adiponectina. Somado a isso, o exercício também contribui para a regulação das adipocinas (citocinas liberadas a partir do tecido adiposo), melhorando a ação da insulina e aumentando a mobilização e utilização de lipídios. Isso ocorre porque no exercício de força, tem-se uma indução de ganho de massa magra, o que leva a um aumento no consumo basal calórico, pois quanto maior a massa magra, maior a necessidade de calorias para sua manutenção.
CONCLUSÃO
Os estudos revisados nesta pesquisa destacaram os efeitos benéficos do exercício de força no tratamento de indivíduos com obesidade. Diversos protocolos de treinamento foram avaliados, incluindo sessões de treinamento de força combinadas com exercícios aeróbicos e HIIT. Os resultados indicaram redução significativa da massa corporal, gordura corporal total e visceral, sem alterações na massa livre de gordura. Essas alterações foram acompanhadas por melhorias na composição corporal, aptidão física funcional e parâmetros bioquímicos relacionados à saúde metabólica.
Os achados sugerem que o treinamento de força, seja ele realizado em adultos, crianças, adolescentes ou idosos, apresenta benefícios na redução da gordura corporal, aumento da massa muscular, melhoria da postura e desenvolvimento motor, além de contribuir para o equilíbrio e autonomia. Esses resultados são especialmente relevantes para a população obesa, pois a redução da gordura corporal está associada a melhorias na saúde geral e na qualidade de vida.
Os mecanismos pelos quais o treinamento de força promove esses benefícios incluem o aumento do metabolismo basal, a regulação hormonal, a melhoria da sensibilidade à insulina e a maior oxidação de gordura pós-exercício. Além disso, o treinamento de força é capaz de combater a inflamação sistêmica associada à obesidade, por meio da redução de citocinas pró-inflamatórias e do aumento de citocinas anti-inflamatórias.
No entanto, é importante mencionar que esta revisão possui algumas limitações que devem ser consideradas ao interpretar os resultados. Primeiramente, o número de artigos selecionados pode ter impactado na abrangência dos resultados e na generalização das conclusões. Portanto, sugere-se considerar a possibilidade de que outros estudos relevantes podem não ter sido incluídos nesta revisão. Além disso, os estudos selecionados apresentaram um baixo número de participantes. Esse fator pode influenciar a representatividade dos resultados e a capacidade de generalização para a população como um todo.
Outra limitação é a ausência de estudos mais longos que pudessem avaliar a manutenção dos resultados em longo prazo. O acompanhamento prolongado dos participantes seria importante para verificar se os efeitos benéficos do exercício de força persistem ao longo do tempo. Mas apesar das limitações, intrínsecas a todo processo metodológico, é inegável que o exercício de força pode proporcionar inúmeros benefícios a indivíduos com obesidade, entretanto gostaríamos de deixar a indicação de que mais pesquisas devem ser realizadas para explorar diferentes protocolos de treinamento e outras bases de dados para que possamos realizar condutas cada vez mais assertivas.
REFERÊNCIAS
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1Bacharel em Educação Física
2Mestre em Educação Física