O PAPEL DO ENFERMEIRO NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: REVISÃO SISTEMÁTICA

THE ROLE OF NURSES IN OBSTETRIC VIOLENCE: A SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505311230


Arthur Duran de Oliveira1
Danny Vania Chavez Montero1
Edmilson Júnior2


RESUMO

Introdução: O papel do enfermeiro na violência obstétrica é fundamental na identificação, prevenção e combate a práticas abusivas durante o pré-natal, parto e pós-parto. A violência obstétrica pode manifestar-se através de atitudes desrespeitosas, negligência, intervenções desnecessárias ou a falta de consentimento informado. Objetivo: Analisar através da revisão sistemática a ocorrência de violência obstétrica durante o período de parturição. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática de caráter descritiva, com a inclusão de artigos publicados entre 2020 e 2025, seguindo de acordo com as diretrizes do Método Prisma. A busca bibliográfica foi conduzida nas bases de dados, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Google Acadêmico. Resultados: Foram identificados 50 artigos na etapa da seleção e após os critérios de exclusão houve um refinamento final de 07 artigos para compor o estudo. Considerações finais: Os estudos analisados demonstram que a enfermagem desempenha um papel central na identificação, prevenção e combate à violência obstétrica, atuando tanto na assistência direta quanto na educação em saúde. A capacitação contínua dos enfermeiros é essencial para o reconhecimento das diferentes formas de violência, sejam elas físicas, psicológicas ou institucionais. Contudo, a implementação de protocolos baseados em boas práticas obstétricas contribui para a transformação do modelo de assistência ao parto, tornando-o mais respeitoso e centrado na autonomia da mulher.

Palavras-chave: Percepção. Parturientes. Violência. Puérperas. Obstétrica.

1 INTRODUÇÃO

A violência obstétrica (VO) é definida como o abuso físico, psicológico ou verbal que mulheres podem sofrer durante o atendimento de saúde no período de gestação, parto e puerpério, tem se tornado um tema amplamente debatido no campo da saúde pública. A violência obstétrica representa uma forma de violação dos direitos humanos das mulheres, desrespeitando sua dignidade e autonomia em um momento crucial de suas vidas (LINS et al., 2023). 

No contexto brasileiro, as discussões sobre violência obstétrica ganharam força nos últimos anos, impulsionadas tanto por relatos de mulheres que sofreram abusos quanto pelo crescente interesse acadêmico na humanização do parto. O problema se torna ainda mais relevante quando considerado o fato de que o Brasil possui uma das maiores taxas de intervenções obstétricas do mundo, incluindo o uso desnecessário de cesarianas e outros procedimentos invasivos. O abuso institucional, a falta de consentimento informado, a negligência e a desconsideração pelas escolhas das gestantes são exemplos recorrentes da violência obstétrica (SANTOS et al., 2021).

Diante deste cenário, o problema de pesquisa é entender como as mulheres puérperas percebem a violência obstétrica e como essa experiência impacta sua saúde física e emocional? A partir desse problema, surge a necessidade de investigar as principais violências obstétricas através da revisão sistemática.

A relevância do tema é evidente, uma vez que a violência obstétrica não só afeta a saúde das mulheres e dos bebês, mas também compromete a confiança das gestantes nos sistemas de saúde. Além disso, a perpetuação desse tipo de violência reflete desigualdades de gênero e limita o direito das mulheres de vivenciarem o parto de forma segura e respeitosa (MARTINS et al., 2022).

Nesse contexto, compreender as experiências de violência obstétrica a partir da perspectiva das próprias mulheres é fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à humanização do atendimento obstétrico e à promoção da saúde integral das gestantes (LEITE et al., 2022).

A justificativa para a realização deste estudo está embasada na urgência de promover mudanças no atendimento obstétrico e combater as práticas abusivas que ainda persistem em muitos serviços de saúde, este estudo pretende contribuir para a construção de uma assistência mais respeitosa e humanizada, alinhada às diretrizes internacionais de boas práticas no parto. 

Diante do proposto, o objetivo deste estudo é analisar através da revisão sistemática a ocorrência de violência obstétrica durante o período de parturição.

2 METODOLOGIA 

Trata-se de uma revisão sistemática de caráter descritiva utilizando o Protocolo Prisma, que consiste em um checklist para condução de estudos de revisão e meta-análises, conforme pressuposto pela metodologia de investigação de práticas baseadas em evidências, a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática (MARCONI; LAKATOS, 2021). 

O Método Prisma permite construir e analisar de forma mais clara as obras selecionadas, facilitando a compreensão das evidências analisadas e fundamentadas para melhor escolha das ações a serem desenvolvidas. Para a busca foi utilizado o operador booleano “and” combinado com as palavras chaves: Violência and Obstétrica and Enfermagem.

O fluxograma é dividido em 4 partes, a saber: 1) Identificação: nessa fase é onde são elencados os artigos identificados nas bases de dados e buscas, além de outras fontes. 2) Seleção: nessa fase ocorre a leitura dos títulos e resumos onde são excluídos alguns artigos, sendo realizada uma primeira triagem. 3) Elegibilidade: nessa fase contempla a leitura na íntegra dos artigos, permanecendo os artigos com foco no estudo. 4) Inclusão: nessa fase acontece a escolha dos artigos que contemplam os estudos mais completos e que possuem os indicadores específicos para o estudo. 

A pesquisa foi realizada através de dados bibliográficos coletados a partir da leitura e análise de diversas referências teóricas no período de 2020-2025. Foram excluídas as obras que não atenderem aos requisitos propostos na temática, adotando os seguintes critérios de exclusão, artigos duplicados, artigos incompletos e que não correspondem o recorte temporal do estudo. 

Foram adotados os seguintes critérios de inclusão, artigos em português superior ao ano de 2019, artigos completos que abordem a temática de forma satisfatória. Foi realizada uma análise temática dos artigos obtidos nesses bancos de dados e houve criteriosa e detalhada análise das bibliografias, visando obter de forma sistemática e objetiva a descrição das informações e dos dados obtidos para possibilitar a recepção dessas informações. 

De cada artigo foram extraídas as seguintes informações: título, periódico, ano, tipos de estudo, objetivos principais e resultados, com essas informações foi preenchido uma tabela de revisão, assim, uma análise preliminar foi realizada para verificar a viabilidade dos artigos, em seguida o conteúdo foi analisado e utilizado para o desenvolvimento do estudo. Na, figura 1, está apresentado um fluxograma dos artigos pesquisados.

Figura 1 – Fluxograma das etapas para a seleção dos artigos desta revisão sistemática, 2025

Fonte: Das(os) pesquisadoras (os), 2025.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a busca ativa nas bases de dados, foram inicialmente identificados 50 artigos na etapa de identificação, após a revisão de títulos e resumos, 18 artigos que não atendiam aos critérios de inclusão foram descartados. Na etapa de seleção, 32 artigos foram selecionados, dos quais 08 foram removidos por não estarem alinhados ao objetivo do estudo. Na fase de elegibilidade, restaram 24 artigos; destes, 17 foram excluídos após a análise de seus textos completos, por justificativas pertinentes. Ao final do processo de inclusão, 07 artigos foram escolhidos para análise, com o intuito de subsidiar o estudo.

Tabela 1. Artigos científicos selecionados de acordo com as bases de dados segundo os Títulos, Periódicos, Ano, Tipos de Estudo, Objetivos Principais e Resultados, 2025.

Titulo do Artigo Periódicos/ AnoTipos de estudoObjetivos PrincipaisResultados
O enfermeiro na prevenção à violência obstétrica no âmbito hospitalar/ Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences/2024    Revisão SistemáticaAnalisar a atuação do enfermeiro na prevenção das emergências obstétricas no âmbito hospitalarPrevenção da violência obstétrica no âmbito hospitalar, por meio de ações prático assistenciais e de conscientização da equipe
O papel da enfermagem contra a violência obstétrica/ Brazilian Journal of Health Review/2022  Revisão Integrativa Analisar o papel da enfermagem frente as ocorrências de violências obstétricasOs dados apontaram que a enfermagem, quando capacitada e sensibilizada, exerce um papel fundamental na identificação, prevenção e denúncia da violência obstétrica
A importância da enfermagem nos cuidados contra a violência obstétrica/ Brazilian Journal of Health Review/2022  Revisão Integrativa e SistemáticaIdentificar, na literatura científica nacional, a assistência de enfermagem na prevenção e cuidados da violência obstétricaA prevenção da violência obstétrica envolve ações como o respeito à autonomia da mulher, a garantia do direito ao acompanhante, a comunicação clara e acolhedora da gestante no processo de parto
Ações de enfermagem na prevenção e enfrentamento da violência obstétrica: revisão sistemática da literatura/ Revista JRG de Estudos Acadêmicos/2024  Revisão SistemáticaIdentificar através de uma revisão de literatura as ações de enfermagem que contribuem para a prevenção e enfrentamento da violência obstétrica, visando promover um atendimento humanizado e respeitoso às gestantes durante o pré-natal, parto e pós-partoPromoção de um ambiente de parto humanizado, a educação em saúde, o apoio emocional, a identificação e a prevenção de práticas abusivas, e o engajamento em causas de justiça social são aspectos cruciais
Cuidados de enfermagem na violência obstétrica: revisão de literatura/ Revista Eletrônica Acervo Enfermagem/2023Revisão Integrativa de escopo exploratório de abordagem qualitativaIdentificar na literatura científica o que aponta sobre a violência obstétrica e os cuidados de enfermagem para prevenção desta ocorrênciaCom relação ao cuidado de enfermagem, a literatura aponta que o papel da enfermagem na prevenção da violência obstétrica é essencial, especialmente quando atua com base em práticas humanizadas e centradas na mulher
Caracterizando A Violência Obstétrica/ Revista Científica de Enfermagem/2022 Pesquisa exploratória de análise qualitativaCaracterizar a VO por meio do documentário “O renascimento do partoReflexão e mudança de comportamento nos profissionais, informações e promoção à assistência adequada mediante a VO incentivando o olhar diferenciado
Prevenção da violência obstétrica: uma revisão integrativa sobre o papel da assistência de enfermagem/Revista Eletrônica Acervo Saúde/2025   Revisão IntegrativaIdentificar as principais estratégias de prevenção utilizadas na assistência de enfermagem pelos profissionaisEducação em saúde, a comunicação humanizada, o uso de protocolos e a formação profissional contínua, pautada na assistência de enfermagem nas estratégias preventivas
  Fonte: Pesquisadoras(os), 2025.
ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO PARTO E NASCIMENTO

Com base nas evidências do estudo de Moss et al. (2024), a assistência humanizada ao parto e nascimento é um modelo de cuidado baseado no respeito, na autonomia da mulher e na adoção de práticas que garantam segurança e bem-estar para a mãe e o bebê, esse modelo se contrapõe à abordagem tradicional, frequentemente marcada por intervenções desnecessárias, medicalização excessiva e desrespeito aos direitos da parturiente. 

No estudo A2, realizado por Ferraz et al. (2022) a humanização do parto tem sido amplamente incentivada por organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e por diretrizes do Ministério da Saúde no Brasil, que reforçam a necessidade de promover uma experiência de parto mais acolhedora, respeitosa e centrada na mulher.

Complementando-se a isso, no estudo A5, os autores Silva et al. (2024) reafirmaram que entre os princípios da assistência humanizada, destaca-se o respeito à autonomia da mulher, permitindo que ela participe ativamente das decisões sobre seu parto, isso inclui a possibilidade de escolher a posição para parir, o uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor e a presença de um acompanhante de sua escolha durante todo o processo, essas medidas contribuem para reduzir o estresse, aumentar a sensação de controle e favorecer um parto mais positivo e empoderador.

Conforme relatado por Rodrigues et al. (2023) outro aspecto fundamental da humanização é a redução de intervenções desnecessárias, como a episiotomia de rotina, a administração abusiva de ocitocina e as cesarianas sem indicação clínica, estudos apontam que muitos desses procedimentos são realizados de forma indiscriminada, aumentando os riscos para a mãe e o bebê. A assistência humanizada valoriza o parto natural e fisiológico, respeitando o tempo do corpo da mulher e evitando medicalizações que não sejam essenciais para a segurança do binômio mãe-bebê.

Para Silva et al. (2025), o ambiente em que ocorre o parto também exerce grande influência na humanização da assistência, espaços acolhedores, que respeitem a privacidade da mulher, com luzes suaves, pouca interferência sonora e profissionais treinados para oferecer suporte emocional, são fundamentais para que a experiência do parto seja mais tranquila e positiva, assim, a presença do acompanhante é um direito garantido por lei no Brasil e tem um impacto significativo na segurança e no conforto da gestante.

Para Lima et al. (2022) o contato pele a pele imediato entre mãe e bebê é outra prática essencial no parto humanizado, favorecendo a criação do vínculo afetivo e promovendo a estabilidade térmica e emocional do recém-nascido, esse contato precoce também contribui para o sucesso da amamentação, reforçando os benefícios da assistência humanizada não apenas no momento do parto, mas também no período pós-natal.

Dessa forma, para que a assistência humanizada seja efetivamente implementada, é necessário um compromisso dos profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e demais integrantes da equipe obstétrica, a capacitação contínua e a adoção de protocolos baseados em evidências são estratégias fundamentais para transformar a cultura assistencial e garantir que todas as mulheres tenham acesso a um parto seguro, respeitoso e livre de violência obstétrica (LINS et al., 2023).

Em síntese, a assistência humanizada ao parto e nascimento representa um avanço essencial na obstetrícia, resgatando o protagonismo da mulher e promovendo práticas baseadas na ciência e na empatia, o fortalecimento desse modelo requer esforços conjuntos de profissionais de saúde, gestores e formuladores de políticas públicas, garantindo que todas as gestantes tenham seus direitos respeitados e possam vivenciar o parto como uma experiência positiva e segura.

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Os dados do artigo A5, mostra que a violência obstétrica representa uma grave violação dos direitos das gestantes e parturientes, sendo caracterizada por práticas desrespeitosas, negligência, intervenções desnecessárias e falta de autonomia da mulher no processo de parto. Diante desse cenário, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na prevenção e no combate a essas práticas, atuando na assistência direta, na educação em saúde e na defesa dos direitos da mulher (SILVA; OLEGÁRIO, 2022).

Logo, Moss et al. (2024) do estudo A1 enfatizam que uma das principais contribuições da enfermagem é a promoção do parto humanizado, baseado em evidências científicas e no respeito à autonomia da gestante. O enfermeiro, como profissional capacitado para assistir ao parto de risco habitual, tem a responsabilidade de garantir um ambiente seguro, acolhedor e livre de intervenções desnecessárias, como a episiotomia de rotina e a administração abusiva de ocitocina. 

No estudo A4, Lima et al. (2022) destaca que deve incentivar a participação ativa da mulher no processo de parto, respeitando suas decisões quanto à posição para parir, ao uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor e ao contato pele a pele com o recém-nascido imediatamente após o nascimento.

Outro aspecto essencial da atuação do enfermeiro é a identificação e denúncia da violência obstétrica, muitas práticas agressivas e invasivas ainda são normalizadas dentro dos serviços de saúde, tornando-se imperativo que o profissional de enfermagem reconheça essas condutas e atue para modificá-las. 

Para isso, Silva et al. (2024) afirmam que é necessário um olhar crítico sobre a assistência prestada e o compromisso em denunciar irregularidades e sensibilizar equipes multiprofissionais para a necessidade de mudanças na abordagem obstétrica.

Outro aspecto relevante no estudo de Silva e Olegário (2022) é a assistência direta, o enfermeiro deve atuar na educação em saúde e no empoderamento das gestantes, proporcionando informações sobre seus direitos, opções de parto e práticas baseadas em evidências, logo, estratégias como rodas de conversa, consultas de pré-natal humanizadas e grupos de apoio às gestantes podem contribuir para que as mulheres se sintam mais seguras e preparadas para vivenciar o parto de forma respeitosa. 

Somado a isso, Silva et al. (2025) enfatiza que o enfermeiro desempenha um papel vital no processo de cuidado, a informação é um dos pilares para reduzir a violência obstétrica, uma vez que muitas mulheres desconhecem seus direitos e acabam submetidas a procedimentos desnecessários e condutas abusivas.

Em outro contexto, no estudo A3 Ferraz et al. (2022) apresenta uma revisão de literatura sobre a atuação do enfermeiro na assistência obstétrica que tem um papel fundamental na promoção de um cuidado seguro, humanizado e baseado em boas práticas, contribuindo para melhores desfechos materno-infantis, a presença do enfermeiro obstetra é essencial para garantir a qualidade da assistência prestada, promovendo tanto a saúde da gestante quanto a do recém-nascido. 

Silva et al. (2024), destaca que a capacitação profissional contínua também se destaca como um fator essencial para a transformação da assistência obstétrica, o enfermeiro deve estar constantemente atualizado sobre diretrizes internacionais e boas práticas recomendadas por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, assim os programas de educação permanente, congressos e especializações em obstetrícia são ferramentas importantes para aprimorar a qualidade do cuidado e promover mudanças na cultura institucional dos serviços de saúde.

Conforme demostrado por Silva e Olegário (2022) é importante ressaltar que a prevenção e o combate à violência obstétrica demandam um esforço coletivo, que envolve gestores, profissionais de saúde, formuladores de políticas públicas e a própria sociedade, assim Silva et al. (2025) destaca em seu estudo que o enfermeiro, ao ocupar um lugar de proximidade com a gestante e possui um conhecimento técnico e científico sobre boas práticas obstétricas, tem a responsabilidade de ser um agente de transformação, promovendo uma assistência humanizada, ética e livre de violências. 

Nesse sentido, para Rodrigues et al. (2023) é imprescindível que os profissionais de enfermagem sejam continuamente capacitados para reconhecer e enfrentar a violência obstétrica, promovendo um ambiente de cuidado humanizado e respeitoso, a criação de políticas institucionais, a sensibilização da equipe multiprofissional e a adoção de protocolos baseados em evidências são medidas que potencializam a efetividade desse combate, garantindo que a assistência obstétrica seja pautada na ética, no respeito e na dignidade da mulher.

Portanto, reforça-se a necessidade de um compromisso coletivo na erradicação da violência obstétrica, onde o enfermeiro se destaca como agente de transformação na promoção de um parto seguro e humanizado, sua atuação ética e comprometida contribui para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, assegurando que cada mulher receba uma assistência respeitosa e livre de qualquer forma de violência.

CONCLUSÃO 

A violência obstétrica é uma problemática complexa que envolve fatores estruturais, sociais e culturais, impactando diretamente a saúde e o bem-estar das gestantes, a revisão sistemática realizada sobre o papel do enfermeiro nesse contexto evidencia a importância desse profissional na promoção de um atendimento humanizado, baseado em princípios éticos e na garantia dos direitos das mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal.

Os estudos analisados demonstram que a enfermagem desempenha um papel central na identificação, prevenção e combate à violência obstétrica, atuando tanto na assistência direta quanto na educação em saúde. A capacitação contínua dos enfermeiros é essencial para o reconhecimento das diferentes formas de violência, sejam elas físicas, psicológicas ou institucionais, contudo, a implementação de protocolos baseados em boas práticas obstétricas contribui para a transformação do modelo de assistência ao parto, tornando-o mais respeitoso e centrado na autonomia da mulher.

Por fim, ressalta-se que o fortalecimento do papel do enfermeiro nesse contexto requer um compromisso intersetorial, incluindo mudanças nas políticas públicas, na formação acadêmica e na conscientização da sociedade. A promoção de um ambiente hospitalar livre de violência obstétrica depende da atuação ativa desses profissionais na defesa dos direitos das gestantes e na construção de uma assistência obstétrica mais humanizada e segura.

REFERÊNCIAS  

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1Discentes do Curso de Enfermagem da Faculdade Integradas Aparício Carvalho. Porto Velho-RO. E-mail:
arthurdurandeoliveira@gmail.com/ dannyvaniamontero152@gmail.com

2Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Integradas Aparício Carvalho. Porto Velho-RO. E-mail: Edy_junior-pvh@hotmail.com