O PAPEL DO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES NA DEFESA CIVIL NO BRASIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248071404


Maurilio Silva Cardoso1
Orientador: Tiago Simão Ferreira2


RESUMO

Este artigo investiga o papel do Técnico em Edificações na Defesa Civil no Brasil, destacando a importância dessa função para a gestão e mitigação de riscos em áreas vulneráveis. Através de uma revisão bibliográfica abrangente e análise documental, este estudo aborda as competências e responsabilidades dos técnicos em edificações no contexto da Defesa Civil, explorando sua atuação em situações de emergência e prevenção de desastres. A metodologia aplicada inclui a análise de normativas e legislações pertinentes, bem como a observação de práticas adotadas em diferentes municípios brasileiros. Os resultados indicam que a atuação dos técnicos em edificações é crucial para a elaboração de planos de contingência, inspeções preventivas e na condução de obras emergenciais. Conclui-se que a integração desses profissionais nas equipes de Defesa Civil contribui significativamente para a redução de danos materiais e salvaguarda de vidas, evidenciando a necessidade de políticas públicas que valorizem e capacitem continuamente esses profissionais.

Palavraschave: Técnico em Edificações. Defesa Civil. Gestão de Riscos. Prevenção de Desastres. Brasil.

SUMMARY

This article investigates the role of the Building Technician in Civil Defense in Brazil, highlighting the importance of this role for managing and mitigating risks in vulnerable areas. Through a comprehensive literature review and documentary analysis, this study addresses the skills and responsibilities of building technicians in the context of Civil Defense, exploring their role in emergency situations and disaster prevention. The methodology applied includes the analysis of relevant regulations and legislation, as well as the observation of practices adopted in different Brazilian municipalities. The results indicate that the work of technicians in buildings is crucial for developing contingency plans, preventive inspections and conducting emergency works. It is concluded that the integration of these professionals into Civil Defense teams contributes significantly to the reduction of material damage and safeguarding lives, highlighting the need for public policies that continually value and train these professionals.

Keywords: Building Technician. Civil defense. Risk management. Disaster Prevention. Brazil.

1. INTRODUÇÃO

O Técnico em Edificações desempenha um papel crucial na Defesa Civil do Brasil, atuando em diversas frentes para garantir a segurança e a integridade das edificações e, consequentemente, da população. Este profissional, com sua formação específica e habilidades técnicas, contribui de maneira significativa para a prevenção, mitigação e resposta a desastres. A Defesa Civil, por sua vez, é um órgão responsável por coordenar ações de proteção e defesa civil, envolvendo desde a preparação para desastres até a reconstrução pós-desastre.

A Defesa Civil no Brasil tem como missão principal a redução de riscos e desastres, promovendo ações que garantam a segurança da população. Dentro dessa missão, a figura do Técnico em Edificações emerge como essencial, uma vez que este profissional é responsável por realizar vistorias técnicas, avaliar estruturas comprometidas e desenvolver planos de ação para a prevenção de desastres. Em um país com diversas vulnerabilidades, como enchentes, deslizamentos e desabamentos, o trabalho desses técnicos é fundamental para antecipar problemas e reduzir os impactos de catástrofes naturais ou provocadas pelo homem. Como a atuação do Técnico em Edificações na Defesa Civil contribui para a prevenção e mitigação de desastres no Brasil?

Aventa-se a hipótese que a atuação dos Técnicos em Edificações na Defesa Civil promove uma redução significativa nos danos causados por desastres naturais através de inspeções e manutenções preventivas. A segunda hipótese refere-se à formação contínua e, a atualização tecnológica dos Técnicos em Edificações são essenciais para a eficácia das ações de prevenção e mitigação de desastres.

O objetivo geral deste trabalho é analisar o papel do Técnico em Edificações na Defesa Civil no Brasil, destacando suas contribuições para a prevenção e mitigação de desastres. Os objetivos específicos são: identificar as principais atribuições dos Técnicos em Edificações na Defesa Civil; avaliar a eficácia das ações preventivas realizadas por esses profissionais; e, investigar a importância da formação contínua e do uso de tecnologias modernas nas atividades dos Técnicos em Edificações.

O presente estudo é de grande relevância para a sociedade brasileira, especialmente em um contexto onde os desastres naturais têm se tornado cada vez mais frequentes e devastadores. Compreender a importância do Técnico em Edificações na Defesa Civil pode orientar políticas públicas e práticas que visem a capacitação desses profissionais, garantindo uma resposta mais eficiente às emergências. Além disso, a pesquisa pretende contribuir para a literatura acadêmica, oferecendo dados e análises que podem servir de base para futuros estudos na área de engenharia civil e defesa civil.

Este estudo adota uma abordagem qualitativa e quantitativa para investigar o papel do Técnico em Edificações na Defesa Civil. A pesquisa qualitativa será realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com técnicos em edificações que atuam na Defesa Civil em diferentes regiões do Brasil. As entrevistas buscarão explorar as experiências desses profissionais, os desafios enfrentados e as melhores práticas adotadas em suas atividades

Para a pesquisa quantitativa, serão coletados dados sobre a frequência e o impacto dos desastres naturais nas regiões analisadas, bem como a eficácia das ações preventivas realizadas pelos técnicos. Serão utilizados relatórios oficiais da Defesa Civil e de outras instituições relacionadas, como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para compilar estatísticas relevantes.

A análise dos dados será feita utilizando métodos estatísticos e de análise de conteúdo, permitindo uma compreensão aprofundada das contribuições dos Técnicos em Edificações para a prevenção e mitigação de desastres. Os resultados serão apresentados de forma descritiva e analítica, destacando os principais achados e suas implicações para a prática e a política de defesa civil no Brasil.

2. A DEFESA CIVIL NO BRASIL: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO

A Defesa Civil no Brasil desempenha um papel fundamental na proteção e na segurança da população, especialmente em situações de emergência e desastres. A sua atuação abrange desde a prevenção até a resposta rápida a eventos adversos, com o objetivo de minimizar os danos humanos, materiais e ambientais. Para compreender a relevância dessa instituição, é necessário conhecer sua história, evolução e as principais funções que desempenha no contexto nacional.

A história da Defesa Civil no Brasil remonta ao período colonial, mas foi ao longo do século XX que ela se consolidou como uma entidade organizada e com atribuições definidas. O termo “Defesa Civil” surgiu oficialmente na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, quando o país precisou se preparar para possíveis ataques e catástrofes. Nessa época, a preocupação maior era com a proteção das populações urbanas e das instalações estratégicas contra bombardeios e outros tipos de agressões (SILVA, 2015).

Em 1942, foi criada a “Legião Brasileira de Assistência” (LBA), que tinha como uma de suas funções a coordenação de ações de defesa civil. A LBA era uma organização de assistência social e proteção civil, que atuava principalmente em emergências e desastres naturais. Com o fim da guerra, a necessidade de uma estrutura mais robusta e especializada tornou-se evidente, levando à criação de novos órgãos e ao desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a defesa civil (OLIVEIRA, 2016).

Na década de 1960, a Defesa Civil começou a se organizar de forma mais estruturada. Em 1967, foi criado o Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), pelo Decreto-Lei nº 200, que tinha como objetivo coordenar as ações de prevenção, preparação, resposta e recuperação diante de desastres. O SINDEC representou um marco importante, pois estabeleceu uma rede de cooperação entre os diversos níveis de governo e a sociedade civil, visando a integração das ações de defesa civil em todo o território nacional (COSTA, 2018).

A partir da década de 1980, o Brasil passou a enfrentar novos desafios relacionados aos desastres naturais, como enchentes, deslizamentos de terra, secas e tempestades. Esses eventos evidenciaram a necessidade de fortalecer a capacidade de resposta da Defesa Civil e de investir em ações preventivas. Em 1988, a Constituição Federal consolidou a importância da Defesa Civil, atribuindo ao Estado a responsabilidade de proteger e defender a população em situações de emergência (MENDES, 2019).

Com a promulgação da Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012, foi instituída a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), que estabeleceu diretrizes e normas para a organização e o funcionamento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC). Essa lei trouxe importantes avanços, como a criação do Fundo Nacional de Proteção e Defesa Civil (FUNPDEC) e a implementação de um sistema de alerta e monitoramento de desastres. Além disso, a PNPDEC reforçou a importância da participação da sociedade civil na gestão de riscos e desastres, promovendo a cultura de prevenção e resiliência (SANTOS, 2020).

A atuação da Defesa Civil é baseada em quatro pilares fundamentais: prevenção, preparação, resposta e recuperação. A prevenção envolve a identificação e a análise dos riscos, bem como a implementação de medidas para reduzir a vulnerabilidade das comunidades. A preparação inclui a elaboração de planos de contingência, a capacitação de equipes e a realização de exercícios simulados. A resposta abrange as ações imediatas para socorrer as vítimas, mitigar os danos e restabelecer a normalidade. Por fim, a recuperação visa à reconstrução das áreas afetadas e à retomada das atividades econômicas e sociais (ALVES, 2017).

A integração entre os diversos níveis de governo é essencial para a eficácia das ações de defesa civil. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) é composto por órgãos e entidades federais, estaduais e municipais, que atuam de forma coordenada para prevenir e enfrentar os desastres. A participação da sociedade civil também é fundamental, pois as comunidades locais têm um papel importante na identificação dos riscos e na implementação de medidas preventivas (FERREIRA, 2018).

A utilização de tecnologias avançadas tem contribuído significativamente para a melhoria das ações de defesa civil no Brasil. Ferramentas como o geoprocessamento, os sistemas de informação geográfica (SIG) e os drones permitem a coleta e a análise de dados em tempo real, facilitando a tomada de decisões e a coordenação das operações. Além disso, a implementação de sistemas de alerta e monitoramento tem possibilitado a emissão de avisos antecipados, reduzindo os impactos dos desastres e salvando vidas (RODRIGUES, 2019).

A educação e a conscientização da população são elementos-chave para a promoção de uma cultura de prevenção e resiliência. Programas de capacitação, campanhas de sensibilização e atividades educativas nas escolas são algumas das iniciativas desenvolvidas pela Defesa Civil para informar e preparar a sociedade. A participação ativa das comunidades na gestão de riscos é essencial para a construção de um ambiente seguro e resiliente (MARTINS, 2020).

A cooperação internacional também desempenha um papel importante na evolução da Defesa Civil no Brasil. Parcerias com organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Cruz Vermelha, têm proporcionado troca de experiências, capacitação técnica e acesso a recursos financeiros. Essas colaborações fortalecem a capacidade do país de enfrentar desastres e promover o desenvolvimento sustentável (ALMEIDA, 2021).

Para enfrentar esses desafios, é fundamental fortalecer as políticas públicas voltadas para a defesa civil, promover a integração entre os diversos setores da sociedade e investir em pesquisas e inovações tecnológicas. A construção de uma sociedade resiliente requer a participação ativa de todos os cidadãos, a fim de reduzir os riscos e os impactos dos desastres e garantir a segurança e o bem-estar de todos (SOUZA, 2021).

A evolução da Defesa Civil no Brasil demonstra um avanço significativo na capacidade de resposta e na promoção da segurança da população. Desde suas origens até os dias atuais, a Defesa Civil tem se adaptado e evoluído para enfrentar os desafios impostos pelos desastres naturais e pelas mudanças climáticas. O fortalecimento das políticas públicas, a integração dos diversos níveis de governo e a participação da sociedade civil são elementos essenciais para a construção de um sistema de defesa civil eficaz e resiliente (SANTOS, 2020).

2.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A estrutura organizacional da Defesa Civil no Brasil está baseada no Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), que foi instituído pela Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. O SINPDEC tem como objetivo integrar as ações de defesa civil em todo o território nacional, promovendo a articulação entre os órgãos e entidades dos três níveis de governo (federal, estadual e municipal), bem como a participação da sociedade civil e do setor privado (SILVA, 2015). Esse sistema é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, que é responsável por formular políticas e diretrizes, além de coordenar e supervisionar as ações de defesa civil em nível nacional.

Em nível federal, a principal entidade responsável pela coordenação das ações de defesa civil é a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), que integra a estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional. A SEDEC é responsável por planejar, coordenar e executar as políticas nacionais de proteção e defesa civil, além de prestar apoio técnico e financeiro aos estados e municípios. A secretaria também gerencia o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), que monitora e analisa os eventos adversos em tempo real, emitindo alertas e orientações para as autoridades locais (OLIVEIRA, 2016).

Os estados têm um papel crucial na estrutura organizacional da Defesa Civil, sendo responsáveis por coordenar as ações em suas respectivas áreas de jurisdição. Cada estado possui uma Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDEC), que é vinculada ao governo estadual e tem a função de planejar, coordenar e executar as atividades de defesa civil em nível estadual. As CEPDECs trabalham em estreita colaboração com os órgãos municipais e federais, garantindo a integração das ações e a eficiência na resposta aos desastres (COSTA, 2018).

Nos municípios, a atuação da Defesa Civil é coordenada pelas Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC). Essas coordenadorias são responsáveis por identificar os riscos locais, elaborar planos de contingência, capacitar a comunidade e responder aos eventos adversos. A participação dos municípios é fundamental, pois são eles que estão mais próximos das comunidades e conhecem melhor as particularidades de cada região. A articulação entre as COMPDECs e as CEPDECs é essencial para garantir uma resposta eficaz e integrada aos desastres (MENDES, 2019).

A sociedade civil e o setor privado também desempenham um papel importante na estrutura organizacional da Defesa Civil no Brasil. A participação da comunidade é incentivada por meio de programas de voluntariado e capacitação, que buscam envolver os cidadãos na gestão de riscos e desastres. As organizações não governamentais (ONGs) e as empresas privadas podem contribuir com recursos, conhecimento técnico e apoio logístico, fortalecendo a capacidade de resposta e recuperação das comunidades afetadas (SANTOS, 2020).

A articulação entre os diversos níveis de governo e setores da sociedade é um dos princípios fundamentais do SINPDEC. Essa integração é facilitada por meio de fóruns, comitês e conselhos de defesa civil, que promovem o diálogo e a cooperação entre os diferentes atores envolvidos. Esses espaços de governança permitem a troca de experiências, a identificação de boas práticas e o desenvolvimento de soluções conjuntas para os desafios da gestão de riscos e desastres (PEREIRA, 2021).

A cooperação internacional é outro aspecto importante da estrutura organizacional da Defesa Civil no Brasil. Parcerias com organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Cruz Vermelha, proporcionam troca de experiências, capacitação técnica e acesso a recursos financeiros. Essas colaborações fortalecem a capacidade do país de enfrentar desastres e promover o desenvolvimento sustentável (ALMEIDA, 2021).

Apesar dos avanços alcançados, a Defesa Civil no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. A falta de recursos financeiros, a insuficiência de infraestrutura e a desigualdade regional são obstáculos que dificultam a atuação eficaz. Além disso, a urbanização desordenada e a ocupação de áreas de risco aumentam a vulnerabilidade das comunidades, exigindo ações mais efetivas de planejamento e fiscalização (CUNHA, 2020).

Para superar esses desafios, é necessário fortalecer as políticas públicas de defesa civil, promover a integração entre os diversos setores da sociedade e investir em pesquisas e inovações tecnológicas. A construção de uma sociedade resiliente requer a participação ativa de todos os cidadãos, visando a redução dos riscos e dos impactos dos desastres e garantindo a segurança e o bem-estar da população (SOUZA, 2021).

2.2 ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS

A estrutura da Defesa Civil no Brasil é regida pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), que foi instituído pela Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Esta lei estabelece que a Defesa Civil é um conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar desastres, preservando a vida e o patrimônio, além de restabelecer a normalidade social. A integração das ações de defesa civil ocorre em âmbito federal, estadual e municipal, sendo coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) (BRASIL, 2012).

Em nível federal, a SEDEC é responsável por formular, coordenar e executar as políticas nacionais de proteção e defesa civil. Suas atribuições incluem a elaboração de normas e diretrizes para a gestão de riscos e desastres, a coordenação de ações de prevenção e mitigação, a promoção de estudos e pesquisas sobre desastres naturais e tecnológicos, e a capacitação de recursos humanos. A SEDEC também é responsável por coordenar o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), que monitora eventos adversos em tempo real e emite alertas e orientações para as autoridades locais (SILVA, 2015).

Os estados possuem Coordenadorias Estaduais de Proteção e Defesa Civil (CEPDEC), que atuam em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela SEDEC. As CEPDECs são responsáveis por planejar, coordenar e executar as ações de defesa civil em nível estadual, além de prestar apoio técnico e financeiro aos municípios. As competências das CEPDECs incluem a elaboração de planos estaduais de contingência, a realização de vistorias e inspeções em áreas de risco, a promoção de campanhas educativas e a coordenação de operações de socorro e assistência em situações de desastre (OLIVEIRA, 2016).

Nos municípios, as Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC) desempenham um papel fundamental na implementação das políticas de defesa civil. As COMPDECs são responsáveis por identificar os riscos locais, elaborar e executar planos municipais de contingência, realizar campanhas de conscientização e capacitação da comunidade, e coordenar ações de resposta e recuperação em situações de emergência. A proximidade das COMPDECs com as comunidades permite uma atuação mais eficiente e imediata, fundamental para a minimização dos impactos dos desastres (COSTA, 2018).

A atuação integrada entre os diferentes níveis de governo e a sociedade civil é um dos pilares do SINPDEC. A cooperação e a coordenação entre as entidades são facilitadas por meio de fóruns, comitês e conselhos de defesa civil, que promovem o diálogo e a articulação das ações. Esses espaços de governança são essenciais para a troca de informações, a identificação de necessidades e a definição de estratégias conjuntas para a gestão de riscos e desastres (MENDES, 2019).

A participação da sociedade civil é incentivada por meio de programas de voluntariado e capacitação, que buscam envolver os cidadãos na gestão de riscos e desastres. Organizações não governamentais (ONGs) e empresas privadas também desempenham um papel importante, contribuindo com recursos, conhecimento técnico e apoio logístico. A colaboração entre o setor público e privado fortalece a capacidade de resposta e recuperação das comunidades afetadas (SANTOS, 2020).

Além disso, a Defesa Civil no Brasil utiliza tecnologias avançadas para monitoramento e gestão de desastres. O CENAD, por exemplo, emprega sistemas de informação geográfica (SIG), ferramentas de geoprocessamento e drones para coletar e analisar dados em tempo real. Essas tecnologias permitem a emissão de alertas precoces, a avaliação rápida dos danos e a coordenação eficiente das operações de socorro e assistência (RODRIGUES, 2019).

Em termos de cooperação internacional, o Brasil participa de parcerias com organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Cruz Vermelha. Essas colaborações proporcionam troca de experiências, capacitação técnica e acesso a recursos financeiros, fortalecendo a capacidade do país de enfrentar desastres e promover o desenvolvimento sustentável (ALMEIDA, 2021).

Os desafios enfrentados pela Defesa Civil no Brasil incluem a falta de recursos financeiros, a insuficiência de infraestrutura e a desigualdade regional. A urbanização desordenada e a ocupação de áreas de risco aumentam a vulnerabilidade das comunidades, exigindo ações mais efetivas de planejamento e fiscalização (CUNHA, 2020).

O fortalecimento das políticas públicas inclui a revisão e atualização das normas e diretrizes de defesa civil, a ampliação dos investimentos em infraestrutura e tecnologia, e a promoção de uma cultura de prevenção e resiliência. A participação ativa de todos os cidadãos é essencial para a redução dos riscos e dos impactos dos desastres, garantindo a segurança e o bem-estar da população (SOUZA, 2021).

A integração dos diversos setores da sociedade, incluindo o setor privado, as ONGs e a academia, é fundamental para o sucesso das ações de defesa civil. A cooperação entre esses setores permite a mobilização de recursos, a troca de conhecimento e a implementação de soluções inovadoras para a gestão de riscos e desastres. A construção de parcerias estratégicas fortalece a capacidade de resposta e recuperação das comunidades afetadas (PEREIRA, 2021).

Investir em pesquisas e inovações tecnológicas é crucial para o aprimoramento das ações de defesa civil. O desenvolvimento de novas ferramentas e metodologias para o monitoramento e a análise de riscos, a implementação de sistemas de alerta precoce e a capacitação contínua dos profissionais são algumas das iniciativas necessárias para aumentar a eficiência e a eficácia das operações de socorro e assistência (SANTOS, 2020).

3. O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES: FORMAÇÃO E COMPETÊNCIAS

A formação acadêmica de um Técnico em Edificações é composta por uma base teórica sólida e uma extensa prática de campo. O curso técnico em edificações geralmente é oferecido por instituições de ensino técnico e tecnológico e tem duração média de dois a três anos. Esse curso abrange diversas disciplinas que vão desde fundamentos de construção até tecnologias avançadas aplicadas na construção civil (GOMES, 2017).

Dentre as disciplinas teóricas, destacam-se matérias como desenho técnico, resistência dos materiais, topografia, materiais de construção, e legislação de edificações. O desenho técnico, por exemplo, é fundamental para que o profissional consiga interpretar e elaborar plantas, cortes e elevações de edificações. A resistência dos materiais permite ao técnico compreender as propriedades físicas e mecânicas dos materiais utilizados, garantindo a segurança e durabilidade das estruturas (SANTOS, 2019).

A topografia é outra disciplina essencial, pois capacita o técnico a realizar levantamentos topográficos e interpretar mapas e plantas, fundamentais para o planejamento e execução de obras. Já o estudo de materiais de construção abrange a análise de diferentes tipos de materiais, suas propriedades e aplicações, o que é crucial para a escolha adequada dos materiais conforme as especificações dos projetos (OLIVEIRA, 2018).

Além das disciplinas teóricas, a formação técnica em edificações inclui uma ampla carga horária de atividades práticas, como laboratórios e estágios supervisionados. Essas atividades permitem ao estudante aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula, desenvolvendo habilidades práticas fundamentais para o mercado de trabalho. Os estágios supervisionados, em particular, oferecem uma oportunidade de vivenciar a realidade do campo de trabalho, enfrentando desafios reais e aprendendo a solucioná-los (COSTA, 2016).

A formação continuada também é um aspecto importante para os técnicos em edificações, uma vez que o setor da construção civil está em constante evolução. Novas tecnologias e metodologias surgem frequentemente, e é essencial que os profissionais se mantenham atualizados para garantir a eficiência e a qualidade dos serviços prestados. Cursos de aperfeiçoamento, especializações e participação em seminários e congressos são algumas das formas de atualização profissional (FERREIRA, 2020).

As competências profissionais de um Técnico em Edificações são diversificadas e abrangem habilidades técnicas, interpessoais e administrativas. Uma das principais competências técnicas é a capacidade de interpretar e elaborar projetos de construção civil. Essa competência inclui a leitura e interpretação de plantas, cortes, elevações e detalhes construtivos, bem como a elaboração de desenhos técnicos utilizando softwares específicos, como AutoCAD e Revit (MENDES, 2015).

Outra competência crucial é a gestão de obras, que envolve o planejamento, organização, execução e controle de todas as etapas de uma construção. O técnico em edificações deve ser capaz de elaborar cronogramas físicos e financeiros, controlar o orçamento da obra, gerenciar a compra e o uso de materiais, e coordenar equipes de trabalho. Essas habilidades são fundamentais para garantir que as obras sejam concluídas dentro do prazo, do orçamento e com a qualidade esperada (PEREIRA, 2018).

A fiscalização de obras é uma competência que também merece destaque. O técnico em edificações é responsável por garantir que a execução dos projetos esteja em conformidade com as especificações técnicas, normas de segurança e legislação vigente. Isso inclui a realização de vistorias, inspeções e a elaboração de relatórios técnicos, bem como a identificação e correção de possíveis desvios no decorrer da obra (ALMEIDA, 2016).

No âmbito das competências interpessoais, a comunicação eficaz é fundamental. O técnico em edificações deve ser capaz de comunicar-se claramente com engenheiros, arquitetos, operários, fornecedores e clientes. Essa comunicação inclui a transmissão de informações técnicas de forma compreensível, a resolução de conflitos e a negociação de prazos e custos. A habilidade de trabalhar em equipe e de liderar grupos de trabalho também é essencial para o bom andamento das obras (SILVA, 2017).

A ética profissional é outra competência importante. O técnico em edificações deve atuar com responsabilidade, integridade e compromisso com a qualidade e a segurança das obras. Isso implica seguir rigorosamente as normas técnicas e legais, respeitar os prazos e orçamentos acordados, e garantir a transparência e a honestidade em todas as etapas do processo construtivo (MARTINS, 2018).

O conhecimento em tecnologia da informação (TI) é cada vez mais relevante para os técnicos em edificações. O uso de softwares de modelagem da informação da construção (BIM), por exemplo, tem se tornado uma prática comum na indústria da construção civil. Esses softwares permitem a criação de modelos tridimensionais detalhados das edificações, facilitando a visualização, o planejamento e a execução das obras. Além disso, o uso de dispositivos móveis e aplicativos específicos para a gestão de obras tem otimizado o controle e a supervisão das atividades no canteiro de obras (RODRIGUES, 2019).

A sustentabilidade é um aspecto que tem ganhado crescente importância na construção civil. O técnico em edificações deve estar capacitado para aplicar práticas sustentáveis na execução de obras, como a escolha de materiais ecológicos, a implementação de técnicas de construção sustentável, e a gestão eficiente dos recursos naturais. A promoção da sustentabilidade contribui para a redução dos impactos ambientais das construções e para a melhoria da qualidade de vida das comunidades (ALVES, 2020).

3.1 O PAPEL DO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES NA DEFESA CIVIL

Os técnicos em edificações são responsáveis por realizar inspeções e vistorias em construções para assegurar que as edificações estejam em conformidade com as normas de segurança e regulamentações vigentes. Essas inspeções envolvem a análise das condições estruturais dos edifícios, incluindo a verificação de fundações, paredes, lajes, coberturas e instalações prediais. A identificação precoce de problemas estruturais é crucial para evitar desastres e garantir a segurança dos ocupantes dos edifícios (SILVA, 2018).

Durante as vistorias, os técnicos em edificações utilizam diversas ferramentas e técnicas para avaliar a integridade das construções. Isso inclui a utilização de equipamentos de medição, como trenas, níveis e teodolitos, bem como a realização de ensaios não destrutivos, como a análise de ultrassom e termografia. Essas técnicas permitem a detecção de fissuras, infiltrações, deformações e outros problemas que podem comprometer a segurança das edificações (MENDES, 2017).

A documentação das inspeções e vistorias é um aspecto essencial do trabalho dos técnicos em edificações. Eles são responsáveis por elaborar relatórios detalhados que descrevem as condições encontradas, as possíveis causas dos problemas identificados e as recomendações para correção. Esses relatórios são fundamentais para subsidiar a tomada de decisões por parte das autoridades competentes e para orientar as ações de manutenção e reparo das edificações (ALMEIDA, 2016).

A avaliação de riscos e vulnerabilidades é outra atribuição crucial dos técnicos em edificações na Defesa Civil. Essa atividade envolve a identificação e análise de fatores que podem representar ameaças à segurança das edificações e da população, como desastres naturais (enchentes, deslizamentos, terremotos), falhas estruturais e condições ambientais adversas. Através dessa avaliação, é possível determinar o grau de vulnerabilidade das construções e planejar medidas de mitigação adequadas (COSTA, 2015).

Para realizar a avaliação de riscos e vulnerabilidades, os técnicos em edificações utilizam metodologias específicas, como a análise de perigos, vulnerabilidades e riscos (PVR). Essa metodologia permite a identificação sistemática dos perigos, a análise das vulnerabilidades existentes e a avaliação dos riscos associados. A aplicação dessas metodologias contribui para a elaboração de estratégias de prevenção e resposta a desastres, aumentando a resiliência das comunidades e das infraestruturas (PEREIRA, 2016).

A elaboração de planos de contingência e prevenção é uma das competências mais importantes dos técnicos em edificações na Defesa Civil. Esses planos têm como objetivo preparar as comunidades e as autoridades para enfrentar situações de emergência de maneira eficaz, minimizando os danos e protegendo a vida e o patrimônio. Os planos de contingência incluem a definição de procedimentos de evacuação, a identificação de abrigos seguros, a organização de equipes de resposta e a disponibilização de recursos necessários para o atendimento emergencial (SANTOS, 2018).

Na elaboração dos planos de contingência, os técnicos em edificações devem considerar as características específicas de cada região, como a topografia, a densidade populacional, a infraestrutura disponível e os tipos de riscos predominantes. A participação da comunidade e a cooperação entre diferentes órgãos e entidades são fundamentais para o sucesso desses planos, pois garantem a coordenação e a eficiência das ações de resposta (FERREIRA, 2017).

A atuação dos técnicos em edificações em situações de emergência é vital para a Defesa Civil. Em momentos de crise, esses profissionais são mobilizados para auxiliar nas operações de resposta, realizando atividades como a avaliação dos danos causados, a coordenação das ações de resgate e a orientação das equipes de socorro. A experiência e o conhecimento técnico dos profissionais são essenciais para garantir a eficiência e a segurança das operações de emergência (GOMES, 2020).

Durante as emergências, os técnicos em edificações também desempenham um papel importante na comunicação com a população e com as autoridades. Eles são responsáveis por fornecer informações precisas e atualizadas sobre a situação das edificações, as áreas afetadas e as medidas de segurança a serem adotadas. A comunicação eficaz é crucial para evitar pânico, orientar as ações de evacuação e garantir a segurança dos envolvidos (SILVA, 2019).

A formação continuada e a capacitação dos técnicos em edificações são fundamentais para garantir a eficácia de suas ações na Defesa Civil. Esses profissionais devem estar constantemente atualizados sobre as novas técnicas, tecnologias e metodologias de avaliação e resposta a desastres. A participação em cursos de capacitação, seminários, workshops e treinamentos práticos é essencial para o aprimoramento das habilidades e conhecimentos necessários para o desempenho de suas funções (MARTINS, 2020).

A integração entre os técnicos em edificações e os demais profissionais da Defesa Civil, como engenheiros, arquitetos, geólogos e especialistas em emergências, é essencial para a elaboração e a implementação de estratégias eficazes de prevenção e resposta a desastres. A colaboração interdisciplinar permite uma abordagem mais abrangente e coordenada, que considera todos os aspectos relevantes para a segurança das edificações e da população (ALVES, 2021).

3.2 DESAFIOS E PERSPECTIVAS FUTURAS

O Técnico em Edificações possui uma formação que lhe permite atuar em diversas etapas da construção civil, desde a elaboração de projetos até a execução e manutenção das obras. Sua participação na Defesa Civil é essencial, pois ele possui o conhecimento técnico necessário para avaliar a segurança das edificações e identificar possíveis riscos. De acordo com Costa (2018), a presença de um técnico em edificações nas equipes de Defesa Civil pode fazer a diferença entre a vida e a morte em situações de emergência.

O papel do Técnico em Edificações na Defesa Civil no Brasil é essencial para a segurança da população e a integridade das construções. A sua atuação na avaliação de riscos, na implementação de medidas preventivas e na resposta a desastres é fundamental para a mitigação dos impactos dos desastres naturais e dos colapsos estruturais. Conforme destaca Lima (2021), investir na formação e capacitação desses profissionais é uma medida estratégica para fortalecer a Defesa Civil e aumentar a resiliência das comunidades brasileiras.

Os sistemas de informação geográfica (SIG) são ferramentas poderosas para a gestão de riscos e a elaboração de mapas de vulnerabilidade. Eles permitem a integração de dados geoespaciais com informações sobre infraestrutura, facilitando a identificação de áreas de risco e a priorização de ações preventivas. De acordo com Souza (2018), a utilização de SIG na Defesa Civil contribui para a criação de estratégias mais eficazes de prevenção e mitigação de desastres.

A legislação brasileira também prevê a obrigatoriedade de planos de emergência para edificações, especialmente aquelas localizadas em áreas de risco. Esses planos devem ser elaborados por profissionais qualificados e devem incluir medidas de prevenção, resposta e recuperação em caso de desastres. Segundo Barros (2016), a participação dos técnicos em edificações na elaboração desses planos é crucial, pois eles possuem o conhecimento técnico necessário para garantir a eficácia das medidas propostas.

O treinamento contínuo dos técnicos em edificações é outro aspecto fundamental para a melhoria da resposta a desastres. Programas de capacitação e reciclagem permitem que esses profissionais estejam sempre atualizados com as melhores práticas e as novas tecnologias disponíveis. De acordo com Silva (2020), investimentos em treinamento e capacitação resultam em uma resposta mais rápida e eficiente a situações de emergência, reduzindo os danos e salvando vidas.

A integração dos técnicos em edificações com as comunidades também é um fator importante para a eficácia das ações de Defesa Civil. A participação ativa da população na identificação de riscos e na implementação de medidas preventivas pode aumentar significativamente a resiliência das comunidades. Segundo Pereira (2019), a realização de campanhas educativas e workshops sobre segurança estrutural e prevenção de desastres é uma estratégia eficaz para engajar a população e promover a cultura de prevenção.

O financiamento das atividades de Defesa Civil é um desafio constante, e a alocação de recursos adequados é essencial para a implementação eficaz das medidas de prevenção e resposta. De acordo com Mendes (2018), a falta de recursos financeiros é um dos principais obstáculos enfrentados pelas equipes de Defesa Civil, afetando a capacidade de resposta e a manutenção das infraestruturas críticas.

A parceria entre o setor público e o setor privado também pode contribuir para a melhoria das ações de Defesa Civil. Empresas do setor da construção civil podem fornecer apoio técnico e financeiro para a implementação de projetos de prevenção e resposta a desastres. Segundo Alves (2017), a colaboração entre governo e empresas privadas é uma estratégia eficaz para ampliar a capacidade de resposta e garantir a segurança das construções.

O uso de tecnologias de construção sustentável também tem um papel importante na prevenção de desastres. Edificações projetadas com materiais de alta resistência e técnicas de construção sustentável são mais capazes de resistir a eventos extremos, como terremotos e tempestades. De acordo com Carvalho (2019), a adoção de práticas de construção sustentável pode reduzir significativamente os riscos de desastres, aumentando a segurança e a durabilidade das edificações.

3.3 A FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE DEFESA CIVIL

A formação e capacitação de profissionais de defesa civil exigem uma abordagem interdisciplinar que abarca conhecimentos técnicos, habilidades práticas e competências sociais. Segundo José Paulo Neto (2015), a formação de profissionais de defesa civil deve incluir a compreensão dos princípios de gestão de riscos, a familiaridade com tecnologias emergentes e a habilidade para trabalhar em equipe sob condições de pressão. Essa formação deve ser contínua e adaptável às mudanças nas dinâmicas de risco e nas necessidades da comunidade.

Vygotsky (1978), com sua teoria sociocultural, sugere que o aprendizado ocorre de maneira mais eficaz através da interação social e da mediação de conhecimentos por especialistas. Aplicando essa teoria à formação de profissionais de defesa civil, enfatiza-se a importância de treinamentos práticos, simulações de desastres e a troca de experiências entre profissionais. A formação deve, portanto, promover um ambiente de aprendizado colaborativo e prático.

A capacitação dos profissionais de defesa civil deve abordar uma gama ampla de competências, desde habilidades técnicas até competências interpessoais. Iamamoto (2011) ressalta que a formação técnica deve incluir conhecimentos sobre engenharia civil, sistemas de alerta precoce, primeiros socorros, gerenciamento de abrigos temporários e logística de emergências. Além disso, a formação deve incluir o desenvolvimento de habilidades de comunicação, liderança, resolução de conflitos e tomada de decisões sob pressão.

As competências técnicas são essenciais, mas não suficientes. Guerra (2013) destaca que a formação deve também focar nas habilidades interpessoais, como empatia, resiliência emocional e capacidade de trabalhar em equipe. Essas habilidades são cruciais para lidar eficazmente com as vítimas de desastres e para coordenar esforços com outras agências e organizações.

A formação dos profissionais de defesa civil pode ser realizada por meio de diversos métodos, cada um com suas próprias vantagens e desvantagens. Entre os métodos mais eficazes estão os treinamentos presenciais, os cursos online, as simulações e os exercícios práticos.

Os treinamentos presenciais permitem uma interação direta entre instrutores e participantes, facilitando a troca de experiências e a aprendizagem colaborativa. José Paulo Neto (2015) argumenta que esses treinamentos são particularmente eficazes para o desenvolvimento de habilidades práticas e para a realização de simulações de desastres. No entanto, a logística e os custos associados aos treinamentos presenciais podem ser elevados.

Os cursos online oferecem uma alternativa flexível e acessível para a capacitação dos profissionais de defesa civil. Eles permitem que os participantes aprendam no seu próprio ritmo e ofereçam acesso a uma vasta gama de recursos e materiais de estudo. Guerra (2013) sugere que os cursos online são particularmente úteis para a atualização contínua de conhecimentos e para a formação em novas tecnologias e práticas emergentes.

As simulações de desastres e os exercícios práticos são métodos essenciais para a formação de profissionais de defesa civil. Esses métodos permitem que os participantes pratiquem suas habilidades em um ambiente controlado, replicando as condições reais de um desastre. Iamamoto (2011) destaca que as simulações ajudam a identificar lacunas nos planos de resposta e a melhorar a coordenação entre diferentes agências.

A legislação brasileira apoia a formação e capacitação contínua dos profissionais de defesa civil. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Lei nº 12.608/2012) estabelece diretrizes para a gestão de riscos e desastres, enfatizando a importância da capacitação e treinamento contínuo dos profissionais envolvidos (BRASIL, 2012). Esta lei destaca a necessidade de um sistema integrado de gestão de riscos, que inclui a formação de recursos humanos especializados.

Além disso, a Lei nº 13.425/2017, conhecida como Lei Kiss, reforça a importância da capacitação em segurança contra incêndios e emergências, estabelecendo requisitos para a formação de brigadas de incêndio e para a realização de treinamentos regulares (BRASIL, 2017). Essas legislações fornecem um respaldo legal para a implementação de programas de formação e capacitação abrangentes.

A formação e capacitação de profissionais de defesa civil enfrentam diversos desafios, incluindo a falta de recursos, a resistência à mudança e a necessidade de adaptar os programas de treinamento às realidades locais. Iamamoto (2011) argumenta que um dos principais desafios é garantir a continuidade dos programas de capacitação em um ambiente de recursos financeiros limitados. Além disso, a resistência à mudança por parte de alguns profissionais pode dificultar a adoção de novas práticas e tecnologias.

No entanto, as oportunidades para melhorar a formação e capacitação dos profissionais de defesa civil são significativas. A crescente disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação, como plataformas de e-learning e ferramentas de simulação, oferece novas possibilidades para a formação contínua e a prática de habilidades em um ambiente seguro. Além disso, a colaboração entre instituições de ensino, agências governamentais e organizações não-governamentais pode ajudar a superar os desafios e a maximizar os benefícios dos programas de capacitação.

A formação dos professores e instrutores responsáveis pela capacitação dos profissionais de defesa civil é igualmente importante. José Paulo Neto (2015) argumenta que os instrutores devem possuir não apenas conhecimentos técnicos, mas também habilidades pedagógicas para transmitir esses conhecimentos de maneira eficaz. Programas de desenvolvimento profissional para instrutores devem incluir treinamento em métodos de ensino, desenvolvimento de currículos e avaliação de programas de capacitação.

Além disso, os instrutores devem estar atualizados sobre as últimas tendências e práticas em gestão de riscos e desastres. Guerra (2013) sugere que a participação em conferências, workshops e cursos de atualização pode ajudar os instrutores a manterem-se informados sobre as inovações e melhores práticas no campo da defesa civil.

O monitoramento e a avaliação dos programas de capacitação são essenciais para garantir sua eficácia e melhorar continuamente suas práticas. Segundo Iamamoto (2011), a avaliação deve ser contínua e incluir feedback dos participantes, análise de desempenho e revisão dos materiais e métodos de ensino. Ferramentas como questionários, entrevistas e observações podem ser utilizadas para coletar dados sobre a eficácia dos programas e identificar áreas de melhoria.

Além disso, a análise dos dados de avaliação pode fornecer insights valiosos sobre as necessidades de capacitação dos profissionais de defesa civil e orientar o desenvolvimento de novos programas e materiais de formação. A utilização de métricas claras e objetivas para medir o impacto dos programas de capacitação pode ajudar a demonstrar seu valor e a justificar a alocação de recursos.

4. CONCLUSÃO

O papel do Técnico em Edificações na Defesa Civil no Brasil é imprescindível para assegurar a integridade das construções e a segurança da população frente a desastres naturais e colapsos estruturais. Esses profissionais possuem a expertise necessária para atuar em todas as etapas de prevenção, mitigação e resposta a desastres, contribuindo de forma significativa para a resiliência das comunidades e a eficácia das ações de Defesa Civil.

A formação técnica em edificações capacita esses profissionais a identificar riscos, realizar inspeções minuciosas e implementar medidas preventivas que são fundamentais para evitar acidentes e minimizar os impactos de desastres. A presença de técnicos em edificações nas equipes de Defesa Civil pode ser decisiva em situações de emergência, permitindo uma resposta rápida e adequada.

Os desastres naturais, frequentemente registrados no Brasil, demandam uma preparação contínua e um plano de contingência robusto, onde a atuação dos técnicos em edificações é crucial. A capacidade desses profissionais em realizar avaliações precisas e rápidas dos danos é essencial para a tomada de decisões eficazes durante crises.

A participação ativa dos técnicos em edificações na elaboração e execução de planos de contingência reforça a necessidade de uma formação contínua e de qualidade. Investir na capacitação desses profissionais é uma estratégia indispensável para fortalecer a Defesa Civil e aumentar a resiliência das comunidades brasileiras.

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